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Geografia para o Concurso de Admissão ao Curso de Formação de Sargentos do Exército (EsSa)

O Brasil no Sistema Internacional

1. O Brasil no Início do Século XXI


Na primeira metade da década de 2000 foram efetuados diversos ajustes na economia do país. Essas medidas de estabilização possibilitaram
um crescimento econômico que se traduziu em controle da inflação, crescimento do PIB, queda do desemprego urbano e forte saldo comercial.
O fortalecimento do comércio externo gerou um saldo positivo no balanço de pagamentos, ou seja, nas transações de um país com o
exterior (exportações e remessa de dinheiro para fora). Soma-se a esse fato o elevado superávit primário obtido, o controle da inflação e o
regime de câmbio flutuante, que mantiveram a credibilidade do mercado financeiro no Brasil.
Apesar do crescimento das exportações, do nível da industrialização e da grande produção de alimentos e matérias-primas, o Brasil tem
ocupado a 22ª posição no comércio internacional, participando, em 2012, dos fluxos comerciais globais com cerca de 1,3% do total.
Em grande parte, essa modesta porcentagem é resultante da elevada participação de mercadorias de baixo valor agregado na pauta de
exportações brasileiras. Entre essas mercadorias, destacam-se as chamadas commodities primárias (mercadorias em estado bruto ou produtos
primários que sofrem pouca ou nenhuma transformação, como café, soja, carnes, óleos vegetais e minérios) e os produtos intensivos em
trabalho e recursos naturais (também chamados de produtos com intenso uso de mão de obra e recursos naturais, que são produtos de baixa
intensidade tecnológica que utilizam tecnologia manual, incluindo, por exemplo, os têxteis de algodão (intensivos em trabalho), o papel e a
celulose (intensivos em recursos naturais) e os calçados. De acordo com a classificação da ONU, são exemplos de produtos de alta intensidade
tecnológica (mercadorias que exigem mão de obra mais qualificada) os eletrônicos, os de informática, os farmacêuticos e os aviões. Entre os
produtos de média Intensidade figuram os equipamentos mecânicos, produtos químicos, os automóveis e as máquinas elétricas. Os produtos de
metalurgia, borrachas, produtos plásticos, derivados de petróleo e outros combustíveis figuram entre os de baixa intensidade tecnológica.
Considerando a tabela, podemos entender por que ampliar o conteúdo tecnológico das exportações é um grande desafio para o Brasil
contemporâneo. O país apresentou, no período assinalado, saldo positivo no comércio exterior. Saldo explicado pelo superávit nas exportações de
commodities primárias, produtos intensivos em mão de obra e recursos naturais e produtos de baixa intensidade tecnológica. Desse modo, foram
compensados os gastos com os produtos de alta intensidade tecnológica.

2. O Intercâmbio Multidirecional
O comércio exterior brasileiro é multidirecional: as exportações e importações estruturam-se sobre vários eixos, com estabelecimento
de diversas parcerias. Assim, o Brasil pode ser considerado um global trader, um parceiro global.
Apesar de o Brasil depender dos mercados europeu e estadunidense para expandir as exportações, o governo brasileiro tem procurado
incrementar o intercâmbio com os “países continentais”. Esse é o caso principalmente da China, da Rússia e da Índia.
Durante muitos anos, os Estados Unidos foram o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2009, porém, a China ultrapassou os Estados
Unidos e se tornou o principal parceiro comercial, mantendo-se nessa posição.
Em 2013, os 12 maiores parceiros comerciais do Brasil eram: China, Estados Unidos, Argentina, Alemanha, Países Baixos, Japão Coreia
do Sul, Itália, Nigéria, França, Índia e México. Os maiores déficits comerciais ficaram com os Estados Unidos e a Alemanha, e o maior saldo, com
a China. Dessa forma, vemos que o Brasil mantém vínculos comerciais importantes com países de diversos continentes, em especial com os países
asiáticos (China, Japão, Coreia do Sul e Índia), europeus (Alemanha, Países Baixos, Itália e França) e americanos (Estados Unidos, Argentina e
México). A África ganha importância com a Nigéria em virtude das importações de petróleo. Na América do Sul, nosso principal parceiro é a Argentina.
As exportações para a China são compostas basicamente de commodities primárias, como minério de ferro, soja e celulose. Desse país
importamos peças de veículos e tratores, aparelhos eletrônicos, aparelhos transmissores e receptores, ou seja, produtos de média e alta intensidade
tecnológica.
A Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul) respondem por mais de 20% do
comércio exterior brasileiro.
Com o objetivo de obter maior participação no comércio e na economia mundial, os países em desenvolvimento organizaram, em 1999, o
G-20, composto de 19 países desenvolvidos e em desenvolvimento, paralelamente ao G-8 (grupo de nações industrializadas). O Brasil foi um dos
países que organizou esse grupo. Entre os objetivos do grupo, estão: o desenvolvimento da cooperação econômica e financeira entre os países, o debate
de propostas de modelos de crescimento e estabilidade econômica e a correção de desequilíbrios macroeconômicos internacionais.

3. Comércio Exterior e Integração Regional


O processo de integração regional tem sido adotado pelos países como forma essencial de complementar a integração global. O Brasil
participa de diversos blocos econômicos e comerciais e com eles negocia sua participação, visando ampliar sua inserção no comércio global,
aumentar sua competitividade e seu poder de negociação com as grandes potências e blocos econômicos mundiais.

3.1 A integração na América Latina


Dentre as diversas organizações regionais que procuram estabelecer urna integração entre países latino-americanos, o Brasil tem participado
da Aladi, Alalc, Unasul, além do Mercosul. Vejamos algumas características dessas organizações regionais.
A Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), com sede em Montevidéu, é composta de Argentina, Brasil, Chile, Bolívia,
Paraguai, Peru, Uruguai, Equador, Colômbia, Venezuela e México. Foi criada pelo Tratado de Montevidéu em 1980. Essa organização deu
continuidade ao processo de integração econômica iniciado em 1960 pela primeira grande organização da região, a Associação Latino-
Americana de Livre-Comércio (Alalc). Esse processo visa à implantação de um mercado comum e a adoção de preferências tarifárias.
O Pacto Andino, formado por Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela Peru, foi criado em 1969 pelo Acordo de Cartagena. Sou objetivo
é formar um mercado comum visando também à união aduaneira. Em 2006, a Venezuela deixou o Pacto Andino para se integrar ao Mercosul.
A União de Nações Sul-americanas (Unasul) formou-se em 2004, no Peru, e dela fazem parte 12 países (Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Uruguai, Suriname e Venezuela). Seus objetivos, que vão além do estabelecimento de uma
área de livre-comércio, são a integração política social, econômica, ambiental e de infraestrutura da América do Sul. Pretende também, além
do respeito à integridade territorial e à diversidade, a defesa da solidariedade e dos direitos humanos e a solução pacifica de controvérsias.
Na América Central aparecem duas outras instituições importantes: o Mercado Comum do Caribe (Caricom), criado em 1973 e formado,
em sua maioria, por países anglo-americanos e o Mercado Comum Centro-Americano (MCCA), criado em 1960.
O Brasil participa também do Grupo do Rio (GRio), um mecanismo permanente de consulta e concertação política de posições latino-
americanas e caribenhas em questões regionais e internacionais. Criado em 1986, no Rio de Janeiro, reúne 19 membros: Argentina, Bolívia,
Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru,
Uruguai, República Dominicana e Venezuela, além de um representante do Mercado Comum do Caribe (Caricom).
Várias outras iniciativas estão em andamento com o objetivo de maior integração econômica entre os países latino-americanos.

4. Mercosul: Problemas e Perspectivas


O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em 1991, com a assinatura do Tratado de Assunção por Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai. Inicialmente uma zona de livre-comércio, em 1995 entrou em vigor a união aduaneira, com tarifas externas comuns para todos os países
signatários. Em 2006, a Venezuela tornou-se membro permanente.
O Chile e a Bolívia são membros associados ao Mercosul desde 1996 e 1997, respectivamente; eles participam da zona de livre-
comércio, mas não de união aduaneira. Em 2003, o Peru também ingressou como membro associado e, em 2004, ingressaram na mesma
condição a Colômbia e o Equador.
O Mercosul tem promovido negociações com a União Europeia, importante parceiro comercial do bloco. Desde 2004, o Mercosul negocia
acesso de produtos da agroindústria ao mercado europeu. No mercado internacional, os europeus acenam com mais concessões, se comparadas aos
Estados Unidos nas tratativas sobre esse mesmo tema.
Compreendendo uma área de aproximadamente 13 milhões de quilômetros quadrados, estendendo-se da Terra do Fogo ao Mar das Antilhas,
o Mercosul conta com uma população total de mais de 232 milhões de habitantes, representando um grande mercado.

4.1 Objetivos e metas


Dentre os objetivos do Mercosul, podem ser destacados:
• eliminação de barreiras tarifárias e não tarifárias na movimentação de bens e serviços (cada país tem autonomia nas transações com terceiros);
• adoção de uma tarifa e de uma política de comércio externo também comuns;
• livre movimentação de capital, trabalho e serviços entre os países-membros.
A participação do Brasil no Mercosul tem o objetivo de aprofundar e diversificar as relações econômicas com os países-membros, consolidando
a sua posição no quadro regional, além de fortalecer e melhorar o desempenho do país no quadro internacional.
No plano internacional, o Mercosul vem promovendo negociações com outras organizações, diante de eventuais restrições impostas pelos
megablocos econômicos.
O Mercosul tem sobrevivido apesar de ter enfrentado algumas crises, como a de 1999. Na época, com a desvalorização da moeda brasileira, o
governo argentino impôs barreiras comerciais temendo invasão de produtos brasileiros, mais baratos. Em 2002, a Argentina chegou a uma situação
econômica e social bastante caótica, afetando as exportações do bloco. Com a recuperação da economia argentina, em 2003, ocorreu novo crescimento
do comércio intrarregional.
Outro fato que compromete o mercado comum na América do Sul é que os governos do Paraguai e do Uruguai consideram poucos os benefícios
trazidos pelo Mercosul. Esses países se veem tentados a celebrar tratados de livre-comércio, proibidos pelas normas do Mercosul, com países não
integrantes do bloco.

Merece destaque:
• Brasil, China e Índia também são chamados de mercados emergentes, porque oferecem um grande potencial de mercado e uma grande
população consumidora. Além disso, esse grupo de países destacou-se no cenário econômico internacional pelo rápido processo de
modernização de seu parque industrial e pelo rápido crescimento de suas economias.

• BRICS – Iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa). Esses países são considerados a elite dos mercados
emergentes com crescente importância na economia global.

• Atualmente, há uma nova divisão internacional do trabalho, com três grupos de países: centrais, semiperiféricos e periféricos,
predominantemente agroexportadores.
Centrais – Exportam alta intensidade tecnológica, da indústria de ponta. Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Reino
Unido, Países Baixos, Bélgica, Suíça, Suécia, Japão e Canadá.
Semiperiféricos – Brasil, Argentina e México, que fabricam e exportam produtos industrializados utilizando principalmente baixa e média
tecnologia, mas também exportam produtos agrícolas, matérias-primas minerais e vegetais.
Periféricos – Parte dos países asiáticos, latino-americanos e a maioria dos africanos. Participam marginalmente do mercado mundial, e
fornecem principalmente produtos primários.

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