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Macroeconomia
Fundamentos de Economia
Introdução
Neste Capítulo, você vai compreender as principais medidas de avaliação do
comportamento de uma economia como um todo, sendo capaz de distinguir
os fenômenos da macroeconomia e da microeconomia. Você será
introduzido aos principais instrumentos da política macroeconômica, o que
lhe permitirá realizar análises práticas a partir desses. Também deverá ser
apresentado às medidas de mensuração da atividade econômica de um
país, entendendo os agregados que descrevem a economia através da
produção e da circulação de bens, assim como o fluxo monetário necessário
para sua efetivação. Por fim, você será capaz de relacionar os efeitos da
atividade econômica e das expectativas dos agentes sobre o nível geral de
preços da economia, compreendendo as principais causas e consequências
da inflação. Dessa forma, ao final deste Capítulo, você entenderá como o
contexto econômico no qual está inserido pode influenciar tomadas de
decisão no nível da organização, bem como de decisões pessoais.
1. Introdução à Macroeconomia
Você já deve ter percebido que, em determinados momentos, é muito fácil
encontrar um emprego, enquanto em outros, a oferta de vagas é reduzida.
Também já deve ter notado que o seu salário, que em um ano lhe permitia
adquirir uma certa quantidade de produtos, em outro ano pode não lhe dar
a mesma capacidade de compra. Tais fenômenos moldam como você se
insere nos mercados de trabalho e de consumo de bens, ou seja, definem o
contexto no qual você se insere em um sistema econômico. E é justamente
este o objetivo da macroeconomia: compreender e descrever as condições
econômicas que determinarão o comportamento dos agentes do mercado
(consumidores, investidores e firmas).
Essa breve contextualização provavelmente fez você refletir sobre as
principais diferenças entre a microeconomia e a macroeconomia. Conforme
visto anteriormente, a microeconomia tem o intuito de aprofundar as
questões relativas ao comportamento dos agentes econômicos, de modo a
permitir a compreensão de como eles interagem nos mercados formando
preços. Nesse sentido, são objetos da microeconomia questões relativas às
decisões de compra por parte do consumidor, à alocação dos insumos
produtivos para se ofertar uma quantidade que maximize o lucro por parte
da firma e à realização de investimentos para elevação de capacidade de
produção.
famílias (despesas da sociedade civil com bens e serviços finais), dos gastos
do governo, dos gastos com investimentos por parte das empresas e, por
fim, do saldo da balança comercial, que nada mais é do que a diferença
entre o valor gerado pelas exportações nacionais e o valor gasto com as
importações;
P R AT I Q U E
Como já discutido, a renda gerada para as empresas por meio das vendas de
bens e serviços servirá para o pagamento dos fatores de produção (salário,
aluguel e lucros), os quais retornarão à economia por meio do consumo dos
bens e serviços. As empresas que comercializam os bens dessa economia
obtiveram ganhos de receita que foram, na realidade, resultado do aumento
dos preços (observe que as quantidades produzidas nos dois anos foram
iguais). Nesse sentido, a população irá gastar mais com sua cesta de
consumo. Portanto, para saber se houve algum ganho real de bem-estar, é
preciso analisar o comportamento do PIB Real, cujo ano-base será 2013.
Assim, vamos calcular o PIB Real de 2014, considerando os preços
estabelecidos no ano- base.
Quando calculamos o PIB dos dois anos com os preços fixados em 2013,
observamos um resultado diferente: o crescimento do PIB no período foi
nulo (0%), o que nos remete à ideia de que a atividade econômica desse país
está estagnada. Por que isso aconteceu?
Com base na fórmula do PIB Real apresentada, você saberia calcular qual foi
a taxa de inflação de 2014 em relação a 2013?
1.1.2 Desemprego
A taxa de desemprego de uma economia é dada pela divisão do número de
desempregados pelo total da população disponível no mercado de trabalho.
De maneira geral, a Teoria Econômica distingue o desemprego por meio de
três categorias: friccional, cíclico e estrutural.
1.1.3 Inflação
A inflação se refere ao movimento de elevação dos níveis de preços gerais
de uma economia. Sua mensuração se dá através de números-índices, que
lhes permitirão calcular uma variação percentual para cada período de
análise. Usualmente, os indicadores de inflação são divididos de acordo com
a cesta de bens que os constitui:
Se, por exemplo, o preço do livro foi para R$ 60,00 e o da hora de lazer foi
para R$ 42,00, note que agora você deverá adquirir menores quantidades
dos dois bens: a aquisição de 9 livros lhe custaria agora R$ 540,00, enquanto
a mesma quantidade de horas de lazer lhe exigiria um montante de R$
420,00. Nesse sentido, para manter a mesma capacidade de compra, você
deveria estar ganhando R$ 960,00, e não R$ 840,00.
Por que isso aconteceu? Perceba que os preços das mercadorias que
costuma adquirir evoluíram em 10%, ao passo que seu rendimento cresceu
apenas 5%. Essa relação entre preços e renda determina o poder de compra
do consumidor. Em processos inflacionários, os rendimentos podem crescer
em menor velocidade quando comparados à evolução dos preços, de modo
que, na prática, se observa uma menor capacidade de compra. Portanto, um
dos principais resultados de processos inflacionários pode ser a corrosão do
poder de compra dos indivíduos, o que resulta em uma redução do bem-
estar.
Se você acredita que o preço do insumo que está negociando vá sofrer uma
elevação de preço de cerca de 15% em 12 meses, e o seu fornecedor está
disposto a fechar o contrato a preços presentes para pagamento em duas
parcelas, uma à vista e outra ao final de 12 meses, você tende a aceitar a
proposta. Isso porque, mesmo exigindo 50% do pagamento no ato da
assinatura do contrato, ao final do período você deveria pagar 15% a mais
pelo restante da compra. Logo, as expectativas quanto à inflação são muito
importantes para diversos tipos de decisões no nível da firma.
P R AT I Q U E
Assim como a política fiscal, a política monetária pode ser dividida de acordo
com o seu fim:
Todas essas medidas, contudo, são apenas instrumentos auxiliares que dão
“dicas” a respeito do comportamento da atividade econômica. Na prática,
conforme já vimos inicialmente, precisamos entender o processo de
mensuração do Produto Nacional e da Renda Nacional. Para tanto,
imaginemos uma economia que produza apenas dois tipos de bens:
alimentos e vestuário, tendo os seus resultados apresentados na tabela a
seguir:
Tabela 3 – Valor total da produção e total de renda gerada
Fonte: Adaptado de GIANNETTI DA FONSECA, 2011, p. 237.
Observe que a tabela apresentada não contempla a mensuração dos
insumos intermediários. Por exemplo, para fabricar alimentos, foi necessário
utilizar sementes, defensivos, entre outros insumos. Da mesma forma, para
produzir vestuário, é necessário utilizar fibras, tecidos etc. Por que, ao expor
o processo de Mensuração do Produto e da Renda Nacional, não
contabilizamos as transações intermediárias, ou seja, as transações que se
referem à compra de insumos e que ocorrem entre empresas? A resposta
para essa pergunta é muito mais simples do que se imagina, pois o valor
dessas transações já está “embutido” no preço final dos produtos vendidos
ao mercado consumidor. Nesse sentido, se contabilizássemos esse tipo de
transação no produto nacional, enfrentaríamos um problema de “dupla
contagem”.
DN = C + I + G + (X-M) , onde:
S = RN – C , onde:
Como todo equipamento tem uma vida útil, chega um dado momento que a
empresa que o utiliza precisa substituí-lo. Toda reposição de um maquinário
já obsoleto não eleva a capacidade de produção, mas a mantém. Nesse
sentido, ao inserirmos na análise o conceito de depreciação, cria-se uma
nova medida do Produto Nacional, o Produto Nacional Líquido (PNL):
Por exemplo, imagine uma empresa brasileira que tenha uma filial localizada
na França. Nesse caso, temos um capital nacional sendo empregado em
outro país, mas que pode remeter lucros para cá. Ao mesmo tempo, temos
muitas empresas estrangeiras operando em território nacional; para fabricar
os produtos, utilizam mão de obra e matéria-prima daqui, mas remetem
seus lucros para as matrizes. Por meio desses dois exemplos, podemos
desenhar um fluxo de capital que não respeita fronteiras: rendas geradas
em outros países são constantemente remetidas para cá, assim como
empresas de capital estrangeiro remetem rendas geradas internamente.
Delimitamos que a diferença entre esses dois movimentos (entrada e saída
de capital), que decorrem de transferências externas, caracteriza a Renda
Líquida dos Fatores Externos (RLFE):
SAIBA MAIS
MANKIW, N.G. (2009): “Produto Nacional Bruto (PNB) é a renda total dos
residentes permanentes de um país. Difere do PIB por incluir a renda que
nossos cidadãos ganham no exterior e por excluir a renda que os
estrangeiros ganham aqui. Por exemplo, quando um cidadão do Canadá
trabalha temporariamente nos Estados Unidos, sua produção é parte do PIB
americano, mas não é parte do PNB americano (sua produção é parte do
PNB canadense). Para a maioria dos países, incluindo os Estados Unidos, os
residentes domésticos são responsáveis pela maior parte da produção
interna, de modo que o PIB e o PNB são muito próximos.”
Para entender o que isso quer dizer, imagine que você é um fabricante de
ventiladores e que o verão tem apresentado temperaturas muito elevadas, o
que impulsiona a demanda acima da sua expectativa. Tendo em vista que
possui algumas máquinas ociosas no processo produtivo, e que há
desemprego na economia, você consegue elevar sua produção sem ter que
elevar os preços dos ventiladores.
DA = C + I + G + (X – M) , onde:
SAIBA MAIS
C = ƒ(Y ) , onde
d
Yd = Y – T , onde
C = a + b(Y , onde:
d
S = Y - C , onde
d
S = Yd – (a + bYd )
S = Y d – a − bY d
S =– a + (1 − b)Yd , onde
A unidade monetária de cada país é definida por lei. No Brasil, temos o Real,
representado simbolicamente por “R$”; nos Estados Unidos, o dólar (US$);
na Inglaterra, a Libra Esterlina (£) etc.
SAIBA MAIS
m = 1/r , onde:
m = M/B , onde:
SAIBA MAIS
Como os compulsórios foram utilizados para fazer face aos efeitos no
Brasil, da crise internacional de 2008 (Crise do Subprime)?
r = [(1+i)/(1+π)] – 1 , onde:
i = 0,1; π = 0,012
Aplicando a fórmula:
r = [(1+0,1)/(1+0,012)] – 1 r = (1,1/1,012) – 1
r = 0,087
Porque a moeda não fica parada. Uma mesma unidade monetária pode ser
a base de mais de uma transação. Imagine que você saque uma parcela do
seu salário e vá realizar compras. O dinheiro que você utiliza servirá como
troco de alguma outra venda. Esse troco será utilizado em outra transação, e
assim por diante. Então, para que se possa estabelecer essa
correspondência, faz-se necessária a elucidação de mais um termo:
velocidade-renda da moeda.
Seu cálculo é dado por meio da divisão do PIB nominal pelo saldo dos meios
de pagamento (M): V = PIB nominal/M
MV = Py, onde
2.4 Inflação
A inflação é a elevação generalizada dos preços dos bens em uma economia.
Quando existente em níveis elevados e por longos períodos de tempo,
constitui-se numa ameaça ao valor real da moeda. Mas seus efeitos vão
muito além do que foi discutido até aqui. E o diagnóstico correto de suas
causas é a base para a condução de políticas fiscais e monetárias assertivas.
Este Capítulo, portanto, tem o intuito de aprofundar as causas e os efeitos
de processos inflacionários na economia.
Segundo o fundamento de mercado para que haja elevações nos preços dos
bens, qualquer nível de preço que estabeleça uma procura maior que a
oferta, ou seja, qualquer nível de preço que esteja abaixo do preço de
equilíbrio, tende a puxar os preços para cima. Mas esse evento se refere a
um mercado específico, e não à economia como um todo.
Por exemplo, qual dos choques apresentados a seguir tende a causar maior
pressão inflacionária? Imaginemos que as plantações de laranja na Flórida
sejam afetadas severamente pelos furacões em uma determinada safra, o
que fará com que o preço da laranja no mercado internacional sofra
pressões positivas. Essa elevação do preço da laranja irá alterar os custos de
produção da indústria de suco de laranja. No entanto, na economia como
um todo, na medida em que o extrato/suco de laranja não é um insumo
essencial, a maioria das cadeias produtivas não sofre impactos diretos desse
aumento.
Nessas situações, o governo costuma atuar por meio das políticas de renda,
fixando/congelando os preços. Mas essas medidas não se sustentam no
longo prazo, podendo, inclusive, acentuar a inflação quando retiradas. Foi o
que aconteceu em alguns planos econômicos de combate à inflação.
SAIBA MAIS
Você já deve ter ouvido falar a respeito do processo inflacionário que foi
resolvido com a implementação do Plano Real. Mas quais foram as razões de
tamanho sucesso?
Síntese
Neste Capítulo, você entrou em contato com as principais variáveis e
problemas da macroeconomia. Ao aprofundar os tópicos, entendeu como o
governo costuma combater os efeitos danosos de cada etapa dos ciclos
econômicos.
Referências Bibliográficas
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Depósitos Compulsórios : com informações
até março de 2015, 2015. Disponível em: <
http://www4.bcb.gov.br/pec/gci/port/focus/FAQ%2012-
Dep%C3%B3sitos%20Compuls%C3%B3rios.pdf >. Acesso em: 2 jul. 2015.