Tema 8

O Circuito Económico

No decorrer da actividade económica, os agentes estabelecem relações económicas

entre si, adquirindo ou fornecendo uns aos outros, os bens e serviços necessários ao
desempenho de cada uma das suas funções. Por exemplo, as unidades de produção
(Empresas) vendem os seus bens e serviços às unidades de consumo (Famílias).

Estes movimentos que se estabelecem entre as unidades económicas designam-se por

fluxos. Consoante dizem respeito às trocas de bens e serviços – fluxos reais, ou às
trocas de moeda – fluxos monetários.

Podemos representar graficamente os fluxos que se estabelecem entre as diferentes

unidades económicas. Esta representação designa-se por circuito económico.

O circuito económico é, então, constituído pelas unidades económicas e pelos

respectivos fluxos (reais ou monetários) que se estabelecem entre elas e que nos
permitem ter uma visão simplificada da realidade.

No quadro seguinte podemos observar o caso de uma economia muito simples,

constituída apenas por dois tipos de agentes: empresas e famílias.

Factores de produção (capital e trabalho)

Rendimentos distribuídos (salário+juro+renda+lucro) Unidades

Unidades
de de
Despesas de consumo Consumo
Produção

Bens e serviços produzidos

- - - fluxo monetário
_____ fluxo real

Neste circuito simplificado, as famílias, cuja função principal é o consumo, recebem

salários, juros, rendas e lucros (fluxo monetário) em troca da utilização de factores
produtivos (fluxos reais). Estes rendimentos vão ser empregues na obtenção de bens e
serviços produzidos pelo sector produtivo (fluxo real), isto é, realizando despesas de
consumo (fluxo monetário).
Deste modo, em termos monetários e esquematizando a conta das famílias, temos:

Famílias

Empregos dos rendimentos Recursos

- Despesas de consumo - Rendimentos

- Poupanças

Assim, o rendimento das famílias terá de ser igual à soma das despesas de consumo
mais o valor das poupanças, isto é, os recursos são iguais aos empregos dos
rendimentos.
As unidades económicas correspondem aos agentes económicos agregados que
desempenham funções semelhantes na economia. Como a seguir está indicado:

Famílias: representam as unidades de consumo e são constituídas pelos conjuntos de

pessoas que vivem na mesma habitação.

Empresas: representam unidades de produção e a sua função principal consiste na

produção de bens e serviços.

As instituições de crédito: a função destas instituições corresponde basicamente ao

papel dos bancos e das companhias de seguros.

Estado ou Administração
Pública: este agente económico agregado
compreende além das Administrações Públicas
Centrais e Locais, a Segurança Social. Não estão
incluídas as empresas públicas.

Resto do Mundo: é o ponto de destino de todos os

fluxos que saem do circuito nacional para o
exterior. Igualmente também se consideram os
fluxos que vêm do exterior para o circuito
nacional.

Famílias, Empresas e Estado

Vamos agora introduzir um terceiro agente, o Estado, que realiza transacções
económicas com outros agentes. O Estado paga vencimentos às famílias em troca do
trabalho por elas prestado, compra bens às empresas, cobra impostos a ambos, realiza
transferências a favor das famílias e paga subsídios às empresas.
As Famílias, as Empresas, o Estado, as Instituições Financeiras e o Resto do
Mundo

Como sabemos, os diferentes agentes económicos no desempenho das suas funções

geram recursos e utilizam-nos na realização das mesmas. As empresas não financeiras,
por exemplo, através da venda dos bens e dos serviços obtêm os recursos que empregam
na compra dos factores de produção. Por vezes os recursos próprios são insuficientes
obrigando as empresas a contrair crédito junto das entidades bancárias e a pagar os
encargos relativos ao crédito utilizado nesse período. A existência de créditos e de
débitos obriga-nos a introduzirmos o agente económico instituições financeiras.

As instituições financeiras incluem as entidades bancárias e as seguradoras. Este agente

económico presta aos outros agentes económicos serviços de recolha da poupança e de
concessão de empréstimos através das entidades bancárias e possibilita a cobertura de
riscos mediante o pagamento de prémios de seguros, através das seguradoras. As
instituições financeiras realizam as operações financeiras e asseguram o financiamento
da actividade económica.

Até aqui representámos uma economia fechada, ou seja, sem relações com o exterior. A
representação da economia aberta exige a introdução de um novo agente no circuito, o
Resto do Mundo, que compra e vende bens à nossa economia. Por simplificação,
consideramos que aquelas são o único tipo de transacções existentes entre o Resto do
Mundo e a economia. As exportações são vendas de bens da economia ao Resto do
Mundo e as importações são vendas de bens do Resto do Mundo à nossa economia.
A conta do resto do Mundo registará como receitas as importações e como despesas as
exportações. À diferença entre as importações e exportações dá-se o nome de poupança
do exterior, se for positiva constitui um contributo para a poupança da economia.