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Sumário
Apresentação 3
Apresentação
Para compreender melhor tudo o que você terá nessa jornada de estudos, ações,
títulos, derivativos e todos esses nomes que você vai ouvir muito daqui pra frente,
precisamos começar do básico: os conceitos econômicos.
Para entender cada uma dessas decisões coletivas que afetam nosso dia a dia,
veremos nesta apostila alguns conceitos que englobam grande parte do estudo de
economia, tais como: macroeconomia (economia agregada), microeconomia (como
as empresas e consumidores se comportam), os indicadores econômicos e muito
mais.
Por que a
macroeconomia é
chamada de economia
agregada?
A macroeconomia é basicamente o estudo de estados de equilíbrio da economia,
seja um país, uma empresa, etc.
Famílias consomem bens produzidos pelas empresas. Para que os bens sejam
produzidos, é necessária a transformação de insumos e dos fatores de produção –
capital e trabalho.
Fazendo uma troca, as famílias cedem sua força de trabalho e seu capital, que será
remunerado - em forma de salário ou juros de aplicações.
Num sistema fechado, toda a renda obtida é utilizada para o consumo, gerando o
equilíbrio da economia.
Elaboração: Empiricus
O Sistema de Contas
Nacionais (SCN)
O Sistema de Contas Nacionais é a ferramenta que organiza e apresenta a geração de
renda de um país.
É a partir dele que chegamos aos agregados macroeconômicos como o PIB e seus
pares menos conhecidos – Produto Nacional Bruto (PNB), Produto Interno Líquido (PIL),
etc.
O SCN utiliza a lógica do fluxo circular de renda, isto é, se entrou dinheiro em algum
lugar significa que esse mesmo valor saiu de outro lugar.
Por isso, a sua estrutura é composta por balancetes, ferramenta contábil que equilibra
as contas de débito (saída de recursos) e crédito (entrada de recursos). Ao final, o total
de crédito deve ser igual ao total de débito.
Disciplina 1: Mercado Financeiro, Mercado de Capitais e Macroeconomia 6
Imagine que a sua renda é composta pelo seu salário de R$3.000,00 e o aluguel de um
imóvel de sua propriedade, no valor de R$2.000,00.
Os seus gastos mensais são de R$1.000,00 com alimentação, R$500,00 com transporte,
R$500,00 com educação, R$300,00 com lazer e R$700,00 com outras despesas, lhe
sobrando ainda R$2.000,00 para poupar/investir.
Um balancete que expresse seu equilíbrio financeiro mensal ficaria dessa forma :
Débito Crédito
Alimentação R$ 1.000,00 Salário R$ 3.000,00
Transporte R$ 500,00 Aluguel R$ 2.000,00
Educação R$ 500,00
Lazer R$ 300,00
Outras despesas R$ 700,00
Poupança R$ 2.000,00
Total débito R$ 5.000,00 Total crédito R$ 5.000,00
Elaboração: Empiricus
Pensando numa estrutura mais completa, seus créditos são o débito do seu chefe e do
seu inquilino, e seus débitos também entrarão no crédito de outras famílias. Essa será a
lógica principal que utilizaremos daqui para frente.
Como vimos pelo FCR, temos duas contas principais que devem se equilibrar na
economia, a conta da geração de renda (das empresas) e da alocação dessa renda (das
famílias).
Importante: os 5 balancetes são integrados, dessa forma, todo crédito tem um débito
correspondente mas não necessariamente você o encontrará na mesma tabela.
Utilize os códigos na frente de cada lançamento para encontrar sua respectiva
contrapartida.
A conta da apropriação
Débito Crédito
Consumo das famílias (C) Salários pagos (A1)
Poupança das famílias (J) Lucros distribuídos (A2)
Lucros retidos pelas empresas (F) Aluguéis pagos (A3)
Impostos diretos pagos pelas famílias (T1) Juros pagos (A4)
Impostos diretos pagos pelas empresas (T2) Lucros retidos pelas empresas (F)
Outras receitas correntes do governo (V) Outras receitas correntes do governo (V)
Impostos diretos pagos pelas empresas menos subsí-
dios (T2 - N2)
Transferências às famílias (M1)
Transferências às empresas (M2)
Utiizacão da renda nacional líquida a custo de fatores Renda nacional líquida a custo de fatores mais
mais transferências transferências
A conta de apropriação mostra de que maneira as famílias alocam a renda recebida pela
troca dos fatores de produção.
Veja que no crédito temos a renda, ou seja, o recurso total que as famílias e o governo
possuem para consumir, dada pela conta do débito. Devido a igualdade entre crédito e
débito, o que não é consumido da renda vira poupança.
Disciplina 1: Mercado Financeiro, Mercado de Capitais e Macroeconomia 8
A conta da produção
Conta da produção
Débito Crédito
Importações de bens e serviços (Mbs) Consumo das famílias (C)
Renda líquida enviada ao exterior (RLEE) Consumo do governo (G)
Salários pagos (A1) Formação bruta de capital fixo (FBKF)
Lucros distribuídos (A2) Variação de estoques
Aluguéis pagos (A3) Exportação de bens e serviços (Xbs)
Juros pagos (A4)
Depreciação (B)
Fonte: Paulani, Leda Maria. A nova contabilidade social: uma introdução à macroeconomia.
No Brasil estes valores são tabelados pela Receita Federal e podem ser encontrados
facilmente na internet.
Podemos dizer por exemplo que a FBKF é dada pela Formação Líquida de Capital
Fixo (FLKF) mais o valor depreciado:
Essa informação é relevante uma vez que todo resultado líquido apresentado no SCN
é a soma de um resultado bruto menos a depreciação. A distinção entre o Produto
Líquido (PL) e o Produto Bruto (PB) é justamente a depreciação.
Entendida sua composição, vale agora a pergunta: de onde vem o dinheiro para o
investimento?
No sistema completo, a poupança é composta por quatro partes: pela renda não
consumida das famílias; pelos lucros retidos pelas empresas para reinvestimento (não
distribuídos às famílias); pelo saldo líquido em transações correntes do governo (sua
poupança) e o déficit do balanço de pagamentos (poupança do setor externo).
Vale lembrar que, muitas vezes, no caso do Brasil especialmente, o governo gasta
mais do que poupa ou pode apresentar saldos positivos na balança comercial devido
às exportações de commodities.
Por isso, os termos “saldo” e “déficit” não devem ser considerados de forma literal,
podendo existir valores positivos e negativos em ambas as contas.
A conta do governo
Conta do governo
Débito Crédito
Consumo do Governo (G) Impostos diretos pagos pelas famílias (T1)
Transferências do governo às famílias (M1) Impostos diretos pagos pelas empresas (T2)
Transferências do governo às empresas (M2) Impostos indiretos (U)
Subsídios (N) Outras receitas do governo (V)
Saldo do governo em conta corrente (O)
O consumo do governo (G) pode ser entendido como o valor necessário para operar a
máquina pública, enquanto que as transferências e subsídios fazem parte da sua política
de atuação na redistribuição de renda – pagamento de pensões e aposentadoria – e no
impulsionamento da atividade produtiva.
Os indiretos não são pagos pelas famílias diretamente, mas sim incorporados no preço
de bens e serviços adquiridos. Os mais conhecidos são o IPI e o ICMS, recolhidos pelo
governo federal e estadual respectivamente.
O Setor Externo
Fonte: Paulani, Leda Maria. A nova contabilidade social: uma introdução à macroeconomia.
O saldo da balança de rendas – rendas a serem enviadas para o exterior pelo uso de
fatores de produção estrangeiros – e as transferências unilaterais e doações realizadas
fazem parte da Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE).
As importações e a RLEE fazem parte da conta de crédito, pois a ótica da conta do
setor externo é do país estrangeiro, ou seja, aquele que recebe as transferências de
recursos.
• Produto Interno (PI): Valor dos bens e serviços produzidos no país, independente do
país proprietário do fator de produção.
Produto Nacional (PN): Valor dos bens e serviços produzidos pelos fatores de produção
do país, independentemente do país onde estes estejam empregados.
Isso significa, por exemplo, que o produto das multinacionais entra no cálculo do PI
mas não do PN.
PI = PN + RLEE
Na maior parte dos casos, os países mais desenvolvidos são grandes exportadores
de capital e, portanto, recebem liquidamente (exportação menos importação) renda do
exterior. Ou seja, o produto nacional é maior que o produto interno, enquanto ocorre o
inverso com os países menos desenvolvidos.
Importante: a conta do setor externo não é nada mais do que a conta do balanço
de pagamentos em transações correntes com os lançamentos invertidos. No
SCN, exportações e importações de bens e serviços são tratados conjuntamente;
no BP estes saldos são tratados separadamente.