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“A Contabilidade Nacional surge como uma fotografia da realidade e como um instrumento que serve para
modificar diretamente a realidade.”
1. Território económico
Corresponde ao espaço onde a atividade económica é medida, ou seja, é o território onde os agentes
económicos residentes e não residentes desenvolvem operações económicas. Inclui:
• território terrestre, delimitado pelas suas fronteiras
• subsolo
• espaço aéreo
• águas territoriais nacionais
• enclaves territoriais no estrangeiro (Embaixadas e Consulados, bases militares, navios, aeronaves,
…)
Critério Funcional (consoante a sua principal Critério institucional (consoante a sua principal função
função) e os principais recursos)
Micro e macroagentes Unidades institucionais e setores institucionais
Empresas não financeiras Sociedades não financeiras
Famílias Famílias
Instituições financeiras Sociedades financeiras
Estado/Administração Pública Administração Pública
Resto do Mundo Resto do Mundo
Instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias -
ISFLSF
Exemplo: todas as empresas produtoras de peças de vidro utilizam o mesmo processo de produção e obtém
um produto idêntico, peças de decoração. Assim, estamos perante o mesmo ramo de atividade económico,
independentemente, de uma empresa produzir candeeiros, copos e garrafas, etc.
Exemplo: se a mesma fábrica de compotas produzir dois produtos diferentes – a compota e o frasco – estamos
em presença de dois produtos, duas unidades de produção homogénea e dois ramos de atividade; o valor da
produção do frasco é registado num ramo, enquanto, o valor das compotas é registado noutro ramo de
atividade.
Óticas de cálculo do valor do produto
• Ótica da produção = produção; informa sobre a natureza e a origem do produto.
• Ótica do rendimento = repartição dos rendimentos; informa sobre a repartição do rendimento criado
durante o processo produtivo.
• Ótica da despesa = utilização dos rendimentos; informa sobre o modo como o produto foi utilizado.
ÓTICA DA PRODUÇÃO
Nota:
Bens de consumo intermédio são bens usados no processo de produção dos bens de consumo final, sofrendo, portanto,
mais transformações.
Bens de consumo final são bens que satisfazem diretamente necessidades e não sofrem mais transformações.
Para calcular o valor da riqueza criada numa economia, é necessário evitar contabilizar várias vezes os
mesmos bens e serviços utilizados no processo produtivo. Assim, podemos recorrer a dois métodos de cálculo
do Produto – o método dos valores acrescentados e o método dos produtos finais.
Exemplo
A empresa piscatória A fornece o peixe à empresa conserveira B, por 4000 u.m.;
A empresa conserveira B fabrica as conservas de peixe e vende-as por 10000 u.m.
Unidades institucionais Valor das vendas/ Valor das compras/ VAB (valor acrescentado
produção consumos intermédios bruto) = produção – consumo
intermédio
Empresa Piscatória 4 000 u.m. 0 4 000 – 0 = 4 000 u.m.
Empresa Conserveira 10 000 u.m. 4 000 u.m. 10 000 – 4 000 = 6 000 u.m.
No exemplo anterior, o Produto (PIBpb) corresponde ao valor da venda das conservas de peixe. Logo,
Produto (PIBpb) = 10 000 u.m.
Produto: é a medida da riqueza criada num país e calcula-se através da soma dos valores acrescentados de
todas as unidades institucionais. (valor acrescentado)
NOÇÕES DE PRODUTO
Produto bruto: é o produto avaliado sem o desconto do desgaste de capital fixo ocorrido no processo
produtivo.
Produto líquido: calcula-se subtraindo ao produto bruto o consumo de capital fixo/amortizações necessárias
para o processo produtivo.
Amortizações / Consumo de Capital Fixo (CCF): custos associados ao desgaste do capital fixo usado na
produção.
PB= PL + CCF/amortizações
PL= PB – CCF/amortizações
Produto interno: avalia a riqueza gerada no território económico por todas as unidades produtivas,
independentemente de serem unidades residentes ou não.
Produto nacional: avalia a riqueza obtida pelas unidades residentes de um país, independentemente do
território económico onde a riqueza é produzida.
Saldo dos rendimentos com o resto do mundo (SRRM): resulta da diferença entre os rendimentos do
trabalho (salários) e do capital (rendas, juros e lucros) recebidos do resto do mundo e os rendimentos do
trabalho e do capital pagos ao resto do mundo.
SRRM = Rendimentos recebidos do resto do mundo – Recebimentos pagos ao resto do mundo
PI = PN – SRRM
PN = PI + SRRM
Produto a preço de base: Avalia a riqueza gerada à saída da unidade produtiva. Inclui as matérias-primas e
subsidiárias, as remunerações dos fatores produtivos trabalho e capital e inclui os custos de produção.
Produto a preços de mercado: Avalia a riqueza gerada no mercado, ou seja, o valor que é pago pelos
utilizadores finais. Inclui o IVA e todos os impostos sobre os produtos.
Impostos indiretos – incidem sobre o consumo ou a despesa
Subsídios à produção – apoios atribuídos às empresas pelo Estado
Ppb = Ppm – impostos indiretos + subsídios à produção (apoios de Estado à produção de bens)
Ppm = Ppb + impostos indiretos – subsídios à produção
Nota: impostos líquidos ou impostos líquidos de subsídios = impostos indiretos – subsídios à produção
Produto a preços correntes: os bens e serviços são valorizados aos preços que se verificam no ano em
causa, obtendo-se o produto nominal.
Produto a preços constantes: os bens e serviços são valorizados aos preços de um ano base, ou seja, um
ano que serve de referência para medir a variação da grandeza. Compara a evolução registada na quantidade
produzida ou consumida no país, eliminando a evolução ocorrida nos preços durante o período em análise.
Assim, o aumento do produto verificado entre dois períodos resulta do aumento da quantidade produzida ou
consumida. Permite obter o produto real e é indicador do volume físico da produção.
ÓTICA DO RENDIMENTO
Nesta ótica estuda-se a forma como o valor criado pela produção é utilizado na remuneração dos fatores de
produção (trabalho e capital).
O rendimento divide-se em duas componentes:
• Remunerações do trabalho – salários, vencimentos incluindo as contribuições sociais
• Remunerações do capital – excedente bruto de exploração (EBE) ou rendimentos da empresa e
propriedade: lucros, juros e rendas
Na ótica do rendimento também se analisa o rendimento pessoal e o rendimento disponível dos particulares.
Rendimento pessoal dos particulares: total dos rendimentos que os particulares têm direito a receber.
ÓTICA DA DESPESA
Esta ótica indica-nos a utilização dada ao produto repartido pelos diferentes setores, isto é, como cada agente
utiliza a parcela de rendimento que lhe coube.
• Investimento ou Formação Bruta de Capital (FBC): todos os bens que não apresentam uma utilização
final (despesas com equipamentos, matérias-primas, habitações, …) e asseguram a produção futura.
É composto por:
FBCF (formação bruta de capital fixo): componente da despesa de um país que faz aumentar a capacidade
de produção da economia. Engloba despesas das empresas e do Estado na aquisição de equipamentos,
instalações, máquinas, … e despesas das famílias com a aquisição de habitação.
VE (variação de existências – stocks): traduz as alterações no valor das existências em armazém; é
calculado pela diferença entre as existências no final do período em causa e no início do mesmo período (VE
= variação final – variação inicial); pode ser um valor positivo ou negativo.
FBCF + VE = Investimento
DI = PIBpm
DN = PNBpm
Procura Global (PG): à procura interna (dentro do território económico) acrescentamos a procura efetuada
pelos não residentes em relação aos bens e serviços nacionais – exportações.
PG = consumo total + investimento + exportações
ou
PG = PI + exportações (PE)
Positivas: consequências do processo de produção que se traduzem em benefícios para a comunidade. Ex.:
construção de um hospital investigação científica, construção de uma estrada…
Negativas: consequências do processo de produção prejudiciais para a comunidade ou para o ambiente. Ex.:
descargas poluentes nos rios, lançamento de gases para a atmosfera …
Economia paralela: atividades que escapam à Contabilidade Nacional porque se encontram fora do sistema
estatístico e fiscal. Composta pela produção legal não declarada; pela produção de bens e serviços ilegais e
pela produção de bens e serviços para autoconsumo.
Economia informal: famílias ou empresas de reduzidas dimensões que não se encontram registadas, não
para fugir ao fisco, mas porque preferem poupar custos nas formalidades. As atividades desenvolvidas não
são declaradas, mas não há intenção deliberada de fraude.
Ex.: produção de bens para autoconsumo, trabalho doméstico, costurar para fora, babysitting…