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ECONOMIA A

Ensino Secundário Regular – 11º ano

Unidade letiva 12 – A economia portuguesa no contexto da União Europeia

Noção e objetivos de integração económica


Integração económica: integração de várias economias nacionais/países num espaço económico mais vasto,
que ultrapassa as fronteiras nacionais, é realizada através da eliminação das barreiras à livre circulação de bens,
serviços e fatores de produção.

Esta integração pode ocorrer a nível comercial ou estender-se a níveis mais profundos. Uma integração mais
profunda será acompanhada pela criação de autoridades supranacionais (soberania comum) às quais caberá
tomar decisões para todos os Estados, o que traduz a perda de parte das soberanias nacionais – é o que
acontece na União Europeia.

Vantagens
• Aumento da produção, em resultado da especialização económica
• Obtenção de economias de escala, decorrentes do alargamento do mercado interno de cada país
• Acréscimo dos fluxos de capitais, nomeadamente do investimento direto
• Melhoria dos termos de troca no comércio externo, atendendo ao aumento da competitividade externa e
crescimento das trocas intrarregionais
• Crescimento do emprego, do rendimento, do consumo e do bem-estar
• Eliminação de tensões e conflitos, em resultado da maior cooperação entre os países

Inconvenientes
• Quebra de receitas, por eliminação dos direitos alfandegários (direitos aduaneiros)
• Perda de instrumentos de política económica nacional (a nível orçamental, monetário e cambial)
• Perda de soberania em favor de autoridades supranacionais

Formas de integração

Sistema de preferências aduaneiras (menos complexa)


Diversos países concedem mutuamente vantagens aduaneiras .
Ex.: Commonwealth

Zona de comércio livre


• Abolição das barreiras alfandegárias e comerciais entre os diversos países, suprimindo direitos aduaneiros.
• Livre circulação das mercadorias/bens fabricados pelos parceiros.
• Cada país mantém a sua pauta aduaneira (documento onde cada país define os impostos e taxas a aplicar à
importação de bens) e o seu próprio regime de comércio com países terceiros.
Ex.: EFTA e NAFTA
União Aduaneira
• Livre circulação de todos os bens e eliminação dos direitos aduaneiros entre os países membro.
• Existência de uma pauta aduaneira comum.
Ex: CECA e CEE (na sua constituição)

Mercado Comum
• Livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais
• Aplicação de uma pauta aduaneira comum
• Adoção de políticas comuns
Ex.: CEE – mercado único, co o Ato Único Europeu.

União Económica
• Livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais
• Aplicação de uma pauta exterior comum
• Adoção de políticas económicas e sociais comuns, com vista a alcançar uma convergência económica e uma
maior coesão social.
• Harmonização das políticas económicas, monetárias e sociais, de forma a construir uma união económica e
monetária – implica a adoção de uma moeda única e de órgãos supranacionais que façam a sua gestão.
Ex.: UE – adoção da moeda única no Tratado de Maastricht

União Política (mais complexa)


• Mantém as características das formas de integração anteriores
• As políticas comunitárias tendem a tornar-se políticas comuns.
• A integração política implica perdas de soberania nacional e limitações dos poderes dos governos nacionais,
uma vez que as decisões se carácter político, social e económico serão tomadas por entidades supranacionais.
Ex.: Nenhuma união apresenta, totalmente, este tipo de integração

O processo de integração na Europa

Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)


Criação: 1951 – Tratado de Paris ( dá origem a uma união aduaneira só para o carvão e o aço)
Países fundadores: França, Alemanha (RFA), Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo.

Objetivos:
• Criação de um mercado comum do carvão e do aço (matérias-primas para a reconstrução europeia)
• Gestão comum da produção do carvão e do aço por uma entidade supranacional
• Promoção da Paz, através da cooperação entre países vencedores e vencidos, e do desenvolvimento da
Europa
Comunidade Económica Europeia (CEE)
Criação: 1957 – Tratado de Roma
Foi criada a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a EURATOM ou CEEA (Comunidade Europeia da
Energia Atómica), pelos mesmos países fundadores da CECA.

Objetivos:
• criação de uma união aduaneira para todos os bens (concluída em 1968), eliminando as barreiras
alfandegárias entre os países membros e introduzindo uma pauta aduaneira comum, aplicável às mercadorias
provenientes dos países terceiros;
• construção de um mercado comum;
• adoção de políticas comuns.

Consequências económicas da união aduaneira:


• Intensificação dos investimentos nos Estados-Membros
• Crescimento da produção
• Maior variedade de produtos e preços mais baixos
• Aumento do rendimento, do consumo e do bem-estar

Mercado único europeu


A união aduaneira possibilitou o aumento das trocas comerciais entre Estados-Membros (trocas
intracomunitárias), o que constituiu um estímulo ao crescimento das suas economias. Todavia, subsistiram ainda
entraves à livre circulação de bens, nomeadamente as formalidades aduaneiras nas fronteiras internas, o que
custava às empresas tempo e dinheiro. Também a circulação de pessoas no espaço europeu não era totalmente
livre, uma vez que estava sujeita a controlos aduaneiros e de passaportes nas fronteiras. Estes entraves
impediam o funcionamento do mercado único europeu.

Criação: 1986 - Ato Único Europeu

Objetivos:
• Supressão das barreiras alfandegárias e físicas à livre circulação (1 de janeiro de 1993)
• Mercado único com quatro liberdades: livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais.
• Reforço da coesão económica e social para reduzir as disparidades entre regiões (criação dos fundos
comunitários);
• Reforço da cooperação em matéria monetária.

União Europeia
Criação: 1992 - Tratado da União Europeia, Maastricht
Objetivos: Criar uma união política e uma união económica e monetária.

A Comunidade Europeia passou a designar-se União Europeia e baseia-se em três pilares:


1) Política Externa e de Segurança Comuns (PESC)
2) Justiça e Assuntos internos (JAI)
3) Comunidades Europeias (Comunidade Europeia, CECA e Euratom) - cidadania europeia, mercado único,
políticas comuns e união económica e monetária

1) Política Externa e de Segurança Comum (PESC)


• Salvaguardar os valores comuns, os interesses básicos e a independência da União Europeia;
• Reforçar a segurança da União Europeia e dos seus membros.
É constituído pela política externa comum e pela política de defesa comum.

2) Cooperação nos domínios da justiça e assuntos internos (JAI)


A JAI ocupa-se das políticas de asilo e imigração, da luta contra a criminalidade e da cooperação policial, tendo
sido criada para esse efeito a Europol.

3) Comunidades Europeias (Comunidade Europeia, CECA e Euratom)

A cidadania europeia
É cidadão europeu todo o indivíduo que tenha nacionalidade de um dos Estados membros.

Direitos do cidadão europeu:


• Circular, estudar, residir e trabalhar em qualquer país da UE;
• Votar e ser eleito nas eleições europeias e autárquicas do Estado de residência;
• Proteção diplomática e consular de um Estado-membro num país terceiro, quando o seu Estado de origem não
tenha representação;
• Fazer petições ao Parlamento Europeu.

As novas políticas comuns


• Política agrícola comum (PAC); *
• Política comum das pescas;
• Política comercial comum; *
• Política monetária comum; - nova
• Política externa e de segurança comum (PESC); - 1º Pilar de Maastricht
• Política comum de imigração. - 3º Pilar de Maastricht (JAI)
*Já existiam desde o tratado de Roma

A União Económica e Monetária (UEM)


Criação: 1992 - Tratado da União Europeia, Maastricht

A criação da UEM é mais um passo no processo de integração na União Europeia, promovendo o seu
aprofundamento, ao definir a convergência das políticas económicas e a adoção de uma política monetária única,
com vista ao surgimento do euro.
Assim, o Conselho Europeu aprovou a criação de uma moeda única e a definição de uma política monetária
comum.
A criação de uma política monetária comum, definida pelo Banco Central Europeu, válida para todos os Estados
da Zona Euro, fez com que Portugal perdesse a sua autonomia na definição: do valor da moeda, da taxa de
câmbio, da taxa de juro de referência e de valorização e desvalorização da moeda.

Órgãos da UEM: SEBC (Sistema Europeu de Bancos Centrais), Eurossistema, BCE, Eurogrupo.

Objetivo: eliminar o último obstáculo à livre circulação, que era a existência de moedas nacionais.

Impõe:
• Uma moeda única;
• Uma política monetária comum;
• O Banco Central Europeu (BCE);
• Os critérios de convergência nominal ou de Maastricht (a cumprir pelos Estados que desejem aderir à moeda
única).

Zona Euro
Conjunto de países da União Europeia cuja moeda oficial é o euro (19 países).

1999 - Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Finlândia, Irlanda
2001 – Grécia
2007 – Eslovénia
2008 – Malta e Chipre
2009 – Eslováquia
2011 – Estónia
2014 – Letónia
2015 – Lituânia
Países que não adotaram o euro porque não cumpriam os critérios de convergência: República Checa,
Hungria, Polónia, Bulgária, Roménia e Croácia.
Países que não adotaram o euro através de uma clausula de autoexclusão, prevista no Tratado de
Maastricht: Suécia, Reino Unido e Dinamarca.

Vantagens da adoção do euro


• Abolição dos custos de transação inerentes ao cambio de divisas, o que permite reduzir os custos para os
viajantes, em negócios, estudo ou ferias; para as empresas, permite-lhes canalizar mais recursos para
investimento e torna a zona euro atrativa para o investimento externo.

• Transparência de preços. Os consumidores e as empresas podem comparar facilmente os preços de


mercadorias e serviços no espaço do euro. Este facto aumenta a concorrência entre fornecedores e mantém
uma pressão descendente nos preços.
Critérios de convergência nominal
Os critérios de convergência foram concebidos para assegurar que a economia de um país da UE esteja
suficientemente preparada para a adoção da moeda única. Formam uma base comum para a estabilidade,
solidez e sustentabilidade das finanças públicas dos países candidatos à Zona euro, refletindo a
convergência das políticas económicas e a resistência aos choques económicos.
Estabilidade dos preços A taxa de inflação (IHPC) não deverá ultrapassar em
mais de 1,5 pontos percentuais a taxa média dos três
países com a inflação mais baixa
Solidez das finanças públicas O défice orçamental não poderá ser superior a 3%
do PIB
Sustentabilidade das finanças públicas A dívida publica não poderá exceder 60% do PIB
Sustentabilidade e credibilidade da convergência As taxas de juro de longo prazo não poderão
exceder em mais de 2 pontos percentuais as
verificadas nos três países com a inflação mais
baixa.
Estabilidade cambial Participação no mecanismo de taxas de cambio
Pretende mostrar que o país pode gerir a sua (MTC) durante os dois anos anteriores à entrada
economia, sem recurso à depreciação da moeda. na UEM, sem tensões graves (os países não
podem proceder a desvalorizações ou
valorizações da sua moeda relativamente às de
outros Estados-Membros).

Relacionar a UEM, a política monetária e a política orçamental


➢ Política Monetária
A criação de uma moeda única foi acompanhada de uma política monetária comum a cargo do BCE. O principal
objetivo é a estabilidade de preços, o que exige uma taxa de inflação inferior a 2%. Para garantir este objetivo o
BCE controla o nível das taxas de juro e a quantidade de moeda em circulação.
Implicou uma total perda de autonomia na definição da política monetária, para os países da Zona Euro.

➢ Política orçamental
Cabe aos Estados da Zona Euro, mas está condicionada pelos critérios de convergência nominal de Maastricht.
A exigência de controlo dos défices orçamentais dos Estados, na zona euro (limite de 3% do PIB) e da dívida
pública (limite de 60% do PIB) colocou às instituições europeias a necessidade de supervisão das políticas
orçamentais dos Estados, que se traduziu na aprovação do Pacto de Estabilidade e Crescimento pelo Conselho
Europeu de Amesterdão, em 1997.

PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento)


Acordo que estipula regras e obrigações para os países da Zona Euro, de forma a garantir a disciplina orçamental
na UEM. Assim, estabelece um limite do défice orçamental em 3% do PIB e um limite da dívida pública em
60% do PIB.
A verificação do cumprimento dos limites estipulados pelo PEC é da responsabilidade da Comissão Europeia.
Caso os países não tomem as medidas corretivas recomendadas, podem ser aplicadas sanções pecuniárias.

Respostas da UEM face à crise financeira e económica


A crise financeira de 2007 veio evidenciar algumas fragilidades na UEM, pois nem todos os países conseguiram
resistir aos ataques especulativos contra o euro. Os países cujas economias apresentavam maior debilidade
estrutural não conseguiram manter a estabilidade, nem enfrentar os efeitos da crise, dado o seu elevado nível
de endividamento externo, agravado por
• Não possuírem moeda própria para financiar a dívida os bancos centrais nacionais não podem comprar
títulos da dívida dos seus países
• Não podendo utilizar o instrumento da desvalorização cambial vulnerabilidade a ataques especulativos
correndo o risco de falência

Esta crise levou os governos europeus a:


• Tomar medidas económicas e sociais para conter os efeitos recessivos (políticas de austeridade)
• Assumir perdas no setor bancário e financeiro, com o consequente aumento das despesas públicas e do
endividamento

dificuldades no cumprimento dos limites impostos pelo PEC

Medidas para garantir a estabilidade financeira e a credibilidade do euro:


• Fundo Europeu de Estabilização Financeira – instrumento intergovernamental que fornece até 440 mil
milhões de euros em garantias dos Estados-Membros da Zona Euro (manteve-se durante o tempo necessário à
gestão das obrigações pendentes);
• Programas de Assistência Financeira (PAF) para os Estados-Membros da Zona Euro com dificuldades
financeiras e sob forte pressão dos mercados (elevadas taxas de juro pelos empréstimos contraídos). Estes
programas foram aplicados na Grécia, Irlanda e Portugal, sob a égide da TROIKA (Comissão Europeia, Banco
Central Europeu e Fundo Monetário Internacional);
• Tratado sobre a Estabilidade, a Coordenação e a Governação na Zona Euro impõe limites mais baixos
para os níveis de défice e de dívida, para evitar que possam criar pressão sobre o euro
• Mecanismo Europeu de Estabilidade para os países de euro em dificuldades financeiras;
• Disponibilidade do BCE para conceder empréstimos aos bancos privados por um período de 3 anos, a uma
taxa de juro de 1%.
Instituições Europeias
Instituições europeias Funções Composição
Conselho Europeu Órgão político que define a orientação política da -Chefes de Estado (Presidente da
União República) e de governo (1º
Ministro)
-Presidente da Comissão
Europeia e do Conselho
Conselho da União Órgão legislativo que aprova a legislação -Ministros dos governos de cada
Europeia/ Conselho de europeia e decide as políticas necessárias à país da UE
Ministros concretização dos tratados, com base nas
propostas da Comissão.
Parlamento Europeu Exerce 3 poderes: -Deputados que representam os
-Legislativo, modifica e aprova a legislação cidadãos da UE
europeia juntamente com o Conselho da UE
-Orçamental, aprova o orçamento da União
-De controlo democrático, exerce o controlo
democrático da UE.
Comissão Europeia Órgão executivo que: - Comissários que representam
-Propõe a legislação europeia ao Conselho de os interesses da UE.
Ministros e ao Parlamento e, depois de aprovada,
executa-a.
-Elabora o orçamento
-É a guardiã dos tratados da união.
-Gere os fundos europeus
Tribunal de Justiça Órgão jurisdicional que salvaguarda o direito - juízes e advogados gerais
europeu.
Banco Central Faz a gestão do euro e define a política monetária -Presidente e Vice-Presidente
Europeu (BCE) comum. -Governadores dos bancos
centrais de todos os países da UE
Tribunal de Contas Controla a gestão do orçamento da UE e examina -Presidente e um membro de
as contas respeitantes às receitas e despesas da cada país
União.
Comité Económico e Órgão consultivo que representa os interesses -Presidente
Social Europeu económicos e sociais da “sociedade civil”. -350 membros de todos os países
da UE
Comité das Regiões Órgão consultivo sobre matérias importantes -Representantes eleitos de
para as regiões da EU (educação, saúde, autoridades regionais e locais
aplicação de fundos…)
Banco Europeu de Concede empréstimos ao desenvolvimento das -1 membro de cada país da UE,
Investimento (BEI) regiões menos desenvolvidas da UE e à mais um da Comissão Europeia
modernização das empresas.
Processo de tomada de decisão e execução da nova legislação europeia
A iniciativa legislativa pertence à Comissão Europeia, pois esta propõe a legislação. A elaboração da lei cabe
aos órgãos com competência legislativa, Conselho da UE e o Parlamento Europeu, de acordo com o processo
de codecisão. Na definição da legislação pode ser consultado o comité económico e social ou o comité das
regiões que darão o seu parecer, embora este não seja vinculativo. Cabe à Comissão e aos Estados-Membros
executar a legislação, ou seja, torná-la efetiva. Depois da norma entrar em vigor, cabe ao tribunal de justiça
fiscalizar qualquer infração na aplicação da legislação pelos estados-membros.

Desafios da União Europeia na atualidade

As fases de alargamento da UE até à atualidade:

1957 – Países Fundadores: França, Alemanha (RFA), Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo
1973 – Alargamento a Norte: Reino Unido, Irlanda e Dinamarca
1981 – Alargamento a Sul: Grécia
1986 – Alargamento a Sul: Portugal e Espanha
1995 – Alargamento aos países da EFTA: Áustria, Finlândia e Suécia
2004– Alargamento aos PECO (países da Europa central e oriental) e aos países do Mediterrâneo: Estónia,
Letónia, Lituânia, Eslovénia, Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Malta e Chipre
2007 – Bulgária e Roménia
2013 – Croácia

Desvantagens dos últimos alargamentos para Portugal


• concorrência direta acrescida no mercado europeu. O nosso perfil de exportações equipara-se ao perfil de
exportações dos países de centro e leste, quer em setores tradicionais, quer em setores mais modernos. A
resposta portuguesa terá de passar pela diferenciação, acrescentando valor aos nossos bens sobre os demais
transacionados.
• investimento direto estrangeiro diminui, pois existem mais países pertencentes à UE. Para além disso, os
investidores deslocalizam-se em busca de novas iniciativas de investimento e mão de obra mais barata no leste
da Europa.
• periferização geográfica, consoante a EU se vai expandindo, mais longe estaremos do centro e psicológica, em
virtude da atração que os PECO representam.
• menor fatia do fundo de coesão ser-nos-á atribuída, pois é partilhada por mais países.

A globalização e a crise económica

• Para além da concorrência das grandes potencias, os EUA e o Japão, evidenciam-se também as economias
emergentes, como a China, o Brasil e a Índia cujos preços são muito competitivos, dada a diferença de custos -
salários mais baixos, facilidade no aceso ao crédito (dumping) e menos restrições ambientais.

• Como as economias se tornam mais interdependentes e como existe uma total liberdade de circulação de
capitais no mundo, tem-se verificado a transferência de empresas da Europa para outros espaços geográficos,
que ofereçam custos de produção mais baixos (baixos salários, menor proteção social do trabalho e inexistência
de leis há proteção do ambiente).

• Em virtude da deslocalização de empresas e da crise de 2007/08, aumentou o desemprego no espaço


europeu, o que levou a EU a criar o Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização para apoiar as regiões mais
afetadas pelo desemprego resultante da globalização.

O alargamento da UE a 28 países aumentou a superfície geográfica e a população da UE, mas também


aumentou as disparidades regionais. Por isso, foi necessário fazer alterações a diversos níveis:

1) Ao nível do ORÇAMENTO DA UE: aumentar as despesas orçamentais da UE, em particular as que apoiam a
coesão económica e social.

Receitas Despesas
Direitos cobrados nas importações de produtos Financiamento da PAC;
provenientes de países terceiros; Fundos estruturais e de coesão;
Contribuição proveniente do IVA de todos os estados Ações humanitárias e ajuda ao desenvolvimento;
membros; Redes europeias de transportes, telecomunicações
Contribuição de cada estado membro baseada no seu e energia;
RNB (rendimento nacional bruto); Investigação e desenvolvimento;
Coimas aplicadas pela comissão; Ajudas de parcerias de pré-adesão com vista ao
Impostos pagos pelo pessoal das instituições europeias. alargamento da EU.

Princípio da solidariedade financeira


As contribuições dos países da UE estão relacionadas com o nível de riqueza dos Estados-Membros, sendo a
contribuição dos Estados mais prósperos proporcionalmente maior. Já os Estados menos prósperos recebem
proporcionalmente mais do que os estados mais ricos, pela via dos fundos europeus. Esta situação baseia-se
no princípio da solidariedade financeira.
Princípio da solidariedade financeira: parte significativa das contribuições dos Estados para o orçamento da
UE (cerca de 1% do RNB) é transferida, através dos fundos europeus, para as regiões menos desenvolvidas.

Princípio do equilíbrio orçamental


As receitas são fixadas em função do total das despesas definidas pelas autoridades orçamentais, verificando-
se o princípio do equilíbrio orçamental: despesas iguais às receitas.

Reajustamentos no orçamento comunitário resultantes dos últimos alargamentos


O alargamento da UE a 28 Estados implicou um aumento das receitas comunitárias, mas aumentou
especialmente as disparidades regionais, uma vez que os últimos países que aderiram apresentam um nível de
desenvolvimento inferior à média da União Europeia.
Deste modo, foi necessário reforçar as despesas comunitárias atribuídas à coesão económica e social,
aumentando os gastos com os fundos e as políticas de coesão.
2) Ao nível das POLÍTICAS COMUNS: reajustar as políticas de coesão da UE

No conjunto de políticas que desenvolve, a UE identifica as seguintes prioridades:


• Políticas de coesão ou de solidariedade, no domínio regional, agrícola, das pescas e social;
• Políticas que promovam o desenvolvimento sustentável, nas áreas da inovação tecnológica, do ambiente
e da energia;

Para a execução das suas políticas, a UE utiliza verbas disponibilizadas pelo seu orçamento que são
canalizadas através dos fundos europeus.

Políticas Comuns: Políticas de coesão ou de solidariedade


Política Regional Política Agrícola Comum Política Social
Objetivos -Promover o desenvolvimento -Aumentar a produtividade; -Elevado nível de emprego
equilibrado; -Autossuficiência alimentar; e de proteção social;
-Reduzir as desigualdades de -Segurança dos alimentos - Qualificação e formação
desenvolvimento no espaço da consumidos; profissional
UE (coesão e convergência -Preços acessíveis; -Maior igualdade de
real). -Rendimento estável aos oportunidades;
agricultores. -Melhoria da qualidade de
- Agricultura compatível com a vida;
proteção do ambiente
Fundos Fundo de coesão, FEDER, FEAGA/ FEADER FSE
FSE
*A Política comum de pescas também integra as políticas de coesão, a sua fonte de receitas é a FEP.

Reajustamentos nas políticas comunitárias resultantes dos últimos alargamentos

Políticas comunitárias e fundos comunitários: o alargamento da UE a 28 Estados aumentou a sua superfície


geográfica e a sua população em aproximadamente 25%, enquanto o rendimento no espaço comunitário apenas
cresceu 5%. Assim, diminuiu o PIB médio per capita e aumentaram as disparidades regionais, uma vez que cerca
de 60% das regiões menos desenvolvidas são novos membros da UE.

Foi necessário:

• reforçar os fundos comunitários destinados à coesão (FSE, FEDER e Fundo de Coesão) e reajustar as políticas
de desenvolvimento regional, favorecendo principalmente estes novos países, por serem mais carenciados;

• garantir o princípio da coesão económica e social - as populações dos novos Estados-membro devem ter as
mesmas oportunidades e os mesmos níveis de bem-estar que as restantes populações da UE.
3) Ao nível dos FUNDOS COMUNITÁRIOS: reajustar os fundos estruturais e de coesão

FEDER

FSE
estruturais
Fundos
FEAGA/FEADER
europeus
de coesão

FEP

FEDER
Aumentar a coesão económica, social e territorial na União Europeia, diminuindo as assimetrias e desequilíbrios
de desenvolvimento das regiões.
• investigação, inovação e TIC, para modernização das economias
• eficiência energética e energias renováveis
•infraestruturas de telecomunicações, energia e transportes
• desenvolvimento urbano sustentável

FSE
Promover a educação e a aprendizagem ao longo da vida, aumentar as oportunidades de emprego, promover
a inclusão social e combater a pobreza.
• melhoria dos sistemas de formação profissional;
• qualificação dos trabalhadores, nos domínios da ciência e da tecnologia;
• prestação de assistência às pessoas em risco de exclusão;
• diminuição das desigualdades entre homens e mulheres, no mercado de trabalho.

FEAGA/FEADER
• modernização das estruturas agrícolas
• apoio financeiro aos agricultores
• promoção do desenvolvimento rural
• promoção de uma agricultura compatível com a proteção do ambiente

FEP (ou FEAMP)


• modernização da frota pesqueira
• apoio aos pescadores em virtude da redução dos postos de trabalho
• apoio da aquacultura
• promoção de práticas compatíveis com a proteção ambiental

Fundo de coesão
Financiar o desenvolvimento de infraestruturas de transporte (redes transeuropeias) e projetos ambientais nos
Estados-Membros da UE, com um RNB per capita inferior a 90% da média europeia
4) Ao nível das INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS: reforma das instituições da EU

Os últimos alargamentos colocaram novos desafios às instituições da UE:


• Garantir a democraticidade: foi necessário garantir a igualdade dos Estados, assegurando a sua
representação equitativa em todas as instituições
• Garantir a operacionalidade: foi necessário promover o funcionamento eficaz das instituições comunitárias,
pois com mais países são mais difíceis as votações, as discussões e as tomadas de decisão

O Tratado de Nice e o Tratado de Lisboa vieram introduzir as alterações necessárias quanto à composição,
funcionamento e tomada de decisões das Instituições comunitárias.

Tratado de Nice (2001)


• Alargamento do número de deputados do Parlamento Europeu
• Aumento do número de Comissários e de membros dos Conselhos (1 por estado)
• Introdução do sistema de aprovação das decisões da UE por maioria qualificada, em vez da unanimidade

O Tratado de Lisboa (2007)


• Diminuição do número de Comissários para 18, nomeados pelos países num sistema rotativo, para melhorar a
operacionalidade da Comissão Europeia
• Generalizou-se a maioria qualificada como sistema de aprovação das decisões da UE
• Alargamento das matérias sujeitas a codecisão entre o Conselho da UE e o PE
• Aumento do envolvimento do Parlamento Europeu e dos Parlamentos Nacionais, que passam a ser ouvidos
em mais matérias

Conceitos importantes
Coesão económica e social
Princípio orientador que promove o desenvolvimento harmonioso através da redução das desigualdades de
desenvolvimento entre as regiões da UE, da sua convergência com o Estados-Membros mais prósperos e da
melhoria da qualidade de vida das populações.

Convergência real
Progressiva aproximação dos níveis de rendimento médio entre os países da UE. Utiliza-se, muitas vezes, o
indicador PIB per capital, a preços constantes.
Este conceito pode ser usado em qualquer indicador que avalie a aproximação ou afastamento de um país face
à média da união.

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