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Resumos 1ª Frequência de Economia Política – 2º.

Semestre

Macroeconomia
A análise macroeconómica, situa-se à escala dos grandes conjuntos e das quantidades globais.
Visa-se com ela o Estudo das relações entre os grandes grupos de agentes económicos no seio
da economia nacional, os consumidores, os investidores, o Estado e o exterior.
Deste estudo resulta a análise de problemas gerais, como são os problemas da inflação, do
desemprego ou do défice das contas nacionais.

Quando o Rendimento Per Capita aumenta, vê-se também a riqueza do país.


Fatores de produção:

✓ Natureza;
✓ Trabalho – Salário;
✓ Capital – Juros;
✓ Iniciativa/empreendorismo – lucro.

Juro – a parte maior e mais importante, fazendo reduzir o lucro. É a remuneração do capital,
depende da sua procura e da sua oferta, na lógica da lei respetiva, procura e oferta que por seu
turno, nos termos da lei da procura e da lei da oferta dependerão em boa medida do “preço do
dinheiro”.
Banca – emprestavam o dinheiro na Idade Média, investiram no conhecimento (judeus), era um
negócio portátil, não tinha lugar fixo. Os judeus inventaram as alheiras (que não tinham carne
de porco) para se disfarçarem entre todos e não serem perseguidos.

Curva da Arrecadação/Receita Tributária

Máximo de receita tributária

Taxa de Imposto
40%/50% 100%

O aumento dos impostos leva a um ódio por parte do povo, o que gera menos trabalho.

Capítulo VIII – O Circuito Económico e a Contabilidade Nacional

Atividade é o somatório do que se passa com todos os intervenientes, participando na produção


(como os empresários, trabalhadores, fornecedores, etc.), recebendo os seus rendimentos ou
fazendo as suas despesas.
Trata-se de dados colhidos e divulgados em termos monetários, com a multiplicação dos
produtos pelos respetivos preços: não sendo operacional ou mesmo possível somar quilos de
batatas com metros de fazenda ou unidades de automóveis e de facto.
Podemos, então, considerar dois tipos de entidades: as famílias e as empresas. Há a
simplificação de não se considerarem as transações entre estes dois tipos de entidades, entre
cidadãos não empresários e entre empresas.
Neste modelo, podemos considerar não apenas os fluxos reais como também os fluxos
monetários que os pagam, que são a sua contrapartida.
Agregando todos os movimentos de cada um destes fluxos (página 208 do manual), temos os
dados da Contabilidade Nacional: sendo o produto o somatório de todos os bens produzidos, o
rendimento o somatório de todos os pagamentos aos fatores e a despesa o somatório de todos
os pagamentos feitos pelas famílias às empresas.

Contabilidade Nacional

CONTABILIDADE  GOVERNAÇÃO

A Contabilidade assenta no Princípio dos Partidos Dobrados – qualquer registo contabilista tem
de ser feito duas vezes.

Ativo – a Casa
Passivo – o empréstimo da casa
Cada facto tem dois registos: ativo e passivo
O saldo entre ativo e passivo tem de dar igual e, aparentemente, está tudo equilíbrio.

Na Contabilidade, não importa o saldo final, mas sim o BALANÇO


Por exemplo:

Uma empresa X
Ativo: sede, equipamentos, móveis, caixa, contas – 1 milhão
Passivo: contabilidade social – 1 milhão (-, + ou =)

Situação líquida positiva – lucro


Situação líquida negativa – prejuízo
Situação líquida neutra – valor equilibrado

Cativações – Regra do Duplo Cabimento

No que respeita às produções deverá tratar-se do somatório das que tenham sido feitas, mas há
que evitar duplas contagens: o que só será conseguido considerando em princípio apenas bens
finais, ou seja, não se considerando bens intermediários. Se na produção são utilizados bens
intermediários (ou matérias primas) vindos do período anterior ou importados há que os
deduzir, pois não constituem produção do ano em análise ou do país. Sem esta dedução
estaríamos a ir além do que é de facto a produção conseguida.
Se na produção são utilizados bens intermediários (ou matérias-primas) vindos do período
anterior ou importados há que os deduzir, pois não constituem produção do ano em análise ou
do país. Sem esta dedução estaríamos a ir além do que é de facto a produção conseguida.
O que é, quanto vale e, como é a produção interna do país? PIB
PNB – dinheiro que é gasto no país
PIB – dinheiro que vem do país (podendo ser ele estrangeiro)

Ex.: Estudantes brasileiros que recebem dinheiro que as famílias mandam do Brasil para
Portugal.

A Economia cresce com exportações – há um efeito multiplicador de dinheiro. Se as economias


fossem fechadas não poderiam existir exportações ou importações. Temos, então, de facto, um
grande volume de bens importados, incluindo bens de consumo, matérias-primas,
equipamentos e combustíveis que têm de ser pagos. Por outro lado, na nossa economia é muito
importante a componente de bens exportados, das confeções à pasta de papel, ao equipamento
automóvel ou ainda aos serviços de turismo, movimentos de exportação que são pagos por
empresas e cidadãos de outros países.
Como fluxos financeiros temos então:

PAGAMENTOS DAS
EXPORTAÇÕES
EXTERIOR PAGAMENTOS PELAS
IMPORTAÇÕES

O Estado tem de dispor receitas que não são a contrapartida de uma atividade vendida, receitas
coativas e unilaterais que são os impostos (pagos pelas famílias e pelas empresas). Para além
disso, o Estado contrata os serviços dos que trabalham para ele, designadamente dos
funcionários públicos, a quem remunera com os seus vencimentos, e faz compras de bens, bens
materiais e serviços, que remunera pelo seu valor de mercado.

Vencimentos dos funcionários

---------------------------->
impostos das famílias ESTADO <----------------------------
impostos das empresas

Compras do Estado

O Capital tem também uma grande importância para o aumento da capacidade produtiva de um
país. Se as famílias, as empresas ou o Estado não despendem todos os seus recursos em bens
de consumo há um excedente, um aforro, que pode ser entesourado ou aplicado em capital,
proporcionando neste caso o referido aumento da capacidade do país.

Aforro (das famílias, das empresas e


do Estado) CAPITAL Investimentos
Regra da Contabilidade geral/analítica – qualquer conta tem que estar sempre equilibrada.
Princípio das partidas dobradas – tem de haver sempre um equilíbrio entre os dois membros
do balanço ou proprietários de conta.

Contabilidade Nacional – é a contabilidade de um país/região/continente. É a contabilidade de


uma macroestrutura.
Existem 3 grandes agregados:

1. Agregado Produto
2. Agregado Rendimento
3. Agregado Despesa

PRODUTO = RENDIMENTO = DESPESA

Em Contabilidade Nacional o produto deve igual o rendimento que, por sua vez, deve igualar a
despesa e, se assim for, há equilíbrio das contas nacionais.

Subjacente a isto, está uma ideia de equilíbrio das contas nacionais. Se o equilíbrio não se
verificar, o que vai acontecer, é que a economia se vai endividar. O individuo produz, obtém o
seu rendimento por isso e, pratica as suas despesas dado essa rendimento obtido. Se o individuo
X ganhar Y é porque aquilo que ele produz só vale Y e só pode gastar esse Y se não acaba por se
endividar, o que resulta no pedido de insolvência para liquidar todas as dividas.
Insolvência – simboliza a “banca rota” – Defaul

Por cada empréstimo paga-se uma taxa de juro. Se eu pedir 100 mil euros, para pagar em 10
anos, nesses 10 anos eu vou ter de produzir 100 mil euros para pagar esse empréstimo. No
mínimo, eu tenho de ganhar esses 100 mil euros mais a taxa de 4% desses 100 mil euros, ou
seja, mais 4 mil euros.
A taxa de juro comercial em Portugal tem anos de 13%, 12%, 9%, 10.1%, 8%, etc., ou seja, juros
demasiado altos. Sempre que um país recorre a crédito, ele está a beneficiar a geração do
presente e a prejudicar a geração do futuro.

Se o equilíbrio entre produto e rendimento não existir sabe-se que a despesa será maior do
que o valor do produto.
Não existindo o equilíbrio no país encontramo-nos numa situação de défice. Tudo o que num
ano for défice, no ano seguinte passa a divida, por isso é que os Governos tentam conter o défice
para tentar reduzir, ou seja, pelo menos, para tentar fazer não crescer a dívida. Numa economia
o produto deve igualar o rendimento e a despesa. Numa economia a despesa não deve ser maior
que o meu rendimento e este tem que igualar o meu produto.
O desenvolvimento do povo depende do produto, com mais rendimento e, quando se chegasse
à despesa, estaríamos no paraíso. Só que o produto exige sacrifícios e por isso o povo vota em
quem promete o paraíso.
AGREGADO PRODUTO

Como se calcula o agregado produto que iguala o rendimento?

✓ Eu se receber 1000 não tenho rendimento de 1000, nem todo o produto se converte em
rendimento (temos o que é, por exemplo, descontado para o IRS). Nem todo o produto de
uma economia se converte em rendimento dessa economia. Se a nossa economia dever
dinheiro ao exterior, antes de pagar rendimentos aos que produzem, têm de pagar os juros
da dívida ao exterior.

O que acontece se tiver um empréstimo e se receber o ordenado dia 27, de dia 27 a 29 sai o
valor do empréstimo?

✓ Primeiro paga-se aos credores. Se não pagar o valor do empréstimo da casa eles tiram-me,
pois, apesar de a casa ser minha, a hipoteca é deles.

Nem toda a riqueza gerada numa economia é produto dessa economia, pois, só parte se
converte em rendimento e, desse rendimento, há uma parte que se converte em despesa. Em
sociedade, quando produzimos, não produzimos só para nós, produzimos, nomeadamente, para
manter o Estado em funcionamento. Então, há uma parte que produzimos que vai diretamente
para impostos e, por isso, não é rendimento meu, mas sim rendimento do Estado. A igualdade
só se estabelece em determinado tipo de produto e esse sim se iguala ao rendimento, tal como
há vários tipos de rendimento e só um tipo deste rendimento se iguala às despesas.

Há um tipo de produto que precisamos de ter para que a economia se consiga manter de pé.
Tipos de produtos:

✓ Produto Interno Bruto a Preços de Mercado – é o nosso agregado base, não sendo o valor
do PIBpm que importa, mas sim a quantidade do que aumenta ou diminui comparadamente
com os valores de anos anteriores. O PIBpm representa na economia o valor de riqueza
produzida de novo durante um período económico, ou seja, o ano civil de 1/1 até 31/12
de cada ano; vai ser igual ao somatório dos bens finais (bens prontos a serem usados)
produzidos no ano em questão, subtraindo os bens produzidos no ano anterior ou os bens
importados e somo os bens intermédios produzidos ainda existentes como tais no fim do
ano (ou seja, ainda não incorporados em bens finais).

𝑃𝐼𝐵𝑝𝑚 = ∑𝐵𝑒𝑛𝑠 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑖𝑠 − 𝑏𝑒𝑛𝑠 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝑜𝑢 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠


+ 𝑏𝑒𝑛𝑠 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑛ã𝑜 𝑓𝑜𝑟𝑎𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑏𝑒𝑛𝑠 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
✓ Produto Interno Bruto a Custo de Fatores – ao PIBpm soma-se subsídios à produção e
subtraio impostos indiretos (como o IVA). Este PIBcf não responde corretamente à
economia portuguesa, pois, apesar de fazer parte do rendimento dos portugueses, os
subsídios são estrangeiros e, então, não são valores corretos para a economia portuguesa.
Aproxima-se do valor do rendimento nacional.

𝑃𝐼𝐵𝑐𝑓 = 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑚 + 𝑠𝑢𝑏𝑠𝑖𝑑𝑖𝑜𝑠 à 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 − 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠

Subtraindo a qualquer um dos valores de PIB as quotas de amortização nacionais passamos a


ter o PILpm ou o PILcf (produto interno líquido).
✓ Produto Nacional Bruto – temos de somar o total dos rendimentos criados no estrangeiro,
mas advindos a residente do país, como titulares dos fatos de produção. O produto
nacional bruto é igual ao rendimento nacional. Para passarmos de PIB a PNB temos de
fazer então a seguinte equação

PIB -> pm + subtrair à produção

-> cf – impostos indiretos

PNB -> pm Valor de produto avaliado a


-> cf cf = custos de fatores de Trabalho – Salários
produção Natureza – Rendas
Capitais – Juros Rendimentos
Iniciativa – Lucros
+ Rendimento de exterior para residentes

- Rendimento gerado em Portugal, mas que vão para o exterior

𝑃𝑁𝐵 = 𝑃𝐼𝐵 + 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠


− 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑃𝑜𝑟𝑡𝑢𝑔𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑣𝑎𝑖 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
Qualquer um dos agregados pode ser transformado em líquido, bastando retirar as quotas de
amortização.

PNBcf = Rendimento Nacional

Uma QA poderá ser rendimento de alguém?

✓ Não, porque é um registo formal. Eu não paguei nada a ninguém com a QA, apenas a usei,
sendo que é uma realidade virtual, formal, meramente escritural, mas que na realidade,
não há nenhuma lei que me obrigue a que para QA me obrigue a fazer um fundo de
reserva.

Produto Rendimento

PIB pm - QA = PIL pm
cf cf

PNB pm - QA = PIL pm
cf cf

Como é que vamos passar o RN a Rendimento Disponível? Só com este rendimento posso pagar
os meus custos.

Rendimento Per Capita – calcula-se no RN a dividir pelo Número de Habitantes


𝑅𝑁
= 𝑅𝑁 𝑝𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎
𝑁º𝐻𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠
O Rendimento Nacional Disponível é igual ao Produto Interno Líquido que resulta do PNBcf -
QA

DN = RN

Despesa Nacional = Rendimento disponível

Encontrei as 3 igualdades, quando chegar ao rendimento disponível sei que iguala à despesa
nacional. Depois vou ao INE e vou somar as despesas de consumo, as despesas nacionais de
investimento, mais a diferença das importações e exportações. Se tenho 140 mil milhões de €
concluo que tenho que pegar emprestado às economias externas porque cá dentro só havia 100
mil milhões. A despesa nacional para ter equilíbrio tem que igualar o rendimento disponível e
isso é muito difícil. Se me der mais de 100 mil milhões azar o nosso, e quer dizer que nos
endividamos ao exterior mais 40 mil milhões – dívida externa. Há a dívida pública interna (do
estado português aos portugueses – deve aos seus próprios cidadãos) e a dívida externa (dívida
a economias externas, a mercados exteriores).

Valor acrescentado: contabilisticamente é evidenciado pelo lucro.

✓ O défice não pode ultrapassar os 3% da divida, o PIBpm não pode estar acima de 60% do
PIBpm, a taxa de inflação não pode ultrapassar os 3% do PIBpm.
✓ Todos os povos, se puderem omitir os seus lucros para não pagar impostos, logo o PIBpm
não seria bem calculado, se fosse calculado com valor acrescentado o problema da invasão
fiscal começa na governação na feitura das leis e em seguida é um problema. Exemplos de
altos cargos da sociedade:

✓ Recentemente alguns ministros (Cavaco), foram condenados a penas de prisão por


fraude fiscal.

Limitações dos dados contabilísticos da contabilidade nacional do bem-estar das populações (ler
os primeiros artigos da CRP).
Impacto da inflação sobre os dados da contabilidade nacional (ilusão monetária), a inflação pode
ser definida como o fenómeno da subida acentuada dos preços, o fenómeno consiste na
existência na deflação ou inflação que produz sobre os indicadores da contabilidade nacional.

A distribuição do rendimento

Importa saber como se reparte o rendimento, não podendo ser igual o juízo a fazer em relação
a dois países com padrões de distribuição muito diferentes.

Algumas desigualdades a ter em conta:

✓ Pode tratar-se pura e simplesmente de saber como se reparte o rendimento entre a


generalidade das pessoas ou de saber por exemplo que diferenças há entre homens e
mulheres, entre pessoas de diferentes raças, entre as profissões ou ainda entre as regiões
de um país.
Modos de medir e analisar as desigualdades

✓ Uma primeira forma de medir e analisar as desigualdades pode consistir em repartir os


cidadãos em classes de rendimento, vendo-se qual é a percentagem do rendimento que
cabe a cada uma.
✓ São consideradas quatro ou cinco classes divididas por quartis ou quintil
o Estando no primeiro quartil ou quintil os 25 ou 20% mais pobres, no segundo os
25 ou 20% que vêm a seguir e assim sucessivamente, colocando-se no último
quartil ou quintil os 25 ou 20% mais ricos
o Se por hipótese houvesse uma distribuição totalmente igualitária não seria
possível a repartição por classes.
o A apresentação dos dados colhidos pode ser feita por quadros ou por figuras
(círculos)
✓ Se queremos exprimir num valor numérico o nível das desigualdades podemos dividir por
exemplo a média do rendimento dos 10% mais ricos pela média do rendimento os 10%
mais pobres.

Podemos então tirar uma prévia conclusão de como as desigualdades são maiores em países
menos desenvolvidos, como no caso do Brasil, da Bolívia e das Honduras.

Outros modos de medição e análise: as curvas de Lorenz e os coeficientes de Gini

✓ Max Lorenz apresenta um novo método de medição das desigualdades. Primeiro começa-
se por formar classes com os cidadãos e os rendimentos, mas classes com valores
agregados, já não classes com valores separados, como eram as que vimos primeiros: onde
quem estava num dos quartis não estava nos outros. Nas agregações de Lorenz, na
segunda classe estão incluídas também as pessoas da primeiro, na terceira as pessoas das
duas primeiras e assim sucessivamente, até que obviamente a 100% das pessoas
corresponderá 100% do rendimento. Colocam-se depois os valores apurados numa figura
como a que se segue, representando-se no eixo vertical os valores correspondentes às
pessoas e no eixo horizontal os valores correspondentes aos rendimentos acumulados.
o Facilmente se compreende que a distribuição será mais igualitária na medida em
que a curva de Lorenz mais se aproximar da diagonal e mais inigualitária na medida
em que mais se afastar dela. Numa situação de igualdade absoluta a curva de
Lorenz sobrepõe-se à diagonal.
o Os casos reais estão de permeio, com uma igualdade maior quando a curva de
Lorenz se aproxima mais da diagonal e menor quando se afasta mais dela.
✓ Surge como critica à curva de Lorenz o facto desta medição não possuir uma métrica para
poder distinguir o valor das desigualdades, pois, poder distinguir países a olho nu com
desigualdades semelhantes era praticamente impossível. Para resolver esta controvérsia
surge o coeficiente de Gini.
✓ Corrado Gini sugere o apuramento de coeficientes que são conhecidos pelo seu nome.
Para tal, procede-se à divisão do espaço entre a curva de Lorenz e a diagonal pelo triângulo
de máxima desigualdade, formado pelo espaço entre a diagonal e os eixos. O coeficiente
de Gini varia entre 0 e 1. Num dos extremos, de total igualdade, não havendo distinção
entre a curva de Lorenz e a diagonal, teríamos uma fração com 0 no numerador. Uma
fração com este numerador tem, então, como valor 0, ou seja, 0 seria o coeficiente máximo
de igualdade. No outro extremo teríamos o coeficiente 1, no caso de máxima
desigualdade, com o espaço entre a curva de Lorenz e a diagonal a corresponder quase ao
triangulo do denominador.
As causas das desigualdades

✓ Uma distinção básica pode ser feita entre as causas das desigualdades criadas no presente
(embora muitas vezes com raízes anteriores, em especial levando as pessoas a ter
qualificações diferentes), das verificadas no passado, dando lugar a grandes diferenças no
presente. Trata-se neste segundo caso basicamente de desigualdades resultantes de
fortunas herdadas, havendo, por isso, logo à nascença, indivíduos muito mais favorecidos
do que outros.
✓ As fortunas, além de por si mesmas serem fatores de estabilidade e bem-estar, são fonte
de rendimento e, por seu turno, num movimento cumulativo, desigualdades nos
rendimentos levarão a diferentes acumulações de riqueza (dado que quem ganha mais
pode aforrar e investir em maior média, acentuando-se, por isso, as desigualdades neste
domínio).
✓ É muito maior a desigualdade na distribuição da riqueza do que na distribuição de
rendimentos. Nos fatores de desigualdade na distribuição do rendimento avultam as
qualificações das pessoas; verificando-se que qualificações diversas resultam em muitos
casos de diferentes condições familiares, sendo de esperar, por exemplo, que os filhos de
famílias cultas tenham mais facilidades nos estudos e que os filhos de empresários tenham
mais facilidades no começo de uma atividade empresarial.
✓ Poderá dizer-se que conta pouco a força física, mas conta muito a qualificação, a profissão
ou a predisposição para assumir riscos; para não falar já de casos excecionais de dotes
naturais para uma atividade artística de futebol, ténis ou automobilismo de alta
competição, que podem levar a remunerações astronómicas.
✓ Conta também relativamente pouco o tempo de trabalho, mas conta já muito a escassez
da oferta numa determinada profissão, explicando, por exemplo, as remunerações
comparativamente elevadas dos médicos em países como Portugal e os Estados Unidos

Políticas de redistribuição

Põe-se o problema de saber se deve intervir-se, procurando atenuá-las ou mesmo eliminá-las.


Levantam-se todavia dois problemas a tal propósito: em primeiro lugar, o problema de saber se
se consegue atingir o objetivo visado e, em segundo lugar, o problema de saber se, face a
considerações de equidade e de eficiência, deve ir-se muito longe na promoção de um maior
equilíbrio (no limite, até à plenitude)

Uma ideia também corrente é a de que as desigualdades são uma circunstância natural dos
países mais pobres, bastando esperar pelo seu rendimento para que se verifique a sua
atenuação. A observação de países em idênticos estádios de desenvolvimento mostra, todavia,
que pode haver diferenças acentuadas na distribuição dos rendimentos e da riqueza, explicáveis
por políticas diversas (de um modo geral determinadas por filosofias também distintas).

Políticas financeiras – uma primeira via de intervenção será pelas finanças públicas, do Estado
e de outras entidades, tanto através de receitas como através de despesas.

✓ Política Fiscal – a utilização de impostos para se promover uma melhor distribuição do


rendimento ou da riqueza (exemplos da página 243 até à 245 do manual)
✓ Política de despesas – será talvez mais viável conseguir-se uma redistribuição correta
atuando-se pelo lado das despesas, com o fornecimento de bens públicos. Assim
acontecerá com determinados bens, casos de serviços de assistência, saúde e educação,
ou ainda de habitação social, que representam mais para os pobres do que para os ricos.
A redistribuição conseguida deste modo será tanto maior quanto mais significativos
forem os estratos beneficiários.
✓ Política de Segurança Social – uma segunda via, na linha política financeira, é a via da
política de segurança social. Tendo hoje em dia uma abrangência completa, todos os
que trabalham descontam parte da sua remuneração para a segurança social. Tratando-
se de trabalhadores por conta de outrem descontam também as entidades patronais.
Alguma redistribuição é, desde logo, conseguida na medida em que os trabalhadores,
em princípio pessoas com menores recursos, pagam menos do que as entidades
patronais. Um efeito acrescido é conseguido na medida em que as prestações
proporcionadas são mais significativas para pessoas de rendimentos baixos do que para
pessoas de rendimentos elevados. Assim acontecerá com os benefícios deferidos, casos
das pensões de reforma, viuvez ou invalidez; e, talvez, de um modo ainda mais notório,
com os benefícios imediatos, casos dos apolos de doença, de aleitação, de desemprego,
etc.
✓ Políticas de preços e rendimentos – pode conseguir-se um maior equilíbrio também
com políticas de preços e rendimentos, ou seja, com intervenções que alteram o que
resultaria do livre jogo das forças do mercado. No que respeita aos preços, pode tratar-
se de fixar preços máximos, por exemplo, nos estabelecimentos de saúde e educação
(em propinas), em bens alimentares essenciais ou em rendas de casas de habitação.
Numa política de rendimentos podem estabelecer-se mínimos ou máximos, podendo,
por exemplo, haver um rendimento mínimo garantido para todos os trabalhadores ou,
pelo contrário, não se admitindo, se for possível fazê-lo, que alguém seja remunerado
acima de determinado montante.

Apreciação das políticas de redistribuição


Algumas diferenças d desigualdades referidas anteriormente só podem ser explicadas como
consequência de serem diferentes as políticas seguidas: só assim se explicando, por exemplo,
que as desigualdades sejam menores nos países do centro e do norte da Europa do que nos
Estados Unidos, nos dois casos sociedades industriais que se contam entre as mais ricas do
mundo, com PIBs e per capita semelhantes.

Até onde deve ir-se nas políticas de redistribuição?

✓ Em primeiro, a ideia de igualdade absoluta, ou então, a de ter cada um de acordo com as


suas necessidades: tendo por exemplo uma família com vários filhos mais do que um
individuo que viva isoladamente – uma distribuição igualitária de acordo com as
necessidades não daria ainda nenhum incentivo a que as pessoas se valorizassem.
✓ Existe também quem argumente que a desigualdade é desejável para se estimular a
iniciativa ou mesmo para que haja poupança indispensável ao desenvolvimento – esta
última circunstância é especialmente considerada nos países subdesenvolvidos.
✓ Para além dos casos em que terá havido excessos a evitar é, todavia claro, que as
desigualdades acentuadas são prejudiciais, mesmo inaceitáveis, justificando as políticas de
redistribuição.
✓ Está na consideração que todas as pessoas têm de merecer-nos: sendo intolerável que a
par de grandes fortunas haja em alguns países quem não tenha o mínimo para viver uma
vida digna, haja mesmo miséria. Para além disso, um mínimo de condições económicas é
indispensável para o próprio processo de crescimento, justificando-se também por isso
uma política correta de distribuição. Só com um padrão de rendimento razoável os jovens
podem ter uma escolaridade mais longa, indispensável a uma maior qualificação das
pessoas, por seu turno, determinante de qualquer processo de desenvolvimento.

Há, pois, razões ponderosas, de natureza diferente, para que as autoridades não fiquem numa
atitude de passividade face a situações de grande desigualdade na distribuição do rendimento
da riqueza.

As oscilações da atividade económica

Fases de prosperidade e de depressão.

✓ Não há uma linha continua na atividade económica dos países, havendo uma linha geral
de crescimento, constata-se que tal acontece como tendência, verificando-se de permeio
fases de maior ou menor prosperidade, com alguns casos mesmo de receção.
✓ Poderá acontecer como consequência de variações da procura, o que nos faz refletir
sobre os vários tipos de despesas, em particular, sobre o comportamento de cada uma
delas.
✓ Todas as sociedades incluem, do ponto de vista económico, ciclos de expansão e ciclos
de depressão – a um ciclo de expansão segue sempre um ciclo de depressão.
✓ As oscilações existem, pois, existem crises.

A dependência do produto, do rendimento e do emprego relativamente ao nível geral de


despesa. O contributo da “economia do lado da oferta”

✓ A capacidade de produção de um país, condicionando os níveis de atividade e de


emprego, a curto prazo pode ser considerada como um dado. Depende dos
equipamentos sociais, estradas, pontes, etc., dos equipamentos instalados nas
empresas, da qualificação das pessoas ou da tecnologia e da capacidade de gestão, tudo
circunstâncias que não se alteram de um momento para o outro.
✓ No curto prazo temos de “conviver” com a capacidade já existente (os exemplos acima
referidos), podendo os resultados conseguidos depender do modo como a despesa
promove o seu aproveitamento pleno (não devendo ir-se além dela, sob pena de haver
apenas aumentos de preços).
✓ Keynes, face à constatação da grande depressão que, tendo tido início em 1929, se
prolongou pelos primeiros anos da década de 30. Antes vivia-se na lógica chamada “Lei
de Say”, ou seja, “a lei dos mercados dos produtos”, de acordo com a qual, a produção
(a oferta) criaria a sua própria procura, não havendo por isso crises de sobreprodução.
✓ Um aumento das despesas, feitas diretamente pelos poderes públicos poderá levar ao
escoamento de bens que de outro modo ficariam por vender, bem como para além disso
a aumentos de produção.
✓ Se se fica aquém da plena utilização dos recursos temos uma situação de ineficiência,
não estando a conseguir-se tudo o que a economia poderia proporcionar.

Na linha Keynesiana contribui-se para uma utilização plena dos recursos que leve a uma
produção de bens maiores, a uma utilização maior de equipamentos que estavam subutilizados
e, com o relevo muito especial referido no paragrafo anterior, à utilização plena de mão-de-
obra. Este efeito é, aliás, desejável não só quando há desemprego, deixando as pessoas de estar
desocupadas, como quando há subemprego, situação caraterizada por as pessoas terem
emprego, mas estarem a render abaixo das suas capacidades.

Nos nossos dias tem vindo a ter grande aceitação a chamada “economia do lado da oferta”,
numa linha neoclássica, com o reconhecimento correto de que não é saudável procurar
promover uma economia sem se atuar na sua base, no que pode proporcionar uma máxima
eficiência. Trata-se, todavia, de perspetivas que podem e devem conjugar-se: estando fora de
causa a necessidade de uma racionalização máxima no lado da oferta, não deixará de haver
circunstâncias frequentes em que se revela a necessidade de promover ajustamentos pelo lado
da procura.

“A nossa tendência é salientar a abordagem Keynesiana, que constitui a melhor forma de


explicar o ciclo económico nas economias de mercado, mas as forças que estão subjacentes ao
crescimento económico de longo prazo são melhor correspondidas com o uso do modelo
neoclássico”

Vários tipos de despesas

→ As despesas de consumo privadas – são as despesas mais volumosas em qualquer


economia. Em termos percentuais acontece, aliás, como veremos, que em países mais
pobres é maior a percentagem do rendimento destinado ao consumo, sendo, por isso,
maior o relevo relativo desta varável nas despesas totais.
o A função consumo – não se trata de uma função constante, a propensão marginal
para consumir vai diminuindo à medida em que vai aumentando o rendimento. Em
estádios muito baixos de nível de vida de consumo está acima do rendimento,
gastando-se dinheiro entesourado ou pedindo-se dinheiro emprestado. Do ponto
de vista em que se gasta na medida do rendimento obtido, passa-se a consumir uma
parcela cada vez menor.
o A função aforro – o aforro acaba por ser igualmente função do rendimento, sendo
a diferença entre o rendimento e o consumo.
o A Lei de Engel – o que se passa quanto a certo tipo de consumo, o consumo de bens
alimentares, constatando-se que “quanto mais pobre é uma família maior é a
percentagem do gasto em consumo que é feito em alimentação.
→ As despesas de investimento privadas – nas despesas de investimento podemos, por seu
turno, distinguir as que são feitas em capital fixo e as que são feitas em matérias-primas e
bens intermediários, tendo como consequência variações nas existências. As primeiras
têm mais relevo, na medida em que, o investimento depende, por um lado, do seu custo
e, por outro lado, das expectativas de ganho que se tenha a seu propósito: da taxa de juro
e da taxa interna de rentabilidade.
→ As despesas públicas – as despesas do Estado, das regiões, das autarquias e das empresas
públicas. É um aumento que se tem traduzido no acréscimo do volume das compras
públicas no conjunto dos PIB’s, correspondendo, na União Europeia, a 15% do PIB total.
Trata-se agora de despesas determinadas por razões políticas:
o As despesas civis de consumo – estando aqui todas as remunerações de pessoal, os
gastos com material de consumo corrente, fornecimentos de energia, água e gás,
etc.
o A formação de capital público – em autoestradas e estradas, portos, aeroportos,
edifícios dos hospitais, tribunais e escolas de todos os graus, viaturas,
equipamentos, etc.
o As despesas militares – a manutenção de todo o pessoal e a renovação de
equipamento, com exigências tecnológicas cada vez maiores.
→ O exterior – qualquer país, designadamente um país aberto como Portugal, tem um nível
de exportações muito significativo para a sua economia. Sendo assim, as oportunidades
para a produção portuguesa dependem em grande medida das variações do rendimentos
nos países que nos compram produtos. No nosso país têm também grande relevo as
despesas dos turistas estrangeiros: despesas que resultam do rendimento dos países das
pessoas que nos visitam. Em contrapartida, a parte do rendimento que é gasta em
importações de mercadorias ou, a título de exemplo, com a deslocação de turistas
portugueses ao estrangeiro.

Grandes diferenças de estabilidade

No que respeita às despesas privadas, tanto de consumo como de investimento, uma diferença
básica resultará de se tratar de bens consumíveis ou de bens duradouros:

→ Os bens consumíveis são bens de primeira necessidade, verifica-se uma grande


estabilidade na despesa feita com eles. Não é pelo facto de haver uma depressão que as
pessoas podem passar a gastar muitos menos no consumo de bens alimentares ou em
transportes e, por outro lado, não é por haver um período de grande expansão que se
passa a comer o dobro ou a gastar o dobro em deslocações. Os bens consumíveis nas
produções também não têm grandes oscilações.
→ O consumo de serviços turísticos ou de recreio têm naturalmente uma quebra maior nas
recessões e uma expansão acelerada nas épocas de prosperidade.
→ Os bens duradouros, tanto de consumo como de produção, num período de recessão há
uma quebra abrupta na sua compra que não corresponde aliás a uma diminuição
correspondente de bem-estar, dado que continuara a usar-se durante mais tempo o
automóvel ou a televisão de que já se dispunha. Num período de expansão, não havendo,
como se disse um aumento correspondentemente na compra de bens consumíveis, o que
se verifica é uma compra acelerada de bens duradouros: os cidadãos em geral comprarão
então um automóvel ou um televisor novos e os empresários reequiparão as suas
empresas com novos equipamentos.

No que respeita às despesas públicas:

→ Despesas civis de consumo – são incompreensíveis, não podendo deixar de se pagar os


ordenados aos funcionários, o papel que se consome ou a eletricidade que se gasta. São
despesas com uma grande estabilidade.
→ Formação de capital público – pode ter grandes alterações, sendo fácil ao Estado deixar
de fazer obras públicas, sendo mais fácil cortar-se aqui, se está por isso a comprometer o
desenvolvimento dos países, além de haver de imediato a consequência negativa de
diminuir as atividades das empresas com grande relevo face à já referia importância das
compras públicas nos Estados modernos.
→ Instabilidade máxima nas despesas militares – aumentam exponencialmente quando há
um conflito, dando-se assim uma consequência chocante de os períodos de guerra serem,
por isso, períodos de expansão de economias. Com o seu volume enorme, além de haver
um grande de aumento do pessoal alistado há um grande aumento junto das fábricas de
produção de equipamento militar. Face a estas circunstâncias, é sempre muito difícil
reequilibrar as economias depois de uma guerra.
Será de referir que em economias abertas como a generalidade das atuais se está sempre
estreitamente dependente das procuras verificadas no exterior. Uma expansão de qualquer
destas economias leva ao aumento da procura dos nossos produtos, aumentando, por isso, as
nossas oportunidades. Pelo contrário, qualquer recessão tem implicações nos nossos setores de
exportação.

Os efeitos cumulativos sobre o rendimento. O multiplicador, o acelerador e o propulsor


(remissão)

A possibilidade de atuação em relação às despesas está ligada à sua estabilidade, a par


naturalmente de outras circunstâncias que possam facilitar ou não tal atuação. Ainda que se
desejasse não é possível diminuir sensivelmente as despesas civis de consumo, deixando de se
pagar aos funcionários, e as despesas com a guerra dependem de circunstâncias que não se
desejam.

O multiplicador do investimento, com a sua concretização, havendo por exemplo a construção


ou a expansão de uma fábrica há um acréscimo de rendimento que é distribuído pelos
participantes da produção, em salários, juros, rendas e lucros. Quem recebe estes rendimentos
vai, por seu turno, despende-los, na medida da propensão marginal do consumo, gerando-se
uma multiplicação de rendimento que é dada pela aplicação da fórmula do multiplicador ao
primeiro aumento de despesa.
Um aumento de consumo exige novos equipamentos, podendo ter um efeito acelerado, na
medida em que seja maior o aumento percentual na compras dos equipamentos.
O consumo que resultou do investimento inicial tem logo o período seguinte consequências num
acréscimo acelerado do investimento. Este acréscimo de investimento, por seu turno, terá
efeitos multiplicados no rendimento, numa conjugação de efeitos que nos é dada pelo
propulsor.
Há que ter em conta se estamos face a uma economia ainda sem utilização total dos seus
recursos, designadamente, ainda com desemprego ou subemprego. Se assim for pode haver um
aumento real do rendimento, mas, se assim não for, se estivermos face a uma utilização já total
dos recursos, a ausência de capacidade de resposta leva a que haja apenas consequência
inflacionistas.

Os objetivos contraditórios de estabilização conjuntural

Estabilização da Economia – passa a ser um objetivo fundamental para todo o mundo


desenvolvido

Em 2003 houve uma primeira crise pois em Maastricht os países da EU estabeleceram critérios
para integrarem a união económica e monetária

1. Limite máximo para a divida pública dos estados – conter a divida pública que não pode
ultrapassar 60% do PIB
2. Conter o défice – pois se existir défice ele transforma-se num futuro próximo em divida
pública. Segundo os Critérios de Maastricht não pode ultrapassar 3% do PIB. Ao longo
que dos anos passou a ser mais exigente, e vai analisando estado a estado e via dizendo
até onde pode ir o défice para cada caso em concreto. Por recomendação em alguns
estados o limite do défice for fixado em 2%
3. Contenção da inflação – impos um limite à inflação, a inflação não pode ultrapassar 3%
ao ano
Estes critérios têm como objetivo governar em estabilidade económica, garantir um modelo
económico minimamente estável, existem oscilações, mas que não sejam brutas ou brutais de
ponto a não se perder a riqueza de um período de prosperidade.

Quando estamos em euforia, quando estamos neste período, os aumentos de procura


aumentam o preço o que resulta em inflação. A inflação age como termómetro. Quando a
inflação dispara os 2% põe-se tudo em marcha para a fazer conter, age como um incendio, se
não o contivermos temos de deixar arder e formar um contrafogo à volta do incendio. A inflação
é um fator corrosivo para a economia, quando descontrolada não gera riqueza.

A deflação é o resultado de uma inflação descontrolada, ou seja, crise, e lá se vai o ganho do


ciclo de prosperidade. Temos de governar em contraciclo, de modo a conduzir o povo noutro
caminho que não seja o de gastar.

A lição é tentar controlar com os indicadores que temos, que são a taxa de inflação, que deve
ser medida mensalmente; os impostos

Em 2003 e 2008 Alemanha e França não cumpriram os critérios de Maastricht. Então, a


Alemanha, por causa da reunificação. começa a injetar dinheiro para investir na antiga RDA. A
França também não cumpre. A EU percebe que a reunificação das duas Alemanha é um projeto
muito importante para a Europa (havia muitas famílias separadas e pessoas a morrerem por
tentarem ultrapassar a fronteira). A Europa deixa então que a Alemanha entre 2003 e 2006 não
cumprisse os critérios de Maastricht, os Franceses também não queriam cumprir e deixam de
os cumprir.

Para evitarmos anos de crise temos de cumprir os critérios de estabilização da economia.

Se a economia gera um PIB de 1 milhão de euros e a divida pública de 600 mil euros, sobram
400 mil euros. Devo 600 mil euros, e sobre estes eu tenho de pagar juros e preciso de pagar os
600 mil e os juros, então tenho que ter uma almofada, porque se tiver uma divida pública de
100% do PIB eu, a certa altura, vou estar a pedir dinheiro para pagar juros.

Outro exemplo: numa família que tem um rendimento mensal de 1000, segundo o BP a sua
capacidade de endividamento é da taxa de escorço de 1/3 do rendimento mensal, vou pedir a
um banco dinheiro e ele vê que já tenho um empréstimo que cobre 1/3 do rendimento e ainda
vou ter que pagar mais despesas correntes, ou seja, não vou ter dinheiro para pagar o
empréstimo que vou pedir ao banco.

A divida pública é injusta no que diz respeito à distribuição dos rendimentos pelos cidadãos.
Anteriormente houve uma divida macroeconómica (estado) e microeconómica (empresas) e
quem vai pagar essa divida, quem tem esse ónus, é a geração seguinte.

Kondratiev
Para ele, os ciclos económicos tinham 50 anos de duração, em cada 50 anos identificamos 25 de
expansão e 25 de receção. O estudo era anacrónico, esta ideia de ciclo tao alargado de 50 anos
não existe nos nossos dias, porque a economia tecnológica digital atingiu um ritmo que não se
compara com o período do estudo. Quando a URSS se constituiu usou-se este modelo para se
programar a economia russa e tinha a perceção que não se conseguia controlar a economia
depois de 5 anos. É um plano quinquenal. O mundo evoluiu, chegamos a era da globalização e
o ciclo de Kondratiev já não faz sentido, o ritmo de vida e muito acelerado e não se controla a
economia se considerarmos os 50 anos como referência. Os ciclos económicos devem ser
controlados de 10 anos, 5+5. Os ciclos evoluem tão rápido que quando atingimos o ciclo de
expansão já se deve pensar no ciclo de receção. Agora os governos controlam a economia de 3
em 3 meses
Faz sentido falar em ciclos? Sim, faz, porque as crises acontecem, mas o que acontece é que os
ciclos são muitíssimos curtos.

Nós, em 2003, tivemos uma crise, conseguiu-se mais ou menos conter, em 2008 tivemos uma
crise brutal e em 2011 tivemos uma réplica de 2008.

Modelo de Desenvolvimento Sustentável – é uma ideia contemporânea que assenta na análise


que fizemos. É um modelo económico em que a economia, ao invés de evoluir em ciclo, nós
dividimos o ciclo a meio e em metade temos essa metade do ciclo a subir e a outra metade a
subir, na parte a descer, perde-se tudo ou quase tudo do que se ganhou na parte a subir. O
modelo capitalista de não resolver este problemas das crises está em sério risco de desaparecer.

Só há democracia em modelo de economia de mercado porque o outro modelo impõe as


decisões e quando assim é haverá sempre quem não estará de acordo e que se tenha de se
submeter na mesma.

Posso estar preso e ter uma certa liberdade (como escrever livros), posso estar livre e estar
preso, por exemplo, se tiver dividas, pressão social, sacrifícios desumanos, isto acontece quando
perco a liberdade de fazer o que gosto, quando perco a liberdade de fazer o que quero porque
sou imposto a fazer outras coisas. Perco a liberdade se viver num país que não me garante a
mínima segurança ou que não tenha liberdade de expressão.

A liberdade pressupõe bem-estar, só tenho disponibilidade mental para pensar quando não
estiver 24 sobre 24 pelo peso das obrigações, pelo peso das dividas. Por muito estranho que
pareça um presidiário pode ter mais liberdade que um homem livre.

Propensão marginal ao consumo – é um conceito que define a parte que cada um de nós destina
a consumo, ora, quem terá maior propensão? Famílias pobres, medianas ou ricas? O pobre.

A quem devo tirar dinheiro? Num período de crise era bom ganhar o salário mínimo, vou
tributar.

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