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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

A INICIATIVA DO CINTURÃO E ROTA E AS OPORTUNIDADES


ECONÔMICAS PARA A REPÚBLICA POPULAR DA CHINA

MANUELA BOITEUX PESTANA


Orientador: Marcelo Nonnenberg

Julho/2020
Rio de Janeiro
MANUELA BOITEUX PESTANA

A INICIATIVA DO CINTURÃO E ROTA E AS OPORTUNIDADES


ECONÔMICAS PARA A REPÚBLICA POPULAR DA CHINA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto de Relações
Internacionais da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Relações
Internacionais.

Orientador: Marcelo Nonnemberg.

Julho/2020
Rio de Janeiro
Epígrafe

“Conhecimento real é saber a extensão da própria ignorância.”


– Confúcio
Resumo

Anunciada pela primeira vez em setembro de 2013, a Iniciativa do Cinturão


e Rota é um projeto da República Popular da China, que consiste no
desenvolvimento de infraestrutura a fim de melhorar a interconectividade e a
cooperação econômica entre países da Ásia, África, Oriente Médio, Europa e da
América Latina. Os seis corredores terrestres, em conjunto com as rotas marítimas
já tem proporcionado novas oportunidades para a economia e para o comércio
internacional chinês, e estudiosos afirmam que a consolidação da iniciativa
possibilitará o desenvolvimento de uma nova ordem econômica global, na qual a
China terá um posicionamento central. Propõe-se analisar estas oportunidades
econômicas para a China, principalmente no âmbito do comércio internacional e da
segurança energética através do Corredor-Econômico China-Paquistão. Ademais,
tendo em vista o impacto geopolítico do projeto, este estudo analisa o discurso
oficial de Pequim a partir da política externa chinesa, e o discurso ocidental crítico
à iniciativa.

Palavras-chave: China; Comércio; Corredores Econômicos; Desenvolvimento;


Gwadar; Infraestrutura; Iniciativa do Cinturão e Rota.
Abstract

First announced in September 2013, the Belt and Road Initiative is an


ambitious Chinese Project, which consists in the development of infrastructure in
order to improve interconnectivity and economic cooperation among nations in
Asia, Africa, the Middle East, Europe and Latin America. The six land corridors,
together with the sea routes, have already provided new opportunities for the
Chinese economy and for its international trade. A number of scholars have
mentioned that the consolidation of the initiative will enable the development of a
new global economic order, in which China will have a central position. This paper
aims to analyze these economic opportunities for China, mainly in the scope of
international trade and energy security through the China-Pakistan Economic
Corridor. Furthermore, as the Belt and Road Initiative imposes geopolitical impacts
to the world, this paper also aims to examine Beijing’s official discourse, as well as
the Western critical point of view.

Keywords: China; Trade; Economic Corridors; Development; Gwadar;


Infrastructure; Belt and Road Initiative.
Sumário

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 9
2 CONTEXTO HISTÓRICO ECONÔMICO .............................................. 9
3 A DIMENSÃO DO PROJETO ................................................................. 11
3.1 Os Seis Corredores Econômicos................................................................ 11
3.2 Países Membros ......................................................................................... 17
3.3. Setores de Investimento ............................................................................ 18
4 ASPECTOS GEOPOLÍTICOS ................................................................. 16
4.1 A Política Externa Chinesa ........................................................................ 16
4.2 A Retórica Chinesa .................................................................................... 25
4.3 A Perspectiva Crítica ................................................................................. 27
5 O COMÉRCIO INTERNACIONAL MARÍTIMO CHINÊS E O
ESTREITO DE MALACA ............................................................. 23
5.1 A Importância do Estreito de Malaca ........................................................ 23
5.2 A China e o Estreito de Malaca ................................................................. 30
6 CORREDOR ECONÔMICO CHINA-PAQUISTÃO: O PORTO DE
GWADAR ........................................................................................ 16
6.1 O Projeto .................................................................................................... 16
6.2 Localização Estratégica do Porto de Gwadar ............................................ 33
6.3 Vantagens para a China ............................................................................. 35
7 PANORAMA GERAL: OPORTUNIDADES DA INICIATIVA PARA
O COMÉRCIO INTERNACIONAL CHINÊS ............................ 16
7.1 Novos Parceiros Comerciais ...................................................................... 16
7.2 Oportunidades para as Cadeias Globais de Valor ..................................... 40
7.3 O Desenvolvimento da Rota da Seda Digital ............................................ 42
8 CONCLUSÃO ........................................................................................... 16
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 46
Lista de Figuras

Figura 1 – A Iniciativa do Cinturão e Rota. ......................................................... 16


Figura 2 – O Corredor Econômico China-Paquistão. ........................................... 33
Figura 3 – A Rota Alternativa Através do Porto de Gwadar. ............................... 34
Lista de Gráficos

Gráfico 1 – Participação das Regiões Selecionadas e das Economias da Iniciativa


do Cinturão e Rota no PIB mundial (1980-2017).................................................. 18
Gráfico 2 – Percentual do Total de Investimentos entre 2013 e 2018. ................. 19
Gráfico 3 – Investimentos por Setor e Região 2013-2018. .................................. 20
Gráfico 4 - Balança Comercial com a China (2015-2019). .................................. 16
Gráfico 5 - Participação das Exportações Chinesas nas Economias da Nova Rota
da Seda, da OCDE e Outros Países (1993-2017). ................................................. 38
Gráfico 6 - Destinos das Exportações e Importações Chinesas por Região em 2017
e 2020. ................................................................................................................... 39
Gráfico 7 – Participação das Exportações Chinesas nas Economias da Iniciativa do
Cinturão e Rota. ..................................................................................................... 40
Gráfico 8 – Produtos Eletrônicos: Exportação Bens Intermediários e Finais da
China (1996–2017). ............................................................................................... 42
1 Introdução

O presente trabalho visa abordar as oportunidades econômicas,


proporcionadas pela Iniciativa do Cinturão e Rota, para República Popular da
China. Tendo em vista a dimensão da iniciativa e os inúmeros ganhos
econômicos para as diversas partes envolvidas, este projeto focará
especificamente na análise dos impactos para o comércio exterior chinês,
traduzidos no alcance a novos mercados, na elevação da China nas Cadeias
Globais de Valor, e na expansão global das empresas chinesas de alta tecnologia.
Ademais, o projeto discorrerá também sobre as oportunidades de
desenvolvimento de novas rotas comerciais, capazes de reverter o cenário
vulnerável que se encontra a segurança energética chinesa. Para isso, será
analisado profundamente o Corredor Econômico China-Paquistão, um dos seis
corredores terrestres da iniciativa, o qual conecta o Porto de Gwadar no
Paquistão até Kashgar, localizada na região autônoma chinesa de Xinjiang. A
China, maior importadora de petróleo do mundo, é altamente dependente do
Estreito de Malaca para o transporte de suas importações. O perigo reside no fato
de que a posição estratégica de Malaca o torna palco para disputas entre
potências internacionais, e assim, possíveis interrupções no fornecimento de
energia podem causar fortes danos para a economia chinesa. Neste sentido, o
trabalho apresentará as vantagens do Porto de Gwadar e do Corredor Econômico
China-Paquistão para a economia chinesa.
Apesar deste trabalho abordar sobretudo as oportunidades e os impactos
econômicos da Nova Rota da Seda, é imprescindível a realização de uma análise
à respeito das implicações geopolíticas do “Projeto do Século”. Sendo assim, a
pesquisa examina também os fundamentos da política externa chinesa desde o
período imperial até o atual governo de Xi Jinping, a fim de entender o discurso
oficial de Pequim sobre a Iniciativa do Cinturão e Rota. A incompreensão sobre
a China em termos gerais, somada ao caráter instrasparente da iniciativa, provoca
inúmeras críticas ao projeto e às ambiçoes chinesas. Portanto, o trabalho também
levantará as principais críticas existentes, principalmente entre estudiosos
ocidentais.
9

Em termos gerais, o objetivo deste trabalho é realizar uma reflexão sobre


os aspectos econômicos e geopolíticos da iniciativa. Embora ainda em fase
incipiente, a Iniciativa do Cinturão e Rota é um projeto de enorme escala e de
grandes ambições, e é incontestável que este irá perdurar pelas próximas décadas.
2 Contexto Histórico Econômico

A República Popular da China do século 21 é, segundo Barbosa:

(...) uma terra de superlativos, que acumula números expressivos e conquistas


nas principais áreas de competição mundiais e que se projeta crescentemente
como potência destinada a ocupar papel de preponderância na configuração do
Sistema de poder global que se descortinou após a Guerra Fria. (2017, p.22)

Além de habitar a maior população absoluta do mundo, o país é reconhecido


pelo seu êxito econômico, traduzido em crescimento real do Produto Interno Bruto
(PIB) de, em média, 10% ao ano entre 1978 e 2007, e a segunda posição no ranking
das maiores economias do mundo desde 2010 (The World Bank, 2020a). Tal ritmo
de crescimento, descrito pelo Banco Mundial como a expansão mais rápida
sustentada por uma grande economia da história, foi possibilitado por uma trajetória
iniciada em 1978, marcada por um programa de reformas econômicas do governo
chinês (Lin, 2013).
A extensa lista de reformas econômicas buscava o avanço de uma economia
planificada que se encontrava fragilizada, atrasada, e fechada para o mundo no fim
da Era Maoísta (1949-1976). Deng Xiaoping, o principal nome do período
reformista, almejava modernizar o país nos âmbitos da indústria, agricultura, forças
armadas, e ciência e tecnologia, com a estratégia de colocar em prática dois
dualismos: estado e mercado, chineses e estrangeiros (Gewirtz, 2018, p.18).
Se por um lado o pensamento Marxista-Leninista do líder Mao Tse-Tung,
afirmava que a afiliação ideológica e política deveria guiar quaisquer decisões
econômicas do país, o pensamento do período reformista - que obteve espaço para
se desenvolver com a morte de Mao – possuía caráter pragmático e buscava a
superação do engessamento ideológico, que marginalizava a função do mercado na
economia e proibia trocas intelectuais e comerciais com tudo aquilo que fosse
considerado estrangeiro (Gewirtz, 2018, p.28). O pragmatismo nos processos de
tomada de decisão – bem definido pela famosa metáfora de Deng Xiaoping, “não
importa se o gato é preto ou amarelo, contanto que pegue ratos, é um bom gato” –
possibilitou a abertura à novas ideias para solucionar a recessão econômica Chinesa.
11

Os reformistas buscavam a verdade a partir dos fatos, e acreditavam na prática


como único critério para julgar a verdade. Assim, o método que utilizavam pode
ser descrito pelo famoso lema, também de Deng Xiaoping, “atravesse o rio sentindo
as pedras”, em que o “rio” seria uma metáfora para mudança e transformação
constante, e as “pedras” representavam os obstáculos desta incerta jornada
experimental. Esta nova dinâmica, pragmática e experimental, foi a força motriz
para a transformação econômica e modernização do país (Gewirtz, 2018, p.1).
Trocas intelectuais com economistas estrangeiros passaram a ser incentivadas
para que a China pudesse estudar experiências bem-sucedidas de países capitalistas
e socialistas, e incorporá-las à realidade do país. De acordo com Gewirtz (2018,
p.7):

Essa abordagem pragmática e eclética conferiu coerência à ideia de que um


líder chinês poderia, no espaço de um único ano, reunir-se e elogiar ideias de
um economista socialista, de um fundamentalista de livre mercado e de um
neokeynesiano. Havia uma extraordinária variedade na orientação teórica dos
economistas convidados pelos líderes chineses – e uma variedade ainda maior
nessas interações do que a desejada.

Apesar do intenso fluxo de ideias, e da influência direta e indireta de


economistas estrangeiros, os líderes Chineses eram céticos em relação à teoria e às
prescrições de políticas dos países avançados, e por isso, utilizaram o método
experimental para moldar e adaptar normas estrangeiras à realidade do país.
A evidência da adaptação é a transição do modelo comunista para um modelo
que, ainda que socialista, passou a incorporar as forças do mercado. Em 1993 a
China se torna oficialmente um socialismo de mercado, quando o governo
incorpora esta concepção na constituição do país, abandonando o modelo de uma
economia comunista de Mao. O socialismo de mercado, popularmente conhecido
como socialismo com características chinesas, permitiu a união dos dualismos que
são centrais na história econômica da China moderna: estado e mercado, chinês e
estrangeiro (Gewirtz, 2018, p.277). Através deste sistema econômico, que perdura
até os dias atuais, o país passou a utilizar de maneira mais eficiente seus recursos e
teve um crescimento substancial dos fatores de produção (OECD, 2020).
Na prática, uma das mudanças fundamentais que esse sistema trouxe foi a
abertura da China para o mundo. A adoção de uma política de portas abertas para o
investimento estrangeiro, ainda que com certas condições, incentivou a entrada de
12

aproximadamente $ 100 bilhões de dólares no país em 1994 (Hu; Khan, 1997). Nos
anos 90, a China já figurava entre os maiores receptores de investimento estrangeiro
direto (IED) do mundo, e em 2002 ela ultrapassa os Estados Unidos, assumindo a
posição de líder global na recepção de IED (Hu; Khan, 1997). Os investimentos
estrangeiros permitiram o desenvolvimento de infraestrutura, de novas manufaturas,
a mecanização do setor agrícola, além da transferência de ciência e tecnologia (Hu;
Khan, 1997).
Somados a isso estavam a mão de obra barata e o câmbio desvalorizado,
pilares fundamentais para que a economia chinesa pudesse crescer tão rapidamente
através da estratégia do governo de promover o país como uma plataforma de
exportação. A política doméstica de estabelecimento de Zonas Econômicas
Especiais (ZEE) em 1979, sinalizou o início do comércio internacional, que foi
estendido às instituições internacionais com a adesão do país à Organização
Mundial do Comércio (OMC) em 2001. Este evento marcante na história
econômica chinesa, possibilitou um aumento descomunal do fluxo de comércio e
investimentos, e foi crucial para que o país não apenas se integrasse ao sistema
econômico global, mas passasse a ter um papel competitivo nas cadeias globais de
valor.
Em 1979, as exportações representavam 4,1% do PIB da China e as
importações 5,6%. Em outras palavras, cerca de 90% do PIB chinês não estava
relacionado ao comércio internacional. No entanto, desde o início das reformas em
1978, até o ano de 2016, a taxa média anual de crescimento do comércio
internacional foi de 14,8%, e em 2016 as trocas comerciais representaram 32,7%
do PIB do país (Barboza, 2009). Assim, a China do século 21 é uma potência que
desempenha um papel significativo no comércio global, ocupando desde 2009 a
posição de liderança nas exportações mundiais, e sendo atualmente o principal
parceiro comercial de mais de 120 países (Barbosa, 2017, p.23).
O modelo de desenvolvimento econômico baseado em exportações, o qual
garantiu à China o status de fábrica do mundo, resultou em conquistas expressivas:
altas taxas de crescimento econômico como nunca visto antes na história; elevação
do nível de prosperidade da sociedade; retirada de mais de 850 milhões de pessoas
da linha de pobreza; liderança mundial em Poder de Paridade de Compra (PPC);
status de país de renda média, entre outros êxitos (The World Bank, 2020b).
13

Apesar destes incontestáveis e descomunais ganhos, a sustentabilidade deste


modelo passou a ser questionada domesticamente, principalmente com a crise
financeira e econômica global em 2008. A queda da demanda dos principais
mercados mundiais evidenciava a forte dependência da economia chinesa nas
exportações e no investimento estrangeiro, e assim, surgia uma questão
fundamental: a China não poderia continuar seu rápido crescimento dependendo
exclusivamente das exportações, e às custas das questões ambientais e sociais
domésticas. Ser a fábrica do mundo já não era mais suficiente, era preciso uma nova
onda de reformas que proporcionasse um modelo de desenvolvimento estruturado
e sustentável, ainda que as taxas de crescimento viessem a diminuir.
Os Planos Quinquenais, implantados por Stalin na antiga União Soviética, são
instrumentos de planificação econômica que o governo chinês utiliza para definir e
estabelecer metas de crescimento para períodos de cinco anos. Em face de desafios
domésticos e de um ambiente internacional complexo, o 12º Plano Quinquenal
(2011-2015) anunciou uma mudança nas forças de crescimento econômico do país,
rompendo com a ênfase na produção industrial, no investimento de capital, e nas
exportações, que trouxeram desequilíbrios sociais, ambientais, e externos (Asian
Development Bank, 2011, p.3).
O novo paradigma, a fim de promover o equilíbrio entre crescimento
econômico e prosperidade social, orientaria a economia pelo consumo interno,
aumentaria a participação do setor de serviços no PIB do país e alavancaria os
investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Neste novo arranjo
estrutural, forças políticas e de mercado reequilibrariam incrementalmente a
economia na direção do consumo, da inovação e dos investimentos no exterior, os
quais passam a ser fontes importantes de crescimento (Song et al., 2017, p.13).
Ao ascender ao poder em 2013, o Presidente Xi Jinping, que atualmente
exerce seu segundo mandato presidencial na China, se via diante de um país que
vinha desacelerando suas taxas de crescimento econômico, ainda que altas, desde
2008. É neste contexto que, no mês de setembro de 2013, o presidente Xi Jinping
anuncia, pela primeira vez, a Iniciativa do Cinturão e Rota ao proferir um discurso
no Cazaquistão, apresentando o Cinturão Econômico da Rota da Seda, um dos
pilares da iniciativa, e no mês seguinte na Indonésia, propondo a criação da Rota da
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Seda Marítima do Século XXI, o segundo pilar da iniciativa (Ministry of Foreign


Affairs of the People’s Republic of China, 2013).
A Iniciativa do Cinturão e Rota é uma das principais estratégias da China para
alcançar o desenvolvimento sustentável, por meio do fortalecimento da
conectividade com os países membros, e da promoção de relações econômicas
mutuamente benéficas. O projeto é uma estratégia ambiciosa e de enorme escala, a
fim de garantir à China acesso a novos mercados e uma maior inserção na economia
internacional. Inúmeros são os interesses do país através da Iniciativa do Cinturão
e Rota, e estes serão analisados nos próximos capítulos deste trabalho.
É necessário mencionar que, de acordo com o discurso oficial do governo
chinês, trata-se de um projeto de cooperação, o qual gerará ganhos absolutos a todos
os envolvidos, não se tratando apenas de uma ambição exclusiva da China para
alcançar seus objetivos econômicos (The State Council of the People’s Republic of
China, 2015).
Desta forma, a Iniciativa do Cinturão e Rota oferece uma grande oportunidade
para o aprofundamento da cooperação internacional, ao servir como uma
plataforma de regionalismo aberto que promove a integração econômica por meio
da melhoria de cinco tipos de vínculos: político, comercial, investimentos,
intercâmbios culturais, e desenvolvimento de infraestrutura.
Em um período de transição da economia chinesa, a iniciativa pode ser
também entendida como um processo de experimentalismo e pragmatismo, além
de seu caráter inovador, o qual impulsionará a economia do país, ajudando a
aumentar o crescimento de seu PIB após várias décadas de taxas de crescimento de
dois dígitos.
3 A Dimensão do Projeto

3.1 Os Seis Corredores Econômicos

A Iniciativa do Cinturão e Rota é um projeto de revitalização da Rota da Seda


criada em 130 a.C pela dinastia chinesa Han (206 a.C a 220 d.C), a qual constituía-
se de um emaranhado de rotas comerciais terrestres e marítimas que conectavam a
China ao Extremo Oriente, ao Oriente Médio e à Europa. Apesar do nome, uma
vasta gama de produtos, além da seda, era comercializada entre oriente e ocidente,
incluindo têxteis, especiarias, grãos, vegetais, frutas, couros de animais,
ferramentas, trabalhos em madeira, trabalhos em metal, objetos religiosos, peças de
arte, pedras preciosas, entre outros. Além da importância comercial, um grande
legado da Rota da Seda foi a possibilidade de colocar culturas e povos em contato
uns com os outros e facilitar o intercâmbio entre eles. A interação cultural era um
aspecto vital da troca material: o conhecimento sobre ciência, artes e literatura, além
de artesanato e tecnologias, era compartilhado, e desta forma, idiomas, religiões e
culturas se desenvolveram e se influenciaram (UNESCO, 2020).
Com o objetivo inicial de fortalecer a integração econômica e a coordenação
de políticas na região da Eurásia, a iniciativa de Xi Jinping é constituída de uma
série de projetos propostos em dois pilares: o “Cinturão” e a “Rota Marítima”, que
conectam o país às nações do Sudeste Asiático, Oriente Médio, Leste e Norte da
África, até a Europa (Figura 1). Até o presente momento, o projeto se constitui em
seis corredores econômicos, sendo eles: o Corredor Econômico China-Mongólia-
Rússia; a Nova Ponte de Terra da Eurásia; Corredor Econômico China Península
Indochinesa; o Corredor Econômico China-Ásia Central; o Corredor Econômico
Bangladesh-China-Índia-Mianmar; e o o Corredor Econômico China-Paquistão, o
qual será analisado mais profundamente no Capítulo 6 deste trabalho.
16

Figura 1 – A Iniciativa do Cinturão e Rota.


Fonte: MERICS, 2020.

A iniciativa concentra-se principalmente no desenvolvimento de projetos de


transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário, além de usinas de energia,
gasodutos, oleodutos, redes de irrigação, infraestruturas de telecomunicações,
cabeamentos de fibra ótica, e outras, com intuito de melhorar a conectividade e
integração entre as regiões. O discurso chinês afirma que o objetivo do projeto, a
longo prazo, é contribuir para o desenvolvimento econômico dos países membros
a partir do desenvolvimento das infraestruturas mencionadas acima, e da
fomentação das trocas comerciais.
A consolidação dos seis corredores terrestres, em conjunto com as rotas
marítimas, possibilita o desenvolvimento de uma nova ordem econômica global, na
qual a China se encontra no centro das relações. Atualmente, o volume, em dólares,
do comércio euro-asiático encontra-se em torno de $2 trilhões por ano, traduzindo-
se em mais do que o dobro do comércio transatlântico, e significativamente mais
do eu o comércio transpacífico (Maçães, 2018, p.1).
Apesar da participação descomunal na economia global, gargalos de
infraestrutura e medidas que restringem a cooperação econômica, impedem que o
fluxo comercial atinja sua capacidade máxima. Neste sentindo, o potencial de
crescimento na Eurásia é enorme, e a promoção da interconectividade através do
17

desenvolvimento em infraestrutura contribuirá não apenas para a fomentação do


comércio internacional e de fluxos financeiros, bem como para a intensificação de
trocas culturais e influência política (Maçães, 2018, p.1).
Ademais, de Souza (2017, p.144) afirma que “A Eurásia, o gigantesco
território combinado da Ásia e da Europa, é o teatro geopolítico primordial, seja
pelo peso da massa territorial e populacional, seja pela quantidade descomunal de
recursos naturais”. Considerando a importância da região, Maçães (2018, p.1)
conclui que o país capaz de controlar a infraestrutura que conecta as duas
extremidades da Eurásia, será a futura potência hegemônica. Deste modo, embora
ainda em fase incipiente, a Iniciativa do Cinturão e Rota, através dos seis corredores
e das rotas marítimas, é uma oportunidade para atingir este patamar, almejado pelo
presidente Xi Jinping.

3.2 Países Membros

Em 28 de março de 2015, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e


Reforma (NDRC), o Ministério das Relações Exteriores da China, e o Ministério
do Comércio da China, com autorização do Conselho de Estado chinês – principal
autoridade administrativa do país – divulgaram um plano de ação sobre a Iniciativa
do Cinturão e Rota, o qual descreve suas diretrizes e objetivos. O documento
menciona cinco grandes áreas de cooperação, sendo elas: (1) Coordenação do
desenvolvimento de estratégias e políticas econômicas; (2) Conectividade de
infraestrutura; (3) Redução de barreiras comerciais e melhoria nas relações de
investimento e comércio; (4) Cooperação financeira; e (5) Fortalecimento de laços
entre povos (The State Council of the People’s Republic of China, 2015).
Ademais, foi enfatizado também o caráter aberto do projeto, em que todos os
países são convidados a participarem. De acordo com os dados oficiais mais
atualizados, datando junho de 2020, desde o lançamento do projeto, 138 países
assinaram Memorandos de Entendimento com a China (Bin, 2020). Grande parte
dos países membros localizam-se em regiões ao longo dos seis corredores, no
entanto, existem membros também da América Latina, como é o caso do Panamá;
da Europa, tal como a Itália; e da África, sendo a Zambia um deles. Existem também
países, localizados ao longo dos corredores, que não assinaram qualquer tipo de
18

acordo bilateral com a China, e por isso, não são considerados membros oficiais.
Ainda assim, estes países fazem parte da dinâmica do projeto, e são também
impactados, ainda que indiretamente.
O escopo geográfico do projeto deixa evidente sua grandeza: a Iniciativa do
Cinturão e Rota, popularmente conhecida como a Nova Rota da Seda engloba mais
da metade da população mundial. Subsequentemente, a iniciativa abraça grande
parte do PIB global, do comércio internacional e dos investimentos internacionais
(OECD, 2018, p.9) (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Participação das Regiões Selecionadas e das Economias da Iniciativa do Cinturão e


Rota no PIB mundial (1980-2017).
Fonte: OECD, 2018.

Nota-se que até 2017, as economias participantes representaram 32.3% do


PIB mundial, ou seja, quase um terço do total global. Denominado “O Projeto do
Século” pelo presidente Xi Jinping, caso tudo corra como esperado pelas lideranças
chinesas, a iniciativa tem a capacidade de remodelar a economia e a política
mundiais, colocando a China no centro das redes globais (Maçães, 2018, p. 57).

3.3. Setores de Investimento

Dada a opacidade dos dados chineses e a natureza fluida da Iniciativa do


Cinturão e Rota, quantificá-la e mensurar seus impactos tem sido um grande desafio
para organizações internacionais como o Banco Mundial e a Organização para
19

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Estima-se, no entanto, que a


escala de financiamento da iniciativa esteja entre $ 1 trilhão a $ 8 trilhões de dólares
(Hillman, 2018).
Uma vez que não há, até então, uma base de dados oficial do governo chinês
para a divulgação dos números da Iniciativa do Cinturão e Rota, diferentes institutos
de pesquisa, Think-Thanks, Organizações Internacionais, e Governos Federais,
publicam dados de metodologias e valores distintos, tornando difícil a análise
quantitativa da iniciativa.
Um estudo realizado pela Moody’s Analytics (Kong et al, 2019, p.3) indica
que de 2013 até 2018, a maior parte dos investimentos foram para o setor de energia,
que representou 38% do total investido (Figura 3). Dados divulgados pela Mckinsey
(Statista, 2020) corroboram com a afirmação da predominância do setor energético
ao informar que, durante este mesmo período, $114 bilhões foram destinados a este
setor.
Em segundo lugar está o setor de transportes, o qual recebeu 27% dos
investimentos (Kong et al, 2019) e totalizou $82 bilhões de dólares (Statista, 2020).
Parcelas significativas de investimento foram destinadas à construção e à produção
de aço, que ocuparam os terceiro e quarto lugares, respectivamente.

Gráfico 2 – Percentual do Total de Investimentos entre 2013 e 2018.


Fonte: Moody’s Analytics (2019)

No que concerne os destinos, entre 2013 e 2018, estes investimentos


aconteceram majoritariamente no continente Asiático, que respondeu por mais da
20

metade, seguido pela África e pelo Oriente Médio, que representaram 23% e 13%,
respectivamente (Kong et al, 2019, p.3). Observa-se que dependendo da região e de
seus respectivos gargalos, o enfoque dos investimentos muda (Figura 4). Na Ásia o
setor de energia é predominante, respondendo por 40% do financiamento total, e no
No Oriente Médio o setor de energia é predominante dada à riqueza por
recursos naturais. A Ásia segue esta mesma tendência, tendo em vista que este setor
respondeu por 40% dos investimentos na região (Kong et al, 2019, p.3), mas neste
caso, o motor para estes investimentos é o interesse chinês em garantir sua
segurança energética. A economia chinesa é altamente dependente das importações
de petróleo e gás, e a falta de diversificação de rotas comerciais, a torna vulnerável.
Neste sentido, há uma forte tendência ao investimento no setor de energia na Ásia,
e o Corredor China-Paquistão que será melhor analisado no capítulo 6 deste projeto,
é uma das estratégias chinesas para a garantia da segurança energética.
Por outro lado, na África o investimento em transporte é predominante, tendo
em vista o gargalo dos países africanos neste setor, e a necessidade da construção
de ferrovias, rodovias, portos e etc, para a melhoria da conectividade e do
escoamento de produtos.

Gráfico 3 – Investimentos por Setor e Região 2013-2018.


Fonte: OECD, 2018.

Em termos de veículos de investimentos, enquanto novas instituições foram


criadas para ajudar no financiamento, como o Silk Road Fund, a maior parte do
financiamento dos projetos é proveniente de bancos estatais comerciais como o
21

Banco Industrial e Comercial da China, Banco da Construção da China, Banco


Agrícola da China, e o Banco da China. Outros importantes veículos são o Banco
de Desenvolvimento da China e o Banco de Exportação e Importação da China.
Ademais, a China tem apoiado uma abordagem multilateral ao investimento,
através de bancos multilaterais de desenvolvimento como o Banco Asiático de
Desenvolvimento, o Novo Banco do Desenvolvimento e o Banco Asiático de
Investimento em Infraestrutura, além de parcerias público-privadas, deixando claro
que este não é um jogo de soma zero (OECD, 2018, p.3).
4 Aspectos Geopolíticos

4.1 A Política Externa Chinesa

O aspecto geopolítico é fundamental para a realização de uma análise


completa sobre a Iniciativa do Cinturão e Rota. Em maio de 2017, Pequim sediou
o primeiro “Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional”, reunindo
mais de 100 países para promover a iniciativa. Ao proferir seu discurso, o presidente
Xi Jinping descreveu a Iniciativa do Cinturão e Rota como o "o projeto do século",
e continuou afirmando que o intuito da China era de criar uma grande família que
convivesse harmoniosamente (Clover, 2017).
O ideal moral por trás do auto-retrato da China, abre a possibilidade para
diálogos mais complexos do que o simples entendimento da Iniciativa do Cinturão
e Rota como um projeto de caráter meramente econômico e comercial. A maneira
como a China moderna se porta através da Iniciativa do Cinturão e Rota, é fruto de
uma profundidade histórica e base filosófica milenar que exercem forte influência
no modo de agir e pensar da sociedade chinesa.
Na China imperial, o Sistema Tributário era a ferramenta de política externa
que ditava as interações entre a China e seus vizinhos. Este sistema, que durou dois
milênios até seu colapso no final do século XIX, incorporava uma série de
instituições e normas sociais que colocavam a China no centro das relações com os
outros países. Os ensinamentos de Confúcio (551 a.C - 479 a.C), principalmente a
percepção de que a vida social é fundamentalmente hierárquica, moldaram este
sistema, no qual a superioridade chinesa era reconhecida e aceitada pelos
estrangeiros. De acordo com Barbosa (2017, p. 36), “as nações vizinhas não eram
tratadas com base na igualdade, mas nas virtudes confucianas, principalmente a
benevolência, desde que fossem observadas as práticas rituais que indicavam
submissão ao Império do Meio”.
Segundo Maçães (2018, p.13):
23

Under this hierarchical order, foreign states, attracted by the splendor of


Chinese civilization, voluntarily submitted to the Chinese court and became
vassals, periodically sending embassies to pay tribute to the Chinese emperor.
The system was a means of endowing the entire known world with a single
political order. It was achieved by singling out a central state responsible for
creating and maintaining order under the direct supervision of the highest
deity, namely Heaven. Its ruler was the son of Heaven, whose authority alone
could surpass territorial borders and bring the whole world together. Instead
of territorial boundaries, relations between states were expressed by the
aforementioned hierarchical relationship between the center, China, and the
peripheries.

Do ponto de vista chinês, este reconhecimento não era fruto de uma força
coercitiva, mas sim de uma admiração cultural, que funcionou como um imã
atraindo nações secundárias para o esquema confucionista de hierarquia
benevolente. O caráter não-violento e não-coercitivo do confucionismo, assegurava
uma ordem internacional benigna e harmoniosa, ainda que concomitantemente
hierárquica. Alguns acadêmicos argumentam que esta ordem hierárquica
evidenciava uma assimetria de poder entre a China e os outros Estados, já que estes,
por serem menores, eram incapazes de competir com a China pelo poder
hegemônico, e por isso, se viam obrigados a se subordinarem as condições impostas
pela China através do Sistema Tributário.
É evidente que a política externa chinesa sofreu mudanças e adaptações ao
longo da história, mais notavelmente durante a Era Maoísta com o florescimento
do nacionalismo e isolamento chinês durante alguns anos. Entretanto, a tendência à
harmonia através de relações diplomáticas amigáveis foi retomada com Deng
Xiaoping que reintegrou o país à comunidade internacional. Tendo em vista que o
foco do país sob a liderança de Deng Xiaoping era o desenvolvimento econômico,
uma grande conquista política dele foi conseguir convencer o Partido Comunista
Chinês de que a construção de relações pacíficas e amistosas com o mundo
capitalista era uma questão de interesse nacional (Maçães, 2018, p.5).
A política externa de Deng teve uma natureza mais discreta e pragmática,
podendo ser resumida em sua famosa frase “esconda sua capacidade, espere a
oportunidade”. Este paradigma evitou que a China se envolvesse em conflitos
políticos ou militares internacionais, e permitiu um crescimento econômico através
das trocas com o estrangeiro. Por outro lado, a China ficou apagada do cenário
internacional, e distante de possíveis alianças. A partir do início do século 21, à
medida em que o país foi crescendo economicamente e se integrando à economia
24

mundial, o paradigma de política externa discreta iniciada por Deng Xiaoping


perdeu forças.
Durante o governo de Hu Jintao (2002-2012), a China passa a ter um grande
protagonismo no Sistema Internacional e a ascender como potência global. Isto
implicou em um rompimento com a discretude de Deng, e consequentemente, no
início de uma política externa mais estridente (Zhao, 2012, p.1). A China passou a
ter atitudes mais assertivas para defender seus interesses nacionais, e foi sob a
liderança de Hu, que se iniciou o investimento no desenvolvimento da capacidade
militar. Um dos principais exemplos deste novo paradigma reside no início da
assertividade chinesa na reivindicação da soberania sobre territórios disputados no
conflito do mar do sul da China, a qual pode ser notada através do uso de navios-
patrulha, desde 2006, para garantir o controle das águas disputadas (Chubb, 2019).
Apesar da assertividade da política externa chinesa ter se iniciado com Hu,
ela se consolida e fica mais evidente no atual governo de Xi Jinping. Diversos são
os exemplos que tornam esta postura evidente, como é o caso da disputa pela
manutenção do controle de Taiwan, de Hong Kong, de Xinjiang, além das
reivindicações por soberania no mar do sul da China, e do conflito comercial e
tecnológico com os Estados Unidos.
Do ponto de vista de Pequim, apesar de ambiciosa, a política externa chinesa
é não-hegemônica e não-intervencionista. Em suas próprias palavras, Xi Jinping
afirma que busca retomar o centro do palco internacional e trazer uma contribuição
maior à humanidade (Clover, 2017). A intenção de tornar a China um ator com
protagonismo mais ativo e capaz de influenciar a ordem internacional, é parte de
uma visão maior e de longo prazo denominada “O Sonho Chinês”, que busca o
rejuvenescimento doméstico da nação chinesa e a construção uma sociedade
moderadamente próspera e moderna até 2050 (The State Council Information
Office, 2018).
Estabelecido em 2013, o Sonho Chinês é um conceito amplo que envolve
diversos projetos para atingir o rejuvenescimento e desenvolvimento da nação
chinesa. Conforme o capítulo 3 do 13º Plano Quinquenal (2016-2020):
25

The Chinese Dream and the core socialist values will gain a firmer place in
people’s hearts. We will broadly advocate patriotism, collectivism, and
socialism. People should work to improve themselves, cultivate a sense of
virtue, act with honesty, and help each other out. We will work toward a
significant improvement in the intellectual, moral, scientific, cultural, and
health standards of our citizens. Awareness of the rule of law will continue to
be strengthened throughout society. We will build up the basic framework of
the public cultural service system, and see that the cultural sector becomes a
pillar of the economy. We will continue to expand the influence of Chinese
culture. (NDRC, 2016, p.16)

A política externa assertiva e proativa de Xi Jinping é parte do sonho de criar


uma nação forte, que possa reconquistar sua posição central na ordem internacional,
e a Inciativa do Cinturão e Rota é a ferramenta mais importante para atingir esse
objetivo.
Sendo assim, além de garantir benefícios econômicos e segurança energética
e militar, a iniciativa pode alavancar o Soft Power chinês – conceito desenvolvido
por Joseph Nye (2004) utilizado para definir a capacidade persuasiva de poder, ou
seja, a capacidade que um Estado tem de obter seus interesses fundamentalmente
através do potencial atrativo de sua cultura e de seus valores políticos. Assim,
Pequim acredita que através da Nova Rota da Seda, a China estaria promovendo
um forte perfil internacional, porém benigno e não ameaçador. Do ponto de vista
crítico, entretanto, o comportamento de Xi Jinping torna evidente sua ambição de
elevar a China ao patamar de potência hegemônica.

4.2 A Retórica Chinesa

Como mencionado no tópico anterior, a fim de entender o compromisso da


China com a Iniciativa do Cinturão e Rota é necessário visualizar o projeto através
das lentes de política externa. Ao ser incluída na constituição do país em 2017,
torna-se evidente que a iniciativa não é apenas um projeto, mas uma visão
ambiciosa de longo prazo. A emenda constitucional menciona que a China pretende
trabalhar em estreita colaboração com a comunidade internacional para o alcance
de um "interesse compartilhado" e de um "crescimento compartilhado".
Desde o surgimento da iniciativa e 2013, o governo chinês enfatiza que não
se trata de um projeto com ambições políticas. A retórica oficial chinesa concentra-
se em sua promessa de desenvolvimento econômico, geralmente em termos
26

altruístas: todos os países membros estão numa jornada em busca de riqueza e


prosperidade. Como um programa de infraestrutura transcontinental, a Iniciativa do
Cinturão e Rota busca universalizar o sucesso da própria experiência de
desenvolvimento econômico da China, no qual o crescimento foi acelerado pelo
desenvolvimento desta infraestrutura (The State Council of the People’s Republic
of China, 2015).
O discurso oficial de Pequim, afirma que se trata de um projeto de cooperação,
o qual gera ganhos absolutos a todos os envolvidos. Nota-se que o enfoque do
governo é nas relações comerciais, mas ela não é exclusiva. Os documentos
divulgados pelo governo chinês sempre fazem menção à cooperação cultural,
indicando que através de uma diplomacia cultural, a China busca disseminar sua
cultura e o mandarim (The State Council of the People’s Republic of China, 2015).
O documento de Plano de Ação de Desenvolvimento Cultural (2016-2020),
divulgado pelo Ministério da Cultura e Turismo da China em 2017, discorre sobre
as estratégias do país para fortalecer os laços culturais e o entendimento mútuo entre
os países e regiões da iniciativa (Ministério da Cultura da China, 2017). Os
Institutos Confucius – organizações educacionais sem fins lucrativos vinculadas ao
Ministério da Educação da China - e os centros culturais chineses, atuam como
plataformas e instituições para a promoção da cultura e da língua chinesa através
de aulas, eventos culturais, festivais de filmes, exibições de arte e etc.
Pode-se argumentar que a abordagem cultural da Iniciativa do Cinturão e
Rota é uma ferramenta de Soft Power chinês, utilizada para a promoção de uma
diplomacia de atração cultural e formação de uma imagem positiva para o país. A
China se autorretrata como um país pacífico, generoso e que presa pela cooperação
internacional, e é esta imagem que ela deseja passar através da iniciativa. Alguns
estudiosos, apontam que a estratégia de Soft Power de Pequim é uma medida para
aliviar a imagem que muitos países têm, de que a China é uma ameaça (Shambaugh,
2015). Assim, apesar de uma postura mais assertiva e forte, e de um crescente peso
econômico e político no cenário mundial, o presidente Xi Jinping reforça que não
é um projeto de ambições geopolíticas.
27

4.3 A Perspectiva Crítica

A falta de conhecimento sobre a China em sua totalidade, bem como a falta


de clareza sobre suas intenções através da Nova Rota da Seda, gera controvérsias,
principalmente no Ocidente, à respeito dos princípios do engajamento da China
como ator do desenvolvimento. Internacionalmente, entre acadêmicos,
formuladores de políticas e empresários, existe um amplo debate acerca da
estratégia chinesa, variando de admiração à ceticismo e medo.
A narrativa ocidental predominante é fundamentada na crítica de que a China,
sob o pretexto da cooperação ganha-ganha (win-win cooperation) e do discurso de
benefício mútuo, procura estabelecer suas próprias esferas de influência e
estratégias de ascensão hegemônica agressiva, a fim de mudar a ordem mundial.
Para Maçães (2018, p.5) não se trata apenas de um projeto econômico, mas sim um
projeto geopolítico no qual a China “planeja construir uma nova ordem mundial
que substitua o sistema internacional liderado pelos EUA”.
Críticos argumentam que Pequim faz o uso da assistência financeira para
moldar uma percepção positiva sobre a sua imagem no mundo emergente. Esta
estratégia da China, no entanto, nem sempre tem resultado na imagem desejada.
Muito se fala em uma diplomacia da armadilha da dívida, um conceito utilizado
para descrever uma diplomacia baseada em exportações de dívida de um país para
outro. A China, através da concessão de empréstimos para sustentar ambiciosos os
projetos, estaria colocando os países membros em exposição a “armadilha da
dívida”, já que existem grandes riscos destes países subdesenvolvidos e pobres não
serem capazes de pagar a dívidas.
Além das dívidas insustentáveis, alegações de corrupção, contratos não
transparentes, e construções de má qualidade tem sido outros pontos que os críticos
da iniciativa tendem a focar, e neste sentido, observa-se que a estratégia de Pequim
de disseminar uma imagem positiva da China tem tido resultados duvidosos.
Somando-se a isso está o debate ambiental. As altas taxas de crescimento
econômico, fruto da rápida industrialização, trouxe alguns problemas domésticos
como a degradação ambiental. Críticos observam que a China estaria utilizando a
Iniciativa do Cinturão e Rota como uma plataforma para exportar o excesso das
produções de aço e cimento do país, indústrias altamente poluentes, e abrem
28

possibilidade de risco de fortes impactos ambientais nos países que fazem parte do
projeto.
Por fim, um último ponto a ser levantado é o fato de que existe uma
inquietação de que através da Nova Rota da Seda a China reintroduziria seu Sistema
Tributário do período Imperial, e que assim, o país ameaçaria a soberania e a
independência de nações menores que fazem parte da iniciativa. A opacidade do
projeto, a falta de transparência chinesa, de uma estrutura jurídica, e de
procedimentos institucionalizados, divergem da ordem liberal ocidental, e são
motivos de preocupação (Maçães, 2018, p.13).
É necessário notar, entretanto, que diferentemente do Sistema Tributário, a
Iniciativa do Cinturão e Rota é um projeto de cooperação mútua, e por isso, existe
uma interdependência entre a China e os demais membros. Algumas nações
dependem mais da China do que o contrário, entretanto, por ser um projeto de
interdependência, não é vantajoso para a China desenvolver os parâmetros
hierárquicos do período imperial e nem cultivar relações de poder assimétricas
(Maçães, 2018, p.13).
5 O Comércio Internacional Marítimo Chinês e o Estreito de
Malaca

5.1 A Importância do Estreito de Malaca

A Iniciativa do Cinturão e Rota é uma ferramenta para o desenvolvimento de


novas rotas comerciais, além de uma oportunidade para a China diversificar sua
dependência do Estreito de Malaca para o comércio internacional (Maçães, 2018,
p.21). Estrategicamente localizado no sudeste asiático, o Estreito de Malaca se
consolidou como uma das principais rotas comerciais marítimas durante o período
da China imperial, ao conectar os oceanos Índico e Pacífico, possibilitando trocas
comerciais entre oriente e ocidente.
De acordo com o episódio 2 do documentário “South China Sea FAQ”
publicado pela CCTV.com (2016), a televisão central chinesa, os chineses iniciaram
suas atividades de navegação durante as Dinastias Qin e Han (221 a.C até 220 d.C),
e sob o império desta última, a China criou a rota marítima da seda, a fim de
desenvolver uma rica rede de comércio que conectasse ocidente e oriente. Durante
séculos, com os avanços das técnicas de navegação, a China foi o poder marítimo
do sudeste asiático. O Sistema Tributário, melhor analisado no Tópico 4.1 deste
trabalho, assegurava uma ordem internacional benigna e harmoniosa, permitindo
também que a navegação pelo Estreito de Malaca ocorresse de maneira estável e
pacífica.
Ao longo da história, o caráter estável e pacífico do sudeste asiático foi se
perdendo, principalmente no século 20, quando esta região vira palco das disputas
ideológicas da Guerra Fria (1947-1991). Com o estabelecimento da Ordem Mundial
Norte-Americana e o compromisso compartilhado entre Estados para o
desenvolvimento econômico e modernização, o sudeste asiático torna-se
economicamente estratégico. A região, além de rica em recursos naturais, abriga
importantes rotas comerciais que representaram $3.37 trilhões de dólares do
comércio global em 2016 (China Power Team, 2019).
Dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento evidenciam que o comércio marítimo por volume, representou
80% do comércio internacional total em 2015 (UNCTAD, 2015, p.22), e que
30

somente a Ásia representa em torno de 60% deste volume (UNCTAD, 2016, p.14).
Um terço do comércio marítimo global acontece pelo mar do sul da China, onde
localiza-se o Estreito de Malaca. O caráter estratégico de Malaca, definido por sua
posição geográfica e curta extensão, o torna a passagem mais utilizada da região.
Assim, não apenas a China, mas outras potências regionais como Japão e Coréia do
Sul, além de potências internacionais como os Estados Unidos, dependem
substancialmente desta passagem para seus respectivos comércios internacionais.
Os intensos fluxos comerciais que transitam pelo estreito são motivos de
preocupações e vulnerabilidade para a China, tendo em vista que qualquer
interrupção que ocorra pode trazer drásticas consequências econômicas para o país.

5.2 A China e o Estreito de Malaca

No século 21, o comércio marítimo se consolidou como elemento


fundamental da economia da China moderna, e o mar do sul da China como
importante região destas trocas. Em 2016, a China exportou, em valor, $874 bilhões
de dólares e importou $598 bilhões, através das rotas marítimas da região,
representando 39% do comércio chinês naquele ano (China Power Team, 2019).
A extrema importância do Estreito de Malaca para China reside
principalmente na questão de segurança energética, tendo em vista que em 2016,
80% das importações de petróleo da China passaram por este caminho (Maçães,
2018, p. 21). A forte expansão industrial chinesa no século 21 culminou na forte
dependência do país nas importações de petróleo e gás. A China superou os Estados
Unidos e, desde 2017 é a maior importadora de petróleo do mundo (Barron; EIA,
2018). Ainda que o país esteja captando esforços para desenvolver e implementar
métodos alternativos, a demanda por petróleo e gás continuará crescendo nos
próximos 20 anos (Maçães, 2018, p. 20).
A dependência chinesa de Malaca para sua segurança energética é motivo de
preocupação para o país já há mais de uma década, principalmente pela
intensificação das disputas geopolíticas e territoriais na região do mar do sul da
China. Em 2003, o então presidente Hu Jintao criou o termo “Dilema de Malaca”
para representar esta preocupação, e para afirmar que alguns países estariam
interferindo e controlando a navegação do estreito. A mídia chinesa evidenciou de
31

forma clara esta vulnerabilidade, afirmando que: “It is no exaggeration to say that
whoever controls the Strait of Malacca will also have a stranglehold on the energy
route of China” (China Youth Daily, 2004 apud Storey, 2006).
Os Estados Unidos, junto de sua aliada regional, a Singapura, realizam
frequentemente exercícios navais na região, contribuindo para que o Estreito de
Malaca seja naturalmente um ponto de estrangulamento estratégico. Neste sentido,
no caso de um conflito, e um possível bloqueio da passagem, a segurança energética
chinesa estaria extremamente ameaçada (Khan, 2019).
A fim de defender seus interesses e trazer segurança para a região, o país tem
investido massivamente em sua capacidade militar, que desde 2016 tem tido um
crescimento anual de seu orçamento entre 7,2% e 8,1% (Glaser; Funaiole; Hart,
2020). O investimento em capacidade militar, no entanto, não é suficiente para
reverter a dependência do país do Estreito de Malaca, e por isso, Pequim tem
pensado no desenvolvimento de rotas alternativas.
Uma das alternativas mais viáveis é o Porto de Gwadar, um elemento chave
do Corredor Econômico China-Paquistão, um dos principais projetos da Iniciativa
do Cinturão e Rota. O porto de Gwadar se localiza geograficamente próximo do
Estreito de Ormuz, que por sua vez dá acesso ao Oriente Médio, região de onde
vem grande parte do petróleo importado pela China. Esta rota alternativa,
possibilitaria a China de receber suas importações diretamente do Oriente Médio e
da África pelo Corredor Econômico China-Paquistão, evitando que possíveis
conflitos geopolíticos na região do Estreito de Malaca possam pôr em risco a
segurança energética chinesa.
6 Corredor Econômico China-Paquistão: O Porto de Gwadar

6.1 O Projeto

O Corredor Econômico China-Paquistão é considerado o carro-chefe da


Iniciativa do Cinturão e Rota. Oficialmente lançado em abril de 2015 com um valor
original de $46 bilhões de dólares, o projeto passou a valer em torno de $62 bilhões
de dólares em 2017. China e Paquistão elaboraram um “Plano de Longo Prazo”, o
qual inicia em 2017 e finaliza em 2030 a implementação e a consolidação dos
projetos do corredor (Government of pakistan Ministry of Planning, Development
and Reform; People’s Republic of China National Reform Comission, 2015). Os
países possuem uma relação bilateral forte tanto no âmbito político quanto
econômico, e a consolidação do corredor contribuirá para o crescimento da
cooperação econômica e comercial. De acordo com o “Plano de Longo Prazo para
o Corredor Econômico China-Paquistão 2017-2030”:

In the past five years, China-Pakistan trade has continued to grow rapidly,
with the annual growth rate of 18.8% on average; bilateral investment has
also been soaring, and China has become the biggest sources of foreign capital
for Pakistan. International economic and technological cooperation has
shown strong momentum, expanding into more areas and reaching a higher
level; social and people-to-people exchange has been increasing, bilateral ties
keep improving. By leveraging their respective comparative advantage and
strengthening all-round cooperation based on the physical Corridor, China
and Pakistan are expected to bring their economic cooperation to an
unprecedented height (Government of pakistan Ministry of Planning,
Development and Reform; People’s Republic of China National Reform
Comission, 2015, p.5).

O projeto consiste principalmente na cooperação para o desenvolvimento de


infraestrutura nos setores de energia, transporte e construção, com o objetivo
conectar Gwadar, localizado no sudoeste do Paquistão, com Kashgar, que faz parte
da região autônoma chinesa de Xinjiang (Haines; Fialho, 2019, p.80).
Por meio do corredor, o Paquistão almeja crescer economicamente de
maneira sustentável, enquanto a China ganha acesso ao Mar Arábico, consolidando
novas rotas comerciais alternativas à Malaca. Ademais, para as grandes estatais
chinesas que sofrem domesticamente com a sobre capacidade e com a queda da
demanda, o projeto é uma forma da China exportar este excesso (MERICS, 2020).
33

Figura 2 – O Corredor Econômico China-Paquistão.


Fonte: Mercator Institute for China Studies, 2020.

6.2 Localização Estratégica do Porto de Gwadar

Localizada no litoral do Paquistão, a vila de pescadores de Gwadar é a capital


da província do Baluchistão, o qual faz fronteira com o Irã e o Afeganistão (Figura
6). A importância de Gwadar reside em sua proximidade geográfica de três regiões
extremamente importantes para o mundo: o Sudoeste Asiático, rico em petróleo; o
Sudeste Asiático, que habita grande parte da população mundial; e a Ásia Central,
rica em recursos.
No que concerne recursos energéticos fósseis, a posição de Gwadar no Mar
Arábico, e sua proximidade ao Golfo Pérsico, principalmente sua distância de
34

apenas 400 km do Estreito de Ormuz, o torna uma cidade portuária de extrema


importância. Dados divulgados pelo US Energy Information Administration
(Barden; EIA, 2019), apontam que em 2018, o fluxo diário de petróleo pelo Estreito
de Ormuz atingiu em média 21 milhões de barris por dia, equivalendo a cerca de
21% do consumo global de petróleo. A mesma organização ainda estimou que em
2018, cerca de 76% deste fluxo de petróleo foi em direção à Ásia, especificamente
para China, Japão, Coréia do Sul e Singapura, os quais juntos representaram 65%
de todo o fluxo de petróleo proveniente do Estreito de Ormuz (Barden; EIA, 2019).
Grande parte do petróleo importado pela China passa pelo Estreito de Ormuz
e é transportado para o Estreito de Malaca. Além de trazer vulnerabilidades para a
China, trata-se de um percurso longo, de mais de 10.000 km, que leva de dois a três
meses para chegar ao país. Desta forma, Gwadar não é apenas uma alternativa para
evitar vulnerabilidade, bem como uma estratégia para a redução do percurso para
apenas 2.500 km, implicando em um tempo muito menor de transporte, de em
média 10 dias de viagem (Maçães, 2018, p.64).

Figura 3 – A Rota Alternativa Através do Porto de Gwadar.


Fonte: Berkeley Political Review, 2019.
35

6.3 Vantagens para a China

O Corredor Econômico Paquistão-China é uma oportunidade de conectar a


China à Ásia Central, ao Oriente Médio e à África, abrindo portas para novos
mercados e para a facilitação do comércio entre os já existentes. Como a maior parte
do comércio chinês, tal como matéria-prima originária da África e petróleo do
Oriente Médio, passam por Malaca, a principal vantagem é a consolidação de uma
rota comercial alternativa a este estreito, a qual permita que navios simplesmente
atraquem em Gwadar. Ter o acesso e a soberania sobre o porto de Gwadar é um
elemento essencial para garantir a segurança das rotas comerciais chinesas (UNPO,
2019, p. 12).
A infraestrutura do porto de Gwadar acomodará uma refinaria, em que o
petróleo bruto poderá ser processado antes de ser transportado para a China através
de uma série de oleodutos que ligarão o porto até Xinjiang, passando pelo norte do
Paquistão (UNPO, 2019, p. 12). Além da redução do tempo do transporte, este
projeto contribuiria para a segurança energética da China. No entanto, o porto de
Gwadar ainda está em construção - com estimativas que variam de 2025 a 2030
para conclusão - e, até que este se torne um hub regional, Pequim fará o possível
para assegurar sua segurança no estreito de Malaca (Khan, 2019).
Os massivos investimentos chineses no Porto de Gwadar, não são apenas para
fins econômicos, mas para fins militares também. Através dele, a China busca
consolidar a sua estratégia de “Colar de Pérolas”, a qual se traduz na instalação de
bases militares e estruturas comerciais ao longo do Oceano índico, servindo como
uma ferramenta de influência geopolítica (UNPO, 2019, p. 11). No atual contexto
de guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos, o projeto também serve
com uma tentativa chinesa de impedir os avanços da influência Norte-Americana
na Ásia (Butt; Butt, 2015, p.29).
Uma terceira vantagem para a China é a oportunidade do desenvolvimento da
região autônoma de Xinjiang, a qual faz fronteira com o Paquistão, o Afeganistão,
o Cazaquistão, o Tajiquistão, e o Quirguistão. Desde o lançamento da iniciativa,
Xinjiang tem sido um ponto focal para Pequim, recebendo uma massiva quantidade
de investimento para o desenvolvimento de infraestrutura, principalmente o Porto
de Urumqi, localizado na capital da região. Este Porto permite o transporte de
36

mercadorias para a Europa e para o Oriente Médio através de uma logística


integrada, e desde 2015, já foram realizadas mais de 2.200 viagens saindo de
Urumqi em direção à Europa e à Ásia Central, através de 21 rotas ferroviárias
(UNPO, 2019, p. 15). Assim, Pequim almeja fortalecer essas rotas até a Europa,
desafiando as rotas transatlântica e transpacífica.
A operacionalidade do Corredor Econômico China-Paquistão ampliará as
atividades econômicas em Xinjiang e a conectividade com o Mar da Arábia,
ajudando ainda mais a China no desenvolvimento da região e na redução das
disparidades entre as províncias do leste e do oeste do país (Butt; Butt, 2015, p.28).
Ademais, a região de Xinjiang é rica em recursos energéticos e abriga as maiores
reservas de petróleo e gás da China. Portanto, para um país dependente da
importação de recursos energéticos como a China, o desenvolvimento dessa região
é uma estratégia para reverter a total dependência externa destes recursos.
As vantagens também tangenciam questões domésticas de segurança.
Xinjiang é internacionalmente conhecida pelo conflito étnico entre a minoria Uigur,
que são os chineses mulçumanos, e maioria Han, representada pelo governo central.
Ao colocar Xinjiang no coração da Iniciativa do Cinturão e Rota, a China não
apenas permite o desenvolvimento econômico, como passa a ter também um maior
controle sobre as minorias étnicas. O controle por parte de Pequim garante
estabilidade, que é crucial para a manutenção do poder do governo central, e o
enfraquecimento de outros movimentos separatistas que ocorrem tanto na China
continental quanto em Hong Kong e Taiwan.
Em termos geopolíticos, o Corredor Econômico Paquistão-China permite que
Pequim consolide seu Soft Power na Ásia Central. Dado o conflito doméstico com
os Uigures, as regiões fronteiriças também são motivo de preocupação para Pequim,
tendo em vista que por serem países mulçumanos, poderiam influenciar o
movimento separatista em Xinjiang. Neste sentido, ao oferecer políticas
econômicas atraentes, a China consegue ampliar sua esfera de influência para estes
países, que também possuem um certo papel na estabilidade interna da China
continental (UNPO, 2019, p. 16).
7 Panorama Geral: Oportunidades da Iniciativa para o
Comércio Internacional Chinês

7.1 Novos Parceiros Comerciais

Uma das principais estratégias na Nova Rota da Seda é o acesso a novos


mercados e novas rotas para as exportações chinesas. O desenvolvimento das
instalações portuárias e ferroviárias ao longo dos seis corredores, tem possibilitado
a China acessar novos recursos e mercados, além da promoção do Renminbi como
moeda internacional. No atual contexto de guerra comercial e tecnológica entre as
duas maiores economias do mundo, a expansão comercial chinesa através da
Iniciativa do Cinturão e Rota é uma estratégia de se tornar menos dependente dos
Estados Unidos e da União Europeia, seus principais destinos de exportações até o
momento (World Integrated Trade Solution, 2020b) (Figura 7).

Gráfico 4 - Balança Comercial com a China (2015-2019).


Fonte: International Trade Centre, 2020.
38

As economias dos corredores, como um todo, são importantes destinos para


as exportações chinesas há mais de uma década, até mesmo antes do lançamento da
iniciativa. Nota-se, no entanto, que ao passar de cada ano, tais economias têm tido
suas participações aumentadas nas exportações chinesas, indo de 20% em 2001 para
34% em 2017 (Figura 8). Apesar de não ser possível estabelecer uma correlação de
causa e efeito, supostamente esta tendência de aumento da participação sugere que
progressos de infraestrutura e transporte possam estar trazendo benefícios
significativos para países participantes da iniciativa, e que medidas aprimoradas de
cooperação aduaneira e facilitação do comércio possam estar contribuindo para a
intensificação das trocas comerciais.

Gráfico 5 - Participação das Exportações Chinesas nas Economias da Nova Rota da Seda, da
OCDE e Outros Países (1993-2017).
Fonte: OECD, 2018.

De acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas da China


(2020), de 2014 a 2019, o volume total de comércio entre a China e os países
membros da Nova Rota da Seda ultrapassou $6 trilhões de dólares, com um
crescimento médio anual de 6,1%. Em 2019, o Ministro do Comércio da China,
Zhong Shan, afirmou que o país já é o principal parceiro econômico de 25 países
membros da iniciativa (Business Reporting Desk, 2019a).
Observa-se que o principal destino das importações e exportações chinesas
nas regiões onde estão presentes os corredores da Rota da Seda, é o Leste Asiático
e Pacífico (Figura 7). A proximidade geográfica facilita e permite uma maior
39

conectividade entre os países que se localizam nesta região e a China. Dados mais
atualizados da plataforma World Trade Integrated Solutions (2020a), mostram que
em 2018, os principais produtos exportados para esta região foram bens de capital,
ou seja, ativos tangíveis utilizados para produzir outros bens ou serviços;
maquinários; e bens de consumo.

Gráfico 6 - Destinos das Exportações e Importações Chinesas por Região em 2017 e 2020.
Fonte: Ruta et al.,2019.

Os cinco principais parceiros comerciais da China em 2018 foram os Estados


Unidos, a Região Administrativa Especial de Hong Kong, a União Europeia, o
Japão, e a Coréia do Sul (World Trade Integrated Solutions, 2020b). Seguidos
destes países estão Tailândia, Vietnã, Malásia, e outras nações asiáticas. Isto indica
que, apesar de seus cinco principais parceiros econômicos ainda serem países que
não são membros da iniciativa, existe uma crescente participação de países
membros da Nova Rota da Seda, principalmente aqueles localizados no Leste
Asiático e Pacífico.
As atuais tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos ressurgiram
o interesse chinês em desenvolver tratados de livre comércio especialmente ao
longo da Iniciativa do Cinturão e Rota. Estas medidas impactam diretamente os
padrões bilaterais de comércio, pois são importantes instrumentos de incentivo às
40

trocas comerciais. Dentre os tratados de livre comércio que a China possui, a maior
parte deles são com nações asiáticas como Coréia do Sul, Singapura, e os países da
Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Assim, como fica evidente
na Figura 10, Coréia do Sul e Singapura são os principais destinos das exportações
chinesas na Rota da Seda.

Gráfico 7 – Participação das Exportações Chinesas nas Economias da Iniciativa do Cinturão e


Rota.
Fonte: OECD, 2018.

Por fim, a China tem se preocupado também em desenvolver novas Zonas


Econômicas Especiais, onde possa haver incentivos econômicos como a isenção da
carga tributária, por exemplo. Evidências desse esforço são as recém anunciadas
zonas de livre comércio de Heilongjiang, na fronteira com a Rússia, e de Khorgos,
no Cazaquistão, que podem servir como portas de entrada para a Europa (Business
Reporting Desk, 2019b).

7.2 Oportunidades para as Cadeias Globais de Valor

Como visto no Capítulo 2 deste trabalho, nos últimos 20 anos, sob a estratégia
de uma internacionalização da política industrial, a China tornou-se a fábrica do
mundo, construindo uma enorme rede de produção e um amplo sistema de fábricas
que foi capaz de produzir bens industriais e de consumo intensivos em mão de obra
e de baixo valor agregado. Com o enriquecimento do país e a mudança estrutural
da economia rumo à uma economia baseada em serviços e inovação, existe
atualmente um grande número de chineses com mão de obra altamente qualificada.
41

Em seu atual estágio de desenvolvimento, a China corre o risco da “armadilha


da renda média”. Este conceito explica que os salários de um país aumentam até
um ponto em que o potencial de crescimento da manufatura de baixa qualificação
se esgota antes de alcançar a inovação necessária para aumento da produtividade, e
capacidade de competição com os países desenvolvidos. Maçães explica que tendo
chegado ao nível da renda média, manter as mesmas forças de crescimento torna-
se insustentável:

Middle-income economies typically struggle to replace the old growth drivers


with productivity growth, which depends on the accumulation of human capital
and innovation and has a much longer time scale. Fostering innovation on a
broad scale is a complex process and requires time to diffuse knowledge across
the production process and build the necessary institutional structures. (2018,
p.29).

A fim de evitar a armadilha da renda média, a China tem utilizado a


Iniciativa do Cinturão e Rota para desenvolver cadeias de valor global em toda a
Eurásia, realocando suas fábricas para outras regiões onde os custos são mais baixos
e construindo redes para aumentar as exportações de bens e serviços (Maçães, 2018,
p.32). Assim, com os crescentes custos de produção na China, países como
Camboja, Laos, Tailândia e Vietnã, tem tido uma maior participação nas cadeias
globais de valor. Por outro lado, a China tem progredido ao longo das cadeias,
participando das partes e segmentos de produção de maior valor agregado. A figura
9 mostra esta tendência no setor de eletrônicos, onde nos últimos 20 anos as
exportações de produtos com maior valor agregado têm crescido mais rapidamente
do que exportações de baixo valor agregado (Banco Mundial,2018 apud Torsekar;
Verwey, 2019).
42

Gráfico 8 – Produtos Eletrônicos: Exportação Bens Intermediários e Finais da China (1996–2017).


Fonte: Banco Mundial,2018 apud Torsekar; Verwey, 2019.

7.3 O Desenvolvimento da Rota da Seda Digital

A China tem utilizado a Iniciativa do Cinturão e Rota como uma plataforma


para evoluir nas cadeias globais de valor em direção a uma economia baseada nos
setores de serviços e alta tecnologia. Desde 2015, o governo chinês tem reunido
esforços para promover também a Rota da Seda Digital, a qual tem como objetivo
principal a conectividade digital das economias em desenvolvimento. Durante o
“Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional” em 2017, o presidente
Xi Jinping manifestou:

We should pursue innovation-driven development and intensify co-operation


in frontier areas such as digital economy, artificial intelligence,
nanotechnology and quantum computing, and advance the development of big
data, cloud computing and smart cities so as to turn them into a digital silk
road of the 21st century. (Yong, 2019).

Até o momento o foco do governo chinês tem sido no desenvolvimento de


infraestrutura tradicional em larga escala, no entanto, a Rota da Seda Digital é uma
importante estratégia para a disseminação de tecnologias que vão culminar numa
economia digital global. A agenda do projeto inclui o fortalecimento da
infraestrutura de internet, o desenvolvimento de padrões comuns de tecnologia, o
aprofundamento da cooperação especial, entre outros. Devido aos avanços
tecnológicos chineses, como cabos submarinos, o 5G, a computação em nuvem,
43

entre outros, Pequim tem sido capaz de promover a cooperação também no âmbito
tecnológico (Eurasia Group, 2020, p.1).
Além da aprimoração da conectividade digital entre países, a Rota da Seda
Digital é também uma plataforma para aumentar a influência chinesa nos países
membros da iniciativa, e ajudar na ascensão Chinesa como superpotência
tecnológica. No atual contexto de guerra comercial e tecnológica com os Estados
Unidos, a Rota da Seda Digital continuará a ganhar importância por parte de Xi
Jinping à medida em que as escaladas de tensões com a economia hegemônica se
intensifiquem. Assim, um ponto chave desta iniciativa é garantir que as principais
empresas domésticas de alta tecnologia como Huawei, Alibaba, Tencent, Baidu,
WeChat Pay, AliPay, além das operadoras de telecomunicações como China
Mobile, China Telecom e China Unicom, possam se expandir e entrar em novos
mercados (Eurasia Group, 2020, p.4).
8 Conclusão

A Iniciativa do Cinturão e Rota é uma das principais estratégias da China para


alcançar seu desenvolvimento sustentável, por meio do fortalecimento da
conectividade entre os países membros, e da promoção de relações econômicas
mutuamente benéficas. No âmbito do comércio exterior, a Iniciativa do Cinturão e
Rota garante à China acesso a novos mercados que possam futuramente substituir
o peso de atores tradicionais como os Estados Unidos e a União Europeia na
economia chinesa. Mais recentemente, com o lançamento da Rota da Seda Digital
em 2015, o país passa a se ver diante de uma oportunidade de expandir globalmente
suas principais empresas de alta tecnologia como Huawei, Alibaba, Tencent, Baidu,
WeChat Pay, AliPay, além das operadoras de telecomunicações como China
Mobile, China Telecom e China Unicom. Estas empresas são atores chave na
tentativa da China de se tornar um país autossuficiente em termos tecnológicos, e
ademais, no atual contexto de guerra comercial e tecnológica com os Estados
Unidos, o alcance à novos mercados e países é uma estratégia de teor também
geopolítico.
A Iniciativa do Cinturão e Rota abre uma grande oportunidade para a China
diversificar suas rotas comerciais e reverter a atual vulnerabilidade de sua segurança
energética. A principal estratégia para alcançar esse objetivo é através do Corredor
Econômico China-Paquistão, considerado o carro-chefe da iniciativa, que ligará o
Porto de Gwadar no Paquistão até Kashgar, na região autônoma chinesa de Xinjiang.
Por meio deste corredor, a China ganha acesso ao Mar Arábico, e consolida novas
rotas comerciais alternativas ao Estreito de Malaca, o qual é alvo de disputas
internacionais devido à sua posição estratégica. A China é o maior importador de
petróleo mundial, e em 2016, 80% do transporte importado passou por Malaca. O
desenvolvimento do Porto de Gwadar, e a consolidação do Corredor Econômico
China-Paquistão são fundamentais para a garantia da segurança energética chinesa.
Apesar de oferecer outras inúmeras vantagens econômicas, as quais não se
encontram no escopo deste trabalho, faz-se necessário mencionar o aspecto
geopolítico da iniciativa. O discurso oficial de Pequim afirma que se trata
exclusivamente de uma inciativa de cooperação mútua para o desenvolvimento
econômico de todos os países desenvolvidos, e que não é uma ferramenta para o
45

estabelecimento de uma ordem internacional, onde a China seria a potência


hegemônica. Pontos de vistas críticos ao discurso de Pequim surgem,
principalmente no ocidente, e fundamentam-se na atual assertividade da política
externa chinesa de Xi Jinping e nos eventos ocorridos desde o lançamento do
projeto.
A política externa chinesa sob a liderança de Xi Jinping é assertiva e
ambiciosa: além de almejar um maior protagonismo da China no sistema
internacional e a consolidação da política doméstica do “Sonho Chinês”, Xi Jinping
age em defesa dos interesses nacionais, mesmo que para isso seja necessária a
utilização de meios intervencionistas. Neste sentido, existe um consenso no
ocidente de que através da Iniciativa do Cinturão e Rota, a China estaria planejando
moldar o ambiente internacional e construir uma nova ordem mundial para
substituir o sistema internacional liderado pelos EUA.
Críticos ocidentais argumentam também que este projeto impõe diversos
riscos e desvantagens para os envolvidos, sendo os principais: a diplomacia da
armadilha da dívida, alegações de corrupção, contratos não transparentes, e
construções de má qualidade, e a degradação ambiental.
Apesar das críticas e da opacidade do projeto, que aos poucos tem sido
revelado, um fato incontestável é a sua dimensão e sua permanência pelas próximas
décadas. A consolidação da “Projeto do Século” poderá implicar na remodelação
da economia e da política mundiais, transformando a China em uma potência global
posicionada no centro do sistema internacional.
46

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