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Unidade III

Unidade III
5. A ATIVIDADE ECONÔMICA NACIONAL

Conceitos básicos: PIB, renda, investimento

Nas contas nacionais, consideram-se apenas bens e serviços finais. Os custos referem-se à
remuneração dos fatores de produção, descartando-se as despesas de matérias-primas e demais produtos
intermediários. Mede-se a produção corrente de um período determinado, bem como as transações que
se deram nesse intervalo de tempo. Não são considerados os valores de transações financeiras. Observe-
se que a moeda é neutra, apenas servindo como unidade de medida e meio de troca.

O Produto Bruto é o valor do conjunto de todos os bens e os serviços produzidos por um sistema
econômico ao longo de um dado período, normalmente um ano. São computados nesse cálculo
apenas os bens finais, que não mais serão transformados ou absorvidos em outros produtos (não
necessariamente os bens de consumo). No conjunto das atividades produtivas de um país, distinguem-
se os seguintes setores:

Primário: agricultura, pecuária. Em países subdesenvolvidos, esse setor é o principal responsável pelo
produto e pela renda.

Secundário: extração de minérios, transformação industrial dos produtos.

Terciário: diversos serviços.

O Produto Interno Bruto é tudo quanto foi produzido em bens finais em um país no período de
um ano. Por sua vez, o Produto Nacional Bruto corresponde ao PIB menos a remuneração de fatores
de produção, cujos titulares são residentes no exterior (investimentos estrangeiros). O conceito de
Renda Nacional ou Produto a Custo dos Fatores seria a somatória dos rendimentos pagos aos fatores de
produção (salários, alugueres e lucros). Também é importante entender o que se pretende dizer por valor
adicionado. Ele resulta do valor de um produto transformado, subtraindo-se o valor do produto original,
isto é, que passou pela transformação.

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ECONOMIA

Veja-se o exemplo abaixo:

Estágios da produção Custo dos bens Valor adicionado


Vendas do período (1)
do pão intermediários (2) (1 – 2)
Empresa A: trigo 140 0 140
Empresa B: farinha 245 140 105
Empresa C: pão 390 245 145
Valor adicionado final = produto final Total: 390

O conceito de valor adicionado destina-se a captar a contribuição líquida trazida pelos vários estágios
de produção de um bem, desde a matéria-prima até ele sair da loja para as mãos do consumidor. Seu
significado econômico é denso, sendo inclusive utilizado para demarcar a política industrial dos países
e a cobrança de tributos, como, no Brasil, o ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços).

Quanto aos investimentos, é importante entender o que significa poupança agregada e investimento
agregado. O primeiro conceito refere-se à parcela da Renda Nacional que não é consumida no período
analisado (renda - consumo). O investimento agregado ou total é a somatória da variação de estoques
e do que se aplicou em bens de capital, altamente necessários à formação bruta de capital fixo.

Nesse sentido, bancos são importantes atores na utilização da poupança nacional, pois exercem
uma função fundamental: acumulam recursos daqueles que os possuem em excesso e os canalizam
para quem não dispõe e, ao mesmo tempo, necessita de tais recursos. O fenômeno da depreciação, isto
é, desgaste do equipamento de capital da economia, condiciona o cálculo do investimento líquido e do
Produto Nacional Líquido. O primeiro corresponderia ao investimento bruto menos a depreciação, e o
segundo seria o Produto Nacional Bruto subtraindo-se também a depreciação.

A distribuição da renda nacional

A distribuição de renda é frequentemente considerada como uma questão de equidade. Entretanto,


o modo pelo qual a renda nacional é distribuída exerce certos efeitos sobre outras variáveis econômicas.
Assim, na teoria do crescimento, é importante perceber quais os efeitos da distribuição da renda sobre
a poupança, isto é, a tendência a se poupar dinheiro, evitando-se o gasto.

Os preços de produtos praticados no mercado quase sempre estão acima do valor de remuneração
aos fatores de produção, ou seja, aqueles que são necessários à sua produção. Essa afirmação decorre
do fato de que, ao preço que o consumidor paga por um produto, estão incorporados impostos indiretos
(Pis, Cofins, ICMS e IPI).

Para os produtos considerados “bens de primeira necessidade”, tais como o arroz e o feijão, o governo
reduz ou elimina os impostos indiretos. Em outros casos, o governo subsidia o preço de determinado
produto de modo que o preço pelo qual ele é vendido ao consumidor seja inferior ao seu custo, como
é o caso do trigo. Com isso, torna-se necessário, para um melhor entendimento, distinguir os conceitos
de custo de fatores e preços de mercado.

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Custo de fatores é aquele que uma empresa paga aos fatores de produção (salários, juros, aluguéis e
lucros) acrescido dos impostos indiretos e subtraindo-se os subsídios. Apenas os impostos indiretos são
relevantes nessa diferenciação, isso porque os impostos diretos (Imposto de Renda, contribuição social
etc.) não representam uma diferença ente os custos de fatores e o preço final de venda, já que quem os
paga são os proprietários dos fatores de produção e não a empresa.

Por exemplo: sobre os salários incidem IRF, INSS; esses impostos, embora recolhidos pela empresa,
são descontados dos salários pagos aos empregados. Portanto, não são um custo da empresa. Por sua
vez, o preço de mercado é o preço final pago na venda pelo consumidor. Assim, partindo-se da Renda
Nacional Líquida (RNL ou PNL) a custo de fatores, para se chegar ao PNL a preços de mercado, tem-se:

PNL a preços de mercado = (RNL a custo de fatores) + (impostos indiretos) – (subsídios)

Renda pessoal disponível

Esse conceito procura aferir a parcela da renda gerada no processo econômico que permanece em
poder das famílias. Partindo da Renda Nacional Líquida a custo de fatores, já descontada a depreciação,
é preciso deduzir os lucros retidos (não distribuídos) pelas empresas para os investimentos, pois, apesar
dessa parcela da renda se encontrar em posse das empresas, não é transferida de imediato às famílias.
Deve-se deduzir, ainda, os impostos diretos e as contribuições previdenciárias pagas pelas famílias e
empresas ao governo. Sendo assim, a renda pessoal disponível mede o quanto sobra para as famílias
decidirem gastar na compra de bens e serviços, ou então poupar.

Objetivos e instrumentos de política econômica: política fiscal, política monetária, política


cambial

A presença do Estado no sistema econômico não se origina apenas da constatação das deficiências
intrínsecas ou estruturais do mercado. A essa motivação alinha-se a de impor ao setor privado e ao setor
público padrões de desempenho em acordo com preferências politicamente definidas. Os objetivos de
uma política econômica podem ser ativos ou restritivos. São ativos quando se referem a novos padrões
a serem impostos para o desempenho do sistema, e restritivos quando mantêm limites a fim de não se
romperem situações de equilíbrio. O Estado pode adotar as seguintes políticas econômicas:

• Política fiscal: corresponde aos instrumentos do governo para arrecadar tributos (política
tributária) e controlar despesas (política de gastos).

• Política monetária: atuação do governo sobre moeda e títulos públicos. Instrumentos: emissões,
reservas compulsórias, compra e venda de títulos públicos, redescontos e regulamentação sobre
crédito e juros.

• Políticas cambial e comercial: refere-se à taxa de câmbio e os instrumentos de incentivos às


exportações e/ou estímulos ou desestímulos às exportações, respectivamente.

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ECONOMIA

O setor público na economia

O Direito e a Economia não são áreas completamente afastadas, mas sim correlacionadas. Se, por
um lado, no mundo real, as normas jurídicas determinam a moldura da análise econômica, por outro, o
surgimento de novas questões econômicas é responsável por mudar o arcabouço jurídico. Para entender
o Direito Econômico, é importante conhecer com precisão como o mercado, verdadeiro conjunto de
fluxos da vida material, relaciona-se com o Estado e outros aspectos relevantes da vida social.

No Brasil, o caput, do artigo 173, da Constituição Federal, estabelece um papel secundário e supletivo
no desenvolvimento da atividade econômica – tal princípio, chamado de princípio da subsidiariedade, é
um dos pilares da ordem econômica brasileira. Leia-se: “Ressalvados os casos previstos nesta Constituição,
a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”.

Dessa forma, a economia considera que haveria um papel a ser desempenhado pelo Estado quando o
mercado não funcionar corretamente. Isso se verificaria diante das falhas de mercado. Dentre as falhas
de mercado, encontram-se:

a. Assimetria informacional: existe assimetria de informação quando um dos agentes econômicos


possui todas as informações necessárias para a tomada de decisões e o outro não as possui, ou
possui de forma parcial. Desprovidos do acesso à melhor informação, os agentes econômicos
não têm condições de tomar as decisões corretas e o mercado não funciona corretamente. Nesse
sentido, a legislação de defesa do consumidor torna imperativo divulgar claramente, por exemplo,
o prazo de validade dos produtos e seus padrões de qualidade. Da mesma forma, a legislação de
mercado de capitais impõe certos deveres de disclosure a respeito de informações comercialmente
sensíveis para os preços das ações. Assim, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabeleceu
recentemente regulamentações para a divulgação de dados relevantes aos negócios desse campo.

b. Poder econômico: como se sabe, a concorrência é o regime em que a geração de riquezas é máxima.
Fora da concorrência, à medida que os produtores adquirem poder econômico, sua capacidade
de agir unilateralmente aumenta. Isso ocorre se o produtor aumenta os preços (ou diminui a
quantidade dos produtos), se deteriora a qualidade ou a variedade de produtos ou serviços, ou se
reduz o ritmo de inovações para aumentar os lucros.

A situação extrema é a do monopólio: se o monopolista aumentar seus preços, os consumidores


simplesmente não possuem alternativas – ou deixam de comprar, ou compram menos, ou compram
pagando mais. Esse tipo de falha de mercado decorre de economias de escala, as quais surgem como
algo positivo em princípio: afinal, quando há economias de escala significativas, o custo médio de
produtos e serviços diminui à medida que o volume de produção aumenta – não confunda esse conceito
com o de economias de escopo, as quais geram economias de custos quando aumenta a variedade de
produtos e serviços produzidos na mesma empresa.

Para atingir as economias de escala, é necessário que a empresa seja muito grande - isso pode
acontecer pelo crescimento natural da empresa ou pelo processo de fusão e aquisição. A partir de certo
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ponto, porém, as economias de escala tendem a desaparecer e pode ser o caso de os custos de produção
até mesmo aumentarem: está-se diante das deseconomias de escala.

Externalidades: são efeitos não pretendidos no desenvolvimento de uma atividade econômica, pelos
quais o empresário normalmente não se responsabilizaria ou se aproveitaria. Com essa falha, existe
uma limitação à capacidade de autocorreção do mercado (o automatismo da mão invisível de Adam
Smith). Quando um empresário investe em uma região e gera progresso, sua intenção nunca foi a de
melhorar a região, mas isso pode acontecer – trata-se de externalidade positiva. Quando a fábrica aberta
por esse empresário polui, ele não queria poluir, mas isso acaba sendo um efeito negativo da atividade
econômica – trata-se de externalidade negativa.

Ausência de mobilidade de fatores de produção: com essa falha de mercado, existe uma limitação
à capacidade de autocorreção do mercado, o automatismo da mão invisível de Adam Smith. O
cafeicultor não pode simplesmente deixar de produzir café de um momento para outro: o pé de café
leva dois anos para começar a produzir e sua mudança antes de esgotada a vida útil prejudicaria a
rentabilidade da lavoura.

Bens coletivos: devido à falta de incentivos para a sua produção, que é altamente requisitada pela
sociedade por ser útil a ela, bens coletivos tendem a ser abastecidos de maneira insuficiente. Pode-
se citar como exemplos dessa falha de mercado: o fornecimento de vacinas e, segundo a ótica do
planejamento urbano, a dinâmica dos transportes coletivos, em conflito com a atual priorização do
transporte individual, no que tange à produção econômica. Isso se explica pela expansão do mercado do
automóvel no Brasil, notadamente nos últimos vinte anos.

O crescimento econômico corresponde ao acréscimo da renda e do PIB, sem implicar uma


mudança estrutural profunda na sociedade, ora porque tal crescimento possui um caráter
transitório, ora porque uma transformação de caráter estrutural já havia sido verificada no
país, razão pela qual ele se desenvolveu. O desenvolvimento econômico tem sido definido como
um processo de crescimento constante e autossustentado, que leva a renda per capita (divisão
da soma de todos os salários da população de um país pelo respectivo número de habitantes)
a se elevar continuamente ao longo de determinado período. Em outras palavras, trata-se de
um processo contínuo pelo qual a disponibilidade de bens e serviços aumenta em proporção
superior ao do crescimento demográfico.

Entretanto, não somente a renda per capita deve ser usada como medidor do desenvolvimento
econômico, pois, com ele, ocorre uma série de outras mudanças na estrutura da economia e da
sociedade em questão, dotadas também de caráter psicológico e cultural. Critica-se também a
adoção do critério de crescimento do PIB ou da Renda Nacional como indicadores de um efetivo
desenvolvimento, ainda que reflitam indiretamente mudanças na estrutura econômica do país,
uma vez que tal processo exige melhoras qualitativas como a qualidade de vida da população.

Por exemplo, os países árabes exportadores de petróleo possuem alta renda per capita, mas sua
população apresenta baixos níveis de qualidade de vida, uma vez que a distribuição de renda é extremamente
desigual. Há inúmeros outros casos em que os critérios de aferição do desenvolvimento econômico não
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ECONOMIA

encontram suporte na realidade da maioria das pessoas de uma sociedade, motivo pelo qual eles são
considerados insuficientes. Por esse motivo, tem ganhado destaque o conceito de desenvolvimento
humano, o qual “nasceu definido como um processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas
tenham capacidades e oportunidades para serem aquilo que desejam ser. Diferentemente da perspectiva
do crescimento econômico, que vê o bem-estar de uma sociedade apenas pelos recursos ou pela renda
que ela pode gerar, a abordagem de desenvolvimento humano procura olhar diretamente para as pessoas,
suas oportunidades e capacidades. A renda é importante, mas como um dos meios do desenvolvimento e
não como seu fim. É uma mudança de perspectiva: com o desenvolvimento humano, o foco é transferido
do crescimento econômico, ou da renda, para o ser humano. O conceito de Desenvolvimento Humano
também parte do pressuposto de que para aferir o avanço na qualidade de vida de uma população é preciso
ir além do viés puramente econômico e considerar outras características sociais, culturais e políticas que
influenciam a qualidade da vida humana. Esse conceito é a base do Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) e do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), publicados anualmente pelo PNUD (extraído de
http://www.pnud.org.br/IDH/DesenvolvimentoHumano.aspx?indiceAccordion=0&li=li_DH).

O desenvolvimento econômico processa-se por etapas, cada uma delas criando condições para que
a próxima ocorra. Geralmente há, em primeiro lugar, o crescimento do setor secundário da economia
e, logo depois, do terciário. O desenvolvimento econômico enfrenta uma série de desafios. Não existe
fórmula simples ou salvacionista. Em regra, esse tipo de solução tende somente a agravar problemas e
gerar ainda maiores desigualdades.

Atualmente, por exemplo, o Brasil pode estar enfrentando sérios problemas decorrentes da chamada
“doença holandesa” em virtude da excessiva exportação de produtos primários. Como explica Bresser
Pereira, “a doença holandesa é uma falha de mercado que valoriza de forma permanente a taxa de câmbio,
mas é consistente com o equilíbrio intertemporal da conta corrente. Ainda que Celso Furtado tenha
chegado perto do conceito de doença holandesa ao estudar a economia venezuelana, este obstáculo
maior à industrialização dos países em desenvolvimento não foi considerado pela teoria econômica do
desenvolvimento e pela teoria estruturalista latino-americana. Mas essa falha de mercado era percebida
de forma intuitiva. As tarifas de importação que o estruturalismo latino-americano advogava não foram,
afinal, principalmente protecionistas, mas uma forma efetiva de neutralização dessa doença do lado das
importações. Por outro lado, aqueles países que subsidiaram a exportações de bens industriais nos anos 1970
(como o Brasil e o México) estavam também neutralizando a doença holandesa do lado das exportações
sem que isto estivesse claro para eles. A tarifa de um lado e o subsídio do outro, do qual eram excluídas
as commodities que davam origem à doença holandesa, acabavam por ser, na prática, equivalentes a um
imposto sobre essas commodities - e esse imposto é a forma correta de neutralizá-la” (extraído de http://
www.bresserpereira.org.br/papers/2010/10.02.Macroeconomia_estruturalista_Gala.REP.pdf).

Dessa forma se observa que o denominado “sistema capitalista” pressupõe a existência de um lado
produtores e de outros prestadores de serviços, seja na forma autônoma, seja na forma de empregados.
Esse sistema econômico acaba por gerar desigualdades na distribuição da renda pessoal.

Ocorre, porém, que a distribuição da renda nacional é uma preocupação existente no artigo 3º,
inciso III, da Constituição Federal, que dentre os objetivos do Estado brasileiro de forma expressa prevê
a necessidade de “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.
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Ao utilizar o núcleo do verbo “reduzir”, a Constituição Federal reconhece a existência intrínseca


no Estado brasileiro das desigualdades sociais e regionais, sobretudo no que se refere às questões da
renda econômica, razão pela qual a visão desenvolvimentista com ganhos sociais dos últimos governos
brasileiros (a denominada “Era Lula”) se mostra necessária para permitir a ampliação de diversas medidas
econômicas e sociais. Logo, a determinação da renda pessoal é alcançada por uma série de coisas: o
salário, a remuneração, eventuais serviços extras, ou seja, todos os recursos que a pessoa detém para o
custeio de suas despesas, pessoais ou familiares, para a sua subsistência.

A Economia e a proteção dos direitos dos consumidores e do meio ambiente, a questão do meio
ambiente e da proteção do consumidor, necessariamente, passam pela compreensão dos problemas do
século XX.

Nesse aspecto a doutrina especializada aponta que:

“O século XX chegou ao fim da mesma forma que começou. As guerras mais clássicas que caracterizaram
sua primeira metade foram substituídas por guerras aparentemente localizadas, que refletem, contudo,
os problemas sociais e as questões econômicas e nacionalistas que ainda permanecem pendentes nessa
virada para o século XXI.

Oriente Médio, Península Balcânica, África, América Latina, a derrocada do socialismo stalinista,
Cuba, China, a questão dos palestinos, curdos, bascos e irlandeses, a Igreja Católica, os movimentos
neonazistas e outros temas. A concentração de riqueza contrastando-se com a miséria no hemisfério
sul. Problemas que parecem insolúveis no curto prazo nesta virada de século” (HOBSBAWM, Eric. Era
dos extremos: o breve século XX 1914-1991).

Portanto pode-se concluir que o “breve século XX” não resgatou a imensa dívida social criada
pelo capitalismo selvagem no século XX e pelo contrário causou grande impacto ambiental e social
(consumo) necessitando as relações serem protegidas. Depois veja o cenário que o New Deal representou
como mudança significativa no modelo tradicional de economia de mercado praticada pelos norte-
americanos, sendo certo que a denominada “Grande Depressão” foi um dos fatores que colaboraram
para a construção de discursos críticos sobre o modelo liberal-democrático.

Também, Eric Hobsawm ao estudar o tema afirmou que:

“Nenhum Congresso dos Estados Unidos já reunido, ao examinar o estado da União, encontrou
uma perspectiva mais agradável do que a de hoje [...] A grande riqueza criada por nossa empresa e
indústria, e poupada por nossa economia, teve a mais ampla distribuição entre nosso povo, e corre
como um rio a servir à caridade e aos negócios do mundo. As demandas da existência passaram
do padrão da necessidade para a região do luxo. A produção que aumenta é consumida por uma
crescente demanda interna e um comércio exterior em expansão. O país pode encarar o presente
com satisfação e prever o futuro com otimismo. Presidente dos Estados Unidos Calvin Coolidge,
Mensagem ao Congresso, 04 dez. 1928.

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As nossas dificuldades, graças a Deus, apenas se referem a coisas materiais. Os preços desceram a
níveis inimagináveis; os impostos subiram; a administração sofre graves reduções de receitas, a todos os
níveis; os meios de trocas estão bloqueados nos canais congelados do comércio; as folhas mortas das
indústrias juncam o solo por toda a parte; os rendeiros não encontram mercados para os seus produtos;
desapareceram as economias amealhadas durante numerosos anos por milhares de famílias. A nossa
grande obrigação, a primeira, é fazer voltar o povo ao trabalho [...]. Discurso do Presidente dos Estados
Unidos Franklin Roosevelt, 1933. Sem ele [o colapso econômico entre as guerras], com certeza não teria
havido Hitler. Quase certamente não teria havido Roosevelt. É muito improvável que o sistema soviético
tivesse sido encarado como um sério rival econômico e uma alternativa possível ao capitalismo mundial.
[...] O mundo do século XX é incompreensível se não entendermos o impacto do colapso econômico”
(HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras,
1995, p. 90-91).

Percebe-se que apenas cinco anos separam a mensagem do presidente republicano Calvin Coolidge
e o discurso do presidente democrata Franklin Roosevelt e que ambos apresentaram avaliações bastante
distintas acerca da realidade econômico-social pela qual passavam os Estados Unidos. Esse é o mundo
criado pelo consumo e suas relações. O meio ambiente também muito atingido de forma global. Logo,
com a economia também é necessário estudar a proteção dos direitos dos consumidores e a sua
respectiva relação de consumo.

Dessa forma, o Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) visa à proteção do consumidor, como
agente econômico, por parte do Estado, reconhecendo-se seu papel fundamental para a preservação
da ordem econômica. A aplicação de suas normas é obrigatória para todas as relações de comércio ou
consumo, o que significa que nenhuma das partes poderá negociar qualquer das disposições legais.

O Código de Defesa do Consumidor conceitua o consumidor e o fornecedor, os dois lados das relações
comerciais, bem como o que deve ser entendido por produto e serviço. No texto legal, o consumidor
seria a pessoa física ou jurídica para o qual é destinado um produto ou serviço. Por sua vez, o fornecedor
corresponde àqueles que desenvolvem as atividades de produção, montagem, criação, construção,
transporte, comercialização de produtos ou serviços prestados, dentre outras.

O produto, sucintamente, é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial; de outro lado, o
serviço seria qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante pagamento, com exceção
daquelas que possuem caráter trabalhista. Assim feita essa breve análise dessa questão também surge a
análise da economia e a produção de recursos naturais e, consequentemente, a legislação de proteção
ao meio ambiente.

Os problemas ambientais relacionam-se intimamente com o fenômeno da escassez, isto é, a falta


dos recursos produtivos demandados pela atividade econômica. A preocupação em administrar esses
recursos úteis não é recente – lembre-se de que, de certa forma, Thomas Malthus já tinha levantado essa
preocupação no século XVIII -, mas, desde a década de 1970, tem ganhado cada vez mais destaque no
Brasil. Isso porque passou-se a ter ampla consciência acerca das externalidades negativas do processo
produtivo, como a poluição de rios e mares, o esgotamento hídrico de áreas agrícolas, dentre outras.

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Tais externalidades negativas foram agravadas devido ao amplo desenvolvimento econômico dos
últimos tempos, acelerando um processo degradante da natureza que já vinha se estabelecendo desde
o início da primeira Revolução Industrial, no século XVIII. Nesse contexto, na década de 1990, assinou-
se o Protocolo de Kyoto, o qual passou a valer em 2005 e expirou em 2012. Os países que o assinaram
assumiriam o compromisso de reduzir as suas emissões de carbono na atmosfera, teoricamente
responsáveis pelas alterações climáticas que vêm se mostrando desde o século XIX.

No âmbito do Direito Ambiental, desenvolveu-se tanto no Brasil como em outros países o princípio do
poluidor-pagador, que estabelece “a imposição ao usuário, da contribuição pela utilização dos recursos
ambientais com fins econômicos e da imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados” (Lei n. 6.938/81). Sua finalidade seria proteger o meio-ambiente e
controlar a emissão de poluentes, estabelecendo um equilíbrio entre a atividade industrial e a natureza.
Esse princípio também foi recepcionado pela Constituição Federal no art. 225, § 3º, que assim prescreve:

As atividades e condutas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

A Lei n. 12.305, sancionada em agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
“dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à
gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades
dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis”.

A norma, além de incorporar o princípio do poluidor-pagador, reitera o compromisso social dos


processos produtivos econômicos para com a conservação dos recursos naturais, visando a controlar
e minimizar externalidades negativas para o meio-ambiente. Ademais, os resíduos sólidos, também
chamados de “lixo”, podem apresentar-se na natureza de diversas formas, como a líquida, a gasosa ou a
sólida originárias de atividades humanas domésticas, profissionais, agrícolas, industriais ou, até mesmo,
nucleares. Essas substâncias poluentes, classificadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR
n. 10.004 –, segundo suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podem ser perigosas
(classe I), não inertes (classe II) e inertes (classe III).

Alguns resíduos perigosos devem ser objeto de maior cuidado, pois são classificados por apresentarem
periculosidade em qualquer estado, como a inflamabilidade, a reatividade, a toxidade e a patogenicidade,
demonstrado pela relação direta entre o acondicionamento, coleta e transporte, além da disposição final
com a saúde pública. Assim, a sociedade industrial enfrenta sérios problemas com relação à disposição
dos resíduos sólidos gerados em todas as etapas do processo de transformação de matérias-primas.
Aliás, muitas das cidades brasileiras apresentam planejamento deficitário a curto, médio e longo prazo,
do uso e da ocupação do solo municipal, no que concerne a todos os tipos de rejeitos, sendo de extrema
importância para a existência de uma saudável política municipal ambiental, uma ampla aplicação
de recursos necessários para coibir a contaminação do meio-ambiente com o “lixo” proveniente da
atividade humana – residencial, comercial, agrícola e industrial –, decorrente do processo atual da
civilização tipicamente urbana.

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Esse necessário planejamento está previsto no artigo 182, da Constituição Federal, no que tange ao
plano diretor; alçando diretrizes primordiais para um crescimento ordenado, obedecendo as normas de
Direito Urbanístico e os padrões internacionais de saúde. Além desse dispositivo constitucional, existe
uma norma específica a respeito editada, ainda, pelo antigo do Ministério do Interior – Portaria n, 053,
de 1979 –, que fixa a diretriz relativa à matéria, com recomendação em relação aos planos e projetos de
destinação final dos resíduos sólidos, bem como proibição de incineradores em edificações residenciais,
comerciais ou de serviços, assim como a queima de lixo a céu aberto, vedação de seu lançamento em
cursos d’água, lagos e lagoas, exigências de acondicionamento e tratamentos especiais, aprovados por
órgão estadual do meio ambiente, dos resíduos de natureza tóxica ou que contenham substâncias
inflamáveis, corrosivas, explosivas, radioativas e outras consideradas prejudiciais.

A previsão e a projeção da ocupação dos espaços municipais fazem com que as zonas residenciais e
industriais não se misturem, evitando poluições sonoras, odoríferas e outras. Como toda a metrópole, a
cidade de São Paulo, por intermédio da Municipalidade, também editou em sua lei orgânica, parâmetros
e possibilidades de o município estabelecer parcerias, concessões e permissões a empresas ou terceiros,
sobre o gerenciamento de serviço de limpeza, coleta e destino do lixo, a fim de possibilitar um melhor
aproveitamento dos dejetos urbanos, pois eles não podem simplesmente ficar ao relento, ou mesmo
sem as devidas observâncias das normas sobre acondicionamento, coleta, transporte e destinação final.

Depois, é necessário considerar a Convenção da Basileia sobre o controle de movimentos


transfronteiriços de resíduos perigosos e seu depósito, em vigor no Brasil desde dezembro de 1992,
onde todo e qualquer resíduos perigoso ou não deve ser depositado no estado em que foram gerados,
evitando-se a “importação” de certos dejetos, que são indesejáveis no seu país de origem e que,
muitas vezes, são “exportados” para um novo aproveitamento em países subdesenvolvidos ou mais
benevolentes com o referido produto “importado”. Com isso, mais recentemente, a própria Agenda 21,
buscando soluções para os problemas do lixo sólido, fez propostas para a administração desses dejetos
agrupadas em quatro áreas-programas – redução do lixo, uso repetido e reciclagem, tratamento e
despejo ambientalmente saudável, ampliação dos serviços de lixo –, sendo que somente nessa última
área, por dados fornecidos pela própria ONU, serão necessários investimentos na ordem de 7,5 bilhões
de dólares anuais até o ano de 2025 para cobrir todas áreas urbanas ao redor do globo terrestre. Assim,
observa-se que com a própria evolução da humanidade, nesta sociedade consumista-tecnológica, existe
uma enorme relação entre a produção e o consumo com a geração de resíduos sólidos, pois um dos
subprodutos da primeira é exatamente o “lixo” proveniente da segunda, motivo pelo qual, cada vez
mais, devemos equipar a nossa sociedade com normas que possibilitem o menor grau de degradação do
homem e do ambiente em que vive.

É notório em matéria ambiental que a defesa dos interesses – quer sejam eles privados, públicos
ou difusos e coletivos – dependem de ampla discussão antes da sua aprovação em nossa legislação.
Percebe-se, então, que na questão existente em relação ao “lixo” proveniente da produção e consumo,
muito já se discutiu a respeito, o que resultou em uma legislação específica para o assunto, sempre se
observando a norma constitucional, que delineou os parâmetros básicos da legislação ambiental.

A sociedade humana tipicamente industrial-urbana enfrenta sérios problemas com relação à


disposição dos resíduos sólidos, gerados desde as etapas do processo de transformação de matérias-
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primas até o final da linha da sociedade consumista que o despejo no “lixo” em lixões ao céu aberto ou
noutros lugares, muitas vezes inapropriados para o destino final daquele lixo. Com isso, o planejamento
urbanístico previsto no artigo 182, da Constituição Federal, destina-se na aplicação de um plano diretor
pelo qual sejam alcançadas as diretrizes primordiais para um crescimento ordenado, de acordo com as
normas do atual urbanismo sustentável, pelo qual é possível a coexistência pacífica numa mesma área
de milhares de pessoas, com indústrias e áreas de serviço.

O “lixo” decorrente dessa sociedade consumista deve ser gerido para que não se produza qualquer
efeito negativo para a própria existência da raça humana, que já sofre hoje em dia com um meio ambiente
degradado. Obviamente que quanto maior o crescimento do conhecido fenômeno do aumento da área
das regiões metropolitanas, será gerado um número maior de resíduos sólidos, pois eles são diretamente
decorrentes do consumo humano, quer seja na fase de preparo, manejo, como propriamente dito, na
fase final que é o consumo humano.

A Portaria n. 053, editada no ano de 1979, pelo então Ministério do Interior, fixou a diretriz sobre
a matéria, com recomendação em relação aos planos e aos projetos de destinação final dos resíduos
sólidos, bem como proibição de incineradores em edificações residenciais, comerciais ou de serviços,
assim como a queima de lixo a céu aberto, vedação de seu lançamento em cursos d’água, lagos e
lagoas; exigências de acondicionamento e tratamentos especiais, aprovados por órgão estadual do
meio ambiente, dos resíduos de natureza tóxica ou que contenham substâncias inflamáveis, corrosivas,
explosivas, radioativas e outras consideradas prejudiciais.

Muito ainda deve ser feito, não só em relação à edição de legislações específicas sobre o tema,
como também no controle dos resíduos sólidos decorrentes da sociedade de consumo, por meio de
órgãos públicos com essa incumbência específica. Só para destacar, um pequeno segmento desse tema,
o Prof. José Afonso da Silva, em sua obra “Direito Ambiental Constitucional”, destaca que a legislação
existente sobre os resíduos e as emissões industriais “é insuficiente para reger adequadamente a
matéria” (São Paulo: Malheiros, 3. edição, fls. 184), pois o Decreto-lei n. 1.413, de 14.08.1975, regulado
pelo Decreto n. 76.389, de 3.10.1975, sobre o controle da poluição provocada por atividades industriais
é um “texto genérico”, visto que da produção industrial uma grande quantidade de resíduos sólida é
produzida e que, muitas vezes, não tem a devida destinação final.

Já o Mestre Paulo Affonso Leme Machado, em sua clássica obra “Direito Ambiental Brasileiro”, ao
tratar do assunto, ensina que as formas de destino final dos resíduos sólidos é matéria essencialmente
de engenharia sanitária, mas que produzem uma série de implicações jurídicas, motivo pelo qual o autor
divide a matéria de acordo com a finalidade do trabalho: depósito a céu aberto, depósito em aterro
sanitário, incineração, transformação do resíduo sólido em composto, reciclagem e recuperação de
energia. Assim, percebe-se que os resíduos sólidos podem sofrer suas modificações por meio de algumas
variantes, que, sem a menor dúvida, devem, de acordo com a finalidade do referido lixo, sofrer uma ou
outra destinação, produzir o menor impacto ambiental possível, em face dos princípios ambientais que
visam à produção de um meio ambiente sustentável. Isso tudo foi feito com o intuito de evitar que ao
redor das zonas urbanas fossem criados verdadeiros “lixões a céu aberto”, como vez ou outra a própria
imprensa denuncia, mas que, hoje em dia, é a realidade em uma minoria de municípios brasileiros, pois
desde a edição das normas a respeito, diversos órgãos públicos – Polícia Florestal, Ministério Público,
48
ECONOMIA

CETESB, Ministério do Meio Ambiente, entre outros – estão desempenhando um importante papel na
proteção do meio ambiente, acompanhado passo a passo o progresso de nossa sociedade.

Para concluir, os resíduos sólidos, também chamados de “lixo”, são produzidos pelo homem e por
sua sociedade pelas mais diversas formas – tais, como a líquida, gasosa ou sólida –, mas que devem ser
tratados com a maior seriedade possível, pois o nosso planeta corre o sério risco de virar um verdadeiro
“lixão ao céu aberto” se as legislações ambientais não forem melhoradas e aprimoradas, pois é notório
que muito ainda deva ser feito nesta área.

Pois como bem destacou o Prof. Antônio Herman V. Benjamin, com a devida firmeza no artigo “Crimes
Contra o Meio Ambiente: Uma Visão Geral” sintetizou o que ocorrerá se as devidas providências não
forem tomadas e sistematicamente melhoradas: “A revolução industrial, fenômeno que está na gênese
da nossa época, além da extraordinária produção de riquezas e de conforto para o homem, trouxe
consigo ameaças concretas à base biofísica que permite e abriga a humanidade, o aconchego planetário”
(in: Direito Ambiental em Evolução 2, Vladimir Passos de Freitas [org.]: Curitiba, Juruá, 2000).

Cada vez mais a sociedade deve exigir a melhoria do meio ambiente em que vive, por meio da
ampliação das modernas técnicas de utilização dos dejetos produzidos, e pela fiscalização não só dos
órgãos responsáveis por esse trabalho, mas, principalmente, pela sociedade civil organizada, que assim
poderá contribuir para a melhoria do nosso planeta. Finalmente, o estudo sistemático da matéria pelos
profissionais do Direito propiciará que atual sistema na defesa dos interesses metaindividuais, com a
localização das lacunas jurídicas-legais e correção de suas falhas, melhorem todo o sistema jurídico
e finalmente o nosso meio ambiente. Dessa maneira, brevemente, percebe-se que a Economia, como
ciência, também se encontra ligada às questões afetas ao consumidor e ao próprio direito protetivo do
meio ambiente.

8. ECONOMIA INTERNACIONAL

Comércio internacional e balanço de pagamentos

As transações econômicas de determinado país com o exterior, agrupadas segundo suas categorias
(reais e financeiras) e segundo seus fatos geradores (comércio de mercadorias, prestação de serviços,
transferências e movimentos de capital, nas formas de financiamento e de investimentos diretos),
resultam em saldos líquidos parciais, que produzem diferentes impactos sobre as condições internas de
equilíbrio e crescimento.

Essas transações são totalizadas em um levantamento de natureza contábil, que registra todos os
recebimentos de agentes econômicos do país (unidades familiares, empresas e governo) por fornecimentos
de produtos e fatores de produção a agentes econômicos de outros países. Em contrapartida, registra os
pagamentos por suprimentos originários do exterior. Tal levantamento de dados denomina-se balanço
internacional de pagamentos.

A classificação das contas, a metodologia de levantamento e o registro das transações agrupadas


no balanço internacional de pagamentos seguem padrões recomendados pelo Fundo Monetário
49
Unidade III

Internacional. A padronização atende a propósitos técnicos e de política externa, dado que as diferentes
composições estruturais das contas e seus mecanismos de ajuste, em casos de desequilíbrios conjunturais
ou crônicos, têm implicações internacionais, que podem ir além do interesse restrito de determinado país.
Segundo a padronização, as transações econômicas internacionais consideradas para o levantamento
do balanço de pagamentos abrangem quatro categorias:

a. Os fluxos comerciais de mercadorias e os de prestação de serviços com as correspondentes


contrapartidas financeiras.

b. Os movimentos puramente financeiros, resultantes de empréstimos internacionais de curto e de


longo prazo e de fluxos de entrada e saída de capitais para investimentos de risco.

c. As transferências unilaterais, a título de ajuda externa (auxílio e de donativos), ou remessas


pessoais realizadas independentemente de qualquer contraprestação.

d. As alterações nos estoques de ativos e de passivos internacionais do país, que se originaram das
transações consideradas.

Todas as transações econômicas internacionais, reais ou financeiras, expressam-se tanto sob a forma
de variáveis – fluxos e seus saldos definem – como sob fluxos líquidos. Por exemplo, a procura externa
líquida resulta dos saldos finais dos fluxos de comércio com mercadorias e serviços não financeiros;
e é uma variável – fluxo que expressa a porção internacional da procura agregada. Já os resultados
do balanço de pagamentos como um todo, déficits ou superávits, transmitem-se para as seguintes
variáveis: estoque, reservas cambiais e endividamento externo bruto.

O registro das transações econômicas internacionais e de seus resultados acumulados fundamenta-


se nos conceitos de agentes econômicos residentes e não residentes. São residentes todos os agentes
econômicos domiciliados ou estabelecidos no país; os não residentes são os fixados em outros países.
As empresas estrangeiras estabelecidas no país, embora seu patrimônio líquido seja de propriedade de
agentes econômicos não residentes, são tratadas como residentes.

Dessa forma, as transações inter e intraempresas estabelecidas em países distintos são tratadas
como transações internacionais, contabilizando-se os fluxos nos balanços de pagamentos dos países
envolvidos. As exceções a essa regra são as representações diplomáticas no exterior: suas transações
com os residentes no país em que se encontram sediadas são consideradas como internacionais.

Essas exceções justificam-se pelo conceito de território econômico, o mesmo adotado para cálculo
dos agregados econômicos nacionais: o território econômico de um país inclui os enclaves de suas
representações no exterior e exclui os ocupados pelas representações estrangeiras no país. Dados esses
critérios, o balanço internacional de pagamentos é definido como o levantamento, por critérios contábeis,
de todas as transações econômicas, reais e financeiras, que se realizaram durante determinado período
de tempo (normalmente um ano), entre os agentes econômicos residentes no país e os não residentes,
domiciliados em outros países. O período de um ano é o adotado nestes balanços internacionais.

50
ECONOMIA

O balanço de pagamentos

A estrutura do balanço internacional de pagamentos é definida a partir da natureza das transações,


que se agrupam em duas grandes categorias de contas: as transações correntes e os movimentos
de capital. As transações correntes englobam os fluxos reais de comércio e serviços e transferências
interagentes. Os movimentos de capital, por sua vez, abarcam as entradas e as saídas financeiras, na
forma de empréstimos e financiamento e de movimentos autônomos de capital, para investimentos no
setor real e aplicações no setor financeiro; bem como os pagamentos de exigibilidades, isto é, na forma
de amortizações.

Balança comercial

A balança comercial é o resultado líquido das transações com exportações e importações de


mercadorias. É a única categoria do balanço internacional de pagamentos que implica movimentações
visíveis entre fronteiras nacionais, na forma de produtos primários, semiprocessados ou de utilização
final, destinados ao consumo e à formação de capital fixo.

Para a maioria dos países, é a conta internacional de maior expressão. Por seu peso no balanço
como um todo, os resultados líquidos do fluxo de comércio acabam por definir as direções segundo as
quais se movimentarão as demais contas. Assim, países fortemente deficitários em comércio exterior ou
buscarão compensar os saldos negativos via superávits em serviços (um padrão de ajuste que se verifica
raramente), via abertura para investimentos estrangeiros no país ou ainda via tomada de empréstimo
e financiamentos no exterior. Essa última via, que é a forma de ajuste mais comum de cobertura de
déficits comerciais, implica endividamento externo.

Balança de serviços

A balança de serviços compreende as receitas e as despesas cambiais com transações como viagens
internacionais, transportes, seguros, rendas de capitais e serviços governamentais. No que tange às
rendas de capitais, que geralmente têm maior peso dentro da balança de serviços, cabe destacar que
abrangem os saldos líquidos das remessas de juros e de lucros.

Transferências unilaterais

Denominam-se também transferências não retribuídas. São os resultados líquidos de doações de


fontes privadas, de governos ou de instituições multilaterais, sem contrapartidas prévias ou futuras.
As operações de ONGs, cujo número tem crescido em todos os países, são geralmente financiadas por
transferências unilaterais, a maior parte originária de países de alta renda. Contabilizam-se ainda nessa
conta as remessas internacionais entre unidades familiares: de um lado, destinadas à manutenção de
residentes que se encontram no exterior; de outro lado, provêm de trabalhadores temporariamente
emigrados, que tendem a remeter seus países de origem partes das rendas recebidas no exterior.

51
Unidade III

Movimentos de capital

Os movimentos de capital são representados por entradas e saídas de ativos financeiros, de três
categorias básicas: movimentos autônomos de risco, atraídos pelas oportunidades de investimento nos
setores real e financeiro do país receptor; os financiamentos concedidos por bancos e fornecedores
estrangeiros para transações correntes, preponderantemente exportações e importações; e os empréstimos
de curto e de longo prazo tomados junto a organismos internacionais, agências governamentais e
instituições financeiras privadas de outros países.

Em cada uma dessas três categorias de fluxos financeiros, os valores registrados no balanço
internacional de pagamentos são expressos pelos saldos líquidos das respectivas transações entre
residentes e não residentes. Outra categoria de fluxo financeiro, também registrada na forma de fluxos
líquidos, expressa as amortizações de dívidas externas.

O papel das instituições multilaterais: FMI, Banco Mundial, OMC

Os períodos das duas grandes guerras mundiais, assim como os conturbados anos da Grande
Depressão, que culminaram com a crise político-financeira dos anos 1930, provocaram enormes
perturbações na economia de praticamente todos os países e, por conseguinte, nas relações econômicas
internacionais. Já ao final da Segunda Guerra Mundial evidenciava-se a necessidade de mudanças no
sistema de pagamentos internacionais.

Então, na conferência de Bretton Woods, de 1944, surgiram propostas de remodelagem do sistema


monetário internacional e, dentre elas, destacaram-se as de John Maynard Keynes. Dessa conferência nasceu um
novo sistema monetário internacional, que foi extremamente importante para o reflorescimento do comércio
mundial e sobre o qual se baseou o crescimento econômico do pós-guerra. Viabilizaram-se as transações
entre países, estabelecendo-se regras e convenções que regulassem as relações monetárias e financeiras que
não gerassem entraves ao desenvolvimento mundial. Nesse sentido, definiram-se o ativo (moeda) de reserva
internacional, sua forma de controle, sua relação com as diferentes moedas nacionais (o regime cambial),
os mecanismos de financiamento e ajustamento dos desequilíbrios dos balanços de pagamentos, o grau de
movimentação dos capitais privados e um sistema de relações jurídicas e econômicas, disposições que, em
conjunto, garantem até os dias atuais o funcionamento do sistema monetário internacional.

Para lidar com essas instabilidades, foram criadas três organizações internacionais: o Fundo Monetário
Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Fundo Monetário Internacional (FMI)

O Fundo Monetário Internacional, que ainda hoje supervisiona o sistema monetário internacional,
foi criado com os objetivos de:

a) Garantir a estabilidade financeira, eliminando práticas discriminatórias e restritivas aos pagamentos


multilaterais. O combate à inflação nos países membros é uma das preocupações relacionadas a
essa meta.
52
ECONOMIA

b) Socorrer os países a ele associados quando da ocorrência de desequilíbrios transitórios em seus


balanços de pagamentos. Quando esses desequilíbrios ocorressem, o FMI poderia financiá-los com
os chamados empréstimos compensatórios.

Banco Mundial

O Banco Mundial, também conhecido por BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e


Desenvolvimento), foi criado com o intuito de auxiliar a reconstrução dos países devastados pela
Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, para promover o crescimento dos países em via de
desenvolvimento. Essa instituição financeira tem seu capital subscrito pelos países credores na proporção
de sua importância econômica. A partir desse capital, ele empresta a taxas reduzidas de juros a países
menos desenvolvidos, com o intuito de promover projetos economicamente viáveis e relevantes para o
desenvolvimento desses países (especialmente tocantes à infraestrutura). Além disso, o BIRD também
funciona como avalista de empréstimos efetuados por capitais particulares para esses projetos.

Organização Mundial do Comércio (OMC)

Alguns anos depois da Conferencia de Bretton Woods foi criado o GATT (General Agreement
on Tariffs and Trade – Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio), cujo objetivo básico foi a busca da
redução das restrições ao comércio internacional e a liberalização do comércio multilateral. Com o GATT,
procurou-se estruturar um conjunto de regras e instituições que regulassem o comércio internacional
e encaminhassem a resolução de conflitos entre os países. Nesse sentido, esse organismo estabeleceu
como princípios básicos: a redução das barreiras comerciais, a não discriminação comercial entre os
países, a compensação aos países prejudicados por aumentos nas tarifas alfandegárias e a arbitragem
dos conflitos comerciais.

Desde sua criação, o GATT atuou especialmente por meio de sucessivas rodadas de negociações
entre os países envolvidos no comércio internacional e conseguiu, no pós-guerra, reduzir as barreiras
impostas a esse comércio. Com o acordo de Marrakesh, em abril de 1994, o GATT transformou-se na
Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil tem se destacado na OMC como um dos países mais
envolvidos em controvérsias, seja como reclamante, seja como reclamado.

A globalização como fenômeno multidimensional

Finalmente, o processo de globalização, fortemente vinculado aos fatores determinantes do


intercâmbio econômico, intensificou-se nos últimos dez anos com base em um conjunto de pré-
requisitos. Além disso, tal fenômeno tem produzido desdobramentos de alto impacto, que chegam até a
afetar o preceito tradicional de soberania das nações, com a consequente perda do poder dos governos
para o exercício da política econômica interna.

Dentre os fatores que possibilitaram a globalização, temos:

1-Integração: significa a consolidação dos processos de integração econômica e política das


nações – a constituições de novas esferas de coprosperidade. São exemplos desse processo: a
53
Unidade III

constituição de blocos econômicos em todos os continentes (como o NAFTA, na América do


Norte; o MERCOSUL, na América dos Sul; a União Europeia; a Comunidade Econômica da África
Ocidental; a Associação das Nações do Sudeste Asiático, na Ásia. Além disso, podem-se citar os
acordos multilaterais para o estabelecimento das áreas de livre comércio, removendo-se barreiras
nacionais de proteção.

2- Empresas transnacionais. É imprescindível que se note o crescimento numérico das


empresas transnacionais na comunidade mundial de negócios, que também ganharam
maior expressão nesse âmbito.

3- Tecnologia em áreas chaves. Deve-se ter em mente o notável avanço tecnológico ocorrido nas
últimas décadas e a queda vertical dos custos em áreas-chave para a atuação global – transportes,
comunicações, processamento e transmissão de dados. Isso facilitou não só o comércio de produtos
intermediários e finais, mas também os movimentos de capitais e a mobilidade de fatores de
produção interfronteiras.

4- Desregulamentação e liberalização. Houve várias políticas públicas de desregulamentação


e de liberalização, com o crescente empenho dos governos nacionais em melhorar os padrões
dos atributos construídos de competitividade. Isto se deu via maiores coeficientes de abertura a
produtos e a fatores reais e financeiros, em vez de proteger os mercados nacionais com barreiras
protecionistas. No Brasil, cuja economia é dotada de forte tradição protecionista, as tarifas
aduaneiras, entre 1989 e 2001, caíram de uma média de 41,5% para 11,5%, segundo dados da
CNI. Por mais que se fale nos benefícios trazidos pela globalização, é inegável que existem alguns
aspectos perversos, como o aumento de desemprego em muitos países.

Devido ao desenvolvimento tecnológico, torna-se necessária mão de obra cada vez mais qualificada,
marginalizando grande parte dos trabalhadores sem esse quesito. Os vários caminhos para a integração:
blocos econômicos, zonas de preferência tarifária, zonas de livre comércio, união aduaneira, mercado
comum, união econômica e monetária. Dentro da lógica da globalização, os diversos países adotam
diferentes estratégias para a sua integração comercial. Abaixo, são listadas as principais formas:

Blocos econômicos

São associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si e que tendem
a adotar uma soberania comum, ou seja, os parceiros concordam em abrir mão de parte da soberania
nacional em proveito do todo associado.

Os desenhos desses novos mercados, antes de representar uma nova realidade comercial em escala
mundial, tendem a transformar-se em um projeto político, resultante de uma decisão de Estados,
que pode resultar ou não no aprofundamento da integração entre os países que formam um bloco
econômico.

Os blocos econômicos podem classificar-se em zona de preferência tarifária, zona de livre comércio,
união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária.
54
ECONOMIA

1. Zona de preferência tarifária: esse primeiro processo de integração econômica consiste apenas
em garantir níveis tarifários preferenciais para o conjunto de países que pertencem a esse tipo de
mercado. A antiga Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) foi um exemplo de
Zona de Preferência Tarifária, pois procurou estabelecer preferências tarifárias entre os seus onze
membros, que eram todos os Estados da América do Sul, com a exceção da Guiana e do Suriname,
e mais o México. Em 1980, a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) substituiu a
ALALC.

2. Zona de livre comércio: quando constituem uma Zona de Livre Comércio (ZLC), os países parceiros
reduzem ou eliminam as barreiras alfandegárias, tarifárias e não tarifárias, que incidem sobre
a troca de mercadorias dentro do bloco. Esse é o segundo estágio no caminho da integração
econômica. O NAFTA constitui-se em exemplo de Zona de Livre Comércio, um acordo firmado
entre os Estados Unidos, o Canadá e México. Para o antigo GATT, um acordo comercial só
pode ser considerado uma Zona de Livre Comércio quando abarcar pelo menos 80% dos bens
comercializados entre seus países-membros.

3. União aduaneira: o próximo passo consiste na regulamentação de uma União Aduaneira, momento
em que os Estados-Membros, além de abrir mercados internos, regulamentam o seu comércio de
bens com nações externas, já funcionando como um bloco econômico em formação. A União
Aduaneira caracteriza-se por adotar uma Tarifa Externa Comum (TEC), a qual permite estabelecer
uma mesma tarifa aplicada a mercadorias provenientes de países que não integram o bloco.
Nessa fase, dá-se início à formação de comissões parlamentares conjuntas, aproximando-se o
Poder Executivo dos Estados nacionais de seus respectivos Legislativos. O Brasil, a Argentina, o
Uruguai, a Venezuela e o Paraguai (países integrantes do MERCOSUL) constituem, na atual fase
de desenvolvimento, uma União Aduaneira que luta para se transformar em um Mercado Comum.

4. Mercado comum: apresenta-se como um processo bastante avançado de integração econômica,


garantindo-se a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais, ao contrário da fase como
União Aduaneira, quando o intercâmbio se restringia à circulação de bens. No Mercado Comum
circulam bens, serviços e os fatores de produção (capitais e mão de obra) e pressupõe-se a
coordenação de políticas macroeconômicas, devendo todos os países-membros seguir os mesmos
parâmetros para fixar taxas de juros e de câmbio e para definir políticas fiscais. A Comunidade
Econômica Europeia, a partir de 1993, transformou-se em um bloco econômico do tipo mercado
comum.

5. União econômica e monetária: constitui o estágio mais avançado do processo de formação de


blocos econômicos, contando com uma moeda única e um fórum político. No estágio de União
Econômica e Monetária tem de existir uma moeda única e uma política monetária inteiramente
unificada e conduzida por um Banco Central comunitário. Para se chegar ao estágio de União
Econômica e Monetária, há que se atravessar toda uma série de momentos que demandam tempo
e discussões entre os países-membros. Assim, cada acordo significa um avanço em relação às
situações anteriores de níveis de integração, sempre dependente da vontade política dos parceiros
que fazem um determinado bloco econômico em processo de integração.

55
Unidade III

Logo, mesmo existindo essa divisão, no dia a dia da economia internacional e seus complicados
mecanismos percebe-se que diversas dificuldades são postas a prática. Por exemplo, o MERCOSUL não
dispõe atualmente de instituições supranacionais, mas são transparentes os avanços em seu processo de
fortalecimento e consolidação, em que pesem as crises conjunturais no plano da integração econômica.

O NAFTA, tudo indica, parece não pretender adotar o princípio da livre circulação de trabalhadores,
embora tenha avançado bastante no que diz respeito ao volume das trocas comerciais. Já a União
Europeia, originada da Comunidade Econômica Europeia, por seus avanços em meio século de
negociações, tornou-se o maior exemplo de um processo de formação de bloco econômico no mundo
contemporâneo. A ideia da construção efetiva de uma organização aberta para reunir países europeus
partiu de uma proposta de Robert Schuman, ministro francês das Relações Exteriores, em 1950, ao
demonstrar os interesses comuns da França e da Alemanha Ocidental quanto aos recursos naturais do
carvão e do aço no território europeu. Percebe-se que o estudo da economia internacional e todas as
suas respectivas transações econômicas internacionais, reais ou financeiras são essenciais a compreensão
desse cenário internacional e a respectiva inserção econômica das nações.

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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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