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Instituto Comercial de Maputo

Identificar e descrever o exercício da actividade comercial, seus principais intervenientes e sua


regulamentação – UC ADG023007191

Introdução
Estimado (a) aluno (a):

Temos o prazer de disponibilizar o presente módulo de IDEACPIR, que integra o currículo do
curso de Gestão/Contabilidade. Este instrumento tem por finalidade, facilitar e orientar os seus
estudos individuais nas matérias neles abordadas nesta fase do seu curso. Neste sentido, ao
estudar o módulo, você vai poder desenvolver competências relativas ao exercício comercial,
partindo da identificação e descrição da função económica do comércio, identificação dos
principais reguladores do exercício da actividade comercial, identificação e caracterização das
formas de exercício da actividade comercial, identificação dos organismos dinamizadores do
comércio e seu papel, aplicação da legislação para o licenciamento de uma actividade comercial
ate a distinção dos tipos de contratos comerciais e os títulos de crédito.
Os conteúdos aqui abordados estão divididos em resultados de aprendizagem e cada um deles
por critérios de desempenho. No fim de cada resultado são sugeridas actividades para auto
avaliação. São também sugeridas pesquisas por parte dos alunos para melhor aprofundar a
matéria e desenvolver competência na pesquisa.

R.A. 1: Identificar e descrever a função económica do comércio

Conceito e origem do Comércio
O termo comércio deriva do conceito latim commercium. Considera-se comércio as trocas de
produtos naturais ou manufacturados, e mesmo de serviços por outros produtos, serviços ou
moeda, praticadas com intuído lucrativo. Ou por outra, Comércio é a negociação que tem lugar
na hora de comprar ou vender géneros/bens e mercadorias. Ou ainda, é a actividade
socioeconómica que consiste na compra e na venda de bens, seja para usufruir dos mesmos,
vendê-los ou transformá-los. Trata-se da transacção de algo em troca de outra coisa de igual valor
(podendo ser dinheiro).

O comércio como mecanismo de troca
O comércio serve como mecanismo de troca de produtos por outros produtos - Antigamente o
comércio funcionava mediante a troca de um produto por outro (conhecido como escambo), já
que o dinheiro ainda não existia. Logo, ninguém sabia ao certo o valor de uma mercadoria ou
outra, tendo cada um que valorizar o seu produto., (exemplo: os indivíduos que trocam artefactos
da industria – peças de pano, armas de caça, missangas, etc. – por produtos que os indígenas
dalgumas regiões da África, da América e da Oceânia colhem das terras – café, cacau, amendoim,
etc. – ou por gado bovino, dentes de elefantes, peles de animais para abafos, etc. Ainda hoje, existe
o conceito de comércio como a “troca de produtos”.

O comércio serve de mecanismo de troca de produtos e serviços por valores – na troca de
produtos por valores temos como exemplo aqueles que compram géneros alimentícios, artigos
de vestuários, calçados e variados objectos de uso pessoal e doméstico; na troca de serviços por
valores temos exemplos como as companhias dos caminhos de ferro e de navegação e as
empresas de camionagem que com auxilio dos seus veículos e pessoal, transportam, mediante
uma quantia que recebem, as pessoas e as coisas de um lugar para o outro; as empresas teatrais,
de cinema, as seguradoras, as lavandarias, etc.

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O comércio serve também como mecanismo de valores entre si – exemplo: os bancos e as casas
bancárias, que, utilizando os seus capitais e os dinheiros que recebem em depósito de numerosos
indivíduos, que durante algum tempo não carecem deles, realizam negócios lucrativos. A troca de
um valor em moeda estrangeira da qual necessitamos. É importante salientar que o comércio em
todos os mecanismos visa o lucro.

Função económica do comércio
A função do comércio reside na troca de bens e serviços entre pessoas, empresas, regiões e até
países, e não apenas permite comprar e vender produtos ou serviços que não são produzidos
localmente, mas também é a actividade económica que permite ao ser humano entrar em
contacto com outras sociedades.

Definir e identificar os agentes económicos.
Agente económico
Toda a pessoa ou entidade com autonomia e capacidade de realizar operações económicas. Por
outras palavras, toda pessoa que desempenha, nas relações económicas, acções tendo em vista a
concretização de determinados objetivos.

Um agente económico ode ser uma família, empresa, instituição financeira ou ainda uma
administração pública (Estado), tendo cada um dos agentes uma ou mais funções diferentes dos
restantes, em que no exercício destas funções estabelecem-se interações e/ou relações entre si,
criando um circuito económico.

Tipos de agentes económicos
§ Estado (Administração pública): um conjunto de instituições que desempenham um
conjunto de funções dentro de um único espaço territorial. Desempenha um papel
fundamental que visa corrigir as deficiências do mercado. Contemporaneamente, ele é um
dos mais relevantes agentes económicos e detém o poder de interferir nas relações de
mercado entre os produtores e consumidores. Tem também a função de satisfazer as
necessidades coletivas e redistribuição do rendimento.

§ Empresas: Conjunto de todas entidades ou unidades de produção de bens e serviços
mercantis, exercida pelos empresários por meio de articulação de recursos produtivos
(máquinas e equipamentos) para o abastecimento destes à sociedade. A sua principal
função é a produção sendo que as suas decisões são tomadas tendo com principal foco as
famílias ou consumidores destes bens e serviços.

§ Famílias: inclui todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que, no papel de
consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços, com o objetivo único
de satisfazer suas necessidades. o atendimento de suas necessidades. Por outro lado, são
as famílias os proprietários dos factores de produção (trabalho, terra, capital e capacidade
empresarial), recebendo em troca, como pagamento, salários, alugueis, juros e lucros, e é
com essa renda que compram os bens e serviços produzidos pelas empresas.

§ Pessoa singular: inclui todos os indivíduos que escolhem um produto ou serviço para o
uso pessoal e não organizacional.

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§ Instituições Financeiras: conjunto de organizações cuja finalidade é otimizar a alocação


de recursos financeiros próprios ou de terceiros. A sua principal função é a prestação de
serviços financeiros.

Tipos de Comércio
Comércio interno - é aquele que se realiza dentro de um país.
Em comparação com países altamente industrializados, Moçambique apresenta um comércio
interno ainda em crescimento. Isso se explica, dentre outros factores:
Þ Pela existência de profundos desequilíbrios regionais;
Þ Pela especialização de algumas áreas na produção de mercadorias que seguem
directamente para o mercado externo;
Þ Pela limitação dos meios de transporte em relação ao tamanho do território nacional;
Þ Pela elevada concentração de renda, que limita o poder de compra de uma parte da
população (os mais pobres), cujo consumo se restringe a produtos básicos, como os de
alimentação e vestuário.

Comércio externo
Trata-se das regras internas de cada país relacionadas ao Comércio Internacional, e também da
padronização e da regularização dos produtos que são importados e exportados, com os
procedimentos legislativos, administrativos, tributários e aduaneiros necessários para o
cumprimento desses processos. Alguns dos principais órgãos que controlam o Comércio Externo
são o MIC (Ministério da, Indústria e Comércio) e a CCM (Camara do Comércio de Moçambique).

Comércio Internacional
Comércio internacional é a troca de bens e serviços entre pessoas ou empresas de países
diferentes. As nações podem vender seus produtos fora de seu território (exportação) ou podem
adquirir produtos de outros países (importação).

O comércio internacional traz vantagens com a diversificação de produtos, mas também pode
prejudicar a economia interna de um país (baixa competitividade das empresas nacionais em
relação aos produtos importados e consequentemente o desemprego, em virtude da falência
dessas empresas). Para evitar que isso aconteça, os países adoptam barreiras ou tarifas
aduaneiras.

O comércio internacional responde à regras internacionais aplicadas a todos os países de forma
homogênea, afim de facilitar as negociações comerciais. São normas aplicadas a produtos e
serviços e até a movimentos de capitais. Essas regras são estabelecidas por meio de acordos entre
países e/ou blocos económicos, ou por intervenção de órgãos internacionais confiáveis como é o
caso da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da Câmara de Comércio Internacional (CCI).

NOTA: pode-se diferenciar o comércio interno, que é a actividade realizada por duas pessoas ou
empresas dentro de um mesmo país (isto é, que estejam sujeitas à mesma jurisdição) do comércio
externo, que é levado a cabo entre pessoas de países diferentes, cuja relação económica esta
sujeita à procedimentos legislativos, administrativos, tributários e aduaneiros de um dos países,
ou ainda do comercio internacional, que é a troca de bens e serviços entre pessoas ou empresas

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de países diferentes, cujas relações económicas estão sujeitas à regras internacionais aplicadas a
todos os países de forma homogênea, afim de facilitar as negociações comerciais.

Exercícios de Aplicação
1. Defina comércio.
2. Identifica a função económica do comércio.
3. Defina agente económico de acordo com a legislação.
a) Identifica, indicando as suas funções, os agentes económicos estudados.
4. Distingue o comércio interno do externo e do internacional.

R.A. 2: Identificação dos principais reguladores do exercício da actividade
comercial

Origem da palavra direito
O termo direito provém da palavra latina directum, que significa recto, no sentido retidão, o
certo, o correcto, ou o mais adequado. A definição nominal etimológica de Direito é “qualidade
daquilo que é regra”. Da antiguidade chega a famosa e sintética definição de Celso: “Direito é a
arte do bom e do eqüitativo”. Na Idade Média se tem a definição concebida por Dante Alighieri:
“Direito é a proporção real e pessoal de homem para homem que, conservada, conserva a
sociedade e que, destruída, a destrói”. Numa perspectiva de Kant: ”Direito é o conjunto de
condições, segundo as quais, o arbítrio de cada um pode coexistir com o arbítrio dos outros de
acordo com uma lei geral de liberdade”. Nessa linha de compreensão, o direito seria
conceitualmente o que é mais adequado para o indivíduo tendo presente que, vivendo em
sociedade, tal direito deve compreender fundamentalmente o interesse da colectividade.

Assim, Direito é a norma das acções humanas na vida social, estabelecida por uma
organização soberana e imposta coativamente à observância de todos.

Direito Privado – refere-se ao conjunto de normas jurídicas que disciplinam as relações privadas
estabelecidas entre particulares.

Direito Comercial
O direito comercial (ou mercantil ou ainda empresarial) é um ramo do direito que se encarrega
da regulamentação das relações vinculadas às pessoas, aos actos, aos locais e aos contratos do
comércio. É um ramo do direito privado e abarca o conjunto de normas relativas aos comerciantes
no exercício da sua profissão. A nível geral, pode-se dizer que é o ramo do direito que regula o
exercício da actividade comercial.

Importância do Direito Comercial no contexto do Direito Privado
O direito comercial permite conhecer os direitos e obrigações do administrador, bem como as
regras e probidades do exercício da actividade comercial. É uma ferramenta que permite
administrar (conduzir a actividade comercial) cautelosamente e dentro da lei, minimizando
assim erros que poderiam causar grandes transtornos ou ate sanções penais.


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Utilidade do Direito Comercial (Ref. Art. 1 Cod. Com.)


O direito comercial traz informações sobre como as sociedades devem coexistir, quais as regras
para as relações de mercado, de concorrência, de contratos, títulos e outros, garantindo uma
actuação completamente regular. Além de tudo, é responsável por garantir a protecção da
propriedade privada e intelectual, bem como a proteção de uma marca ou uma patente.
Artigo 1
(Objecto da lei comercial)
A lei comercial regula a actividade dos empresários comerciais, bem como os actos considerados
Comerciais.

Especificidades e âmbito de aplicação do Direito Comercial
O Direito Comercial foi constituído e autonomizado para regular as relações dos comerciantes
relativas ao seu comércio, e visando, a satisfação de necessidades peculiares a este sector da vida
económica, se aplicando também a outros sectores da actividade humana que se entende
conveniente.

O seu âmbito de aplicação basea-se em normas jurídico-positivas, ou seja qualificadoras – as que
se caracterizam como comerciais, dizendo que pessoas são comerciantes e que negócios são
comerciais. (Ref. Art. 2, 3 e 4/Cod. Com.)

O Direito Comercial é enformado por uma concepção essencial de liberdade de iniciativa,
liberdade de concorrência, mobilidade de pessoas e mercadorias, objecto legitimo de lucro e
internacionalismo das relações económicas.

Sociedades comerciais; Contratos e obrigações Mercantins, Títulos de Crédito.

Operar com a principal Legislação Comercial, em especial, partindo da
sistematização do código comercial
Þ Exercício da Empresa Comercial
Artigo 3
(Empresa comercial)
1. Considera-se empresa comercial toda a organização de factores de produção para o exercício
de uma actividade económica destinada à produção, para a troca sistemática e vantajosa,
designadamente:
a) Da actividade industrial dirigida à produção de bens ou serviços;
b) Da actividade de intermediação na circulação dos bens;
c) Da actividade agrícola e piscatória;
d) Das actividades bancárias e seguradora;
e) Das actividades auxiliares das precedentes.
2. Exceptua-se do disposto no número anterior a organização de factores de produção para o
exercício de uma actividade económica que não seja autonomizável do sujeito que a exerce.

TITULO II
Capacidade empresarial, Empresários e suas Obrigaçoes
Capítulo I
Capacidade empresarial

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Artigo 9
(Capacidade para o exercício da actividade empresarial)
Pode ser empresário comercial toda a pessoa singular, residente ou não residente, ou pessoa
colectiva, com sede estatutária no País ou não, que tiver capacidade civil, sem prejuízo do disposto
em disposições especiais.

Empresários e suas obrigações
Capítulo II
Obrigações dos empresários comerciais
Secção I
Obrigações especiais dos empresários comerciais
Artigo 16
(Obrigações especiais dos empresários comerciais)
Constituem obrigações especiais dos empresários comerciais:
a) Adoptar uma firma;
b) Escriturar em ordem uniforme as operações ligadas ao exercício da sua empresa;
c) Fazer inscrever na entidade competente os actos sujeitos ao registo comercial;
d) Prestar contas.

Artigo 17
(Pequenos empresários)
1. Os pequenos empresários podem ser dispensados no todo ou em parte das obrigações referidas
no artigo anterior.
2. A qualificação de pequeno empresário efetuar-se-á com base em critérios fixados por decreto.
Os lugares destinados ao comércio

TÍTULO III
LUGARES DESTINADOS AO COMÉRCIO
Artigo 66
(Mercados e feiras)
Os mercados e as feiras são estabelecidos no lugar, pelo tempo e no modo prescritos na legislação
e regulamentos.
Artigo 67
(Armazéns gerais de comércio)
São considerados como armazéns gerais de comércio todos aqueles que forem autorizados pelo
Governo a receber, em depósito, géneros e mercadorias, mediante caução, pelo preço fixado nas
respectivas tarifas.

Artigo 68
(Armazéns ou lojas de venda)
Consideram-se, para os efeitos deste Código, como armazéns ou lojas de venda ao público:
a) Os estabelecidos pelos empresários comerciais matriculados;
b) Os estabelecidos pelos empresários comerciais não matriculados, toda a vez que tais
estabelecimentos se conservem abertos ao público por oito dias consecutivos, ou hajam sido
anunciados por meio de avisos avulsos ou nos jornais, ou tenham os respectivos letreiros usuais.

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Estabelecimento comercial
TÍTULO IV
ESTABELECIMENTO COMERCIAL
Artigo 69
(Protecção ao estabelecimento comercial)
A lei comercial protege o estabelecimento comercial como unidade dos elementos constitutivos
da actividade comercial representados pelo capital e trabalho, valorizados pela organização, a fim
de que o empresário comercial possa exercer, com eficiência, a sua actividade.

Artigo 70
(Estabelecimento principal, sucursais, filiais e agências)
A empresário comercial pode ter mais de um centro de actividade, considerando-se o
estabelecimento principal aquele onde funciona a administração e o comando efectivo da
actividade produtiva e estabelecimentos secundários, aqueles dotados de menor autonomia
administrativa, representados pelas sucursais, filiais e agências, os quais, em conjunto, integram
o fundo de comércio do empresário.

Artigo 71
(Disposição do estabelecimento comercial)
1. O titular de um estabelecimento comercial pode dispor do seu estabelecimento mediante:
a) Contrato de locação;
b) Usufruto;
c) Trespasse.
2. Somente é lícito o trespasse do estabelecimento quando este estiver constituído de bens
suficientes para garantir o cumprimento das suas obrigações ou quando a operação for precedida
de autorização dos credores.

Artigo 72
(Apuramento do valor do estabelecimento comercial)
1. O valor do estabelecimento comercial é representado pela soma de todos os bens corpóreos e
incorpóreos registados na contabilidade do empresário comercial acrescido do valor do
aviamento, ou seja, da capacidade do estabelecimento de produzir resultados operacionais
positivos decorrentes da sua boa organização.
2. Para o efeito do estabelecido neste artigo, o valor do aviamento deve corresponder à mais-valia
representada pela diferença entre os valores dos bens móveis e imóveis constantes da
contabilidade do empresário e o valor das suas vendas na data do seu apuramento.

Artigo 73
(Forma)
1. O instrumento que tenha como objecto a negociação do estabelecimento comercial deve ser
formalizado por escrito.
2. Tratando-se de contrato que envolva transferência do estabelecimento comercial integrado
por bem imóvel, deve ser feito por escritura pública sob pena de nulidade do acto.
3. Os contraentes devem, obrigatoriamente, especificar, no instrumento de contrato, o objecto de
negociação e os elementos que integram o estabelecimento comercial.

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Artigo 74
(Prazo da locação)
O prazo da locação do estabelecimento comercial é de cinco anos, se outro não for convencionado
pelas partes.

Artigo 75
(Renovação compulsória)
1. Com vista à protecção ao ponto empresarial onde se encontrar estabelecido o empresário
comercial, é assegurado o direito à renovação compulsória da locação, desde que:
a) O contrato de locação tenha sido celebrado por escrito, com prazo não inferior a cinco anos;
b) O empresário comercial locatário explore actividade comercial, no mesmo ramo, pelo prazo
mínimo ininterrupto de três anos.
2. A renovação compulsória da locação do estabelecimento não pode ser feita por mais do que
uma vez.

Þ Sociedades Comerciais
LIVRO SEGUNDO
SOCIEDADES COMERCIAIS
TÍTULO I
PARTE GERAL
Capítulo I
Princípios gerais
Secção I
Tipos de sociedades comerciais
Artigo 82
(Tipos de sociedades comerciais)
1. São sociedades comerciais, independentemente do seu objecto, as sociedades em nome
colectivo, de capital e indústria, em comandita, por quotas e anónimas.
2. As sociedades que tenham por objecto o exercício de uma empresa comercial só podem
constituir-se segundo um dos tipos societários previstos neste artigo.

Direitos e obrigações dos sócios
Secção IV
Direitos e obrigações dos sócios
Artigo 104
(Direitos dos sócios)
1. Constituem direitos dos sócios:
a) Quinhoar1 nos lucros;
b) Participar nas deliberações de sócios, não sendo permitido que o sócio seja privado, por
cláusula do contrato de sociedade, do direito de voto, salvo nos casos em que é a própria lei a
permitir a introdução de restrições a tal direito, como é o caso de acções preferenciais sem voto;
c) Informar-se sobre a vida da sociedade;
d) Ser designado para os órgãos de administração e também de fiscalização, se houver.
2. Nenhum sócio pode receber juros ou outra importância certa em retribuição do seu capital ou
Indústria

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Repartir, partilhar

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Artigo 105
(Direitos especiais)
Só mediante estipulação no contrato de sociedade podem ser criados direitos especiais de algum
sócio.

Artigo 106
(Suspensão ou modificação de direitos especiais)
Os direitos especiais dos sócios não podem, em caso algum, ser suprimidos ou modificados sem
o consentimento do respectivo titular, salvo cláusula expressa em contrário no contrato de
sociedade.

Artigo 107
(Obrigações dos sócios)
Todo o sócio é obrigado a:
a) Entrar para a sociedade com bens susceptíveis de penhora ou, tratando-se de sócio de
indústria, com qualquer tipo de serviço;
b) Participar nas perdas, salvo o disposto nas sociedades de capital e indústria.

Secção VI
Outros direitos e obrigações
Artigo 120
(Usufruto e penhor de participação social)
1. A constituição de usufruto e o penhor de participações sociais estão sujeitos à forma exigida e
às limitações estabelecidas para a transmissão de tais participações.
2. Salvo estipulação expressa em contrário pelas partes, os direitos inerentes à participação social
objecto de penhor cabem ao titular da participação, mas o saldo de liquidação da sociedade deve
ser entregue ao credor pignoratício e imputado a juros e capital da dívida garantida, devendo o
excesso ser restituído ao titular da participação.
3. O usufrutuário de participações sociais tem direito:
a) Aos lucros distribuídos correspondentes ao tempo de duração do usufruto;
b) A votar nas Assembleias Gerais, salvo quanto se trate de deliberações que importem alteração
dos estatutos ou dissolução da sociedade;
c) A usufruir os valores que, no acto de liquidação da sociedade ou de amortização da quota,
caibam à participação social sobre que incide o usufruto.
4. Nas deliberações que importem alteração dos estatutos ou fusão, cisão, transformação ou
dissolução da sociedade, o voto pertence conjuntamente ao usufrutuário e ao titular de raiz.
5. O usufruto de participações sociais rege-se pelo disposto no Código Civil, em tudo o que não
estiver previsto no presente Código.

Órgãos das sociedades
Secção VII
Órgãos das sociedades

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Subsecção I
Disposições gerais
Artigo 127
(Órgãos das sociedades)
1. São órgãos das sociedades comerciais:
a) A Assembleia Geral;
b) A administração;
c) O conselho fiscal ou o fiscal único.

2. A existência do conselho fiscal ou do fiscal único é obrigatória nas sociedades que se encontrem
numa das seguintes situações:
a) Tenham dez ou mais sócios;
b) Emitam obrigações;
c) Revistam a forma de sociedade anónima.
3. Todos os titulares dos órgãos sociais devem declarar, por escrito, se aceitam exercer os cargos
para que forem eleitos ou designados.

Secção VIII
Responsabilidade dos titulares dos órgãos sociais
Artigo 160
(Responsabilidade dos administradores para com a sociedade)
1. Os administradores respondem para com a sociedade pelos danos que lhe causarem por actos
ou omissões praticados com preterição dos deveres legais ou estatutários, salvo se provarem que
agiram sem culpa.
2. Não são responsáveis pelos danos resultantes de uma deliberação da administração os
administradores que nela não tenham participado ou tenham votado vencidos e não tenham
participado na respectiva execução; os administradores devem fazer constar da acta o sentido do
seu voto, sob pena de se presumir que votaram a favor.
3. Os administradores não são responsáveis para com a sociedade, se o acto ou omissão assentar
em deliberação dos sócios, ainda que anulável, salvo o disposto na parte final do nº. 5 do artigo
125 ou se a deliberação tiver sido tomada por proposta deles.
4. A responsabilidade dos administradores é solidária, aplicando-se o disposto no nº. 2 do artigo
102 às relações entre eles.

Artigo 161
(Exclusão, limitação, renúncia e prescrição da responsabilidade)
1. É nula a cláusula que exclua ou limite a responsabilidade dos administradores.
2. A deliberação pela qual os sócios aprovem o balanço e as contas não implica renúncia da
sociedade ao direito à indemnização contra os administradores.
3. A sociedade só pode renunciar ao direito à indemnização ou transigir sobre ele mediante
deliberação expressa dos sócios sem o voto contrário de uma minoria que represente, pelo
menos, dez por cento do capital social e só se o dano não constituir diminuição relevante da
garantia dos credores.
4. O prazo de prescrição só começa a correr a partir do conhecimento do facto pela maioria dos
sócios.

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Secção X
Alterações do contrato de sociedade
Subsecção I
Alterações em geral
Artigo 176
(Princípios gerais)
1. A alteração do contrato de sociedade, quer por modificação ou supressão de alguma das suas
cláusulas quer por introdução de nova cláusula, só pode ser deliberada pelos sócios, salvo quando
a lei permita atribuir cumulativamente essa competência a algum outro órgão.
2. Se a alteração tiver como consequência o aumento das prestações impostas pelos estatutos aos
sócios, essa imposição só vincula os sócios que expressamente consentirem nesse aumento.
3. A deliberação de alteração do contrato de sociedade é tomada em conformidade com o disposto
para cada tipo de sociedade.
4. A alteração do contrato de sociedade deliberada nos termos dos números anteriores pode ser
consignada em documento escrito assinado pelos sócios que nela concordarem, com assinatura
reconhecida presencialmente, devendo ser por escritura pública sempre que na mesma entrem
bens imóveis.
5. Qualquer membro da administração tem o dever de outorgar a escritura exigida pelo número
anterior, com a maior brevidade, sem dependência de especial designação pelos sócios.

Secção XI
Vicissitudes2 das sociedades
Subsecção I
Fusão de sociedades
Artigo 187
(Noção. Modalidades)
1. Duas ou mais sociedades, ainda que de tipo diverso, podem fundir-se mediante a sua reunião
em uma só.
2. As sociedades dissolvidas podem fundir-se com outras sociedades se preencherem os
requisitos de que depende o regresso ao exercício pleno da actividade social.
3. A fusão pode realizar-se:
a) Mediante a transferência global do património de uma ou mais sociedades para outra e a
atribuição aos sócios daquelas de partes, acções ou quotas desta;
b) Mediante a constituição de uma nova sociedade, para a qual se transferem globalmente os
patrimónios das sociedades fundidas, sendo aos sócios desta atribuídas partes, acções ou quotas
da nova sociedade.

Artigo 188
(Projecto de fusão)

2
Alterações

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1. As administrações das sociedades que pretendam fundir-se deverão elaborar, em conjunto, um


projecto de fusão do qual devem constar os seguintes elementos, para o perfeito conhecimento
da operação projectada:
a) A modalidade, os motivos, as condições e os objectivos da fusão, com relação a todas as
sociedades participantes;
b) A firma, a sede, o montante do capital e o número de registo de cada uma das sociedades;
c) A participação que alguma das sociedades tenha no capital de outra;
d) Balanço das sociedades intervenientes, especialmente organizado, do qual conste o valor dos
elementos do activo e do passivo a transferir para a sociedade incorporante ou para a nova
sociedade;
e) As participações sociais a atribuir aos sócios da sociedade a incorporar ou das sociedades a
fundir e, se as houver, as quantias em dinheiro a atribuir aos mesmos sócios, especificando-se a
relação de troca das participações sociais;
f) O projecto de alterações a introduzir no contrato de sociedade da sociedade incorporante ou o
projecto de contrato de sociedade da nova sociedade;
g) As medidas de protecção dos direitos dos credores;
h) Os direitos assegurados a sócios que sejam titulares de direitos especiais pela sociedade
incorporante ou pela nova sociedade;
i) Nas fusões em que a sociedade incorporante ou a nova sociedade seja uma sociedade anónima,
as categorias de acções dessas sociedades e a data a partir da qual estas acções são entregues e
dão direito a lucros, bem como as modalidades desse direito.
2. O projecto deve indicar os critérios de avaliação adoptados, bem como as bases da relação de
troca referida na alínea e) do número anterior.

Þ Contratos e obrigações Mercantis
LIVRO TERCEIRO
CONTRATOS E OBRIGAÇÕES MERCANTIS
TÍTULO I
PARTE GERAL
Capítulo I
Disposições gerais
Artigo 458
(Definição de contrato mercantil)
É considerado como contrato mercantil aquele celebrado pelos empresários comerciais, entre si
ou com terceiro, desde que no exercício da actividade empresarial.

Artigo 459
(Adopção do idioma oficial)
1. Os títulos comerciais são válidos, qualquer que seja a língua em que forem exarados.

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2. O instrumento contratual, quando redigido em língua estrangeira, deve ser traduzido para a
língua oficial, por tradutor público ajuramentado, sob pena de não ser admitido como prova no
juízo pátrio.

Þ Títulos de Crédito
LIVRO QUARTO
TÍTULOS DE CRÉDITO
TÍTULO I
TÍTULOS DE CRÉDITO EM GERAL
Capítulo I
Disposições gerais
Artigo 634
(Liberdade de emissão)
Podem emitir-se títulos de crédito não especialmente regulados por lei, desde que deles conste
claramente a vontade de emitir títulos dessa natureza e a lei os não proíba.

Artigo 635
(Títulos ao portador, à ordem e nominativos)
1. São títulos ao portador aqueles declarados como tais pela lei ou em que, pelo texto ou pela
forma do título, se depreende sem dúvida que a prestação é devida ao portador deles.
2. São títulos à ordem aqueles em que a pessoa do credor é indicada no título e contêm a cláusula
à ordem ou que como tais são declarados por lei.
3. São títulos nominativos aqueles em que a pessoa do credor é indicada no título e no registo do
emitente e que não são emitidos à ordem nem declarados como tais pela lei.

TÍTULO III
LEI UNIFORME RELATIVA AO CHEQUE
Capítulo I
Emissão e forma do cheque
Artigo 782
(Requisitos formais do cheque)
O cheque contém:
a) a palavra “cheque” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a
redacção desse título;
b) O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
c) O nome de quem deve pagar (sacado);
d) A indicação do lugar em que o pagamento se deve efectuar;
e) A indicação da data em que e do lugar onde o cheque é passado;
f) A assinatura de quem passa o cheque (sacador).

TÍTULO II
LEI UNIFORME RELATIVA ÀS LETRAS
E LIVRANÇAS
Capítulo I
Letras
Secção I
Emissão e forma da letra

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Artigo 704
(Requisitos da letra)
A letra contém:
a) A palavra “letra” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a
redacção deste título;
b) O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
c) O nome daquele que deve pagar (sacado);
d) A época do pagamento;
e) A indicação do lugar em que se deve efectuar o pagamento;
f) O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
g) A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;
h) A assinatura de quem passa a letra (sacador).

Capítulo II
Livrança
Artigo 778
(Requisitos da livrança)
A livrança contém:
a) A palavra “livrança” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a
redacção desse título;
b) A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
c) A época do pagamento;
d) A indicação do lugar em que se deve efectuar o pagamento;
e) A nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
f) A indicação da data em que e do lugar onde a livrança é passada;
g) A assinatura de quem passa a livrança (subscritor).

Exercícios de aplicação
1. Defina o Direito Comercial no contexto do Direito Privado.
2. Descreve a importância do Direito Comercial.
a) Descreve a utilidade do direito comercial, como norma que rege os actos do comércio.
3. Identifica as especificidades do Direito Comercial.
b) Identifica o âmbito de aplicação do Direito Comercial.
4. Operar com a principal Legislação Comercial, em especial, partindo da sistematização do
código comercial:
4.1. Exercício da Empresa Comercial
a. Defina empresa comercial.
b. Identifica os requisitos para o exercício da actividade comercial.
c. Quais são as principais obrigações dos empresários comerciais?
d. Mencione 3 lugares destinados ao comercio, de acordo com a legislação
comercial.
4.2. Sociedades comerciais
a. Quais são os tipos de sociedades previstos pela lei comercial?
b. Mencione 4 direitos e 4 obrigações dos sócios previstos na lei.
c. Quais são os principais órgãos das sociedades de acordo com o código comercial.
d. Cite duas responsabilidades dos administradores para com a sociedade.
4.3. Contratos e obrigações Mercantis

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a. Define o contrato mercantil segundo a legislação comercial.


4.4. Títulos de Crédito.
a. Defina títulos nominativos segundo a legislação comercial.
b. Quais os requisitos formais do cheque?
c. Mencione os requisitos da letra.
d. Identifique os requisitos de uma livrança de acordo com o código comercial.

NB: Apresente os respectivos artigos segundo o código comercial.

R.A. 3: Identificar e caracterizar as formas de exercício da actividade comercial

O que é ser um Empresário em nome individual?
Empresário em Nome Individual é a forma jurídica mais simples de constituição de uma empresa.
É um tipo de empresa titulada apenas por um indivíduo, mais direcionada para pequenos
negócios, com investimento reduzido e de baixo risco. Neste tipo de empresa o nome comercial
deverá ser constituído pelo nome civil completo ou abreviado do empresário e poderá incluir (ou
não) uma expressão relacionada com a atividade exercida.

No registo do comerciante em nome individual: Poderão ser levados a registo os seguintes factos:
inicio, alteração e cessação da actividade, as modificações do seu estado civil e regime de bens, as
mudanças de estabelecimento principal. A grande desvantagem é o facto de não existir separação
do património. O empresário em nome individual responde, de forma ilimitada, pelas dívidas
contraídas durante o exercício da atividade. Isto implica todo o património do empresário
(relacionado com a atividade ou bens pessoais como casas, veículos ou terrenos) e do seu cônjuge,
caso seja casado em regime de comunhão de bens.

À luz do Artigo 28 do código comercial (Firma do empresário comercial, pessoa singular), a
firma do empresário comercial, pessoa singular, pode conter o aditamento “Empresário
Individual” ou, abreviadamente, “EI”.

O que é uma Cooperativa
Cooperativa é uma forma de associação entre indivíduos que tem como objectivo uma actividade
comum, e que seja trabalhada de forma a gerar benefícios iguais a todos os membros. É uma
organização constituída por membros de um determinado grupo económico ou social que
objectiva desempenhar, em beneficio comum, uma determinada actividade.

A base para o funcionamento de uma cooperativa é a identidade de propósitos e interesses, a
acção mútua, voluntaria e objectiva para a coordenação de contribuição e serviços, e a obtenção
de resultado útil e comum para todos.

Tipos de Cooperativas
1. Cooperativas Agropecuárias
As cooperativas agrícolas e agropecuárias tem como intuito principal auxiliar os seus associados
a comercializar da melhor maneira possível, auxiliando em suas produções e proporcionando
bons compradores e preços para os produtos agro-pecuários. Com retornos de escala na
produção, os cooperados podem fazer grandes negócios e até exportações.

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A maioria das cooperativas agropecuárias possuem uma equipe técnica para dar assistência aos
produtores, assegurando uma maior informação com uma melhor produção.

2. Cooperativas de Consumo
As cooperativas de consumo são associações que visam abastecer os seus cooperados, fazendo
compras em comum, para uso doméstico, com preços mais baixos e com qualidade.
Assim os associados conseguem negociar descontos maiores e, assim, a cooperativa defende
economicamente os interesses de seus cooperados. A diferença entre uma cooperativa e um
supermercado comum está na importância cedida ao cooperado, que tendo adquirido uma quota
para se associar, não é trato como um mero comprador mas sim um dos donos do negócio,
participando também de todas as decisões da cooperativa.

3. Cooperativas de Crédito
Cooperativa de crédito também conhecida por cooperativa financeira, é uma associação de
pessoas que visam controlar as suas finanças, com mais vantagens do que um banco comum
poderia proporcionar.
Em geral, essas cooperativas oferecem os mesmos produtos e serviços financeiros que um banco,
como, por exemplo, cartões, contas, empréstimos, financiamentos, entre outros mas com mais
benefícios e inclusão de seus membros. Estas cooperativas também são reguladas pelo Banco
Central.

4. Cooperativas Educacionais
É um tipo de cooperativa formada por professores e/ou pais de alunos, sendo organizada para
prestar serviços educacionais, com ensino de qualidade e preços melhores que em uma escola
normal. Regulada também pela entidade que tutela o ensino no país, dispõe de todos os
regulamentos, um o corpo docente e a equipe de direcção pedagógica, embora funcionários
contratados. Sua maior vantagem é, diante da fraca qualidade de ensino no país, permitir que os
pais e professores tenham maior participação na instituição de ensino.

5. Cooperativas Habitacionais
Estas, tem por objectivo adquirir residências com custos mais acessíveis para seus cooperados,
podendo acontecer de três formas:
Þ A cooperativa é constituída por profissionais, técnicos e trabalhadores da construção civil
que se juntam para construir habitações para si e/ou para outrem;
Þ A cooperativa é constituída por pessoas que decidem, em mutirão, construir casas para
os seus associados (o trabalho termina quando o ultimo socio tiver sua residência);
Þ A cooperativa é constituída por pessoas que se dedicam ao financiamento da construção
de casas, seja só para seus sócios ou para outros.

6. Cooperativas de Infra-estrutura
As cooperativas de infra-estrutura têm como objectivo atender de forma directa ou indirecta os
associados com serviços essenciais de infra-estrutura como por exemplo a limpeza pública, o
saneamento, segurança, telefonia, energia, etc., sendo que nesta modalidade as cooperativas de
eletrificação rural são a maioria. Aos poucos, essas cooperativas deixam de ser apenas
distribuidoras para serem também geradoras.

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7. Cooperativas de Mineração
Geralmente constituídas por garimpeiros e os demais profissionais da mineração, estas
cooperativas tem como finalidade viabilizar a pesquisa, a extracção, a lavra, a industrialização, a
comercialização, a importação e a exportação de produtos minerais. Além das actividades
específicas do ramo, as cooperativas de mineração costumam ainda oferecer apoio aos seus
membros em outros aspetos, como: alimentação, saúde, educação, entre outras.

8. Cooperativas de Produção
Uma cooperativa de produção é constituída por trabalhadores de categorias diferentes, mas
todas as pessoas envolvidas na produção de um determinado tipo de produto; produzindo,
beneficiando, industrializando, embalando e comercializando o produto eleito pela cooperativa.
Os principais exemplos são as cooperativas de produção de fogões, confecção de roupas,
produção de moveis de madeira, entre outras.

9. Cooperativas de Saúde
Estas cooperativas em regra são constituídas por trabalhadores da área da saúde, mais
directamente, da área de preservação e recuperação da saúde humana. A cooperativa de saúde
surgiu no final dos anos 60 e expandiu-se de forma rápida e actualmente essas cooperativas
atendem uma média de 24 milhões de pessoas.

10. Cooperativas Sociais
Também conhecidas por cooperativas especiais, que tem em sua base pessoas que necessitam ser
tuteladas ou que ainda estão em situação de desvantagem, como, por exemplo, deficientes,
dependentes químicos, regressados da prisão, etc. O objectivo é inserir de forma social,
profissional e económica os membros, desenvolvendo a sua cidadania dando lhe maiores
oportunidades, o que é feito através de serviços sociais, sanitários e/ou educativos, mediante
actividades comerciais, de serviços, agrícolas ou industriais.

11. Cooperativas de Trabalho
Uma cooperativa de trabalho é constituída por pessoas de uma categoria específica de
profissionais, como dentistas, por exemplo, com o mero objectivo de conseguirem melhores
condições de trabalho, como, por exemplo, espaço, insumos, entre outras, bem como, valores
superiores de contratação dos seus serviços.

12. Cooperativas de Transportes
Essa modalidade de cooperativa é constituída por trabalhadores que se dedicam exclusivamente
na prestação de serviços de transporte de cargas ou de passageiros, como por exemplo o
transporte semi-colectivo de passageiros, o transporte escolar e transporte de cargas.

13. Cooperativas de Turismo e Lazer
São cooperativas prestam serviços turísticos, artísticos, de entretenimento, de exportes e de
hotelaria, podendo atender de forma directa e prioritariamente os seus associados nessas áreas.
Tem como principal intuito estimular o desenvolvimento do potencial turístico da comunidade
em que atua, mas sempre através de acções sociais e sustentáveis.

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Sociedades comerciais Clássicas


São sociedades comerciais todas aquelas que tenham com objectivo a prática de actos de
comércio.

Secção I
Tipos de sociedades comerciais
Artigo 82
(Tipos de sociedades comerciais)
1. São sociedades comerciais, independentemente do seu objecto, as sociedades em nome
colectivo, de capital e indústria, em comandita, por quotas e anónimas.
2. As sociedades que tenham por objecto o exercício de uma empresa comercial só podem
constituir-se segundo um dos tipos societários previstos neste artigo.

Artigo 83
(Requisitos essenciais das sociedades comerciais)
São condições essenciais para que uma sociedade se considere comercial:
a) Que tenha por objecto praticar um ou mais actos de comércio;
b) Que se constitua em harmonia com os preceitos deste Código.

Artigo 84
(Estatuto pessoal)
As sociedades que tenham no território nacional a sua sede social estatutária ou a sua
administração principal ficam submetidas à disciplina constante do presente Código, tendo como
lei pessoal a lei do Estado moçambicano.

Tipos de Sociedades Comerciais Classicas
Cada tipo de sociedade se distingue pelas diferentes características que possuem em critérios
idênticos.
§ Sociedade em nome Colectivo;
§ Sociedades de capital e indústria;
§ Sociedade por Quotas;
§ Sociedade Anónima;
§ Sociedades em Comandita.

a) Sociedade em nome Colectivo
Este formato jurídico corresponde a uma empresa titulada por duas (2) ou mais pessoas, as quais
respondem de forma ilimitada e subsidiaria perante a empresa e solidariamente entre si, perante
os seus credores. Tratando-se, portanto, de uma sociedade personificada, sua designação deve
conter pelo menos o nome de um dos sócios e os restantes de forma abreviada acrescentando o
termo “e companhia” ou outra expressão que indique que existem mais sócios “e filhos” por
exemplo.

Os sócios desta, podem ter qualquer nacionalidade. No entanto, nenhum socio deve exercer, por
sua conta ou de outrem, uma actividade concorrente com a da sociedade, nem ser socio com
responsabilidade ilimitada numa outra sociedade, a menos que os outros sócios consintam.
Assim, os sócios têm a responsabilidade de entrar com o dinheiro ou com o trabalho para a sua
formação, responsabilidade perante os empréstimos que esta possa contrair. Uma sociedade em
nome colectivo deve possuir na sua estrutura organizatória uma Assembleia Geral, que está
constituída por todos os sócios que compõem a sociedade e a Gerência composta também por

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todos os sócios, que administram e representam a sociedade com poderes iguais sem qualquer
distinção entre os sócios. Caso algum sócio pretenda abandonar a sociedade deve ter a aprovação
dos restantes sócios e a transmissão da sua parte deve ser redigida por escrito.

Capítulo I
Sociedades em nome colectivo
Secção I
Disposições gerais
Artigo 253
(Características)
1. Na sociedade em nome colectivo o sócio responde subsidiariamente em relação à sociedade e
solidariamente com os outros sócios pelas obrigações sociais, ainda que estas tenham sido
contraídas anteriormente à data do seu ingresso.
2. O sócio que satisfaça obrigações da sociedade tem direito de regresso contra os restantes
sócios, na proporção em que cada um deva quinhoar nas perdas da sociedade.
3. Verificando-se a desconformidade prevista no no. 4 do artigo 112, os restantes sócios
respondem subsidiariamente em relação ao sócio ali visado e solidariamente entre si pela
realização da diferença em dinheiro.
4. Quem não sendo sócio da sociedade se comporte perante terceiros, por qualquer forma, como
se
o fosse, responde solidariamente com os sócios perante quem tenha negociado com a sociedade
na convicção de ele ser sócio.

Artigo 254
(Sócios e sua contribuição)
1. As sociedades em nome colectivo só podem ser constituídas por, pelo menos, dois sócios, que
podem contribuir com capital ou com indústria.
2. O prazo de diferimento para a realização das participações de capital não pode exceder cinco
anos.

Artigo 255
(Conteúdo dos estatutos)
1. Dos estatutos da sociedade em nome colectivo deve especialmente constar:
a) O nome completo de cada um dos sócios;
b) O valor atribuído às contribuições de indústria, para efeito da determinação da repartição dos
lucros.
2. Os sócios de indústria devem, em declaração anexa, descrever de forma sumária as actividades
que se obrigam a exercer.


b) Sociedade de capital e Indústria
Nesta sociedade todos os sócios que constituem a organização têm as suas responsabilidades.
Têm a responsabilidade de entrar com o capital (dinheiro) ou com indústria (trabalho) para a sua
formação. O sócio de capital contribui com o dinheiro, crédito ou outros bens materiais e a sua
responsabilidade é limitada ao valor da contribuição com que subscrevem para o capital social
(de acordo alínea a, no seu nº1 do art.278 do CC). O sócio de indústria não contribuem para
mesmo com capital, mas apenas ingressam na sociedade com o seu trabalho, e que esta isento de
qualquer responsabilidade pelas dívidas sociais (de acordo alínea b, no seu nº1 do art.278 do CC).


Capítulo III
Sociedade de capital e indústria

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Artigo 278
(Características)
1. A sociedade de capital e indústria caracteriza-se:
a) Por possuir sócios que contribuem para a formação do capital com dinheiro, créditos ou outros
bens materiais e que limitam a sua responsabilidade ao valor da contribuição com que
subscreveram para o capital social;
b) Por possuir sócios que não contribuem para o mesmo capital, mas apenas ingressam na
sociedade com o seu trabalho, e que estão isentos de qualquer responsabilidade pelas dívidas
sociais.
2. Os sócios capitalistas subscreverão a totalidade do seu capital social, em valores fixos e sem a
consequente divisão em quotas.

Artigo 279
(Cláusulas especiais)
Os estatutos da sociedade de capital e indústria devem especialmente conter:
a) A especificação das obrigações do sócio ou sócios de indústria;
b) A percentagem que cabe aos sócios de indústria nos lucros sociais.

Artigo 280
(Administração)
1. Na sociedade de capital e indústria, a administração pertence a um ou mais sócios capitalistas.
2. Os sócios de indústria poderão exercer o cargo de administrador, desde que prestem uma
caução previamente fixada no contrato de sociedade.
3. Salvo disposição do contrato de sociedade em contrário, a caução referida no número anterior
deverá ser igual ao valor do capital subscrito pelos sócios capitalistas e será destinada,
exclusivamente, à responder pelos actos de má administração eventualmente praticados.

Artigo 281
(Limitação à actividade dos sócios de indústria)
Salvo quando o contrato de sociedade o permita, os sócios de indústria estão proibidos de
empregar-se em qualquer operação comercial estranha ao objecto da sociedade, sob pena de
serem privados


c) Sociedade por Quotas
Neste tipo de sociedade o capital social não se encontra representado por partes mas sim por
Quotas. Os sócios (2 ou mais pessoas) que a constituem podem ter várias quotas, o que mostra a
relevância que estes possuem dentro da entidade. A sua responsabilidade encontra se limitada,
uma vez que não possuem qualquer responsabilidade perante o pagamento de empréstimos, que
podem vir a contrair, apenas o património da empresa pode saldar a divida. Quanto à sua
estrutura organizativa é composta por uma Assembleia Geral onde se encontram todos os sócios,
a Gerência que pode ser constituída por sócios da sociedade ou não, que representam a sociedade,
onde, quem nela se encontra tem de possuir capacidade jurídica e por último, caso a sociedade
chegue a um determinado volume de negócios é indispensável ter um revisor oficial de contas.

O nome social da firma destas sociedades pode ser constituído indicando o nome de pelo menos
um dos sócios ou por uma denominação ou sigla qualquer que dê a conhecer tanto quanto
possível o objecto da sociedade e deve ser acrescentado a expressão "Responsabilidade Limitada"
ou, o que é mais corrente, a forma abreviada "Lda.".

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Exemplos:
§ Empresa Industrial de Tabacos, Lda.
§ Rank Xerox Overseas Limited
§ COMPUTEC, Computadores e Equipamento de Escritório, Lda.
§ Empresa de Encadernação, Lda.
§ Vadinho, Francisco & Irmão Lda

Capítulo IV
Sociedade por quotas
Secção I
Disposições gerais
Artigo 283
(Características)
1. Na sociedade por quotas o capital está dividido em quotas e os sócios são solidariamente
responsáveis pela realização do capital social nos termos prescritos neste capítulo.
2. As quotas não podem ser incorporadas em títulos negociáveis.
3. Os sócios apenas são obrigados a outras prestações quando a lei ou o contrato de sociedade

d) Sociedades Anónimas:
Nas Sociedades Anónimas, o seu capital social é representado por acções, acções estas, que
possuem um valor cotado conforme as leis de mercado, ou seja, o capital é dividido em acções e
cada sócio limita a sua responsabilidade ao valor das acções que subscreveu (de acordo com nº1
do artigo 331 do CC). Cada sócio (para a constituição da entidade são necessários no mínimo 3)
contem uma responsabilidade demarcada pela acção que possui, deste modo, não possui
qualquer ligação com dívidas que a organização possa contrair, e nada tem a ver com as
responsabilidades dos restantes acionistas. Caso em determinado momento o sócio decida
vender a sua acção pode faze-lo de um modo livre contudo deve estar mencionado no contracto
de sociedade de que modo o deve fazer.

Na sua estrutura organizatória existem os seguintes departamentos: Assembleia Geral
constituída por todos os sócios (devem ter um número especifico de acções para nela poderem
participar) e o Departamento de administração e Fiscalização. A firma das sociedades Anónimas
deve consistir numa denominação social ou sigla que dê a conhecer, sem equívocos, o objecto da
sociedade. Essa denominação ou sigla deve ser seguida da expressão “Sociedade Anónima de
Responsabilidade Limitada” ou, o que é mais vulgar, da forma abreviada “S.A.R.L.”.

Exemplos:
§ Entreposto Comercial de Moçambique, S.A.R.L.
§ Peles e Curtumes, S.A.R.L.
§ Empresa dos Transportes aéreos, S.A.R.L.
§ Standard Bank, S.A.R.L.
§ Transmarítima, S.A.

Capítulo VI
Sociedade anónima
Secção I
Disposições gerais
Subsecção I
Generalidades

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Artigo 331
(Características)
Na sociedade anónima o capital é dividido em acções e cada sócio limita a sua responsabilidade
ao valor das acções que subscreveu.

Artigo 332
(Número de accionistas)
1. A sociedade anónima não pode ser constituída por um número de sócios inferior a três, salvo
quando a lei o dispense.
2. Do disposto no no. 1, exceptuam-se as sociedades em que o Estado, directamente ou por
intermédio de empresas públicas, empresas estatais ou de outras entidades equiparadas por lei
para este efeito, fique como accionista, as quais podem constituir-se com um único sócio.

Artigo 333
(Conteúdo obrigatório do contrato de sociedade)
Observado o disposto no artigo 92 deste Código, do contrato de sociedade devem especialmente
constar:
a) O número e o valor nominal das acções;
b) As condições particulares, se existirem, a que fica sujeita a transmissão de acções;
c) As categorias de acções criadas ou a criar, com indicação expressa do número de acções e dos
direitos atribuídos a cada categoria;
d) Se as acções são nominativas ou ao portador e as regras para as suas eventuais conversões;
e) O montante do capital realizado e os prazos de realização do capital apenas subscrito;
f) A autorização, se for dada, para a emissão de obrigações;
g) A estrutura de administração e fiscalização da sociedade.

Artigo 334
(Aquisição da qualidade de sócio)
A qualidade de sócio adquire-se com a outorga do contrato de sociedade ou do registo da
deliberação de aumento de capital, não dependendo da emissão e entrega do título de acção.

e) Sociedades em Comandita
Quando se fala em Sociedades em Comandita deve se ter em atenção pois estas se dividem em
sociedades em comandita simples e por acções (no mínimo constituída por 5 sócios). Nas
sociedades em comandita simples todos os sócios possuem partes, no caso de sociedades em
comandita por acções as entradas dos sócios comanditários designa se por acções, e as dos sócios
comanditados designa se partes. Para a venda quer das partes quer das acções é necessária a
permissão de todos os sócios da sociedade.

A estrutura organizatória das sociedades em comandita simples segue os mesmos critérios
aplicados nas Sociedades em Nome Colectivo, ao contrário das sociedades em comandita por
acções, que se organiza consoante as sociedades anónimas. A firma das sociedades em comandita
deve ter pelo menos o nome de um dos sócios de responsabilidade ilimitada seguida de uma
expressão ou palavra que indique claramente que se trata de sociedade em comandita.

Exemplos:
› Vasco, Fernandes & Barros, em comandita
› Hélder & Irmão, em Cta3.
› Urbano & Cta.

3
Abreviatura de comandita

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Capítulo II
Sociedades em comandita
Artigo 270
(Espécies de sociedade em comandita)
A sociedade em comandita pode ser constituída em comandita simples, ou em comandita por
acções quando as participações dos sócios comanditários são representadas por acções.

Artigo 271
(Características)
1. Na sociedade em comandita são elementos distintos a sociedade em nome colectivo, que
compreende os sócios comanditados, e a comandita de fundos.
2. Cada um dos sócios comanditários responde apenas pela realização da sua participação de
capital, não podendo contribuir com indústria, os sócios comanditados respondem pelas
obrigações sociais nos termos previstos para os sócios da sociedade em nome colectivo.
3. Uma sociedade por quotas ou uma sociedade anónima podem ser sócios comanditados.

Artigo 272
(Conteúdo dos estatutos)
1. Nos estatutos da sociedade em comandita devem ser indicados distintamente os sócios
comanditários e os sócios comanditados.
2. Os estatutos devem especificar se a sociedade é constituída como comandita simples ou como
comandita por acções.

Artigo 273
(Regime das sociedades em comandita)
1. Às sociedades em comandita aplicam-se as disposições relativas às sociedades em nome
colectivo, na medida em que forem compatíveis com as normas deste capítulo.
2. Nas sociedades em comandita por acções aplicam-se à comandita de fundos as disposições
relativas às sociedades anónimas, em tudo o que não se ache especialmente preceituado neste
capítulo


















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Modernas formas societárias


Modernas formas societária refere-se a associação entre sociedades juridicamente já constituídas
ou simples aquisição de partes sociais de uma outra sociedade. Vejamos as formas mais usuais de
agrupamento e aquisição:

a) Estabelecimento individual de responsabilidade limitada
Este formato jurídico corresponde a uma empresa titulada por um só indivíduo, existindo
separação entre os seus bens próprios (i.e. património pessoal) e os bens afectos à exploração da
actividade económica. Em termos de responsabilidade, este formato determina que o empresário
responde de forma limitada pelas dívidas contraídas no exercício da sua actividade perante os
seus credores.

O capital inicial do estabelecimento não pode ser inferior a €5.000, podendo ser realizado no
mínimo em 2/3 com dinheiro e a restante parcela em objectos susceptíveis de penhora. A
designação da firma é composta pelo nome civil do titular, por extenso ou abreviado, acrescido,
ou não, a referência ao ramo de actividade e do aditamento obrigatório ‘Estabelecimento
Individual de Responsabilidade Limitada’ ou ‘E.I.R.L.’.

b) Consórcios
Consórcio é a modalidade de compra baseada na união de pessoas - físicas ou jurídicas - em
grupos, com a finalidade de formar poupança para a aquisição de bens móveis, imóveis ou
serviços.

Consórcio é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou colectivas, que exerçam uma
actividade económica se obrigam reciprocamente, de forma concertada, a realizar certa
actividade ou efectuar certa contribuição (Código Comercial, Artigo n˚613)

O contrato de consórcio dá-se quando duas ou mais pessoas singulares ou colectivas, que exercem
uma actividade própria, se juntam para realizar um determinado número de tarefas ou objectivos
específicos tais como: estudos de viabilidade económica, realização de projectos, gestão de fundos
e empreendimentos, fornecimento de bens ou serviços, investigação pura e pesquisa de recursos
naturais.

O consórcio extingue-se normalmente pelos seguintes motivos:
§ Acordo das partes contratantes;
§ Terminados os fins por que foi feita a associação;
§ Expirado o prazo indicado no contrato, se não foi estipulada qualquer cláusula de
prorrogação;
§ Por qualquer outra razão prevista na lei do país regulador.

Artigo 613
(Noção e objectivos do contrato de consórcio)
1. Consórcio é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou colectivas, que exerçam
uma actividade económica se obrigam reciprocamente, de forma concertada, a realizar certa
actividade ou efectuar certa contribuição com o fim de prosseguir qualquer dos seguintes
objectos:
a) Realização de actos, materiais ou jurídicos, preparatórios quer de um determinado
empreendimento quer de uma actividade contínua;

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b) Execução de determinado empreendimento;


c) Fornecimento a terceiros de bens, iguais ou complementares entre si, produzidos por cada um
dos membros do consórcio;
d) Pesquisa ou exploração de recursos naturais;
e) Produção de bens repartíveis, em espécie, entre os membros do consórcio.
2. O consórcio não tem personalidade jurídica.

Artigo 614
(Forma)
1. O contrato de consórcio está sujeito à forma escrita, que pode ser meramente particular, salvo
se outra for exigida pela natureza dos bens com que os membros entram para o consórcio.
2. A falta de escritura pública só produz nulidade total do negócio quando for aplicável a parte
final do artigo 292 do Código Civil e caso não seja possível aplicar o artigo 293 do mesmo Código,
de modo que a contribuição se converta no simples uso dos bens cuja transmissão exige aquela
forma.

Artigo 615
(Conteúdo)
1. As partes gozam de plena autonomia quanto à fixação dos termos e condições do contrato, sem
prejuízo das disposições imperativas previstas neste Capítulo.
2. Se o objecto do contrato abranger a prestação de alguma contribuição, deve esta consistir em
coisa corpórea ou no uso de coisa corpórea.
3. As contribuições em dinheiro só são permitidas se as contribuições de todos os membros forem
também em dinheiro.

Artigo 616
(Deveres dos membros)
O membro do consórcio, além dos deveres gerais determinados pela lei ou pelo contrato, deve:
a) Abster-se de fazer concorrência ao consórcio, salvo nos termos e condições em que a
concorrência lhe seja permitida;
b) Fornecer aos outros membros do consórcio todas as informações que lhe forem pedidas ou
que sejam importantes para a boa execução do contrato;
c) Permitir exame às actividades, incluindo bens que, pelo contrato, deva prestar a terceiros.

Artigo 617
(Proibição de fundos comuns)
É proibida a constituição de fundos comuns no consórcio.

c) Joint-venture
Joint-Venture é uma expressão de origem inglesa que define a união de duas ou mais empresas
já existentes, registradas e estabelecidas, com intuito de estabelecer ou iniciar uma atividade
econômica comum para obter resultados comuns como o lucro e motivação de seus
colaboradores. A definição em inglês para Joint-Venture é “Empreendimento Conjunto” e se refere
a uma associação feita entre empresas que praticam uma atividade econômica comum em que
seus dirigentes decidem unir forças como forma de promover seus projetos em conjunto,
formando uma nova sociedade comercial.
As empresas que desejam criar uma sociedade forma de Joint-Venture que pode ser definitiva ou
por tempo determinado, podem escolher entre duas formas de associação:
§ A Sociedade “non corporate” (Joint-Venture contratual), que exige a formação de uma
nova empresa e mantém as personalidades jurídicas individuais das empresas nela
envolvidas.

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§ A Sociedade joint-venture societária que determina a criação de uma nova empresa que
obrigatoriamente assumem personalidade jurídica própria.

Existem vários motivos que levam gestores a instituírem uma associação de suas empresas,
geralmente esse tipo de negócio é firmado para que a empresa possa garantir:
§ A expansão das atividades em comum;
§ Superação das barreiras impostas pelo mercado, beneficiando-se do “know-how”;
§ Aumento da eficiência de seus serviços para uma melhor colocação na competição pelo
mercado;
§ Ampliação de público-alvo, visando muitas vezes a internacionalização.

Vantagens e desvantagens da joint-venture
Como qualquer aliança firmada, uma joint-venture compromete as empresas envolvidas de forma
que passam a partilhar os riscos e prejuízos, assim como os lucros.
Isso pode ser considerado uma das vantagens, pois alguns desses projetos podem requerer um
alto investimento de capital e cuidados para serem colocados em prática. Como as empresas
assumem os projetos umas das outras, fica mais fácil garantir estes recursos.
Outra grande vantagem é que as empresas podem aproveitar suas diferenças para trocarem
experiências, unindo forças e se tornarem mais eficientes e competitivas. Porém, um grande fator
negativo é que o processo de tomada de decisões entre várias empresas, que normalmente
apresentam dinâmicas de trabalho distintas, fica sempre mais demorado e mais complicado. Isso
pelo fato de que a união das empresas envolvidas não garante que todos os gestores sejam
flexíveis. Além disso, até mesmo o mais competente dos empreendedores sempre encontra
dificuldade de gerir as diferentes ideias e vontades apresentadas.

O modelo mais comum é aquele em que um fabricante forma uma joint-venture com uma firma
comerciante de outro país para explorar o mercado estrangeiro. Mas não precisa ser
necessariamente assim. Um exemplo, a China facilita a entrada no país para companhias que
formem joint-ventures com empresas chinesas do mesmo setor, de modo a facilitar a
transferência de tecnologia. Caso algum empreendedor queira se estabelecer na China sem se
associar a nenhuma companhia local, enfrentará barreiras quase intransponíveis.

d) Parcerias
Uma parceria é um arranjo em que duas ou mais partes estabelecem um acordo de cooperação
para atingir interesses comuns. As Parcerias podem ser estabelecidas entre sujeitos públicos ou
privados, individuais ou coletivos, para a realização de intervenções finalizadas sobretudo ao
desenvolvimento econômico ou social de um determinado grupo ou território. As parcerias
funcionam como uma estratégia empresarial com vista à otimização da sustentabilidade
empresarial. Dentre várias vantagens destaca-se: a compatibilidade de objetivos estratégicos, o
aumento da rentabilidade, a confiança, a melhoria de acesso ao mercado, o fortalecimento das
operações, a melhoria da capacidade tecnológica.

e) Holdings
Holding é o tipo de organização que permite que uma empresa e seus diretores controlem ou
exerçam influência em outras empresas (subsidiárias). Em outras palavras, possui participação
maioritária nas ações de uma ou mais empresas. Assim, considera-se Holding Empresarial uma
empresa que possui ativos, ou seja, ações de outras empresas, sociedades limitadas, títulos,

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imóveis, marcas registradas, direitos autorais, patentes, entre outros ; ou seja, diversas empresas
(subsidiárias) controladas por uma organização central. Essa organização tem a responsabilidade
de administrar todas - ou a maior parte - das respectivas ações. Portanto, uma Holding tem como
meta controlar um conjunto de empresas, ou seja, tem função estritamente administrativa e não
produz nada.

Uma Holding é classificada como:
• Holding pura: sociedade cujo objeto social é a participação no capital de outras
sociedades. Podemos, portanto, dizer que uma holding pura é apenas uma controladora
das subsidiarias.
• Holding mista: além da participação em outras empresas exerce exploração de outras
atividades empresariais.


f) Trusts
O trust é a forma de combinação ou fusão de empresas, ou seja, consiste na associação de
empresas competitivas da mesma espécie, em rigor com o objectivo de criarem um monopólio ao
nível da produção e venda dos produtos da sua área de actuação. É a participação acionária de
diversas empresas por meio de contratos realizados com os seus acionistas ou quotistas. O truste
é uma espécie de contrato por meio do qual uma pessoa (settlor) confia a outra (trustee) a
administração de seus bens, materiais ou imateriais. No caso específico da concentração de
empresas, o truste é utilizado para que uma pessoa (natural ou jurídica) ou um grupo de pessoas
controlem outras empresas, sem a necessidade de adquirir seu capital, mas apenas por meio de
contratos de gerenciamento de suas ações ou quotas. Quando utilizado com fins anti
concorrenciais, o truste assemelha-se ao cartel (conluio de empresas), mas com a seguinte
distinção: enquanto no cartel as empresas acordam entre si a combinação abusiva, e agem
isoladamente de acordo com esse contrato (normalmente oral), no truste apenas uma empresa é
a responsável por executar e controlar a conduta ilegal.


g) Cartel
Um cartel é a união de várias empresas da mesma indústria, na qual seus participantes mantêm
a propriedade dos meios e produtos de produção, e os próprios produtos criados vendem no
mercado, concordando em uma quota de participação de cada uma no volume total de produção,
nos preços de venda, distribuição dos mercados, etc. A colusão entre empresas, corresponde a um
acordo entre empresas com atividades concorrentes com vista a restringir a concorrência e obter
assim um controlo mais eficaz do respetivo mercado. Esse acordo pode assumir uma grande
variedade de formas, mas frequentemente está relacionado com os preços de venda ou o aumento
desses preços, com restrições de vendas ou de capacidades de produção, com a partilha de
mercados ou de consumidores.

O cartel é caracterizado pela natureza contratual da associação, preservação do direito de
propriedade dos participantes do cartel sobre seus empreendimentos e da independência
econômica, financeira e jurídica que este confere; atividades conjuntas de comercialização de
produtos, podendo estender-se, ainda que em grau limitado, à sua produção.

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h) Pools
O pool é uma união de fato entre empresas para a manutenção compartilhada de uma atividade
ou serviço comum (como um serviço de vendas, ou de telemarketing, ou de assistência técnica).
Assemelha-se à joint-venture por ser um contrato entre organizações com fins comuns para
explorar um determinado negocio, com o objectivo de reduzir custos e fins especulativos.

Comércio Electrónico
Comércio electrónico refere-se a todas as formas de transacções comerciais que envolvam quer
organizações quer indivíduos e que são baseadas no processamento e transmissão de dados por
via electrónica, incluindo texto, som e imagem.

Vantagens do Comércio Electrónico advindas do uso da Internet:
O comercio electrónico permite:
Þ Expansão comercial;
Þ Rapidez;
Þ Redução de custos;
Þ Maior acesso a informação
Þ À abertura a um novo mundo, a consumidores e a pequenas e médias empresas.

Algumas desvantagens do Comércio Electrónico
Þ Falta de padronização;
Þ Falta de segurança;
Þ Integração da internet aos softwares de comércio;
Þ Percepção de possibilidades de fraude.

As formas ou modalidade de intervenção no comércio
Neste critério iremos estudar as formas fundamentais de intervenção do comércio na circulação
de mercadorias. Assim daremos uma breve noção das funções grossista, retalhista, armazenista,
armador, transportador, segurador, despachante, agente e correspondente, e adido comercial.

a) Grossista
Comércio por grosso é a actividade comercial que consiste na aquisição de produtos diretamente
às unidades produtivas ou aos importadores para colocação nas mãos do retalhista.
Esta modalidade de comércio pode ser realizada pelo próprio produtor (produtor grossista) ou
por qualquer dos intervenientes do comércio (grossistas propriamente ditos). O grossista vende
sempre por atacado (também se diz venda por grosso) e raras vezes tem contacto directo com o
consumidor final, por isso os seus estabelecimentos comerciais em regra não tem as portas
abertas ao público.

b) Retalhista
Comércio a retalho é actividade comercial que consiste na aquisição de bens, quer às unidades
produtivas quer aos grossistas para venda directa ao público (consumidor final). Os retalhistas
vendem em lojas, mercados ou outros lugares destinados ao comércio, em geral abertos ao
público. As mercadorias são transaccionadas em pequenas quantidades (também se diz por
miúdo ou a retalho).

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c) Armazenista
Os armazenistas são uma figura muito importante no comércio de hoje. Eles compram
mercadorias também por atacado, guardam em armazéns próprios e em regra não abertos ao
público e as revendem quer a grossistas quer a retalhistas. O que os distingue dos grossistas é o
facto de possuírem armazéns o que nem sempre é necessário para se ser grossista.

d) Armador
O transporte de mercadorias por via marítima ou aérea, utilizando navios ou aviões, deve ser
previamente organizado e formalizado através de um contrato que se chama fretamento. Os
navios e aviões, para realizarem qualquer operação de transporte devem ser devidamente
preparados com antecedência, adequando-os com espaço, equipamento e estruturas
apropriadas. Em linguagem comercial diz-se que os navios e aviões devem ser armados.
Armador (proprietário ou não do meio de transporte) é todo aquele que realiza a tarefa de
preparar e equipar navios e aviões para a operação de transporte de mercadorias ou pessoas por
via marítima, fluvial ou aérea

e) Transportador
É a actividade comercial que consiste em fazer deslocar por mar, terra ou ar, mediante uma
retribuição estabelecida em contrato, quaisquer bens ou pessoas. O transportador comercial é o
agente fundamental e muitas vezes decisivo na circulação de mercadorias.

f) Segurador
A actividade seguradora é uma função económica e social pela qual uma pessoa ou unidade
económica (segurador) se compromete, mediante uma retribuição estabelecida em contrato
(chamada prémio de seguro), a entregar uma certa quantia em dinheiro ou espécie sempre que
se verificar qualquer acontecimento fortuito e imprevisto de que resulte danos ou prejuízos à
outra contraparte (segurado) ou a um terceiro indicado pelo segurado (beneficiário).

g) Despachante
No comércio de importação e exportação, que implica entrada e saída de mercadorias de um país,
na movimentação física de mercadorias por via de rios, lagos, terra e caminhos-de-ferro dentro
de um território, muitas vezes torna-se necessário proceder a um conjunto de formalidades
burocráticas junto das autoridades alfandegárias para retirar as mercadorias dos locais onde
estão armazenados e colocá-las em condições de seguirem para o seu destino final. Os
procedimentos alfandegários atingiram uma complexidade e especialização tais que hoje em dia
a maioria dos interessados nas mercadorias delega essa tarefa de desalfandegação a especialistas
que tem o nome de despachantes. Despachante é, portanto, a pessoa que, em nome de um
proprietário ou interessado em determinadas mercadorias armazenadas ou à guarda de uma
instância aduaneira, realiza junto das alfândegas todas as formalidades de regularização e
transporte das mercadorias até ao local designado pelo seu cliente.

h) Agente e correspondente
Agentes e correspondentes são pessoas, empresas ou quaisquer unidades económicas que por
designação ou em representação de alguma entidade, têm a missão de realizar actos de comércio
fora do seu domicílio, em regra no exterior do país. As condições do exercício dessa actividade
estão normalmente indicadas nos contratos ou em outros documentos oficiais de nomeação.
Tratando-se de uma representação oficial, em regra o agente e correspondente recebe um

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vencimento mensal. Quando se trata de agentes ou correspondentes que realizam tarefas ligadas
à promoção e venda de mercadorias ou outras operações comerciais e financeiras, normalmente
tem direito a uma comissão que incide sobre o volume das operações realizadas.

i) Adido comercial
Adidos comerciais são pessoas indicadas pelos governos dos diferentes países para realizar no
estrangeiro todas as tarefas de dinamização das relações económicas e comerciais. Para isso,
analisam e propõem medidas concretas para o desenvolvimento do comércio externo.
Os adidos funcionam normalmente junto das delegações ou representações diplomáticas e
consulares. Entre nós ainda não está muito divulgada a figura de adido comercial, naturalmente
por razões de insuficiência de quadros. As embaixadas de Moçambique em Bruxelas e nas Nações
Unidas em Nova Iorque foram as primeiras representações diplomáticas Moçambicanas para
onde foram destacados economistas para desempenhar funções de conselheiro económico e
comercial. Em Maputo é bastante corrente ouvirmos falar das figuras de adido militar e adido
cultural que nas suas áreas realizam tarefas semelhantes às do adido comercial.

Conceito de Brokers e Jobbers
Os brokers são intermediários do comércio que actuam em diferentes mercados particularmente
no comércio internacional, nos mercados financeiros e nos de seguros. O broker, que em
português se pode traduzir por mediador (corretor), actua como um agente dos seus clientes
interessados em determinado negócio (as demandas de compra e venda do publico em geral), por
exemplo, de compra ou venda de determinados títulos nas bolsas.
O broker tem ainda a característica de não actuar directamente na bolsa, ele utiliza um outro tipo
de intermediário chamado jobber (biscateiro) que é quem está autorizado a negociar com os
membros das bolsas. O jobber atua entre os brokers desejosos de comprar ou vender ações para
outros brokers. Os brokers recebem uma comissão de seus clientes (publico), mas o rendimento
dos jobbers consiste na diferença de preço de compra e venda de suas operações.
Os brokers e os jobbers são autênticas instituições nos mercados internacionais, em particular
financeiros, ninguém pode operar nesses mercados sem ser por seu intermédio.

A Mediação de seguros
Mediação de seguros é a actividade tendente a realização, e/ou á assistência de contratos de
seguro entre pessoas, singulares ou colectivas, e as seguradoras.
Mediador de seguro é a pessoa, singular ou colectiva, que, reunindo as condições prescritas na lei,
exerce a actividade relativa à mediação de seguros, ou seja, é uma pessoa, singular ou colectiva,
que pode revestir a categoria de agente ou corretor, consoante a sua estrutura, organização e
independência face às seguradoras, e funciona como um intermediário entre a seguradora e o
consumidor na contratação de seguros e consequente transferência de riscos da esfera do
consumidor para a da seguradora.

Os mediadores dividem-se em categorias e possuem direitos, bem como respondem obrigações
legais. Podem ser pessoas singulares ou colectivas desde que se encontrem devidamente inscritos
no Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique, nos termos do Regime Jurídico aprovado
pelo Decreto-Lei nº 1/2010, de 31 de Dezembro, em conjugação com o Regulamento das
Condições de Acesso e Exercício da Actividade Seguradora e da Respectiva Mediação, aprovado
pelo Decreto nº 30/2001, de 11 de Agosto.

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Os mediadores de seguros dividem-se em três categorias:



Agente de seguros, pessoa singular ou sociedade comercial, que, em nome e representação da
seguradora ou do corretor que o houver designado, seja autorizado, nos termos legalmente
previstos, a fazer prospecção e desenvolver toda a actividade tendente à realização de seguros,
prestar assistência ao tomador de seguros ou segurado em tudo quanto se relacione com o
contrato de seguro celebrado, podendo, ainda, mediante acordo com a seguradora, efectuar a
cobrança de prémios.

Promotor de seguros, pessoa singular que, actuando unicamente por conta de uma ou várias
seguradoras sujeitas a uma mesma influência dominante, que o designa(m) e sob a sua exclusiva
orientação e responsabilidade, promova para aquela(s) a celebração de contratos de seguros e
operações de seguros.

Corretor de seguros, mediador, sob forma de sociedade comercial que se encontra devida e
legalmente autorizado para o exercício da corretagem de seguros, desenvolvendo a sua
actividade de forma independente em nome e no interesse legítimo dos respectivos tomadores
de seguros e segurados. Tem a liberdade de recomendar ao tomador de seguro, de acordo com os
critérios de conveniência deste, os contratos a celebrar e as empresas de seguro em que melhor
podem ser colocados.

Para além destas classes de mediadores, existem os angariadores de seguros que, sendo
trabalhadores de seguros, os técnicos comerciais, apresentam, propõem e preparam a celebração
de contratos de seguros, prestando ainda assistência aos mesmos.


Exercícios de aplicação
1. Identificar comerciantes em nome individual e o seu papel no desenvolvimento do país;
2. Identificar cooperativas. Diferentes tipos e seu papel;
3. Identificar sociedades comerciais clássicas;
4. Identificar modernas formas societárias;
5. Apresentar o comércio electrónico, definição, vantagens e desvantagens;
6. Conhecer as formas ou modalidades de intervenção no comércio de acordo com a
legislação.
7. Dominar o conceito de brokers e jobbers; seu papel. A mediação de seguros

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