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Benefícios da Integração: MERCOSUL como plataforma de

internacionalização de empresas brasileiras

Eliezer Justo de Lima

INTRODUÇÃO

O fim da II Guerra Mundial trouxe a necessidade de organizar o comércio internacional


através das instituições como, o GATT, OMC, FMI, CCI, dentre outros. A integração dos
mercados e a expansão do comércio internacional é resultado da globalização, um
acontecimento que se reflete nas relações internacionais dos países visando à redução de custos
na produção e o aumento no valor agregado de suas mercadorias, gerando vantagem
competitiva (NOGUEIRA E MESSARI, 2005).

Nos últimos anos, importantes transformações na economia mundial, tais como a


globalização de mercados, os avanços tecnológicos e os novos fatores de competitividade, têm
proporcionado profundas mudanças estruturais no comércio internacional. Nesse contexto,
observa-se que a intensificação no fluxo de comércio provoca maior abertura das economias
nacionais e direciona diversas nações à formação de blocos regionais, com seus consequentes
efeitos sobre os diversos setores das economias domésticas.
A troca de produtos advindos da internacionalização do país gera um aumento na
qualidade de vida, devido a um aumento na variedade de mercadorias ofertadas. A evolução da
tecnologia acarretou em desenvolvimento das formas de transporte encurtando o tempo de
entrega, enquanto as mídias sociais possibilitam que clientes possam efetuar compras de um
produto importado em um curto espaço de tempo. Assim, o volume das transações
internacionais aumentou consideravelmente. A vinda de empresas internacionais para o Brasil e
a internacionalização de empresas gera empregos, logo, aumentando a renda do trabalhador que
poderá se apropriar dos bens disponíveis no mercado (Menezes, Alfredo da Mota, 2006).

Neste contexto, as empresas Brasileiras se utilizam de benefícios obtidos pelas regras do


bloco econômico para maximizar o lucro e ganhar vantagem competitiva. Dentre os benefícios
que impulsiona a internacionalização de empresas para o Mercosul se encontra a redução de
tarifa de exportação/importação, que incentiva às empresas a exportar. As multinacionais com
vistas a aumentarem o seu mercado consumidor e a se beneficiarem dos acordos dos blocos
econômicos são atraídas para abrirem filiais em um país pertencente ao MERCOSUL para se
beneficiarem dos baixos salários, impostos mais baixos, harmonização dos documentos (o que
reduz a burocracia) e potencial de mercado (MDIC,2016).

Sendo assim, o crescimento do comércio internacional proporcionou um ‘boom’ nas


economias de escala, que viriam a receber investimentos diretos e de Multinacionais. A abertura
ao comércio exterior gerou divisas, o que possibilitou ao país fazer investimentos internos
melhorando a sua capacidade de produção e diversificando a sua indústria e setores como o de
serviço (Krugman, 2012).

Os blocos econômicos estimulam a produtividade e a internacionalização de empresas,


a partir deste pensamento, podemos inferir que, as empresas multinacionais em busca de baixos
salários, incentivos fiscais e mercado, visam os países integrantes como uma plataforma para
maximizar a sua produção.

Sendo assim, este artigo tem o objetivo de analisar como os blocos econômicos podem
impulsionar os negócios das Micro, Pequenas e Grandes empresas. Para tanto, será utilizado
como objeto de estudo as relações no MERCOSUL entre Brasil e Argentina. Especialmente,
serão abordados alguns relatos de casos destes tipos de empresas citados anteriormente , em
relação a dois tipos de diferentes produtos que são comercializados entre estes países: dois
casos de manufaturados e um caso de commodities.
Para atingir este objetivo será realizada uma revisão bibliográfica acerca dos
benefícios da exportação para o MERCOSUL e como as empresas podem se beneficiar deste
bloco. Também foram apresentados os desafios para exportação das pequenas empresas. Por
fim, foi feito um levantamento secundário sobre os processos de internacionalização destas
empresas abordadas.
REFERENCIAL TEÓRICO

A partir dos anos 1980, os processos de integração regional ganharam maior


importância. Dentro deste contexto, encontra-se o MERCOSUL, que teve seu início em 26 de
março de 1991 com a assinatura do Tratado de Assunção no Paraguai, cujos membros Sul são
os seguintes países: Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela.
A dimensão do bloco econômico é tamanha que o Brasil exportou para o MERCOSUL
U$18 Bilhões em mercadorias e importou U$ 12,3 Bilhões, com um superávit de U$ 5,7
Bilhões de dólares, dos quais U$5,2 Bilhões foram de produtos manufaturados ligados ao setor
de transportes, o que inclui automóveis, tratores, material para vias férreas e aeronaves. Já em
relação aos produtos relacionados a commodities se destaca o setor de metais com U$638
milhões exportados que deriva de produtos de metais comuns como: Ferro fundido, Aço,
Cobre, Estanho e Zinco. Desta forma, fica evidenciado o quão benéfico é a relação do Brasil
com o MERCOSUL e em especial à Argentina. Diante desse expressivo número, é possível
perceber quais áreas o Brasil tem maior vantagem competitiva como commodities e
manufaturados.
O MERCOSUl permite que empresas multinacionais entrem no Brasil, produzam seus
produtos e logo exportem para outro país pertencente ao bloco, reduzindo assim a taxa de
exportação, visto que o MERCOSUL visa a redução gradual dos tributos sobre produtos
originários do Brasil. Um dos claros exemplos desta prática é a indústria ligada ao setor
automobilístico. Em 2015, US$ 5,2 Bilhões em produtos ligados ao setor automobilístico
foram exportados para a Argentina e US$ 4,3 Bilhões em produtos ligados ao setor
automobilístico foram importados da Argentina. É sabido que o Brasil não possui nenhuma
empresa genuinamente brasileira que produz carros, logo, todas as empresas que aqui
produzem são estrangeiras. Assim, podemos afirmar que elas se beneficiam com o acordo
sobre a aduaneira que prevê a redução dos tributos de importação (MDIC,2015).
No que concerne ao MERCOSUL e suas iniquidades intrínsecas, não há como negar o
fato estatístico que demonstra ter o Mercosul atingido pelo menos alguns de seus mais
importantes objetivos. Objetivos visto pela ótica do crescimento significativo do comércio na
região verificado na última década. Segundos dados existentes do MDIC, nota-se que o
comércio em termos de Mercosul passou de U$ 29 Bilhões em 2002 para U$ 121 Bilhões em
2013. Em resumo, ao longo dos anos 2002-2013, o crescimento do comércio intra regional,
envolvendo Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Paraguai e Venezuela, foi de
aproximadamente 341,4%.
Destacam-se a indústria do plástico e borracha com U$676 milhões exportados e a
indústria química (produtos farmacêuticos, Perfumes, produtos químicos inorgânicos e
orgânicos) com U$703 milhões exportados. O setor de produção de pasta de madeira, papel e
suas obras tiveram um total exportado de U$ 287 milhões, já a indústria têxteis exportou U$ 159
milhões para a Argentina que é acompanhada de perto pela indústria dos calçados, chapéus e
artefatos de uso semelhante com U$113 milhões exportados.

Dentre os U$10,2 Bilhões que importamos da Argentina no ano de 2015, 1.830.775.364


são de produtos do reino vegetal, como: Trigo e outros cereais, plantas e frutas. 4.348.807.844
Bilhões de dólares foram de Materiais de transporte, tais como: Automóveis, Tratores, Material
para vias férreas e Aeronaves.

A década de 90 trouxe um novo cenário para a indústria na região. Além das


modificações nas estratégias comentadas anteriormente, as políticas de abertura comercial e
aquelas específicas para o setor automobilístico contribuíram para a elevação da demanda
doméstica e para a modernização da cadeia automotiva. Os acordos de comércio regionais
também promoveram maior intercâmbio entre as indústrias dos países da América do Sul.
Instrumentos comuns foram utilizados, como o comércio regional livre de tarifas, a fixação de
índices mais baixos de conteúdo local, a redução das tarifas de importação de produtos
originários de países não membros, além de relações balanceadas entre importações e
exportações entre os países membros. Estimulou-se a reestruturação da produção dos
fabricantes de veículos na região, aproveitando-se as facilidades de comercialização entre os
integrantes de cada bloco regional e procurando-se alcançar economias de escala. Nota-se
também maior integração entre as unidades instaladas nos respectivos blocos da América do
Sul, em vez de operarem como entidades independentes em seus países.

O objetivo deste trabalho foi abordar empresas no setor de commodities e manufaturados, pois
estes se destacam na matriz exportadora brasileira na relação bilateral entre Brasil e Argentina,
conforme apresentado no gráfico 1:

Figura 1: Das exportações para a Argentina


Fonte: Elaborado pelo autor com base em MDIC, 2016.

Conforme objetivos do presente artigo serão apresentados e analisados o caso de uma


empresa do setor manufaturado e outra do setor de commodities, sendo elas: A Volkswagen
(manufaturado) e a Vale (commoditie).

Brasil é responsável por 83,6% dos veículos que rodam em países do Mercosul. Os
dados, que constam no anuário dos transportes da Confederação Nacional do Transporte (CNT),
consideram as exportações de 2014, um total de 3,1 milhões de unidades – de lá para cá,
montadoras como a Volkswagen e Ford ampliaram suas gamas comercializadas no mercado
externo.

Um dos pontos de destaque dentro do histórico do Mercosul é a integração da cadeia


produtiva de automóveis entre Brasil e Argentina. Em conjunto, os dois são o terceiro maior
mercado de automóveis no mundo, perdendo apenas de China e Estados Unidos. Em 2013, 47%
da produção de automóveis argentinos foram exportados para o Brasil. Na outra mão, 80% dos
carros que o Brasil vendeu para o exterior foram para o país vizinho.
Os números da balança comercial refletem a importância do Mercosul como bloco
econômico. Criado em 1991, o grupo contabiliza um crescimento de mais de 12 vezes nas
transações comerciais entre seus membros: de US$ 4,5 bilhões no ano de sua criação para US$
59,4 bilhões em 2013.
Porém, estas vantagens têm sido mais aproveitadas por grandes empresas que detém o
Know-How e conhecimento dos acordos internacionais promovidos pelo Brasil para incentivar
as exportações. As exportações brasileiras para a Argentina tem se concentrado no eixo São
Paulo - Buenos Aires evidenciando uma assimetria no aproveitamento dos benefícios dos
acordos no âmbito do MERCOSUL. As pequenas empresas sentem uma dificuldade na hora de
se exportar devido a falta de conhecimento sobre os acordos e financiamentos que poderiam
beneficiar los.

TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL, INTEGRAÇÃO E MERCOSUL

Balassa (1973) propõe que se defina integração econômica como um processo e uma
situação. Como processo, implica medidas destinadas à abolição de discriminações entre
unidades econômicas de diferentes Estados; como situação, pode corresponder à ausência de
várias formas de discriminação entre economias nacionais. Dentre o conceito de integração
regional existem as seguintes etapas de integração: Zona de Livre Comércio, União Aduaneira,
Mercado Comum, União Econômica e Integração Econômica Total.

Segundo Menezes (2006), a integração econômica se verifica quando os preços de


todos os produtos iguais são equiparados em uma dada região, tendo como pivô a eliminação
de barreiras econômicas entre duas ou mais economias. Outro entendimento vê a integração
como resultado da eliminação de todos os impedimentos para o comércio entre mais de um
país e que, além disso, haja alguns mecanismos de coordenação geral nas economias
integradas; o principal sinal da integração entre países seria a inexistência de alfândegas e
postos de cobranças entre os parceiros integrados.
Patriota (2011) ressalta a importância do MERCOSUL e explica que foi possível
verificar o grau de desenvolvimento das economias dos países-membros além do aumento do
interesse que o bloco desperta no âmbito internacional. O crescimento para o Brasil, Argentina e
Uruguai foi de 8%, já para o Paraguai foi de 14%.
Amorim (2011) ressalta que a integração sul-americana é essencial, pois estabelece uma
Comunidade de Segurança que permeia a região, potencializando a cooperação nas áreas
militares e industrial entre os países e criando uma zona de paz para a região.

Tendo em vista os objetivos de aumentar o acesso a mercados estrangeiros e


incrementar a competitividade interna, o Brasil contribui ativamente para as negociações de
acordos de comércio entre o MERCOSUL e parceiros extra regionais. Entre as modalidades
desses acordos estão os de "livre comércio" (redução das tarifas de importação a zero sobre a
grande maioria dos bens) e os de "preferências tarifárias" (outorga de preferências nas tarifas de
universo menos amplo de bens para os membros do acordo). Acordos mais abrangentes podem
incluir além de acesso a bens, as áreas de serviços, investimentos e compras governamentais.

CÓDIGO ADUANEIRO DO MERCOSUL

Aprovado em seis de agosto de 2010, o acordo permite que as mercadorias que entram
na região paguem uma única vez os direitos aduaneiros e possam circular livremente pelos
países membros do MERCOSUL. A dupla tributação da Tarifa Externa Comum (TEC) era vista
por especialistas como um entrave para a integração regional.

O texto sobre as aduanas ressalva, no entanto, que a não incidência da alíquota em caso
de "reexportação" do produto só vale se não houver nenhuma complementação industrial ou
agregação de valor. O acordo prevê três fases para a eliminação da dupla cobrança da TEC: a
primeira, que tem início em janeiro de 2012, atinge todos os produtos acabados, como os
automóveis ou computadores. A segunda fase começou em 2014, quando o acordo se estendeu
aos produtos com tarifa de 2% e de 4%. A última etapa será implementada em 2019 e atingirá
todas as mercadorias.

Esse acordo é essencial para as empresas que visam mesclar sua matriz de produção,
como é o caso do automóvel e tratores brasileiros. Ao padronizar as taxas, as exportações e
importações das empresas são incentivadas. Por exemplo, parte dos carros da Volkswagen é
fabricado na Argentina e finalizado no Brasil, reduzindo a burocracia, tendo em vista a
padronização de documentos e taxas.
ACORDO SOBRE DISPENSA DE TRADUÇÃO DE DOCUMENTOS
ADMINISTRATIVOS

O acordo prevê a dispensa da exigência de tradução dos seguintes documentos:


Passaporte; Cédula de Identidade; Certidões de Nascimento e Casamento e Atestado Negativo
de Antecedentes Penais. A dispensa, no entanto, não eximem os beneficiários do cumprimento
das demais leis e regulamentos de migração, vigentes no país de entrada. Facilitando assim a
circulação de empreendedores e executivos aos demais países integrantes do MERCOSUL para
gerenciar suas empresas ou abrir capital. Também, favorece uma migração de mão de obra, o
que resulta numa melhora na qualidade dos trabalhadores.

O Acordo vai facilitar o trânsito entre o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai,


garantindo maior agilidade aos trâmites legais e a eliminação dos entraves à livre circulação de
pessoas no Mercosul. Ele lembra ainda a formação do Mercosul tem, entre seus princípios, a
livre circulação das pessoas no espaço econômico constituído pelo novo mercado.

DECLARAÇÃO CONJUNTA SOBRE SIMPLIFICAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE


COMÉRCIO EXTERIOR PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

O texto pretende viabilizar a participação competitiva desse tipo de empresa no


comércio bilateral e, consequentemente, aumentar os fluxos comerciais. A declaração foi
assinada pelos ministros brasileiros Marcos Pereira e Geddel Vieira Lima (Secretaria de
Governo) e pelo ministro da Produção da Argentina, Francisco Cabrera.

Entre outras iniciativas, foi proposto o intercâmbio de experiências técnicas para


viabilizar, no comércio bilateral, a prestação de serviços adequados às necessidades das MPEs
por operadores logísticos internacionais. Também está prevista cooperação na construção e na
divulgação de ferramentas de apoio para que micro e pequenos empresários possam expor seus
produtos em mercados externos de maneira gratuita.

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS E O DESAFIO DE EXPORTAR

Além das questões burocráticas, diversos fatores influem na timidez das pequenas
companhias na hora de cruzar fronteiras. As pequenas empresas, muitas vezes, acabam fazendo
produtos específicos, de maior valor agregado, e não conseguem produzir em escala. Por isso, o
custo para exportar é alto. A saída para elas é se organizarem e buscarem o auxílio de entidades
setoriais. Por outro lado, as barreiras impostas por alguns dos principais parceiros comerciais,
como a Argentina, também afastam potenciais exportadores.

Acredita se que as oscilações na taxa de câmbio ocorridas ao longo da última década


têm sua parcela de culpa na diminuição das pequenas empresas nas vendas internacionais.
Quando o dólar estava na casa dos R$ 3,00, havia mais exportadores do que quando estava em
R$ 1,60. O risco cambial afasta muitas empresas, pois reduz as margens de lucro. E as pequenas
acabam sentindo mais a oscilação. As grandes conseguem mecanismos de proteção, como o
hedge (congelamento da cotação).

EMPREENDEDORISMO, INTERNACIONALIZAÇÃO E OS BENEFÍCIOS DA


INTEGRAÇÃO

Avaliando a possibilidade de os países membros realizarem alguma forma de


integração econômica, seja do tipo multilateral ou do tipo regional, deve-se considerar a forma
como essa integração contribuirá para o bem-estar econômico das nações envolvidas.

Conforme Barbosa (2004), as principais fontes de ganhos estáticos são:


● Maior aproveitamento das vantagens comparativas regionais, que poderia ser obtido
através da especialização de cada país no fornecimento daqueles bens cujo processo
produtivo apresentasse um menor custo relativo;
● A criação de economias de escala seria favorecida pela expansão quantitativa dos
mercados, quando se viabiliza econômica e financeiramente a implementação de
plantas industriais de alta capacidade e, deste modo, mais eficientes e aptas a produzir
com custos unitários menores.
● Melhoria no poder de barganha internacional, devido ao maior tamanho do mercado,
levando a melhores termos de troca;
● A ampliação e a diferenciação dos mercados regionais serviriam de estímulo à entrada
de novas firmas. A maior concorrência entre os produtores poderia eliminar as
ineficiências e as distorções presentes nesses mercados na medida em que contribuiria
para amenizar o grau de concentração industrial existente e inibiria a atuação nefasta
de oligopólios e monopólios.

Por sua vez, os efeitos dinâmicos são os diversos ganhos que o incremento de
comércio com redução de barreiras trás, aumentando a taxa de crescimento da economia (El-
Agraa apud Thorstensen et al. (1994)). Tais efeitos consistem em:

● Economias de escala tornadas possíveis pelo acesso a mercados mais amplos;


● Economias externas às firmas que podem reduzir os custos específicos ou gerais;
● Aumento da taxa de investimento por causa do aumento do fluxo de capital do
exterior;
● Efeito da polarização, em virtude da concentração do efeito de criação de
comércio ou desenvolvimento de tendência que possam atrair fatores de produção
de outras regiões;
● Efeito da eficiência econômica e da confiança por causa do aumento de
competição e da redução da incerteza. o
shape Brazil’s regional asymmetrical development

METODOLOGIA

O objetivo deste artigo é comprovar que a exploração do mercado internacional dentro


do MERCOSUL é vantajosa, visto que o bloco econômico proporciona certa padronização em
tarifas e documentos, o que aumenta o mercado a ser explorado. Para a obtenção destes
objetivos será utilizada a pesquisa descritiva, pois serão analisadas e descritas as relações entre
empresas do MERCOSUL, as principais mercadorias comercializadas entre Brasil e Argentina e
como as empresas brasileiras podem se beneficiar dos acordos estabelecidos dentro do
MERCOSUL. Como afirma GIL (2002, p 42) “as pesquisas descritivas têm como objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis”.
Realizou-se uma pesquisa bibliográfica que, como afirma Gil (2002), trata-se de uma
pesquisa desenvolvida com base em material já elaborado, composto principalmente de livros e
artigos científicos. Neste sentido, serão utilizados dados secundários como: livros, artigos e sites
oficiais de estatística. Serão analisadas as relações comerciais entre Brasil e Argentina no
contexto do MERCOSUL e retirado desta análise duas empresa multinacional para estudo de
caso. Foi utilizado para compreender a integração regional o auto Béla Balassa, porque ele trata
da Integração Econômica, para as quais contribuiu com a tipologia das etapas do processo de
integração, entre outras contribuições. E isso é importante, pois nos traz a luz do conhecimento
a relação entre poder de compra e paridade e diferença de produtividade entre os países
conhecido como efeito Balassa-Samuelson. Para a compreensão do volume comercializado
entre os países do MERCOSUL e suas características, foi utilizada uma pesquisa estatística
através do site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior.
A pesquisa apresentou uma abordagem qualitativa, assim, foi executado um estudo de
caso, que Gil (2002) caracteriza como um estudo profundo de poucos objetos, que permita seu
amplo conhecimento. O estudo de caso foi feito sobre os produtos automóveis e o minério.
Fazendo um estudo de caso das respectivas empresas do setor; O grupo francês PSA e a
mineradora Vale, através de fontes secundárias.
Este trabalho observará por dois ângulos as relações de empresas brasileiras com o
MERCOSUL e de como os acordos efetivados dentro do bloco propicia uma oportunidade de
exportar, a orientação regional das exportações, buscando verificar os efeitos da integração
regional sobre as vendas intrabloco, Analisando o acordo internacional de redução de tarifas de
1993, Acordos bilaterais nos campos sanitários e fitossanitários de 1994, código aduaneiro de
2010 e o Acordo Sobre Dispensa de Tradução de Documentos Administrativos de 2006 para
identificar os benefícios de pertencer ao MERCOSUL no que tange às exportações brasileiras.

RESULTADOS

Conforme o objetivo do artigo, será apresentado os resultados das vantagens obtidos na


exportação de dois tipos de produtos: Manufaturado e Commodities. Em relação ao
manufaturado, foi escolhido o automóvel (caso específico da Volkswagen) e em relação a
commoditie foi escolhido a mineradora Vale.

Segundo o site oficial da Volkswagen do Brasil, além de maior exportadora do setor em


unidades embarcadas, a Volkswagen também é a maior exportadora do setor em valores, o que
também a coloca entre as 25 maiores empresas exportadoras do País em 2015, considerando
todos os setores, segundo os dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC). No acumulado do ano, a marca totalizou US$ 1.279.911.551,00 nas
exportações, com um aumento de 12,2% em relação ao ano passado.

O modelo mais exportado foi o Gol, com 54.834 unidades, seguido do Voyage
(22.406), Saveiro (19.883), up! (16.554). O principal mercado externo da marca no exterior
continua sendo a Argentina, com 68.788 unidades embarcadas. A Volkswagen foi a marca líder
em vendas no país vizinho e o Gol, que é produzido nas fábricas brasileiras de São Bernardo do
Campo e Taubaté, foi o modelo mais vendido no ano entre todos os veículos comercializados no
mercado argentino.

Esses expressivos números refletem no faturamento da empresa que segundo o relatório


anual da empresa de 2014, a empresa saltou de € 192 Milhões em 2012 para mais de € 202
Milhões em 2014. O real desvalorizado contribui para o aumento das exportações, mas não é o
único fator e nem o mais relevante em nosso caso. É importante destacar que alguns países da
América Latina também sofrem com a desvalorização das suas moedas. Porém, mesmo diante
desses desafios, a Volkswagen reforçou sua estratégia de exportação e incrementou o portfólio
com novos produtos, como Up! por exemplo, que tem tido uma excelente aceitação nesses
mercados, conseguindo com isso impulsionar as exportações da marca.

A Volkswagen possui filial em todos os países da América do sul e se beneficia do


acordo sobre a aduana para diversificar sua matriz de produção. Assim, consegue reduzir o
preço de seu produto gerando vantagem competitiva sobre outras empresas. O segundo produto
mais exportado e importado na relação comercial entre Brasil e Argentina segundo dados do
MDIC, são de peças automotivas, evidenciando a constante troca de produtos entre as filiais da
empresa em busca da vantagem competitiva.

O volume financeiro movimentado pelas micro e pequenas empresas com exportação


pode ainda não ser grande, mas há uma série de companhias que recorrem ao comércio exterior
para aumentar de tamanho. A cachaçaria Weber Haus, de Ivoti , nos últimos anos começaram a
tratar as vendas internacionais como uma pauta estratégica pela cachaçaria gaúcha. O envio de
produtos ao exterior tem impacto cada vez maior no faturamento. Em 2013, chegou a 35% da
receita, um recorde que deve ser quebrado novamente em 2014, quando a expectativa é elevar
esse patamar a 40%.
A exportação é estrategicamente boa, pois, como há menos impostos, ajuda a diminuir a
carga tributária. Além disso, valoriza a marca até no mercado interno. Se há sucesso no exterior,
fica mais fácil ter sucesso dentro do Brasil. A marca exporta para nove países, entre eles
Estados Unidos,Argentina, Alemanha, Japão e China. No ano passado, cerca de 110 mil
garrafas saíram da fábrica e atravessaram oceanos em navios ou aviões até chegarem a outro
continente. Com isso, em pouco tempo, a empresa superou a barreira de US$ 1 milhão em
negócios e subiu de porte.

A tática da cachaçaria prevê objetivos específicos para cada temporada. Agora, a meta é
entrar nos Emirados Árabes Unidos. É um país de pouco consumo de bebida alcoólica, pela
religião, mas tem muito turismo em Dubai. Quando se entra nos mercados mais difíceis, depois
os mais fáceis vêm sozinhos, acredita. Paralelamente, há a intenção de consolidar a presença nos
países já clientes.

Uma das opções responsáveis por fazer o meio de campo entre companhias brasileiras e
o exterior é o Exporta Fácil, dos Correios. Qualquer empresa pode usar o serviço, mesmo as que
não possuem registro de exportação. Os Correios atuam como uma espécie de despachante
aduaneiro, representando o cliente na hora do registro da exportação. O único custo é o do frete.
Por meio dessa fórmula, é possível realizar transações de até US$ 50 mil, tendo um limite de 30
quilos por caixa. Dentro de uma remessa, podem ser enviadas várias caixas de até 30 quilos,
desde que não passe US$ 50 mil, relata.

Apesar de ter sido criado em 2000, o serviço segue em busca de consolidação. Nos
últimos três anos, 4,8 mil empresas brasileiras utilizaram a modalidade, sendo somente 271
delas oriundas do Rio Grande do Sul. Desde sua existência até outubro de 2013, em todo o País,
11 mil companhias enviaram 196,7 mil remessas. Os Estados Unidos lideram a lista de destinos,
sendo responsáveis por 20,6% da demanda. Na sequência, aparecem Hong Kong (15%), Japão
(13,1%) e Argentina (5,6%).

Outra alternativa, que é usada com mais frequência pelos empreendedores de menor
porte, é o envio de produtos por meio de tradings comerciais. As micro e pequenas empresas
precisam se organizar para exportar, elas não têm fôlego para fazer exportação direta. As
tradings e até os consórcios de exportação surgem como ferramentas mais econômicas e
também garantem uma segurança jurídica maior nas negociações, aponta Demes Britto,
professor do Instituto Nacional de Estudos Jurídicos e Empresariais (Ineje) e especialista em
direito internacional.
Além da logística, um atributo que influi na competitividade no comércio internacional
é o financiamento das operações. No intuito de estimular o ingresso de pequenas empresas nessa
atividade, o governo federal, através do Banco do Brasil (BB), oferece o Programa de
Financiamento às Exportações (Proex). É uma forma de as micro e pequenas empresas não se
descapitalizarem, podendo garantir prazos maiores para seu comprador. O recurso é repassado
como em uma operação à vista. Só que o exportador precisa estar com as certidões negativas de
débito em dia e deve assegurar uma carta de crédito do importador. A modalidade cobra juros
médios de 1% ao ano.

As commodities representam 65% do valor das exportações brasileiras, segundo


levantamento de 2014 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
(UNCTAD). O agronegócio é uma das características do Brasil, como produtor de commodities.
As dez primeiras posições no ranking do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior) de produtos mais exportados são ocupadas por commodities. As
exportações brasileiras somaram US$ 191 bilhões em 2015.

As principais commodities exportadas em 2015 segundo o MDIC, foram: Soja U$20,9


Bilhões, Minério de Ferro U$14 Bilhões, Petróleo U$11 Bilhões, Frango U$ 6,2 Bilhões e o
Açúcar com U$ 5,9 Bilhões. Assim, demonstrando o potencial exportador brasileiro no setor de
commodities será analisado a mineradora Vale, líder na produção e exportação de minério no
Brasil com 79,9% do mercado em 2015 segundo o Instituto Brasileiro de Mineração - IBRAM.
Figura 2: Quantitativo da produção nacional de minério

Fonte: IBRAM,2016.

Com a queda da atividade econômica da China, acarretou em uma queda dos preços das
commodities, reduzindo por consequência a demanda e as exportações Brasileiras. A Vale tem
driblado esses percalços e diversificando sua rede de compradores como o potássio na
Argentina e o Minério de ferro. A vale sofreu com a queda do valor das commodities mas tem
revertido os prejuízos e voltando a seus investimentos no exterior.

Abaixo um gráfico que ilustra a trajetória do lucro líquido da empresa:


Figura 3: Receita da Vale do Rio Doce

Fonte: Retirado do balanço trimestral da Vale,2016.

A receita líquida da maior produtora global de minério de ferro totalizou R$ 23,772


bilhões no terceiro trimestre, alta de 2% ante o mesmo período do ano passado. O volume de
vendas de minério de ferro (finos) somou 74,231 milhões de toneladas no terceiro trimestre,
ante 70,53 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado.
Podemos aferir que a crise mundial de 2008 e a diminuição do ritmo de crescimento da
China fizeram com que a Vale tivesse uma queda considerável em 2015 em seu lucro. Porém,
com a retomada da economia mundial, crescimento das economias americana e européias,
alinhado a uma política de investimento e exportação de minério para países do MERCOSUL, a
Vale tem tido uma curva ascendente em relação ao lucro.

CONCLUSÃO
Estes dados nos levam a ter uma compreensão do tamanho do mercado que o Brasil tem
acesso e como ele pode se aproveitar dos benefícios de se fazer parte de um bloco econômico
tão forte como o MERCOSUL. Há diversas oportunidades para os empreendedores brasileiros
em diferentes áreas como comprovadas, desde o setor industrial como a do plástico, peças
automotivas e automóveis até setores ligados à mineração como o ferro, aço, minérios e
petróleo (de onde é extraído o óleo mineral).

Este artigo mostrou que apesar do processo de internacionalização das empresas


brasileiras tenha começado de forma tardia, início dos anos 2000. As empresas entenderam que
internacionalizar é uma estratégia a ser adotada para alcançar maiores lucros e preservar sua
posição de liderança em mercados já conquistados.

Este artigo atingiu o objetivo de fazer uma análise estatístico-descritivo para a


inferência dos resultados quanto aos benefícios de se exportar para o MERCOSUL por seu
grande mercado em expansão. De acordo com o levantamento, foi possível descrever o
potencial exportador brasileiro e de como a especialização gerou uma vantagem competitiva do
Brasil dentro do MERCOSUl, pois com a queda das tributações como a redução das taxas
alfandegárias e a extinção da necessidade de se traduzir documentos, o que diminuiu a
burocracia, incentivando um maior fluxo de capitais dentro da região.

REFERÊNCIAS

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