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Pró-Reitoria Acadêmica
Escola de Humanidades
Curso de Relações Internacionais
Trabalho de Conclusão de Curso
Brasília
Brasília - DF
2019
2019
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
3
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar em que medida as transformações realizadas na China
impactam a América Latina e o Brasil, de forma a expor os fatores que levaram a China a um
crescimento econômico resultante de sua crescente abertura ao comércio internacional e sua
adesão à Organização Mundial do Comércio – OMC, ocorrida em 2001. São inegáveis as
transformações realizadas na China, desde 1978, que resultaram em sua elevação à posição de
potência mundial, tendo sido consideradas as mudanças ocorridas naquela país como um dos
temas mais importantes das relações internacionais nas últimas décadas. Pretende-se, então,
demonstrar os possíveis efeitos das relações comerciais com a América Latina e também com
o Brasil, buscando identificar os principais desafios e apresentar os resultados obtidos através
da análise dos dados econômicos apresentados, especialmente entre 1978 e 2018. Como tal,
pode-se citar que tanto os demais países da América Latina como o Brasil tiveram um grande
avanço nas relações comerciais com a China, porém ainda de forma desigual, na medida em
que os chineses importam matérias primas e recursos naturais, como minério de ferro, enquanto
exportam aos latino americanos produtos de alto valor agregado e tecnologia.
ABSTRACT
This academic work seeks to analyze how the changes occurred in China impacts Latin America
and Brazil in order to expose the factors that led China to an economic growth resulting from
its growing openness to the international market and its accession to the World Trade
Organization – WTO, in 2001. It is undeniable that the changes that have taken place in China
since 1978 have resulted in its elevation to the position of world power, considering the changes
that have taken place in that country as one of the most important issues in international
relations in recent decades. By that, it intends to demonstrate the possible effects of trade
relations with Latin America and Brazil, seeking to identify the main challenges and to present
the results obtained from the analysis of the presented data, especially between 1978 and 2018.
It also mentions that other Latin American countries had a great advance in their commerce
with China, just like Brazil, but still unevenly since the Chinese import raw materials and
natural resources and export high value-added products and technology to Latin America.
LISTA DE QUADROS
LISTA DE GRÁFICOS
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................................ 4
ABSTRACT ............................................................................................................................................ 5
LISTA DE QUADROS ........................................................................................................................... 6
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 8
1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS..................................................................................... 11
1.1 A CHINA ANTIGA E A CHINA IMPERIAL ..................................................................... 12
1.2 A CHINA NACIONALISTA................................................................................................ 14
1.3 A CHINA COMUNISTA...................................................................................................... 15
2 A CHINA E SEU CRESCIMENTO ECONÔMICO ACELERADO ................................................ 19
2.1 BREVE HISTÓRICO DO COMÉRCIO EXTERIOR CHINÊS........................................... 20
2.2 O GRANDE SALTO ECONÔMICO CHINÊS .................................................................... 23
2.3 PROCESSO DE ADESÃO À ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO ................ 27
3 O CRESCIMENTO CHINÊS E A AMÉRICA LATINA .................................................................. 29
3.1 A CHINA APÓS O INGRESSO NA OMC E SUAS RELAÇÕES COM A AMÉRICA
LATINA ............................................................................................................................................ 29
3.2 BREVE HISTÓRICO DAS RELAÇÕES BRASIL-CHINA ................................................ 32
3.3 AS RELAÇÕES ENTRE CHINA E BRASIL APÓS 2001 .................................................. 34
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 40
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 44
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INTRODUÇÃO
A China é uma nação sem precedentes, um país cheio de peculiaridades. Suas invenções
e avanços tecnológicos passam pela criação do papel, da bússola, da pólvora, do macarrão e até
do álcool (SUKUP, 2002). De dimensões continentais, é o terceiro maior país do planeta,
ficando atrás apenas da Rússia e Canadá. Segundo a Câmara de Comércio e Indústria Brasil
China (2011), seu território, de aproximadamente 9,6 milhões de quilômetros quadrados, faz
divisa com 14 países – Vietnã, Laos, Mianmar, Índia, Nepal, Paquistão, Butão, Afeganistão,
Tadjiquistão, Quirguistão, Cazaquistão, Rússia, Mongólia e Coreia do Norte.
Possuindo uma importante diversidade cultural, é uma nação milenar. Além disso, é o
país mais populoso do mundo, com aproximadamente 1,4 bilhão de habitantes (IBGE, 2018),
o que representa mais de 20% da população global. Essa proporção é a mesma de cinco séculos
atrás, quando o país era habitado por aproximadamente cem milhões de pessoas. Naquele
tempo, era mais desenvolvida que a Europa e no século XIX seu PIB foi calculado em
aproximadamente seis vezes superior ao da Grã-Bretanha, que saía da Idade Média, como toda
a Europa (MADDISON, 1997). Em 2018, segundo Levy (2019), o PIB chinês cresceu 6,6%,
enquanto a Alemanha, país líder da União Europeia, cresceu apenas 1,5%.
A história de sua transformação é considerada um fenômeno econômico mundial, não
só pelo ineditismo de um país extremamente fechado, tanto quanto ao seu comércio com o resto
do mundo como na absorção de outras culturas, representando o fim da Revolução Cultural.
Iniciado por Deng Xiaoping, em 1978, passando pelo ingresso chinês na Organização Mundial
do Comércio – OMC, o crescimento acelerado chinês propiciou a chegada da globalização e a
liberalização econômica sob um modelo comunista chinês.
O objetivo geral deste trabalho é, de forma ampla, analisar os impactos do crescimento
econômico chinês, principalmente na indústria, desde 1978, e, mais detalhadamente, na
América Latina e em especial no Brasil, até 2018, buscando focar principalmente nos aspectos
econômicos voltados para o comércio entre os referidos países. Este objetivo geral se decompõe
nos seguintes objetivos específicos: (i) demonstrar como se deu a transformação econômica na
China; (ii) apresentar as bases das relações entre a China e a América Latina, assim como os
impactos do crescimento econômico chinês para a América Latina; e (iii) apresentar as relações
entre a China e o Brasil após a implementação das medidas econômicas chinesas e os desafios
que o crescimento econômico chinês significa para o Brasil.
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Para desenvolver este trabalho, foram utilizadas como fontes consultas a livros, teses,
dissertações e publicações científicas. Como fontes auxiliares, pode-se citar sítios eletrônicos,
publicações oficiais do governo chinês, do governo brasileiro e de organismos internacionais,
sobretudo da América do Sul. Tais fontes possibilitam a pesquisa de dados históricos, sociais,
econômicos e, em última instância, de relações internacionais, devidamente atualizados e
capazes de proporcionar uma série histórica.
O método de análise dos argumentos presentes neste estudo foi o método dedutivo,
considerando que é um processo de análise da informação que utiliza a dedução a partir de um
raciocínio lógico para se obter uma conclusão a respeito de um determinado assunto. Neste
caso, as conclusões devem ser necessariamente verdadeiras se todas as premissas também o
forem, e se houver uma estrutura de pensamento lógico.
O método dedutivo apresenta uma linha de raciocínio por dedução, partindo de
enunciados universais na busca de conhecimentos específicos, particulares, “tendo do ponto de
partida um princípio tido como verdadeiro a priori. O seu objetivo é a tese ou conclusão, que é
aquilo que se pretende provar” (OLIVEIRA, 2002, p. 62). Dessa forma, entende-se que as
conclusões desta pesquisa são verdadeiras, assumindo que suas premissas também o são.
Por fim, enfatiza-se que a elaboração deste trabalho seguiu as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
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Corroborando com essa visão, Visentini (2015) pondera que analisar sua trajetória
histórica e suas condições geográficas é a melhor maneira de se entender a China, considerando
que essas qualidades garantiram sua surpreendente ascensão econômica.
O capítulo está didaticamente dividido em três grandes períodos, a saber: (i) uma
retrospectiva da China Antiga até a fundação da República da China; (ii) da República Popular
da China às reformas implementadas por Deng Xiaoping; e (iii) a entrada da China na OMC,
no governo de Jiang Zemin, passando pelo governo de Hu Jintao, até o atual líder Xi Jinping.
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reformada entre os séculos XV e XVI. Bueno (2007) afirma que os excessivos conflitos, com
disputas por territórios incitaram um período cataclísmico para a história chinesa.
A Segunda Era Imperial foi responsável pela reunificação territorial e organização
política. Entre 589 e 618, com a Dinastia Sui, foram instituídos um sistema de pagamento de
impostos e trabalho compulsório. Devido a questões militares, ascendeu ao poder a Dinastia
Tang, quando, durante ela, houve uma popularização da escrita, resultando em um
desenvolvimento cultural do povo.
Após da queda da Dinastia Tang, a China novamente passou por anos de divisão interna,
sendo reunida apenas pela Dinastia Song, que ficou no poder entre 960 e 1279. Esta, também
conhecida como Sung, levou ao crescimento econômico e desenvolvimento cultural. Em
meados do século XIII, a China foi invadida pelo povo mongol, derrotando a Dinastia Song,
mas preservando a estrutura hierárquica. Este período – entre 1279 e 1368, foi marcado pela
ampliação do Grande Canal1, permitindo os primeiros contatos com os povos ocidentais,
abrindo espaço para surgimento de novas tecnologias e orientação religiosa. Nesta época, a
China liderava o mundo em tecnologia náutica, conforme Kissinger (2011).
Entre 1368 e 1644 a Dinastia Ming depôs o governo Mongol e incentivou o isolamento
político e cultural, de forma a preservar a unidade do povo, levando à ideia de que os valores
estrangeiros eram secundários. Na contramão desse isolamento, durante o período, houve um
grande desenvolvimento da atividade marítima, levando as embarcações chinesas até a Arábia.
Houve ainda a expansão do território para a Manchúria, Mongólia e Indochina.
O período entrou em decadência com a chegada dos europeus, em 1516 e encerrando-
se em 1644, com a chegada da Dinastia Qing (1644-1911), que marcou a história chinesa por
grande crescimento populacional e com o contato com países ocidentais. “Um período de paz
de 150 anos traz consigo um relativo bem-estar, especialmente um desenvolvimento dos
comércios da seda, porcelana, chá e mais tarde do ópio” (ZIERER, s.d.,p. 72)
Como enxergavam o mundo ocidental como culturalmente inferiores, o contato era
aceitável apenas por motivos comerciais. Ao final do século XVIII, a China se encontrava no
auge de sua grandeza, chamando a atenção dos impérios ocidentais:
Contudo, o ponto alto da dinastia Qing também se tornou o ponto crítico de seu
destino. Pois a riqueza e a extensão da China atraíram a atenção de impérios ocidentais
e das companhias comerciais operando completamente fora dos limites e instrumentos
1
O Grande Canal, conhecido como Grande Canal Jung-Han, é uma séria de hidrovias no leste e no norte da
China, ligando o Rio Amarelo ao Rio Yangtze. Possui 1.784 km e é a hidrovia artificial mais longa e mais antiga
do planeta. No seu auge, chegou a possuir mais de 2.000 km de extensão, ligando cinco das principais bacias
hidrográficas da China.
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cooperação se manteve a partir da ocupação nazista na Alemanha, em 1933, mas seus efeitos
foram sentidos realmente a partir de 1936. O mais importante projeto originado dessa
cooperação ficou conhecido como Plano Trienal de 1936, que tinha como objetivo criar um
polo de desenvolvimento industrial chinês, de modo a resistir às investidas japonesas. O Plano
trazia ideias como o desenvolvimento de usinas elétricas e a fabricação de produtos químicos,
com o fornecimento da matéria prima à Alemanha em troca de conhecimento e equipamentos
alemães que viabilizariam os empreendimentos chineses. Datam dessa época o surgimento de
uma classe profissional treinada para executar os projetos chineses, com um grande número de
estudantes chineses estudando no Japão, na Europa e nos Estados Unidos, com o objetivo de
voltar e fundar escolas e universidades. Foi um período marcado por um grande crescimento da
ciência moderna na China. Embora tenha havido certo desenvolvimento neste período, este foi
ofuscado por constantes conflitos com o governo nacionalista de Nanquim.
De forma resumida, o Quadro 1 apresenta as dinastias chinesas e seus períodos no poder.
Com o final da guerra civil, em 1949, com o PCC de Mao Tsé-tung vitorioso, foi
proclamada a República Popular da China, sendo decretada uma reforma agrária, a
nacionalização de instituições financeiras e comerciais e a manutenção da indústria no setor
privado. Neste ano, segundo o Departamento Econômico e Comercial da Embaixada da China
no Brasil (2019), a China possuía uma população de 541.670.000 habitantes, mas com a
estabilidade social e a melhoria das condições higiênicas, em 1969 atingiria a marca de
806.710.000 habitantes.
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Quadro 2: População total chinesa e taxa média anual de crescimento (2000 – 2018)
19
A formação do estado chinês, sua história, sua população e sua geografia foram
primordiais para o crescimento econômico exagerado e sustentável que a China vem
experimentando desde as medidas adotadas em 1978. Este crescimento é o assunto a ser
detalhado do próximo capítulo.
Sukup (2002) afirma que já em 1557, com a chegada dos portugueses a Macau, existiram
relações comerciais pacíficas com os chineses, assim como trocas de experiências culturais e
científicas. A fundação de Hong Kong, porém, foi consequência da primeira Guerra do Ópio,
ocorrida entre 1840 e 1840, de modo a permitir o narcotráfico necessário ao pagamento às
importações de chá, seda e porcelana da China. Estes eram os principais produtos negociados
entre os chineses e os britânicos. A China, por outro lado, se apropriou do milho, que ocupa
atualmente grandes extensões do território chinês.
Conforme Sukup (2002), em 1793, durante a revolução industrial, o imperador Qian
Long escreveu ao rei Jorge III que "o nosso Império Celestial possui todas as coisas em
abundância prolífica e não carece de nenhum produto de dentro de suas fronteiras. Não tem por
isso nenhuma necessidade de importar produtos manufaturados". Nesta época, a China era
autossuficiente e uma potência militar. Até o final do século XIX, o país se manteve fechado,
se mantendo longe de contatos estrangeiros.
Sukup (2002) ainda afirma que, entre 1895 e 1913, a rede ferroviária foi ampliada de
200 para 6.000 milhas, fazendo com que seu comércio exterior avançasse significativamente,
mas, ainda assim, a participação dos chineses no comércio mundial passou de 1,5%, em 1898
para apenas 1,9% em 1921. Neste mesmo período, a participação da Índia aumentou de 3 para
21
3,5% e a do Japão de 1 para 1,6%. Devido ao colonialismo britânico, em 1950 a Índia tinha
aproximadamente quatro vezes mais estradas de ferro que o território chinês.
Assim, a abertura terminou por levar ao colapso a civilização chinesa, com os europeus
que arrasaram as fortalezas de Cantão e seguiram a Pequim. Conforme opina Sukup (2002), a
China poderia ter se aberto como o Japão, que após mais de dois séculos, abriram-se à cultura
ocidental sem abandonar a sua própria. Porém, os chineses atravessavam uma profunda crise,
com seus recursos naturais que pareciam ter chegado ao seu limite, desencadeando o fim do
Império, as guerras civis dos anos 20 a 40, a queda de Chiang Kai-Shek e a revolução vitoriosa
em 1949, que manteve o país ainda fechado ao mundo.
Somente a partir de 1979, após a morte de Mao Tsé-tung, e sob a liderança de Deng
Xiaoping, a economia chinesa abriu-se e se mostrou a dona de uma das maiores taxas de
crescimento do mundo, por volta dos 10% por ano (NONNEMBERG, 2010). No país foram
observadas melhorias no nível de vida, principalmente no meio rural. Mudanças como relativa
abundância de alimentos e acesso à objetos de consumo como bicicletas e aparelhos de televisão
pelos chineses camponeses foram conquistas daquele país, assim como a eletrificação, que
atualmente chega 99% da população. A fome, presente na China nos primeiros anos da
República, parece ter desaparecido com a abertura comercial. Data do final da década de 1970
a fase conhecida pela modernização chinesa, ocorrida após o período da Revolução Cultural –
entre 1966 e 1976. Era o início da construção de um sistema de “Socialismo de Mercado”, que
buscou modernizar a Agricultura, a Indústria, a Cultura e a Defesa, passando a serem estas as
principais linhas que conduziriam a China ao crescimento e desenvolvimento. Esse conjunto de
ideias é chamado de Quatro Modernizações por Jabbour (2010), e é parte de uma grande
política de Estado iniciada em 1978.
Porém, o progresso comercial e a estrutura política estatal com o Partido Comunista
desencadearam uma séria crise política, fazendo estudantes e intelectuais reivindicarem uma
"quinta modernização", a da política, após as já consagradas - agricultura, indústria e comércio,
ciência e tecnologia e a área militar. Mesmo com o massacre da Praça da Paz Celestial em 1989,
e as consequentes sanções ocidentais, os investimentos externos no país cresceram de apenas 4
bilhões de dólares por ano, no início dos anos 90, para algo em torno de 40 bilhões durante o
resto da década. Os motivos desse crescimento são encontrados nas reformas e também na
localização geográfica chinesa - o colapso do comunismo e o surgimento da Ásia oriental como
o maior centro de produção industrial no mundo, fazendo a participação da China no mercado
mundial sair de 0,8 para 3,6%, entre 1985 e 1995. Em 1995, o comércio chinês já respondia por
cerca de 3% das exportações mundiais (SUKUP, 2002).
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concluindo que a recente industrialização contou com disponibilidade de mão de obra rural,
levando o país a um enorme crescimento produtivo, acompanhado de um aumento no consumo
de energia, bens duráveis e não duráveis, além de alimentos.
Desde 1949, com a revolução, a migração das zonas rurais para as cidades estava
proibida, sendo o grande fluxo, ao contrário, tendo ocorrido das cidades para o campo e as áreas
de fronteira. Em 1983, com as medidas reformistas, foi permitida uma migração temporária
para as pequenas cidades, sendo permitida a migração permanente para aqueles que
comprovassem a existência de recursos e moradia, em 1984. Com isso, as cidades registraram
uma transferência de 2 milhões de habitantes em 1982. Já em 1983, esse número passou para
51 milhões e, em 1980, incríveis 80 milhões de habitantes haviam deixado o campo para viver
nas cidades. Em 1985, 47 milhões de trabalhadores viviam em áreas urbanas e ZEEs, em
residências temporárias (MEDEIROS, 2002).
Diversos fatores são apontados pela literatura como primordiais e propulsores do
crescimento econômico chinês, embora também seja citado por alguns autores que houve uma
confluência de diversas condições que não podem ser copiados por outros países ou ainda em
outros momentos: fatores geográficos, políticos e econômicos foram formadores de uma
conjuntura propícia ao crescimento ocorrido. Não obstante, há que se citar, de forma mais
detalhada, a liberação do sistema de preços do setor rural, a liberação do comércio exterior, a
própria criação das ZEEs, o grande contingente populacional – mão-de-obra e consumo, o
excedente agrícola, o crescimento do investimento interno, as exportações, os investimentos
diretos estrangeiros e o financiamento internacional (NONNEMBERG, 2010).
O processo de liberação de preços teve início no setor rural, em 1979, ampliando o papel
dos mercados e delegando poder às províncias, conforme Medeiros (2002). Antes deste
movimento, os preços eram fixados pelo Governo Central, mas a partir da liberação, cada
comunidade deveria entregar uma cota de produção determinada pelo Governo, a um preço
predeterminado, mas o excedente da produção poderia ser negociado livremente no mercado.
De forma gradativa, os preços foram sendo liberados, provocando aumentos de produtividade
do setor rural e ainda sobre a renda e o emprego.
Após 1978, uma das mais importantes medidas foi a liberação do comércio exterior. Até
aquele ano, o comércio internacional era totalmente planejado pelo Governo Central, com as
exportações sendo realizadas integralmente por empresas públicas. O resultado dessa liberação
foi, num primeiro momento, um crescimento lento, tanto de exportações como de importações,
com a substituição do controle estatal por tarifas aduaneiras elevadas, que foram reduzidas
posteriormente. A partir do final dos anos de 1980, o planejamento das importações também
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foi substituído por barreiras não tarifárias tradicionais, que também foram sendo reduzidas
gradativamente, até que, no fim da década de 1990, as medidas de liberação do comércio
exterior – importações e exportações, foram aceleradas visando o ingresso chinês na
Organização Mundial do Comércio, ocorrido em 2001.
Conforme Nonnemberg (2010), em 1980, o Governo Central criou 4 Zonas Econômicas
Especiais – ZEEs no litoral sul chinês, em Shenzhen, Zhuhai, Shantou e Xiamen. Nessas
cidades, foram concedidos vários incentivos, o que permitiu a transferência da produção
industrial de Hong Kong, principalmente de setores que demandam muita mão de obra, pois já
não havia mais espaços físicos para crescer. Sobre as ZEEs, Arrighi (2008) afirma:
Com resultados positivos, o governo da China criou outras 14 ZEEs, em 1984, de forma
semelhante às primeiras, chegando à toda a costa chinesa no final da década de 1980. Ao final
dos anos 1990, as áreas para investimentos estrangeiros alcançaram também o interior do país.
Importante ressaltar ainda a ampliação das empresas rurais, nas vilas e cidades pequenas, que
passaram a produzir equipamentos elétricos, produtos têxteis, equipamentos agrícolas e
domésticos, sendo muitas delas fornecedoras de componentes para as empresas manufatureiras
localizadas nos grandes centros urbanos (CORRÊA, 2006).
O fato de a China ser um país extremamente populoso também foi um importante fator.
A China contava com um grande contingente de mão de obra no setor rural, com baixos salários
e produtividade. Isso possibilitou que os trabalhadores rurais se deslocassem para as cidades
mantendo baixos salários, devido à falta de especialização. Nonnemberg (2010) afirma que,
entre 1978 e 2006, a população de trabalhadores nas áreas urbanas cresceu de 95 para 283
milhões, ao tempo em que os salários médios reais cresceram em média 11% ao ano, número
muito próximo do PIB nacional. Medeiros (2002) afirma que, “com as reformas do campo do
final dos 70, o crescimento da produtividade tornou evidente um gigantesco excedente de força
de trabalho rural”. Ainda quanto à sua enorme população, esta favoreceu a existência de
economias de escala na indústria chinesa, impactando diretamente nos custos de produção, de
forma a diminuí-los e a fortalecer a indústria.
Na agricultura, a introdução de tecnologias com vistas à mecanização, com
investimentos na energia elétrica foram importantes fatores para o crescimento da produção
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agrícola, permitindo o aumento do emprego urbano, como já relatado. Além disso, o governo
chinês planejou ainda a criação de uma série de legislações para as empresas privadas, inclusive
leis trabalhistas para a regulação do mercado de trabalho. Cabe ainda citar que a utilização da
terra passou a ser por meio do sistema de responsabilização por contrato familiar, possibilitando
a comercialização do excedente agrícola. Medeiros (2002) afirma que o movimento ocorrido
na China entre 1980 e 1983 se iniciou com a expansão do setor primário, seguido pelo aumento
do setor secundário nos anos posteriores.
Assim, na indústria, além da modernização tecnológica, foram também pensados
prêmios em dinheiro aos trabalhadores. Todas essas mudanças foram seguidas por reforços no
sistema de Educação chinês, de modo que pudesse acompanhar tantas medidas (SERRA, 2003).
Diante de tantas e radicais mudanças, ficaram sob o comando do Estado as áreas de
energia, recursos hídricos e minerais, silvicultura e uso do solo, controle de câmbio, parte do
setor financeiro, com o controle do setor bancário, o que possibilitou direcionar a poupança das
famílias e das empresas para as empresas – públicas e privadas, que desejassem investir. Nessa
área, pode-se citar como medidas adotadas: crédito às empresas estatais, por meio de bancos
públicos; incentivos voltados para investimentos estrangeiros ligados à tecnologia; adoção de
barreiras não tarifárias, após a entrada da China na OMC; políticas de estímulo de transferência
de tecnologia aos processos produtivos locais; e, por fim, implementação de medidas que
visavam a criação de empresas chinesas que concorressem com as multinacionais (PINTO,
2003).
Decorreram dessas mudanças, a queda na proporção dos produtos agrícolas e intensivos
em minerais e o crescimento dos bens industriais comercializados no exterior, mudando para
sempre o padrão de comércio exterior chinês, que acompanhou a transformação de sua indústria
nos mais variados segmentos de mercado.
No período entre 1978 e 1989, a realidade chinesa foi se alterando, com todas essas
reformas sendo construídas gradativamente. Porém, a resistência da ala marxista-leninista do
Partido Comunista Chinês foi sempre muito forte. Essa corrente se fortaleceu com a ascensão
ao poder do PCC, em 1991, quando Deng Xiaoping voltou de sua aposentadoria para lutar para
restabelecer diretrizes iniciais. Em 1992, Xiaoping, contando com apoio de líderes das
províncias no PCC e também pelo Exército da Libertação do Povo – ELP, trabalhou em um
acordo de amplitude nacional, denominado “Grande Compromisso”, de modo a contemporizar
os setores do PCC – anciões, marxista-leninistas, pró-abertura, líderes locais, tecnocratas e o
próprio ELP. O Grande Compromisso garantiu e acelerou as reformas propostas e a abertura da
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economia chinesa ao mundo ocidental. A ideia central do acordo foi transforma a China em
uma nação rica e poderosa até a primeira metade do século XXI (MARTI, 2007).
A China após a saída de Xiaoping do poder, em 1992, não demonstrou sinais de
desaceleração ou finalização das reformas iniciadas por Deng Xiaoping. Em 1993, sob a
liderança de Jiang Zemin, o grande desafio era a estabilização política e econômica do país,
devido aos protestos e apelos de retorno da filosofia comunista dos tempos de Mao. Entre 2002
e 2013, a China passou a ser comandada por Hu Jintao, que, juntamente com o premiê Wen
Jiaobao, são os primeiros a assumir a China em condições muito diferentes dos seus
antecessores.
Hu e Wen trouxeram uma perspectiva sem precedentes à tarefa de administrar o
desenvolvimento da China e definir seu papel mundial. Eles representam a primeira
geração de líderes sem experiência pessoal na revolução, os primeiros no período
comunista a assumir o poder mediante a processos constitucionais – e os primeiros a
assumir posições de responsabilidade em uma China emergindo inequivocadamente
como uma grande potência. (KISSINGER, 2011, p. 468)
A China atual é presidida, desde 2013, por Xi Jinping, sétimo presidente da República
Popular da China, e que assumiu o poder com o desafio de administrar o legado de um país de
tradições milenares, e que, em poucos anos, alcançou o patamar de crescimento extraordinários,
passando a figurar como grande potência mundial.
vigente até hoje, funcionando como grupo de normas que organiza o comércio dos países
participantes da OMC (THORSTENSEN, 1998).
Firmado em 1947, tem a China como um dos países signatários. Porém, após a
Revolução Chinesa, em 1949, o governo de Taiwan anunciou que a China deveria deixar o
GATT. Embora o governo chinês nunca tenha reconhecido esse desligamento, em 1986 a China
manifestou seu desejo de retomar seu status de membro, iniciando a negociação mais longa já
ocorrida na história do GATT e da OMC. Como parte da estratégia chinesa, o país tornou-se
membro do Fundo Monetário Internacional – FMI em 1980. Em 1987 foi formado um grupo
de trabalho no GATT para examinar a reintegração chinesa, que se encontrou mais de vinte
vezes sem chegar a uma conclusão, e paralisando os trabalhos em virtude dos eventos ocorridos
na Praça da Paz Celestial, em 1989. A partir de 1995, com a criação da OMC, o grupo de
trabalho se reuniu outras dezoito vezes.
O governo chinês buscou adequar suas políticas de comércio internacional às normas
previstas no GATT, e posteriormente às regras da OMC, para tornar-se membro, buscando se
qualificar e aumentar sua participação no comércio mundial, mas a baixa transparência no uso
de suas tarifas e a utilização de barreiras não tarifárias prolongaram o processo de negociação
por quase quinze anos (CORRÊA, 2006). Como resultados dessas negociações, a China acabou
por firmar diversos compromissos, com o objetivo de se integrar à economia internacional, a
exemplo da revisão das leis de Patentes, Marcas Registradas e Direitos Autorais, de modo a se
adequarem às exigências da OMC.
Em 1995 a China apresentou novo pedido de adesão, que foi negado, embora a própria
OMC entendesse que o ingresso da China contribuiria para o crescimento econômico mundial,
além de reforçar a necessidade de continuidade das reformas iniciadas em 1978.
Em 1999, os Estados Unidos reconheceram a cláusula da Nação Mais Favorecida –
NMF, que prevê que uma concessão feita a um parceiro comercial é imediatamente estendida
a todos os países membros da OMC, com o objetivo de banir a discriminação nas relações
comerciais internacionais.
De acordo com o princípio NMF, cada parte contratante é obrigada a conceder o mesmo
tratamento tarifário a todas as demais partes contratantes. (THORSTENSEN ET AL, 2011).
Além disso, prevê que, após o pagamento das tarifas, o produto estrangeiro tenha o mesmo
tratamento que o nacional. A cláusula NMF reacendeu as discussões sobre o comportamento
da China em suas transações comerciais quanto aos princípios fundamentais do GATT e da
OMC: cláusula NMF, tratamento nacional, abertura de mercado, transparência legislativa,
vedação às práticas desleais de comércio, vedação às restrições quantitativas de importações e
29
Após a implementação das reformas iniciadas por Deng Xiaoping, a China passou a se
engajar nas relações diplomáticas multilaterais. Dessa forma, estabeleceu relações diplomáticas
com a maioria dos países latino americanos, desenvolvendo relações comerciais com países em
situações de desvantagem econômica, tornando-se cada vez mais atuante no comércio mundial.
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Por óbvio que esse modelo possui riscos em caso de alteração do padrão de crescimento
da China, sendo pouco provável que a demanda por commodities se mantenha crescente caso a
economia chinesa passe a crescer de forma menos acelerada ou com um foco mais em serviços
ao invés de produtos manufaturados. Isso diminuiria a atividade industrial chinesa e a demanda
por commodities tenderia a diminuir, na mesma proporção, impactando negativamente os
preços do mercado mundial.
Dessa forma, o papel dos governos latino-americanos de reconhecer os desafios e as
oportunidades impostas pelo crescimento econômico chinês é de extrema importância,
buscando soluções em resposta a uma possível diminuição deste crescimento.
brasileiras e entra como importante aliado político e parceiro comercial do Brasil, porém o ritmo
acelerado de crescimento chinês e o seu protagonismo nos fóruns multilaterais devem ser
analisados sob os objetivos brasileiros de longo prazo.
Villela (2004) afirma que as relações comerciais entre Brasil e China se desenvolveram
rapidamente, conforme demonstrado no Quadro 4. Conforme o autor, isso ocorreu notadamente
por possuírem diversas características comuns. Ambos os países possuem similaridades em
termos populacionais e de dimensões territoriais, além de problemas semelhantes, como por
exemplo as chamadas “ilhas de modernidades”, já que os dois convivem com desigualdades
socioeconômicas.
Porém, o autor relata também que suas relações comerciais ainda possuem um valor
muito inexpressivo, com grande potencial de se aprofundarem significativamente, considerando
que, nas exportações brasileiras, predominam produtos básicos e muitos autores descrevem as
importações chinesas como um “apetite insaciável por matérias primas”. Em contrapartida,
Costa e Mendonça (2017) afirmam que aquele país vem se especializando em exportar bens
finais, o que reflete fatalmente a relação entre Brasil e China.
O Gráfico 2 demonstra a evolução das exportações, de modo a melhor visualizar o
relatado crescimento.
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Quadro 5: Relações Comerciais entre Brasil e China (Imp x Exp., 2001 – 2015)
Ainda que essa dinâmica seja generalizada, não há dúvidas da posição brasileira, frente
às relações comerciais chinesas. Os Gráficos 3 e 4 apresentam as exportações e as importações
da China para o Brasil, entre 2001 e 2015, por categoria de bens.
Gráfico 3: Exportações de bens da China para o Brasil - % do valor total (2001 – 2015)
Gráfico 4: Exportações de bens do Brasil para a China - % do valor total (2001 – 2015)
Conti e Blikstad (2017) defendem que não existem indícios de mudança no padrão de
comércio chinês, mesmo com a desaceleração do seu crescimento:
Para os próximos anos, nada indica uma mudança nesse padrão de comércio, no que
diz respeito à sua composição. No entanto, existem dúvidas sobre qual será o efeito
da desaceleração chinesa, [...] sobre a demanda por commodities brasileiras (e, em
decorrência, também sobre a trajetória dos preços dessas commodities). (CONTI;
BLIKSTAD, 2017, p. 20)
No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria – CNI (2019), afirmou que a crise sino-
americana de comércio trouxe benefícios para o Brasil, com a elevação das exportações dos
produtos básicos e commodities, mas os produtos manufaturados brasileiros, que já vinham
perdendo espaço, não apresentaram recuperação. “A guerra comercial entre EUA e China
poderá, eventualmente, causar desestabilização, via queda no preço das commodities, caso
provoque desaceleração mais expressiva no ritmo de crescimento do PIB chinês”, afirma a CNI
em seu Informativo publicado em dezembro de 2018.
Conforme Carvalho et al (2019), “o Brasil seria um dos países mais beneficiados em
termos de bem-estar dentre todos os países examinados”.
De qualquer forma, uma guerra comercial como a que está instalada entre os Estados
Unidos e a China nunca é boa para o comércio mundial, o que poderá impactar o futuro das
relações comerciais entre Brasil e China.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
com que essas relações comerciais na exportação de commodities brasileiras gere desestímulos
para os investimentos na indústria.
Segundo Mortatti et al (2011), quando se trata das exportações chinesas ao Brasil,
verifica-se uma predominância de produtos industrializados, com alto valor agregado, porém,
no perfil de exportação brasileira para a China, constata-se exatamente o contrário,
predominando produtos com baixo valor agregado.
Pode-se destacar como principais resultados do crescimento acelerado da China para o
Brasil a retração da especialização da pauta exportadora brasileira, que, em última instância
gera um déficit comercial brasileiro quando se trata de produtos de valor agregado e alta
tecnologia.
Dessa forma, tanto o Brasil quanto os demais países da América Latina enfrentam
desafios comuns no relacionamento comercial com a China, de forma que os países da região
da América Latina necessitam precisam manter as relações comerciais originadas das demandas
chinesas, ao mesmo tempo em que administram os riscos que a especialização em exportação
de recursos naturais representa para o desenvolvimento industrial.
Mais recentemente, surgiram os riscos de uma desaceleração ainda mais forte nas taxas
chinesas de crescimento, em virtude da guerra comercial em curso entre a China e os Estados
Unidos, que podem impactar negativamente a demanda chinesa por commodities e afetar
diretamente as relações de comércio entre Brasil e China. Vale ressaltar que uma mudança nas
relações internacionais de comércio entre Brasil e China passa por muitas negociações e,
sobretudo, vontade política de ambos os lados.
Este trabalho se preocupou em apresentar e analisar o crescimento econômico chinês
desde 1978, com foco em seus impactos na América Latina e especialmente no Brasil, a partir
de 2001, com o ingresso da China na Organização Mundial do Comércio.
Passando por uma descrição dos aspectos históricos, geográficos, culturais e sociais, o
presente estudo se preocupou em demonstrar como se deu a transformação econômica na China,
buscando apresentar as bases comerciais das relações entre a China e a América Latina e os
impactos deste crescimento econômico chinês para a região, em especial para o Brasil, e,
finalmente, buscou apresentar e analisar os desafios que este crescimento econômico significa.
Por fim, este trabalho tem sua relevância relacionada à importância da pesquisa e da
análise realizada com as relações de comércio entre Brasil e China, que vêm apresentando
crescimento cada vez mais significativo.
Como resultados obtidos tem-se que a China apresenta taxas de crescimento acima da
média mundial, como resultado das mudanças econômicas promovidas naquele país. Ademais,
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essas mudanças foram responsáveis pelo crescimento das relações comerciais entre China e
países da América Latina, especialmente o Brasil, majoritariamente com importações de
produtos com baixo valor agregado e de importações de produtos industrializados e tecnologia,
instigando os países a se preocuparem com uma diminuição no ritmo de crescimento chinês, o
que impactaria o comércio entre os países. Ademais, o foco dos latino americanos deve ser na
produção de bens de alto valor agregado, mas travas como a baixa especialização da mão de
obra e o próprio mercado consumidor chinês dificultam, considerado que a China, país mais
populoso do mundo seria um mercado inalcançável, em virtude da necessidade de vender seus
próprios produtos industrializados.
Como sugestão para trabalhos futuros, propõe-se a realização de uma análise a partir de
uma base de informações mais atualizadas, considerando que este trabalho analisou somente
até 2018, e, ainda, os efeitos da guerra fiscal que vem se delineando entre a China e os Estados
Unidos.
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