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- BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS

A cada dia que passa, o comércio exterior torna-se mais globalizado. Produtos
produzidos em diversos países conhecem uma ampla e rápida circulação mundial,
apesar de cotas de importação e restrições protecionistas ainda prevalecentes. Nas
últimas décadas, instituições nacionais e internacionais foram formadas para combater
as medidas restritivas à circulação de produtos e serviços, com o objetivo de ampliar o
livre comércio mundial.
A acentuada expansão do comércio que ocorreu na segunda metade do século XX foi
impulsionada, em grande parte, pelos avanços tecnológicos nas áreas de transportes
e comunicações.
O Acordo Geral para Tarifas e Comércio (GATT) foi estabelecido, pós-Segunda
Guerra Mundial, como um mecanismo para negociar, reduzir e controlar as taxas
alfandegárias. Em 1994, o Acordo Geral para Tarifas e Comércio foi substituído
pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
A OMC, organização internacional composta de 164 membros, promove o comércio
internacional e regulamenta o comércio exterior e os acordos de áreas de livre
comércio. A OMC busca resolver disputas em relação às tarifas e imposições
alfandegárias e negocia reduções de taxas e de outras barreiras que limitam o
comércio internacional.
A Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) é um círculo de
negociações que foram iniciadas em Doha, no Qatar, em 2001. Negociações
subsequentes ocorreram em Cancún, Genebra, Paris e Hong Kong. Tais negociações,
ocorridas entre as maiores potências comerciais do mundo, objetivam diminuir as
barreiras comerciais e fomentar o livre comércio. Suas principais metas incluem uma
maior abertura de mercados agrícolas e industriais.
O mandato da Rodada é amplo e envolve um número grande de temas a fim de
mobilizar o interesse dos países da OMC. As negociações incluem abertura de
mercados agrícolas e industriais, proteção dos direitos de propriedade intelectual,
facilitação de negócios, regras sobre aplicação de direitos antidumping, subsídios e
medidas compensatórias, meio ambiente, entre tantos outros. O objetivo é promover o
comércio e a cooperação dos países-membros. Também é discutido o tratamento
especial que deve ser dado aos países em desenvolvimento para assegurar que suas
necessidades sejam contempladas.
O tema de subsídios agrícolas é o que gera mais polêmicas nas negociações. Os
países em desenvolvimento se opõem à política de subsídios agrícolas. Esta foi
desenvolvida pelos países europeus e pelos Estados Unidos e beneficia os
agricultores de países desenvolvidos. Os enormes subsídios agrícolas recebidos pelos
agricultores de países desenvolvidos são uma forma de protecionismo, o que
contraria a prática de abertura econômica que esses mesmos países desenvolvidos
exigem dos países em desenvolvimento. A Rodada de Doha ainda não chegou a um
acordo sobre o protecionismo agrícola.
Em 2016, a Rodada de Doha foi paralisada após os membros da OMC não
concordarem em continuar as negociações. A Rodada de Doha foi ambiciosa e não
atingiu seus objetivos iniciais.
Muitos países, frustrados com a falta de resultados da Rodada de Doha, passaram a
negociar acordos de livre comércio bilaterais e regionais.
Fora do mandato formal da rodada são discutidos os aperfeiçoamentos das regras
sobre soluções de controvérsias e disputas dentro da OMC.
Um exemplo de disputa ocorrida dentro da OMC: em 2008, os Estados Unidos
tentaram aumentar os impostos sobre o suco de laranja brasileira. O governo norte-
americano alegou que o Brasil estava praticando dumping: a cobrança de valores
abaixo dos de mercado para sabotar a concorrência. Os Estados Unidos alegaram que
o Brasil estava fazendo essa prática desleal de comércio. Em 2011, o OMC
considerou o pedido norte-americano indevido.

O Protecionismo
Uma das maiores preocupações da Organização Mundial do Comércio é combater o
chamado protecionismo. Os objetivos do protecionismo são: proteger o mercado
interno da concorrência estrangeira, garantir o equilíbrio favorável de suas balanças
comerciais e fomentar a produção nacional de produtos que podem concorrer
vantajosamente nos mercados externos.
Incluem-se entre as medidas protecionistas as medidas tarifárias e as não tarifárias.
Por meio de tarifas, alguns países tributam pesadamente os produtos que adentram
seu território, tornando-os mais caros e menos competitivos no mercado consumidor
interno.
Os países também dificultam a importação por meio da adoção de algumas barreiras
não tarifárias: barreiras sanitárias, cláusulas ambientalistas e trabalhistas, a garantia a
agricultores de preços mínimos para cada safra e prioridade para a compra da
produção interna.
Países desenvolvidos procuram proteger sua produção agrícola. É importante
também ressaltar que a maioria dos países tem como objetivo ser autossuficiente na
produção de alimentos consumidos por sua população. Todo país visa plantar o
necessário para que não tenha que depender do comércio externo para alimentar o
seu povo. Quando um país depende de outras nações para obter alimentos para a
sobrevivência da população, ele se torna vulnerável. Por exemplo, em caso de guerra,
o fornecimento de alimentos pode ser cortado, causando com que o país tenha que se
render rapidamente.
Blocos Econômicos Regionais
Muitos países não se limitam à Organização Mundial do Comércio e criam acordos de
livre comercio com outros países, formando blocos econômicos regionais. A
mundialização da economia capitalista gerou a segmentação do espaço econômico
mundial por meio da formação de blocos econômicos.
A globalização pode enfraquecer certos Estados nacionais, pois os força a competir no
mercado mundial. Muitos países se uniram para formar blocos regionais, visando a ter
melhor proveito comercial.
Acordos bilaterais e blocos regionais constituem forças opostas à liberação mundial
do comércio exterior, pois beneficiam os membros signatários dos acordos. Assim,
limitam a expansão de um comércio mais livre aos países membros.
Blocos econômicos regionais são associações de países que estabelecem relações
econômicas privilegiadas entre si. São classificados da seguinte forma:
— Zona de Livre Comércio - há uma redução ou eliminação da cobrança de taxas
alfandegárias sobre as mercadorias e serviços que circulam dentro do bloco, o que
significa livre circulação.
— União Aduaneira - além de permitir a livre circulação interna de mercadorias e
serviços, também regulamenta o comércio de seus membros com países externos ao
bloco.
— Mercado Comum - garante a livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços
e capitais (dinheiro ou patrimônio) dentro do bloco.
Alguns exemplos de blocos econômicos regionais:
NAFTA - Acordo de Livre Comércio da América do Norte
O NAFTA (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio) é um tratado de livre
comércio dos países da América do Norte: Estados Unidos, México e Canadá. O
tratado foi assinado em 1992 e iniciado em janeiro de 1994. O acordo implantou uma
gradativa redução das barreiras alfandegárias entre Estados Unidos, México e
Canadá, aumentando assim o comércio entre esses três países.
O acordo apresenta um caráter estritamente comercial e não prevê a livre circulação
de mão de obra.
Desde a criação do NAFTA, o comércio entre os três países triplicou.
Um dos objetivos do NAFTA era fortalecer a economia mexicana – gerar mais
empregos e oportunidades aos trabalhadores. Assim, reduziria a imigração ilegal aos
Estados Unidos.
O atual presidente norte-americano, Donald Trump, declara repetidamente que é
necessário renegociar ou até mesmo “acabar com o Nafta”. Ele afirma que o acordo
prejudica as manufaturas domésticas e seus trabalhadores. Trump afirma que graças
ao Nafta, empresas norte-americanas montaram fábricas no México – onde a mão de
obra é barata do que nos Estados Unidos – e que isso prejudicou os trabalhadores de
seu país.
O Presidente Trump também reclama do déficit na balança comercial entre os dois
países, que foi de um superávit de $1,7 bilhão em 1993, segundo o Council on Foreign
Relations, para um déficit de $64 bilhões em 2017. O comércio exterior de bens e
serviços entre o México e o Estados Unidos representou $616,7 bilhões em 2017.

Formado por Estados Unidos, México e Canadá, o NAFTA é um acordo de livre comércio dos países da América do

Norte.

MERCOSUL - MERCADO COMUM DO SUL


O Mercosul – Mercado Comum do Sul – foi criado em 1991, por meio do Tratado de
Assunção. Os membros fundadores do Mercosul eram Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai. A Venezuela aderiu ao bloco em 2012, mas foi suspensa em 2016, pelo fato
de ter violado os requerimentos de democracia do Mercosul.
No momento, a Bolívia é um estado “associado” do bloco.
Na língua espanhola, o bloco é chamado de Mercosur – Mercado Común del Sur.
O Mercosul atualmente se encontra no estágio de União Aduaneira. Isso significa que
o acordo permite a livre circulação de produtos e serviços entre os países membros.
Além disso, o Mercosul regulamenta o comércio de seus membros com países que
não fazem parte do bloco.
O Mercosul inclui aproximadamente 300 milhões de habitantes e representa um PIB
de 2,9 trilhões de dólares (2017).
Em 1999, o Mercosul foi abalado pela desvalorização do Real, que aumentou a
competitividade das mercadorias brasileiras frente às argentinas. Porém, com a
desvalorização do Peso argentino em 2002, a discrepância entre as duas moedas foi
corrigida.
O Mercosul mantém acordos extra regionais com Israel, Índia, União Aduaneira da
África Austral (SACU), Egito e outros países. Negocia também com outros blocos e
países, como a União Europeia, o Canadá e a China.
- Blocos Econômicos da América Latina

Caracterização de dois blocos efetivos (MERCOSUL e ALBA) e um bloco apenas


projetado (ALCA), destacando suas características principais e enfrentamentos.

Os blocos econômicos são instituições supranacionais, ou seja, que ultrapassam os


limites de uma nação, formados pelo agrupamento de países que possuem como
objetivo principal a organização de acordos comercias, para isso, implementando uma
redução gradual das tarifas alfandegárias a fim de potencializar o fluxo de mercadorias
entre os países-membros e estimular a concorrência em determinados setores de suas
economias.

A partir da década de 1950, as empresas transnacionais começaram a direcionar suas


filiais para os mais diferentes países e, em pouco tempo, passaram a dominar o
comércio internacional. Nessa perspectiva, os blocos econômicos se tornaram
necessários, para estabelecer algumas normas e gerenciar os fluxos comerciais, pois
em uma economia de mercado, os governos não têm poder para controlar as decisões
tomadas por essas empresas.

A América Latina possui diferentes níveis de subdesenvolvimento, herança de seu


passado colonial e de diversas práticas políticas internas e externas. Os blocos
econômicos que existem na região expõem a fragilidade de suas economias e as
dificuldades em promover uma integração econômica e política mais completa e
abrangente.

Alguns dos Blocos Econômicos ou projetos presentes no continente latino-


americano são:

ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas)

Em 2004, os líderes de Cuba e Venezuela apresentaram a proposta da Alba, bloco que


tem a pretensão de integrar a região do Caribe e o restante da América Latina a partir
de propostas de incentivo à solidariedade mútua, projetos sociais e econômicos.
Efetivamente, o bloco tem realizado intercâmbio de médicos cubanos para a Venezuela
em troca de petróleo e acordos comerciais nos setores de energia e mineração
dominados por Venezuela, Bolívia e Equador. São membros: Antígua e Barbuda,
Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Nicarágua, São Vicente e Granadinas e Venezuela.
Honduras retirou-se em 2010 alegando um suposto tratamento desrespeitoso em
relação ao país, o que diz respeito à reação contrária dos principais membros do grupo
ao golpe militar que destituiu o presidente Manuel Zelaya no ano de 2009.
ALCA (Área de Livre Comércio das Américas)

Iniciativa dos Estados Unidos, propõe a formação de uma área de livre comércio em
todo o continente americano, com exceção a Cuba. O acordo deveria ter entrado em
vigor no ano de 2005, mas após os atentados de 11 de setembro de 2001 ocorreu uma
mudança de foco da política externa dos Estados Unidos adotada pelo então presidente
George W. Bush, que priorizou a ofensiva contra os países que representassem ameaça
à segurança do país. As negociações relacionadas à Alca acabaram relegadas a
segundo plano, ao mesmo tempo em que diversos países latino-americanos tiveram
transformações políticas consideráveis, com a ascensão de governos de orientação
esquerdista, principalmente na América do Sul, que se posicionaram contrários à
concretização do bloco.

Um dos maiores questionamentos com relação à Alca corresponde a sua estruturação,


que nitidamente privilegia o domínio econômico dos Estados Unidos em detrimento da
produção industrial e agrícola dos outros países da região, que não estariam preparados
para uma abertura rápida e profunda de suas economias. Outro ponto discutível é a
manutenção dos subsídios oferecidos a determinados setores da economia norte-
americana, o que tornaria o bloco descomprometido com o desenvolvimento da região.

Logo em seu primeiro mandato, o presidente estadunidense Barack Obama apresentou


em seu plano de metas para a América Latina a retomada das negociações da Alca,
mas a política externa dos Estados Unidos esteve nos últimos anos mais concentrada
em questões como Oriente Médio (Irã, Síria, Afeganistão) e China, enquanto no plano
interno a Crise Econômica Mundial e a recuperação da economia do país ainda denotam
maior preocupação do que as relações com a América Latina. O segundo mandato de
Obama pode apresentar novidades quanto a acordos bilaterais com os países da
América Latina em temas como combate ao narcotráfico e migrações.

MERCOSUL (Mercado Comum do Sul)

O bloco foi criado em 1991 após a assinatura do Tratado de Assunção por Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai, os chamados membros plenos ou efetivos. Em 2012,
a Venezuela assumiu uma posição como membro efetivo após a suspensão temporária
do Paraguai, cujo Congresso se colocava contrário ao ingresso da Venezuela em razão
de divergências político-ideológicas com o então presidente venezuelano Hugo Chávez.
Após o processo de impeachment que depôs o presidente paraguaio Fernando Lugo,
os governos de Brasil, Argentina e Uruguai puniram o Paraguai com a suspensão do
bloco econômico, o que abriu a lacuna necessária para a entrada da Venezuela* no
Mercosul.
Os países plenos ou efetivos têm direito a voto em decisões que direcionam o bloco.
Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname são membros associados,
apenas participando das trocas comerciais.

Entre os objetivos gerais do bloco estão a criação de uma área de livre comércio e de
uma união aduaneira. Entre tantas ambições, o Mercosul também busca a
uniformização das taxas de juros, criação de uma moeda única e estabelecimento de
livre circulação de pessoas. Atualmente, a formação de uma União Aduaneira está
avançada em determinados segmentos. Uma União Aduaneira é quando, além do livre
comércio, ocorre o estabelecimento de tarifas iguais entre os países-membros com
relação aos produtos comercializados com países que não pertencem ao bloco.

Vários enfrentamentos têm comprometido o MERCOSUL, como a instabilidade política


e econômica de alguns dos países-membros. Além disso, as divergências com relação
ao direcionamento do bloco e os acordos bilaterais ferem as premissas da organização,
que teoricamente prioriza a integração econômica da região e não apenas o
favorecimento dos setores econômicos mais fortes dos países envolvidos. Tal fato tem
se tornado muito comum devido ao lobby exercido por empresários, grandes
agricultores e até mesmo políticos. Essa pressão acaba induzindo os governos a
protegerem determinados setores, minando as tentativas de incentivo à competitividade
a partir da entrada de produtos estrangeiros.

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