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Macroeconomia -3º Ano, I º Semestre------------------------------------Ivandro G.

de Abreu Ribeiro

INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


MACROECONOMIA
Io Semestre/2023

TEMA : MODELOS MACROECONÓMICOS

Ficha 1

1. Introdução

1.1. Cálculo do PIB


1.1.1. PIB Pelo Método do Dispêndio

Ao calcular o PIB pelo método do dispêndio, divide-se a produção em quatro categorias,


segundo o grupo da economia que a adquire. São estas as quatro categorias:
1. Consumo das famílias (C), ou seja, bens e serviços comprados por elas.
2. Investimentos privados (I), comprados pelas empresas.
3. Gastos Públicos (G), ou seja, bens e serviços comprados pelas administrações Públicas.
4. Exportações Líquidas (NX), bens e serviços comprados por estrangeiros, menos as
importações.

PIB = C + I + G + NX

 O Consumo das Famílias (C)


Consumo é o gasto em bens e serviços realizado pelas famílias, incluindo tanto bens perecíveis
como duráveis. É o elemento mais importante do PIB, pois absorve mais da metade da
produção total.
Praticamente tudo o que as famílias compram durante um ano (alimento, roupas, gasolina, etc)
faz parte do gasto em consumo incluído no PIB. Existem, porém, duas classes de mercadorias
que as famílias compram e que não são incluídas no consumo porque não são produzidas no ano,
portanto, não fazem parte do PIB. Como já concentamos, trata-se dos bens usados (carros de
segunda mão ou livros usados, por exemplo) e dos activos (acções, bónus ou imóveis, por
exemplo).

 Investimentos Privados

O edifício ocupado por um hotel, a casa onde vivemos, o equipamento de ar condicionado de


um escritório, tudo isso são bens de capital, isto é, bens que prestarão serviços úteis nos anos
futuros. A soma do valor de todos esses bens de capital de um país compõe seu estoque de
capital. Trata-se, obviamente, de uma variável estoque: o valor dos bens de capital existentes em
determinado momento de tempo.

Estoque de capital é o valor de todos os bens que proporcionarão serviços úteis no futuro.
Investimento privado é o incremento do estoque de capital de um país durante um ano.

 Análise dos elementos que integram o investimento.


Compras empresariais de imóveis e equipamentos
As fábricas e equipamentos que acabaram de ser produzidos são considerados bens finais, e as
empresas que os adquirem, usuários finais desses bens.
As compras de fábrica, edifícios e equipamentos constituem a maior parte de investimento
privado.

Construção residencial
Embora a maioria dos imóveis novos se destine a aquisição por famílias e, por isso, possa ser
considerada um gasto em consumo, todos eles são considerados, na realidade, um gasto em
investimento. Isso porque os imóveis residenciais constituem uma parte importante do estoque de
capital de um pais, pois continuarão proporcionando serviços no futuro. Portanto, se querem que
a medição do gasto em investimento privado corresponda ao incremento do estoque de capital do
país, precisamos incluir no investimento essa importante categoria da formação de capital.

Variação de estoque
Os estoques são os bens produzidos que ainda não foram vendidos. Incluem os bens estocados
nas prateleiras das lojas e nos armazéns, os bens que se encontram em processo de produção nas
fábricas e as matérias primas que ainda serão utilizadas. No cálculo do PIB, a variação dos
estoques das empresas é contabilizada como parte do investimento, pois, quando os bens são
produzidos, mas não vendidos durante o ano, terminam entre os bens inventariados pelas
empresas.

 Gasto Público (G)


Gasto público (G) compreende o consumo do sector público e as aquisições de investimento. O
investimento do sector público refere-se as compras de bens de capital realizadas pelos distintos
níveis que integram o sector público. O restante das compras é considerado consumo público:
gasto em bens e serviços utilizados durante o ano. Isso inclui os salários de quem trabalha no
sector publico ou não, e as matérias-primas utilizadas pelos diversos órgãos públicos.

O gasto público inclui: 1) as compras feitas pelos distintos níveis da administração pública. 2) os
bens (automóveis, material de escritório, imóveis) e os serviços, como aqueles prestado pelos
deputados ou pela polícia.

 Exportações Liquidas (NX)


Os estrangeiros compram bens e serviços produzidos em Moçambique. Essas exportações fazem
parte da produção moçambicana de bens e serviços, por isso são incluídas no PIB. Por outro lado,
os moçambicanos compram bens e serviços produzidos fora do país. Levando em conta este
facto, ao somar as compras finais das famílias, das empresas e do sector público, podemos estar
sobrestimando a produção moçambicana, porque teremos incluído bens e serviços produzidos no
exterior que não fazem parte da produção moçambicana. Para corrigir esse excesso, devemos
deduzir todas as importações do país durante um ano, o que nos deixará apenas com o que foi
produzido dentro das nossas fronteiras.

NX = X – M

Quando uma empresa vende produtos a um país estrangeiro, esses produtos são considerados
bens finais, mesmo que na realidade sejam bens intermediários, pois, mesmo sendo de produção,
sua transformação posterior não repercutirá na economia do pais de origem.

Assim, de tudo isso se depreende que, para calcular o PIB pelo método do dispêndio, soma-se o
valor dos bens e serviços que cada um dos distintos usuários finais adquire.

A soma de todos os gastos em bens e serviços realizados pelos diferentes agentes económicos, ou
seja, os consumidores (c) , as empresas (I), o sector publico (G) e o sector externo (NX), é o PIB
a preços de mercado (PIBpm).

PIBpm = C + I + G + NX

1.2. Outros Raciocínios Para Calcular O PIB

Além do método do dispêndio, há outras formas de calcular o PIB: uma é a do valor agregado, a
outra é a do custo de produção.

1.2.1. O PIB Pelo Método do Valor Agregado

Um método alternativo ao custo dos factores para calcular o PIB parte do conceito de valor
agregado e da distinção entre bens intermediários e bens finais. Por esse método, obtêm-se o PIB
somando o custo de produção dos bens e serviços finais ou, o que da no mesmo, o valor agregado
gerado por todas as actividades produtivas realizadas em determinado pais.

Valor agregado é a diferença entre o preço de venda de um bem, sem levar em conta os impostos
indirectos, e o custo dos bens intermediários adquiridos para a sua produção.

Para uma empresa, o valor agregado é a receita auferida por meio das vendas menos o custo dos
bens intermediários adquiridos.

Empresa Custo dos factores Preço de Venda Valor agregado


(Etapa de Produção) (Prod (em reais) (em reais)
Intermediários)
Agricultor 0 5 5–0=5
Moinho 5 15 15 – 5 = 10
Padaria atacadista 15 25 25 – 15 = 10
Distribuidora 25 36 36 – 25 = 11
Total = 36

1.2.2. O PIB Pelo Método dos Custos

Para obter o PIB pelo método da receita, renda ou custo de factores, temos de somar as receitas
ou rendas auferidas pelas economias domésticas em troca de seu aporte de factores ou recursos ao
processo produtivo.

Sob esse enfoque, o PIB deve ser igual ao custo total dos factores pago por todas as empresas na
economia. Analogicamente, pode-se calcula-lo somando todas as receitas (salários, alugueis,
juros e lucros) obtidas por todas as famílias da economia.

Este método evidencia uma importante realidade da macroeconomia: o PIB (a produção total de
uma economia) é igual a renda gerada nessa mesma economia.
1.3. Equivalência dos dois factores

Se pretendemos medir PIB como um fluxo de produtos finais, isto é, segundo o enfoque do
dispêndio, devemos considerar o que as famílias consomem ao ano de bens e serviços finais. Para
valorar os diferentes bens e serviços, utilizamos os preços de mercado.

Se, alternativamente, preferimos calcular o PIB segundo o enfoque das receitas ou dos custos,
devemos considerar todos os custos das empresas, isto é, os salários pagos aos trabalhadores, os
alugueis pagos aos proprietários dos imóveis e dos terrenos, os lucros pagos ao capital.
Logicamente, o que é um custo para uma empresa será a receita auferida por uma família. O
fluxo anual dessas receitas nos permite obter o PIB, que também expressa os custos de produção
dos bens finais da economia.

1.4. A Relação entre o PIB a preços de Mercado e o PIB a Custo de Factores


Para estabelecer uma relação entre o PIB a preços de Mercado (PIBpm) e o PIB a custo de
factores (PIBcf), devemos considerar os impostos indirectos e os subsídios. Assim, para passar
do PIBcf ao PIBpm, devemos somar os impostos indirectos e deduzir os subsídios.
Os subsídios são transferências do sector público as empresas e, portanto, reduzem o custo real da
produção.

Enfoque do Produto ou Gasto Enfoque dos Custos ou Receitas


Consumo (C) Salários e Outras rendas derivadas de Trabalho
+ +
Investimento Privado Bruto (I) Juros, alugueis e outras rendas derivadas da
propriedade

+ +
Gasto Publico (G) Impostos indirectos
+ +
Exportações Liquidas (NX) Depreciação ou Amortização
+
Lucros

Levando em conta os impostos e os subsídios, o PIB a preços de mercado, obtido a partir do PIB
a custo de factores, é expresso:

PIBpm = PIB + Ti – S

1.5. PIB Real e PIB Nominal: Os Índices de Preços e a Inflação

O PIB a preços correntes é medido pelos preços existentes quando se realiza a produção,
enquanto o PIB a preços constantes é medido pelos preços de um ano base específico.

Como os preços dos diferentes bens variam em diferentes proporções, tentamos sempre
estabelecer uma variação “ Geral” de preços. Para tanto, recorremos aos índices de preços.

Índices de preços são medias ponderadas dos preços de cada período nos quais cada bem ou
serviço é valorado, de acordo com o seu peso ou importância para o produto total.

1.5.1. Índice de Preço ao Consumidor (IPC)


Descobrir a evolução do preço dos bens individualmente considerados, a gasolina, o transporte
público ou o cinema, por exemplo, é fácil, basta comparar os preços em dois momentos de
tempo. No entanto, medir como aumentam os preços em geral durante determinado período não
é uma tarefa simples, já que os bens e serviços comprados e vendidos são de inúmeros tipos, e as
evoluções que experimentam costumam diferir significamente, e é justamente essa a informação
que nos interessa.

O índice de preço ao consumidor é uma medida dos preços agregados, calculada como uma
media ponderada dos bens de consumo finais. O gasto da família medida em cada bem constitui a
ponderação utilizada.

Apresentamos a evolução dos preços durante três anos, definida como a diferença entre o preço
em 31 de Dezembro do ano anterior e o preço em 31 de Dezembro do ano actual.

Nivel de Preços ( em 31 de Dezembro de cada ano)


2004 2005 2006
Alimentos 8 7 12
Transporte 5 6 7
Moradia 800 900 1.000
Vestuário, Lazer e 9 11 15
Outros

No caso em questão, o mês de Dezembro de 2004 é o que se toma como período base para o
cálculo do índice do IPC.

A maneira tradicional de calcular o IPC consiste em aplicar um índice de Laspeyres


convencional. Nesse caso, segue-se este procedimento de cálculo:

1. Mede-se o preço de cada bem ou serviço em todos anos para os quais se pretende calcular
o IPC.
2. Escolhe-se um ano como base e calcula-se, para esse, a percentagem do gasto da família
media em cada bem.
3. Calcula-se o IPC como uma media ponderada dos quocientes para cada produto, entre o
preço no ano em questão e o preço no ano base.

Percentagem do Gasto da Família medida em cada tipo de bem


2004
Bem ou Serviço Percentagem do gasto em 2004
Alimentos 20
Transporte 15
Moradia 10
Vestuário, Lazer e Outros 55
Total 100

IPC2004 = 20(8/8) + 15(5/5) + 10(800/800) + 55(9/9) = 100


IPC2005 = 20(7/8) + 15(6/5) + 10(900/800) + 55(11/9) = 113,97
IPC2006 = 20(12/8) + 15(7/5) + 10(1.000/800) + 55(15/9) = 155,17

Como o ano 2004 foi tomado como base, o índice de preços ao consumidor nesse ano assume o
valor de 100.

Desses dados deduzimos que os preços, medidos pelo IPC, aumentaram 13,97 por cento entre
2004 e 2005 e 55,17 por cento em 2006. Como durante os dois anos os preços subiram, dizemos
que houve inflação.

Produzido por:
Ivandro Gilberto de Abreu Ribeiro
Fevereiro de 2023

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