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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL


CONCEITO DE EMPRESA

As empresas são agentes económicos que obtêm e combinam fatores de produção


materiais e humanos (trabalho, capital, recursos naturais) para produzir e vender bens e
serviços no mercado a outros agentes económicos e a consumidores finais.

Meios humanos: Trabalho exercido pelo Homem que pode apresentar-se sobre várias
formas: de execução (qualificado ou não), de direção, de organização e de invenção.

Meios técnicos: São as instalações, as máquinas, as ferramentas, etc.

Meios financeiros: São os capitais monetários (dinheiro) necessários à vida da empresa.

TIPOLOGIA DE EMPRESA

Cada empresa possui características próprias. Porém, é possível classificá-las de acordo


com critérios comuns, por exemplo:

Por atividade
Por forma jurídica
Por dimensão

TIPOLOGIA DE EMPRESA - POR ATIVIDADE


Industriais: Inseridas no negócio da produção de bens.
Transformam as matérias-primas para fabricar um produtos.
Ex: Indústria automóvel, empresas da construção, indústrias de equipamentos, etc.

Comerciais: Inseridas no negócio da distribuição. Vendem mercadorias.


Ex: Lojas, minimercados, hipermercados, livrarias, etc.

De serviços: Inseridas no negócio da prestação de serviços ou prestadores de serviços.


Prestam consultoria e outros serviços especializados.
Ex: contabilistas, advogados, empresas de turismo, empresas transporte, seguros, etc.

Agrícolas: Inseridas no negócio da agricultura. Produzem matérias primas e alimentos,


utilizando os recursos naturais.
Ex: indústrias lácteas, de exploração suinícola, de avicultura, etc.

TIPOLOGIA DE EMPRESA - POR ATIVIDADE


O que é e para que serve o código CAE?
A classificação Portuguesa de Atividades Económicas (CAE), estabelece o conjunto das
atividades económicas que podem ser prosseguidas por agentes económicos, ajustado às
necessidades nacionais.
Para que serve o SICAE?
O SICAE integra, numa base de dados única, a informação sobre o CAE das pessoas
coletivas e entidades equiparadas.
SICAE - Sistema de Informação da Classificação Portuguesa de Atividades Económicas

TIPOLOGIA DE EMPRESA- POR FORMA JURÍDICA


Tipologia:
A) Empresas em nome individual
B) Sociedades:
1. Sociedades civis (não têm por objeto a prática de atos de comércio)
2. Sociedades comerciais:
- Sociedades em nome coletivo (art.º 175º a 196º CSC)
- Sociedades por quotas (art.º197º a 270º CSC
- Sociedades anónimas (art.º 271º a 464º CSC)
- Sociedades em comandita (art.º 465º a 480º CSC)
C) Cooperativas
D) Empresas públicas

Empresas em Nome Individual: Empresário em nome individual; Estabelecimento Individual


de Responsabilidade Limitada (EIRL); Sociedade unipessoal por quotas.

Sociedades civis - As sociedades civis não têm por objeto o comércio, por isso não são
constituídas sob a forma comercial. São reguladas pelo Código Civil (art.º 980º e seguintes).

Sociedades comerciais - Têm por objeto a prática de comércio e adotam o tipo de


sociedade em nome coletivo. São reguladas pelo CSC e apresentam-se nas seguintes
formas: sociedades por quotas, sociedades anónimas, sociedades em comandita simples
ou por ações.

Cooperativas - Reguladas pelo Código Cooperativo.

Empresas Públicas

Em Portugal as sociedades assumem geralmente uma das duas formas mais comuns:
Sociedade Anónima, S.A
Sociedade por Quotas, Lda.

Site espaço empresa :


A constituição de uma sociedade em Portugal, implica o cumprimento de uma série de
formalidades, o “espaço empresa” é um serviço público para apoiar os empresários na
criação e gestão do seu negócio.
https://eportugal.gov.pt/inicio/espaco-empresa

Condições da constituição das condições comerciais: sociedades por quotas.


Sociedades por quotas (art. 197º a 270º CSC)
O capital social está dividido em quotas e a cada sócio fica a pertencer uma quota
correspondente à entrada;
Não existe capital social mínimo;

Os sócios respondem solidariamente pelas entradas convencionadas no contrato social;

Só o património social responde para com os credores pelas dívidas da sociedade, salvo se
o contrato estipular o contrário;

Os valores nominais de cada quota não podem ser inferiores a 1 euro;


A firma deve ser formada pelo nome ou firma de todos ou alguns dos sócios, por
denominação particular ou por ambos, acrescido de "Limitada" ou "Lda“.

Condições da constituição das sociedades comerciais: sociedades anónimas.


Sociedades anónimas (art. 271º a 464º CSC):
O capital social é dividido em acções;

O valor nominal mínimo do capital é de 50.000€;

É uma sociedade de responsabilidade limitada porquanto os accionistas limitam a sua


responsabilidade ao valor das acções por si subscritas;

Só o património social responde para com os credores pelas dívidas da sociedade, salvo se
o contrato estipular o contrário;

A sociedade anónima não pode ser constituída por um número de accionistas inferior a 5,
salvo quando a lei o dispense;

Todas as acções têm o mesmo valor nominal que não pode ser inferior a 1 cêntimo;

A firma deve ser formada pelo nome ou firma de um ou alguns accionistas ou por
denominação particular ou ainda pela reunião de ambos, ao que acresce a expressão
"Sociedade Anónima" ou "SA".

Sociedades em Comandita - É uma sociedade de responsabilidade mista porque reúne:


sócios de responsabilidade limitada (comanditários), que contribuem com o capital, e
sócios de responsabilidade ilimitada (comanditados), que contribuem com bens ou serviços,
assumindo a gestão e a direção efetiva da sociedade, não é admitida a contribuição de
indústria

Dimensão Nº Efetivos Volume de Negócios ou Balanço Total


PME. < 250. <= 50 Milhões de Euros (VN) ou
<= 43 Milhões de Euros (BT)

Micro. < 10. <= 2 Milhões de Euros (VN ou BT)

Pequena. < 50. <= 10 Milhões de Euros (VN ou BT)


Média As PME que não forem micro ou pequenas empresas

O setor das sociedades não financeiras utilizado como referência para as estatísticas da
Central de Balanços do Banco de Portugal era constituído em 2017 por cerca de 430 mil
empresas.
As microempresas predominavam, constituindo cerca de 89% do total (16% volume
negócios).

No circuito económico empresarial, as empresas estabelecem relações económicas e


financeiras:
Umas viradas para aspetos internos;
Outras viradas para o exterior.

As relações traduzem-se por fluxos de bens e serviços, de entrada e de saída (fluxos reais),
aos quais correspondem sempre fluxos monetários de sentido inverso.

Distinguem-se então duas categorias de fluxos:


os fluxos reais (bens e serviços) e
os fluxos financeiros (meios monetários).

Fluxo é a quantidade de bens/serviços ou dinheiro transferida, em determinado período, por


dois agentes económicos.

Relativamente aos fluxos de uma entidade, três ópticas distintas podem ser evidenciadas:

A ÓPTICA FINANCEIRA;
A ÓPTICA ECONÓMICA (ou produtiva);
A ÓPTICA DE TESOURARIA (ou de caixa).

A ÓPTICA FINANCEIRA
Diz respeito ao crédito concedido e obtido pela empresa no exterior. Se a empresa fica
credora de um elemento externo diz-se que teve uma receita, se pelo contrário fica
devedora diz-se que teve uma despesa.
As origens de fundos (próprias e/ou alheias) são obrigações decorrentes da aquisição de
bens ou serviços, independentemente do seu pagamento ou consumo.
As aplicações de fundos, são direitos decorrentes da aquisição de bens ou de prestações
de serviços, independentemente do seu recebimento.
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BALANÇO

A ÓPTICA ECONÓMICA (OU PRODUTIVA)


Diz respeito ao consumo de inputs (gasto) e à obtenção de outputs (rendimento). Ou seja, à
transformação dos diversos fatores produtivos.
Os gastos são consumos de bens e/ou serviços, independentemente da sua aquisição ou
pagamento. Ex: custo das vendas, gastos com pessoal, depreciações/amortizações, etc.
Os rendimentos são valores correspondentes à produção de bens e/ou serviços,
independentemente da sua venda. Ex: vendas, prestação de serviços, dividendos, etc.
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DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZA E POR FUNÇÕES

A ÓPTICA DE TESOURARIA (OU DE CAIXA)


Diz respeito às entradas e saídas de meios monetários da empresa:
Os recebimentos são entradas de meios de pagamento na empresa, qualquer que seja a
sua proveniência (ex: notas, moedas, transferências bancárias, cheques, vales postais).
Os pagamentos são saídas de meios de pagamento na empresa, qualquer que seja o seu
destino (ex: notas, moedas, transferências bancárias, cheques, vales postais).
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DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A contabilidade

Professor Gonçalves da Silva:


“Sistema de recolha, classificação, interpretação e exposição dos dados económicos.”

O que tenho? O que devo? O que ganhei ou perdi?

A Contabilidade é uma ciência económica que realiza um processo de identificar, medir e


comunicar informação económica, apta para emitir juízos e tomar decisões destinada aos
distintos usuários daquela informação.

A Contabilidade é um sistema de informação que garante a fiabilidade e precisão da mesma, através


de métodos rigorosos de medição e organização para a tomada de decisão. → CRITÉRIOS DE
RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO

A Contabilidade é uma atividade que proporciona informação (…) para a tomada de


decisões, planeamento, controlo das operações, avaliação do desempenho e relato
financeiro aos utentes (como investidores, credores, autoridades reguladoras e ao público
em geral).

O papel da contabilidade
O conhecimento verdadeiro e atempado dos factos que vão ocorrendo é da maior
importância para se poderem tomar, se necessário, decisões que possam influenciar o
caminho da empresa, sendo assim uma das ferramentas mais indispensáveis à gestão.
A contabilidade, além de compreender a preparação de informação financeira para
entidades externas à entidade é parte integrante do processo de gestão, proporcionando
também informação essencial para:
-reduzir a subjetividade no processo da tomada de decisões;
-planear as estratégias futuras, as táticas e as operações;
-otimizar o uso dos seus recursos;
-mensurar e avaliar o desempenho;
-melhorar as comunicações interna e externa;
-controlar as atividades correntes da organização.

Divisões da contabilidade
Contabilidade de carácter histórico: dá a conhecer o que efetivamente aconteceu, propicia
informações sobre o passado permitindo uma visão retrospetiva da gestão da entidade.
Inclui:

Contabilidade Financeira: Contabilidade geral, necessária a todas as entidades e


obrigatória. Regista e fornece informações gerais, as que respeitam à entidade no seu todo.
Apura o resultado global da entidade e divulga a informação financeira no balanço e
restantes demonstrações financeiras.

Contabilidade de Custos: Está voltada para o cálculo, interpretação e controle dos custos
dos bens fabricados e comercializados, e dos serviços prestados pela entidade. É uma
contabilidade interna, visando o apuramento de resultados ao nível mais elementar por
produto; por departamento; por projeto; por cliente.

Contabilidade de Gestão: Visa suprir os gestores de um elenco maior de informações


exclusivamente para a tomada de decisões. Diferencia-se da contabilidade financeira e da
contabilidade de custos, por não se prender aos princípios fundamentais da contabilidade.

Contabilidade de carácter previsional: Exprime os resultados das previsões. Visa antecipar


a atividade económica futura da empresa, com base em perspetivas futuras. Inclui:

Contabilidade Orçamental: Visa antecipar a atividades económica futura da empresa.


Requer avaliações subjetivas e a análise de um grande número de variáveis e premissas.
Permite a elaboração dos planos de atividades e o estabelecimento de regras a que a
gestão se deve submeter.

O sistema de normalização contabilística


Em 2010, através do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho, surge o Sistema de
Normalização Contabilística (SNC).

O SNC revogou o POC (e as DC emitidas desde 1991).

Foram emitidas após a entrada em vigor do SNC, em 2010, as Leis 20/2010 e 35/2010 que
permitiam a aplicação de normas contabilísticas e de relato financeiro específicas para
micro entidades e pequenas entidades, simplificando as normas para reduzir os encargos
administrativos com as mesmas.

Objetivos do SNC e das Normas Internacionais:

-Aumentar a transparência e comparabilidade das informações financeiras a nível


internacional;
-Proteger os investidores e aumentar a confiança nos mercados financeiros;
-Melhorar o funcionamento do mercado de capitais;
-Reforçar a liberdade de circulação de capitais.

O SNC é obrigatoriamente aplicável às seguintes entidades:


Entidades abrangidas pelo Código das Sociedades Comerciais;
Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial;
Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada (EIRL);
Empresas públicas;
Cooperativas, exceto cooperativas de solidariedade social, equiparadas a IPSS (aplicam as
normas contabilísticas ESNL);
ACE’s e agrupamentos europeus de interesse económico;
Entidades do setor não lucrativo (ESNL)
Decreto-Lei nº 158/2009 de 13 de Julho alterado pelo Decreto-Lei nº 98/2015 de 2 de Junho

Exceção: Entidades cujos valores mobiliários estejam admitidos à negociação num mercado
regulamentado.→ Aplicam as normas endossadas do IASB (Regulamento (CE) 1606/2002 do
Parlamento Europeu e do Conselho)

O SNC é composto pelos seguintes elementos fundamentais:


Bases para apresentação de Demonstrações Financeiras (BADF);
Modelos de Demonstrações Financeiras;
Código de Contas;
28 Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF);
Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE)
Norma Contabilística e de Relato Financeiro para ESNL (NCRF – ESNL)
Norma Contabilística para Microentidades
2 Normas Interpretativas;
A Estrutura Conceptual constitui um documento autónomo, que enquadra aqueles
documentos!

MICROENTIDADES: empresas que não ultrapassam dois dos três limites seguintes, à data
do balanço (art.9º DL 98 2015):
Total do balanço: € 350.000,00;
Volume de negócios líquido: € 700.000,00;
Número médio de empregados durante o período: 10.

Aplicam o regime contabilístico para microentidades (a NC-ME). Podem optar por aplicar: o
regime contabilístico geral (as NCRF) ou o regime contabilístico para pequenas entidades (a
NCRF-PE).

NOTA: Sempre que em dois períodos consecutivos imediatamente anteriores sejam


ultrapassados dois dos três limites, as entidades deixam de poder ser consideradas na
respetiva categoria. Caso deixem de ser ultrapassados dois dos três limites, para a
respetiva categoria, nos dois períodos imediatamente anteriores a entidade pode
novamente ser considerada nessa categoria.

PEQUENAS ENTIDADES: as empresas que não ultrapassam dois dos três limites
seguintes (art.9º DL 98 2015):
Total do balanço: € 4.000.000,00;
Volume de negócios líquido: € 8.000.000,00;
Número médio de empregados durante o período: 50.
As entidades que são Pequenas-entidades, podem optar por aplicar o regime contabilístico
para pequenas entidades (a NCRF-PE, entre os restantes elementos compreendidos no
SNC).

NOTA: Sempre que em dois períodos consecutivos imediatamente anteriores sejam


ultrapassados dois dos três limites, as entidades deixam de poder ser consideradas na
respetiva categoria. Caso deixem de ser ultrapassados dois dos três limites, para a
respetiva categoria, nos dois períodos imediatamente anteriores a entidade pode
novamente ser considerada nessa categoria.

MÉDIAS ENTIDADES: as empresas que não ultrapassam dois dos três limites seguintes
(art.9º DL 98 2015):
Total do balanço: € 20.000.000,00;
Volume de negócios líquido: € 40.000.000,00;
Número médio de empregados durante o período: 250.

As entidades que são Médias entidades, devem aplicar o regime contabilístico geral

NOTA: Sempre que em dois períodos consecutivos imediatamente anteriores sejam


ultrapassados dois dos três limites, as entidades deixam de poder ser consideradas na
respetiva categoria. Caso deixem de ser ultrapassados dois dos três limites, para a
respetiva categoria, nos dois períodos imediatamente anteriores a entidade pode
novamente ser considerada nessa categoria.

As demonstrações financeiras, preparadas, elaboradas e apresentadas pela contabilidade,


devem atender às necessidades dos utilizadores externos e internos à entidade

Utilizadores externos
Investidores atuais e potenciais
Instituições de crédito
Clientes
Fornecedores e outros credores comerciais
Governo e seus departamentos
Público
Os utilizadores externos não participam diretamente na gestão da empresa, mas são
afectados pela situação económico-financeira da mesma.

Utilizadores internos
Gerência / Administração
Acionistas
Empregados e grupos representativos
Os utilizadores internos participam diretamente na gestão da empresa, assim como em
qualquer outra função de controlo da mesma. Neste sentido, usam a informação interna e
externa produzida pela contabilidade, com fins de continuidade, controlo e decisão.

UTILIZADORES DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA: SATISFAÇÃO DAS DIFERENTES


NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO
Utentes internos:
-Gerência / Administração
-Investidores, Acionistas - Determinar a capacidade da empresa lhes pagar dividendos.
-Empregados e grupos representativos - Estabilidade da empresa, capacidade de
proporcionar remunerações e emprego.

Utentes externos:
-Investidores atuais e potenciais
-Instituições de crédito - Determinar se os juros e empréstimos serão pagos no prazo
estabelecido.
-Clientes - Continuidade da empresa principalmente se estão dependentes da empresa ou
se efetuaram adiantamentos.
-Fornecedores e outros credores comerciais - Determinar se os valores devidos serão
pagos no prazo de vencimento.
-Governo e seus departamentos - Informação para regular os sectores de atividade, para
determinar política de tributação e para fins estatísticos.
-Público - Contribuição para economia local e responsabilidade social das empresas.

Utilizadores da informação financeira


A pluralidade de utilizadores requer que a informação esteja normalizada e, em
consequência, que a sua elaboração esteja regulada atendendo a um marco conceptual e à
aplicação normativa.

Pressupostos Subjacentes
Regime do Acréscimo
Continuidade

Características Qualitativas

Compreensibilidade
Relevância
Fiabilidade
Comparabilidade
Constrangimentos à informação fiável e
relevante
Tempestividade
Balanceamento Custo-Benefício
Balanceamento entre Características
Qualitativas

O processo contabilístico

No processo contabilístico podem-se identificar três etapas:

• O Reconhecimento (classificação);

• A Mensuração (atribuir valor monetário);


↓ ↓
Mensuração Inicial Mensuração Subsequente
• A Divulgação (evidenciação, demonstração).

Reconhecimento

É o processo de incorporar no balanço e na demonstração dos resultados um item que


satisfaça a definição de um elemento e satisfaça os seguintes critérios:
For provável que qualquer benefício económico futuro associado com o item flua para ou da
entidade, e
O item tiver um custo ou um valor que possa ser mensurado com fiabilidade.
§80 a 96 da Estrutura Conceptual
Exemplo:
- Viatura – numa empresa de serviços é um ativo; num stand poderá ser inventário
(mercadoria).

Mensuração

É o processo de determinar as quantias monetárias pelas quais os elementos das


demonstrações financeiras devam ser reconhecidos e inscritos no balanço e na
demonstração dos resultados.
§80 a 96 da Estrutura Conceptual
Exemplo:
Aquisição de mercadorias com o valor de fatura (preço de compra) + custos diretamente
atribuíveis (despesas adicionais de compra, como por exemplo, custos com o transporte de
mercadorias).

Divulgação

Envolve a ação de demonstrar para os utilizadores o processo de reconhecimento e


mensuração realizado.
Muitas vezes, a entidade divulga elementos que não estão formalmente reconhecidos nas
demonstrações. Noutras situações, a divulgação é complementar ao reconhecimento e
mensuração.
§80 a 96 da Estrutura Conceptual
Exemplo:
O Anexo, como parte do conjunto completo de Demonstrações Financeiras.

O processo contabilístico é um processo de recolha, análise, registo cronológico,


interpretação e divulgação das transações e dos factos patrimoniais ocorridos.

Deste modo, o processo contabilístico tem como base os documentos que dão origem à
recolha dos dados para posteriormente ser efetuado a sua análise e correspondente registo
de acordo com planos de contas e com o objetivo de elaboração dos documentos de
prestação de contas aos diversos utilizadores da informação.

Informação Empresarial Simplificada (IES) (Aprovada pela Portaria 208/2007, de 16 de


Fevereiro): Consiste na nova forma de prestação de contas, feita mediante o preenchimento
de formulários entregues eletronicamente, e o pagamento respeitante a esse registo.
Deixou de ser possível a entrega do registo da prestação de contas em papel!

No que respeita à prestação de contas para cumprimento de entrega da IES, os modelos


aprovados condensam a informação respeitante aos seguintes documentos (ART. 42º
Portaria 208/2007):
Ata de aprovação das contas do período e da aplicação dos resultados;
Balanço, demonstração dos resultados e anexo ao balanço e demonstração de resultados;
Certificação legal das contas;
Parecer do órgão de fiscalização, quando exista.

As sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, as cooperativas, as empresas


públicas e as demais entidades que exerçam, a título principal, uma atividade comercial,
industrial ou agrícola, …, são obrigadas a dispor de contabilidade organizada nos termos da
lei que, …, permita o controlo do lucro tributável.

Na execução da contabilidade deve observar-se em especial o seguinte:


Todos os lançamentos devem estar apoiados em documentos justificativos, datados e
suscetíveis de serem apresentados sempre que necessário;
As operações devem ser registadas cronologicamente, sem emendas ou rasuras, devendo
quaisquer erros ser objeto de regularização contabilística logo que descobertos.
Os factos patrimoniais dão origem a documentos (faturas, fatura-recibo, faturas
simplificadas, notas de crédito, de débito, recibos, etc), que são registados no diário por
ordem de datas.
Periodicamente, em geral todos os meses, elaboram-se balancetes por contas e eu contas
que no final do período permitem a elaboração das demonstrações financeiras, tais como:
balanço e demonstração de resultados

No processo contabilístico, o departamento financeiro recebe os documentos suscetíveis de


serem contabilizados.

Depois de analisados, são registados (lançados), por ordem cronológica, no computador,


em aplicações informáticas preparadas para o efeito – Diários.

Quando nas organizações complexas, como as grandes empresas, se executam,


diariamente, milhares, ou milhões de operações, o Diário pode encontrar-se dividido em
Diários auxiliares, por categorias e por natureza de operações:
Diário de Caixa e Bancos;
Diário de Clientes;
Diário de Fornecedores;
Diário de operações diversas; etc.

Escrituração (lançamentos) no Diário


Diário - serve para fazer o registo cronológico (ordem de datas), em lançamento separado,
de cada uma das operações que modificam o património.
Cada lançamento é objeto de um duplo (ou múltiplo) registo, obedecendo ao princípio das
partidas dobradas.

O Layout do Diário, no registo digital, não está normalizado, podendo adotar-se formas
diversas. No entanto, em qualquer formato, por cada registo, devem sempre existir as
seguintes indicações:
Data do diário, que em muitas das aplicações aparece no cabeçalho;
Código da conta (subconta de lançamento) a movimentar a débito ou a crédito;
Histórico (ou descrição sumária da operação);
Montante do débito ou do crédito;

Balancete:
Documento que resume todo o movimento efetuado no razão, isto é, um resumo do
movimento a débito e a crédito dos saldos das contas utilizadas pela empresa durante um
determinado período de tempo.
É elaborado, normalmente no final de cada período (mês, trimestre, ano).

No balancete deve constar:


o nome de todas as contas utilizadas pela empresa no período;
os movimentos acumulados nas contas a débito e a crédito;
os saldos apresentados pelas contas utilizadas.
No que respeita a faturação emitida a lei impôs a utilização de programa certificado como
forma exclusiva, de emissão de faturas (após 2012, o uso de máquina registadora ou a
faturação manual emitida em documentos impressos por tipografias autorizadas deixou de
ser possível).

Excluem-se daquela obrigatoriedade:


Os sujeitos passivos que tenham tido, no período de tributação anterior, um volume de
negócios inferior ou igual a € 100.000;
Em qualquer caso, relativamente aos documentos emitidos através de aparelhos de
distribuição automática ou prestações de serviços em que seja habitual a emissão de talão,
bilhete de ingresso ou de transporte, senha ou outro documento pré-impresso e ao portador
comprovativo do pagamento

Quais os documentos que devem estar sujeitos à emissão por programa?


-As faturas, notas de crédito, notas de débito;
As guias de transporte, guias de remessa e quaisquer outros documentos que sirvam de
documento de transporte,
Quaisquer outros documentos, independentemente da sua designação, suscetíveis de
apresentação ao cliente para conferência de entrega de mercadorias ou da prestação de
serviços, nomeadamente as designadas consultas de mesa.

Quais os documentos suscetíveis de serem contabilizados?


-Todos os que justificarem uma operação passível de reconhecimento contabilístico. Por
exemplo:
Documentos de compra e venda: fatura, fatura simplificada, fatura-recibo, nota de crédito,
nota de débito.
Documentos de pagamento: transferências bancárias (por movimentos no multibanco,
utilização dos cartões de débito ou de crédito, etc.), cheques, letras, livranças.
Documentos internos: verbetes de lançamento.

É um documento comercial que representa uma troca entre duas partes, serve de
comprovativo dos direitos do comprador e das obrigações do vendedor. Não comprova a
realização de um pagamento ao transmitente da fatura. É a descrição de uma dívida e uma
indicação do que deve pagar.

É um documento comercial cuja emissão é, em regra, obrigatória para todos os


transmissores de bens ou prestadores de serviços, sendo um elemento essencial para o
IVA, na medida em que confere aos adquirentes dos bens ou aos destinatários dos serviços
um direito de crédito perante o Estado, que se consubstancia no exercício do direito à
dedução do imposto nela incorporado.
Estão dispensados de emitir fatura (n.º3 art.º 29º CIVA) os sujeitos passivos que pratiquem
exclusivamente operações isentas de imposto sem direito à dedução (Ex: organismos sem
finalidade lucrativa e IPSS)

As faturas devem ser datadas, numeradas sequencialmente e conter os seguintes


elementos:
Os nomes, firmas ou denominações sociais e a sede ou domicílio do fornecedor de bens ou
prestador de serviços e do destinatário ou adquirente, bem como os correspondentes
números de identificação fiscal dos sujeitos passivos de imposto;
A quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou dos serviços prestados, com
especificação dos elementos necessários à determinação da taxa aplicável; …;
O preço, líquido de imposto, e os outros elementos incluídos no valor tributável;
As taxas aplicáveis e o montante de imposto devido;
O motivo justificativo da não aplicação do imposto, se for caso disso;
A data em que os bens foram colocados à disposição ou os serviços foram realizados ou
em que foram efetuados pagamentos anteriores à realização das operações, se essa data
não coincidir com a da emissão da fatura.
A fatura deve ser emitida:
Regra geral o mais tardar no 5.º dia útil seguinte ao do momento em que o imposto é
devido, ou seja, regra geral, do momento em que os bens são colocados à disposição do
adquirente ou em que os serviços são prestados.
Na data do recebimento, no caso de adiantamentos relativos a uma transmissão de bens ou
prestação de serviços ainda não efetuada.

As faturas são substituídas por guias ou notas de devolução, quando se trate de devoluções
de mercadorias anteriormente transacionadas entre as mesmas pessoas, devendo a sua
emissão processar-se o mais tardar no 5.º dia útil seguinte à data da devolução.

Fatura eletrónica:
Uma fatura que tenha sido emitida e recebida em formato eletrónico (N.º 2 Decreto-Lei n.º
28/2019)
A fatura eletrónica é um documento comercial semelhante à versão em papel, mas
distribuído em ficheiro informático.
Tem a mesma validade das faturas em papel desde que haja acordo prévio entre as
empresas envolvidas na troca digital de informação, seja garantida a autenticidade da
origem e a integridade do conteúdo através de uma assinatura digital ou EDI (Electronic
Data Interchange), e o arquivo em suporte eletrónico preste acesso on-line à Administração
Fiscal e assegure a integridade da origem e do conteúdo durante o prazo legal, fixado em
dez anos.

Fatura simplificada
Os sujeitos passivos poderão optar pela emissão de faturas simplificadas nas seguintes
situações:
Transmissões de bens efetuadas por retalhistas ou vendedores ambulantes a não sujeitos
passivos, caso o valor da fatura não seja superior a € 1.000; ou,
Transmissões de bens e prestações de serviços em que o montante da fatura não seja
superior a € 100.

A fatura simplificada distingue-se essencialmente por não obrigar a entidade fornecedora do


bem ou serviço a incluir o número de contribuinte do comprador (se não for sujeito passivo),
a não ser que este assim solicite.

A fatura simplificada assume um papel de documento auto-liquidado, ou seja, a partir do


momento em que é emitido, considera-se liquidado
Fatura recibo
Desta forma, em resumo, consideramos que existem dois tipos de Fatura-Recibo:
Fatura-Recibo: quando nos referimos ao antigo Recibo-Verde, emitido no Portal das
Finanças;
Fatura/Recibo (com “/” a separar as duas palavras): quando nos referimos a 2 documentos
combinados num só, emitido por um comerciante.

Nota de débito e nota de crédito


A nota de débito é utilizada frequentemente para debitar encargos por conta do cliente,
despesas com serviços bancários, juros, taxas, etc.
Este documento representa um acréscimo na dívida de um cliente (ou de outros devedores)
ou uma diminuição na dívida a um fornecedor (ou de outros credores).

A nota de crédito é utilizada frequentemente para reduzir ou eliminar o montante que o


comprador tem de pagar ao vendedor, em relação ao original da fatura emitida
anteriormente, por conta de devoluções ou descontos comerciais concedidos.
Este documento representa uma redução na dívida de um cliente (ou de outros devedores)
ou um aumento na dívida a um fornecedor (ou de outros credores).

Transferências bancárias, cheques, letras, livranças


Estes são documentos que comprovam ou garantem o pagamento:

Transferência Bancária é a operação bancária onde um sujeito, o ordenante, permite


colocar determinada quantia em dinheiro à disposição de outrem, o beneficiário, utilizando
para isso uma instituição financeira;

Cheque é a ordem de pagamento dada pelo sacador (titular da conta) ao sacado (banco),
para que este pague a um terceiro (beneficiário) uma determinada quantia.

Letra é um titulo de crédito, sujeito a formalidades, através das quais uma pessoa, o
sacador, ordena à outra, o sacado, que lhe pague a si ou a terceiro, uma certa importância
em determinada data.

Livrança é um documento através do qual o subscritor ou signatário se compromete a pagar


a um beneficiário ou à ordem deste um determinado valor (valor nominal da livrança) numa
determinada data (data de vencimento).

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