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Roteiro das aulas: Apostila de Comércio Internacional

Presentation · May 2018


DOI: 10.13140/RG.2.2.24071.29605

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Denny Thame
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
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COMÉRCIO INTERNACIONAL

Por Danielle Denny


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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. Histórico do Comércio Internacional. A Nova Lex Mercatoria.


2. Fontes do Direito do Comércio Internacional.
3. Cenários do Comércio Internacional.
3.1. A Cooperação Internacional para o Desenvolvimento como Condição de Sustentabilidade.
3.2. O Mercosul, a Comunidade Andina e a União Sulamericana de Nações.
3.3. Instituições do Mercosul.
3.4. A Livre Circulação de Bens e Serviços.
3.5. Política Comercial Comum do Mercosul.
4. A Internacionalização das Empresas na Economia Global: Estratégias Comerciais e Soluções Jurídicas
para a Implantação de um Novo Mercado no Exterior.
4.1. De Empresa Local a Empresa Internacional.
4.2. A Organização da Empresa Internacional.
4.3. Marco Jurídico das Nações Unidas.
4.4. A Declaração e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
4.5. O Consenso de Monterrey como Base para uma Parceria Global.
4.5. Recomendações Fundamentais sobre os Custos e Benefícios Jurídicos, Políticos, Econômicos,
Sociais, Culturais e Ambientais para as Empresas e o Planeta.
5. Fatores de Internacionalização dos Contratos.
5.1. Definição.
5.2. Aspecto Econômico.
5.3. Aspecto Jurídico.
6. Contratos Internacionais Comerciais.
6.1. Conceito, Características, Abrangência e Regime Jurídico.
6.2. Contrato-Tipo e Padrão.
6.3. Cláusulas Típicas dos Contratos.
7. A Fase da Formação dos Contratos Internacionais.
7.1. Lei Aplicável ao Contrato.
7.2. As Obrigações nos Contratos Internacionais.
7.3. O Foro Competente nos Contratos Internacionais.
8. Aspectos Financeiros do Comércio Internacional.
8.1. Tributação no Comércio Internacional.
8.2. Incentivos Fiscais e Financeiros.
9. Mecanismos de Solução de Litígios Comerciais.
9.1. A Arbitragem: Evolução e Regulamentação no Brasil.
9.2. As Soluções de Litígio na OMC.
9.3. As Soluções de Litígio no Mercosul.
10. Regulamentação da CCI.
10.1. Carta de Crédito.
10.2. Crédito Documentário.
10.3. Incoterms.
11. Uniformização Internacional do Comércio.
11.1 UNCITRAL.
11.2. CIDIP.
12. Organizações de Integração Econômica.
12.1. GATT/OMC.
12.2. NAFTA/MERCOSUL.
12.3. ALCA/APEC.

Bibliografia Básica:
BARRAL, Welber. O comércio internacional. São Paulo: Del Rey, 2007.
CIGNACCO, Bruno Roque. Fundamentos de comércio internacional para pequenas e médias
empresas. São Paulo: Saraiva, 2008.
RATTI; BRUNO. Comércio internacional e câmbio. 11ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 2008
Bibliografia Complementar:
AMARAL, Antônio Carlos Rodrigues do. Direito do comércio internacional: aspectos fundamentais. São
Paulo: Aduaneiras, 2006.
AMARAL JUNIOR, Alberto do. Direito do comércio internacional. 2ª ed. São Paulo: Juarez de Oliveira,
2002.
GONÇALVEZ, Reinaldo. O Brasil e o comércio internacional: transformações e perspectivas. 2ª ed. São
Paulo: Aduaneiras, 2003.
JAKOBSEN, Kjeld. Comércio internacional e desenvolvimento. São Paulo: Perseu Abramo, 2005.
RAINELLI, Michel. Comércio internacional. São Paulo: Manole, 2003.
TOMAZETTE, Marlon. Comércio internacional e medidas antidumping. Curitiba: Juruá, 2008.
BALDWIN, Richard. The Great Convergence: Information Technology and the New Globalization.
Cambridge, Massachusetts: Belknap Press: An Imprint of Harvard University Press, 2016.

BARROS, Guilherme Freire de Melo; RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. A adesão do Brasil à CISG:
uniformização de contratos e facilitação do comércio | International Centre for Trade and
Sustainable Development. 2014. Disponível em: <https://www.ictsd.org/bridges-news/pontes/news/a-
ades%C3%A3o-do-brasil-%C3%A0-cisg-uniformiza%C3%A7%C3%A3o-de-contratos-e-
facilita%C3%A7%C3%A3o-do>. Acesso em: 4 maio. 2018.

BRASIL, Presidência da República. DECRETO No 8.892, DE 27 DE OUTUBRO DE 2016. Dec. 8892/16 -


Cria a Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. . 2016.

BRUNO, Flávio Marcelo Rodrigues; RIBEIRO, Marilda Rosado de Sá. One Belt, One Road: novas
interfaces entre o comércio e os investimentos internacionais. Revista de Direito Internacional, [s. l.], v.
14, n. 2, 2017. Disponível em: <https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/rdi/article/view/4676>.
Acesso em: 18 fev. 2018.
CAPARROZ, Roberto. Comércio Internacional e Legislação Aduaneira Esquematizado. Edição: 4a ed.
São Paulo, SP: Saraiva, 2017.

UNICITRAL. United Nations Convention on Contracts for the International Sale of Goods - CISG. In:
NDULO, Muna (Ed.). The United Nations Convention on Contracts for the International Sale of
Goods (Vienna, 1980). Austria: OECD Publishing, 1980. p. 39–60.

DENNY, Danielle. Governança Ambiental Internacional (International Environmental Governance). In:


APRODAB - ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE DIREITO AMBIENTAL DO BRASIL 2017, São
Paulo. Anais... . In: 15o CONGRESSO BRASILEIRO DO MAGISTÉRIO SUPERIOR DE DIREITO
AMBIENTAL - “DIREITOS HUMANOS, DEMOCRACIA E MEIO AMBIENTE”. São Paulo: Aprodab, 2017.
Disponível em: <https://papers.ssrn.com/abstract=3053444>. Acesso em: 23 fev. 2018.

IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Ipea participa da primeira reunião do Projeto Brasil
ODS 2030. 2017. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30492&catid=4&Itemid=2>.
Acesso em: 4 dez. 2017.

KOLODZIEJ, Edward A. Governing Globalization: Challenges for Democracy and Global Society.
London ; New York: Rowman & Littlefield International, 2016.

LIMA, Sérgio Eduardo Moreira. XIII Curso para Diplomatas Sul-Americanos. Brasília, DF: FUNAG,
Fundação Alexandre de Gusmão, 2015. Disponível em:
<http://www.funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=921>. Acesso em: 16 mar.
2018.

LUQUINI, Roberto de Almeida; SANTOS, Nara Abreu Santos. Multilateralismo e regionalismo no âmbito da
liberalização do comércio mundial. Revista de Informação Legislativa, [s. l.], n. Brasília a. 46 n. 181
jan./mar. 2009, 2009. Disponível em:
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194895/000861669.pdf?sequence=3>

LUZ, Rodrigo. Relações Econômicas Internacionais e Comércio Internacional - Série Provas &
Concursos. Edição: Nova Edição ed. [s.l.] : Método, 2015.

PAULI, Gunter A. The Blue Economy: 10 Years, 100 Innovations, 100 Million Jobs. Taos, NM:
Paradigm Publications, 2010.

PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Perguntas e Respostas. 2016. Disponível
em: <http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/post-2015/materiais/perguntas-e-respostas.html>.
Acesso em: 10 nov. 2017.

PONTES, Informações e Análises sobre Comércio e Desenvolvimento Sustentável. O “novo


regionalismo asiático”: maior integração ou mais um spaghetti bowl? | International Centre for
Trade and Sustainable DevelopmentPONTES , VOLUME 4 - NUMBER 1, 2008. Disponível em:
<https://www.ictsd.org/bridges-news/pontes/news/o-%E2%80%9Cnovo-regionalismo-
asi%C3%A1tico%E2%80%9D-maior-integra%C3%A7%C3%A3o-ou-mais-um-spaghetti-bowl>. Acesso em:
16 mar. 2018.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: Do pensamemto único à consciência universal. Rio de
Janeiro: Record, 2000.

SEGOV, Secretaria de Govern. Comissão Nacional ODS. 2017. Disponível em:


<http://www4.planalto.gov.br/ods/menu-de-relevancia/comissao-ods>. Acesso em: 4 dez. 2017.

UN, United Nations. United Nations Millennium Declaration ONU. Declaração do Milênio. ., 2000.
Disponível em: <http://www.un.org/millennium/declaration/ares552e.pdf>

UN, United Nations. Agenda 2030, 2015. Disponível em:


<http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/RES/70/1&Lang=E>
UNEP, United Nations Environment Programme (ED.). Towards a green economy: pathways to
sustainable development and poverty eradication. Nairobi, Kenya: UNEP, 2011.

UNFSS, UN Forum on Sustainability Standards. POLICY BRIEF: Fostering the Sustainability of Global
Value Chains (GVCs)UNFSS, 2017. Disponível em: <https://unfss.org/2017/04/11/fostering-the-
sustainability-of-global-value-chains-gvcs/>. Acesso em: 11 jun. 2017.

WCED, World Commission on Environment and Development. Our Common Future. Nosso Futuro
Comum. Brundtland Report. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.un-documents.net/wced-ocf.htm>.

WTO, World Trade Organization. BRAZIL – CERTAIN MEASURES CONCERNING TAXATION AND
CHARGES REPORTS OF THE PANELWTO | dispute settlement - the disputes - DS49730 ago. 2017.
Disponível em: <https://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/cases_e/ds497_e.htm>. Acesso em: 15 set.
2017.

PLANEJAMENTO DAS AULAS

Datas prováveis suscetíveis a alterações


9/2/18
Apresentação do curso e dos critérios de avaliação. Calendário de atividades.
Histórico do Comércio Internacional.
__/__/____
1 ª Sem.

16/2/18 A Nova Lex Mercatoria.

Fontes do Direito do Comércio Internacional


__/__/____

2 ª Sem.

3. Cenários do Comércio Internacional.


23/2/18 3.1. A Cooperação Internacional para o Desenvolvimento como Condição de
Sustentabilidade.
__/__/____ 3.2. O Mercosul, a Comunidade Andina e a União Sulamericana de Nações.
3.3. Instituições do Mercosul.
3 ª Sem. 3.4. A Livre Circulação de Bens e Serviços.
3.5. Política Comercial Comum do Mercosul.

4. A Internacionalização das Empresas na Economia Global: Estratégias


Comerciais e Soluções Jurídicas para a Implantação de um Novo Mercado no
2/3/18
Exterior.
4.1. De Empresa Local a Empresa Internacional.
__/__/____ 4.2. A Organização da Empresa Internacional.
4.3. Marco Jurídico das Nações Unidas.
4 ª Sem. 4.4. A Declaração e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
4.5. O Consenso de Monterrey como Base para uma Parceria Global.
4.5. Recomendações Fundamentais sobre os Custos e Benefícios Jurídicos,
Políticos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais para as Empresas e o
Planeta.

9/3/18 5. Fatores de Internacionalização dos Contratos.


5.1. Definição.
__/__/____ 5.2. Aspecto Econômico.
5.3. Aspecto Jurídico.
5 ª Sem.


16/3/18
6. Contratos Internacionais Comerciais.

__/__/____ 6.1. Conceito, Características, Abrangência e Regime Jurídico.


6.2. Contrato-Tipo e Padrão.
6 ª Sem. 6.3. Cláusulas Típicas dos Contratos.

23/3/18 7. A Fase da Formação dos Contratos Internacionais.


7.1. Lei Aplicável ao Contrato.
__/__/____ 7.2. As Obrigações nos Contratos Internacionais.
7.3. O Foro Competente nos Contratos Internacionais.
7 ª Sem.


6/4/18
Avaliação
__/__/____

8 ª Sem.


13/4/18
Correção e vista de provas
__/__/____

9 ª Sem.

20/4/18 8. Aspectos Financeiros do Comércio Internacional.


8.1. Tributação no Comércio Internacional.
__/__/____ 8.2. Incentivos Fiscais e Financeiros.
10 ª Sem.

27/4/18 9. Mecanismos de Solução de Litígios Comerciais.


9.1. A Arbitragem: Evolução e Regulamentação no Brasil.
__/__/____ 9.2. As Soluções de Litígio na OMC.
11 ª Sem.
9.3. As Soluções de Litígio no Mercosul.

4/5/18 10. Regulamentação da CCI.


10.1. Carta de Crédito.
__/__/____ 10.2. Crédito Documentário.
12 ª Sem.
10.3. Incoterms.

11/5/18 11. Uniformização Internacional do Comércio.


11.1 UNCITRAL.
__/__/____ 11.2. CIDIP.
13 ª Sem.

18/5/18 12. Organizações de Integração Econômica.


12.1. GATT/OMC.
__/__/____ 12.2. NAFTA/MERCOSUL.
14 ª Sem.
12.3. ALCA/APEC.


25/5/18
Avaliação
__/__/____
15 ª Sem.


1/6/18
Atendimento aos alunos
__/__/____
16 ª Sem.


8/6/18
Prova substitutiva
__/__/____
17 ª Sem.


15/6/18
Exame
__/__/____
18 ª Sem.


22/6/18
Atendimento aos alunos
__/__/____
19 ª Sem.


Roteiro de aula

Histórico do Comércio Internacional. A Nova Lex Mercatoria.

Direito Econômico, Financeiro e Comercial internacional


Sobre recursos naturais, propriedade e exploração de bens e serviços. Se ocupa de transações de
moedas, títulos financeiros, produção, consumo e circulação de riquezas, investimento direto estrangeiro,
transação de mercadorias, capital e serviços.

Mercantilismo
Nacionalismo
Busca por novas riquezas grandes navegações
Política expansionista
Medidas protecionistas e tributação

Companhia Britânica das Índias Orientais, fundada em 1600, por mercadores londrinos sob Rainha
Elizabeth I. Monopólio da comercialização de diversos produtos (inclusive o chá, que motivou a
independência Americana 1776.

Lex mercatória conjunto de princípios e convenções fundada nos costumes, aceitos reciprocamente pelos
atores do comércio internacional sem qualquer vinculação com o ordenamento jurídico dos países. Regras
transnacionais, aplicadas pelos próprios mercadores ou por suas corporações, com processo rápido,
desburocratizado, fundado nos costumes mercantis, na liberdade contratual e senso de justiça dos árbitros
ex aequo et bono = conforme o correto e válido

Liberalismo sec. XVIII, Adam Smith. Teoria das vantagens absolutas: especialização para ganhos de
escala, eficiência e crescimento.

Revolução Industrial séc XIX, mercador substituído pelo industrial, dono dos meios de produção
Fim do feudalismo. Consolidação do capitalismo, sistema econômico com meios de produção privados e
estruturado em torno da maximização dos lucros.

Mercado financeiro: investimento, assunção de riscos, dívidas, juros, especulação.

Fim do séc. XIX, monopólios e cartéis distorcem o mercado. Agravamento das desigualdades do sistema
econômico internacional.

Davi Ricardo. Teoria das vantagens comparativas. Comércio internacional quando produto tem valor
melhor no mercado externo que interno. Eficiência não depende de capacidade absoluta de produção de
um bem mas sim em relação aos outros bens. Barreiras comerciais e políticas governamentais forçam os
países a produzir bens fora de suas vantagens comparativas, aumenta preço dos produtos e diminui a
eficiência da produção.

Teoria das vantagens proporcionais – Modelo Hecksher/Ohlin (Eli Hecksher e Bertil Ohlin, ganhadores do
Nobel em 1977). Vantagem é a intensidade dos fatores de produção. Países ricos em capital exportarão
bens que demandam muito capital ao passo que países ricos em mão de obra exportarão produtos
intensivos em trabalho.

A Nova Lex Mercatoria. Consolidação de diversas fontes do comércio internacional: contratos


internacionais, usos e costumes mercantis, princípios gerais do comércio internacional, códigos de
conduta, convenções, tratados internacionais. UNIDROIT Principles of International Commercial Contracts

OCDE = Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico


`Grupo dos países ricos’
35 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de mercado.
Teve origem em 1948 como a Organização para a Cooperação Económica (OECE), para ajudar a gerir o
Plano Marshall para a reconstrução da Europa
Em 30/5/17 Brasil formalizou a solicitação de entrada (que estava sendo negociada desde 2007)

Consenso de Washington
10 ajustes macroeconômicos receitados pelo Fundo Monetário Internacional em 1990
1. disciplina fiscal
2. reorientação das despesas publicas
3. reforma tributaria
4. liberalização financeira
5. taxas de cambio unificadas e competitivas
6. liberalização comercial
7. abertura pra investimentos estrangeiros diretos
8. privatização
9. desregulamentação
10. garantias de defesa ao direito de propriedade

Globalização
Estado fraco: diminuição da máquina pública, criação de blocos regionais, paradiplomacia e influencia das
grandes corporações atuando em cadeias globais de valor

A globalização pode ser definida como o “ápice do processo de internacionalização do


mundo capitalista” (SANTOS, 2000, p. 19) com a “aceleração do tempo” e o “encurtamento das
distâncias” (SANTOS, 2000, p. 19). Mas essas medidas de tempo e espaço são relativas. Dependem
do nível de integração. Por exemplo, as distâncias cartográficas afetam os custos de mover bens,
ideias e pessoas de maneiras muito diferentes. Com a Internet, o custo de mover ideias, por meio de
“meios técnicos científicos informacionais” (SANTOS, 2000, p. 19) é quase zero e varia pouco com a
distância. Mercadorias dependem da facilidade do acesso, dos combustíveis e de transportadores
disponíveis, além claro da distância em metros. Para as pessoas também há uma grande diferença
entre os destinos que podem ser alcançados com uma viagem de um dia e outras mais distantes, com
muitas escalas ou burocracias de imigração.

Isso ajuda a explicar algumas das desigualdades do processo de globalização. Como, por
exemplo, o fato de apenas poucos países em desenvolvimento terem conseguido se beneficiar se
industrializando rapidamente. Muitos apesar de terem adotado todas as políticas econômicas
recomendadas, ainda estão “longe” demais “demorando” muito em comparação com outros países em
desenvolvimento.

Porém, pela primeira vez na evolução da espécie humana uma sociedade global está
emergindo (KOLODZIEJ, 2016, p. 1), com o atual, incessante e crescente processo de globalização,
caracterizado pela conectividade e interdependência da população do planeta (KOLODZIEJ, 2016, p.
1). Por mais desigual, diversa e dividida que ela possa ser, seus membros dependem de decisões,
ações e do exercício de poder por outros. A soma desses ‘jogos de multiplicação’ é em um
determinado momento uma fotografia dessa sociedade global (KOLODZIEJ, 2016, p. 1).
Importante ressaltar que o período de globalização iniciado no século XIX não é o mesmo
do século XXI. O capitaneado pela Revolução Industrial beneficiou-se do poder da energia a vapor e
da paz internacional para implementar uma maneira rentável e eficaz de transportar mercadorias
através das fronteiras. Algumas nações estavam em melhor posição para aproveitar esse processo e
estabeleceram assim sua hegemonia internacional. Essa época foi denominada de a "Era da Grande
Divergência" (BALDWIN, 2016, p. 12), em que os países ganhavam com a exploração de suas
diferenças e potencialidades por meio das vantagens comparativas.

A atual globalização, contudo, é bem diferente, impulsiona-se pelo poder da tecnologia da


informação, que possibilita o movimento barato e preciso de ideias e dados através das fronteiras.
Esse processo viabiliza que o trabalho intensivo em mão-de-obra seja realizado no exterior, onde os
recursos humanos são mais baratos e a regulamentação sócio ambiental mais debilitada. Os negócios
passaram, com isso, a se estruturar em cadeias globais de valor impulsionando um rápido processo de
industrialização de um grupo de países em desenvolvimento. Fenômeno denominado: "Era da Grande
Convergência" (BALDWIN, 2016, p. 12). Essa interdependência econômica, com transições
tecnológicas aceleradas e desafios ambientais comuns tornam o mundo mais imprevisível e difícil de
controlar.

Com as etapas de produção dispersas em países com fraca regulamentação trabalhista e


ambiental e com baixo custo de mão de obra, mudou-se a globalização, não apenas porque mudou o
emprego e a produção de lugar, mas principalmente porque o know-how empresarial, as técnicas de
marketing e a gestão também passaram a ser movidas para o exterior. Nesse contexto, os contornos da
competitividade industrial são dados pelos contornos da logística eficiente das redes de produção
internacionais e não mais pelos limites das nações.

Da mesma maneira, as regulações para garantir livre concorrência e estimular o


desenvolvimento socioambiental precisam ser repensadas para além dos limites nacionais. A
empresas das nações ricas não estão enviando seu know-how para países pobres por altruísmo, mas
sim para maximizar seus lucros. Inclusive demandando garantias de que seu conhecimento exportado
permaneça dentro dos limites de suas redes de produção.

Uma vez que ainda continua caro mover as pessoas, até que haja substitutos tecnológicos
realmente bons para o trabalho humano, viabilizando telepresença para os serviços cerebrais e
telerobótica para os serviços manuais, a produção global pode ser pensada em hubs, alguns polos
interconectados espalhados pelo mundo, porém sob controle de polos industriais normalmente do G7,
especialmente na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos ou de alguns países em desenvolvimento.
Regular essa interdependência pode ter de sair dos locais de controle e dos mercados consumidores.
Mas não necessariamente de iniciativas nacionais.

Esperar que os países desenvolvidos desempenhem um papel positivo na construção de


uma ordem mundial sustentável para o século XXI, muitas vezes não vem ao caso uma vez que a
busca do interesse nacional de longo prazo pode ser obstruída por muitas circunstâncias. Porém,
cresce o impacto das forças políticas internas, subnacionais e de mercado, para em muitos levar a
cabo políticas mais arrojadas que as nacionais ou inclusive subjugar um potencial dano de ações
lesivas do governo federal.

Assim, também em termos de desenvolvimento econômico nacional, a nova globalização


exige ajuste de foco. Ao mesmo tempo em que as cadeias globais de valor oferecem um enorme
potencial econômico para os países desenvolvidos, são também fundamentais para os países em
desenvolvimento e subdesenvolvidos, uma vez que os integra à cadeia permitindo que importem
produtos intermediários do exterior e assumam a parte do processo produtivo que melhor se adeque à
sua realidade, sem ter que construir uma indústria inteira nacionalmente. Por este viés a integração
das redes de produção pode ser considerada uma estratégia de crescimento promissora. E as
produções compartilhadas por pelo menos dois países já é de considerável impacto no volume total de
comércio internacional, em 2010, já superavam 25% das exportações brutas globais (UNFSS, 2017, p.
4).

Isso traz inclusive um problema de métrica para a economia na globalização, pois esses
produtos assim produzidos em vários países são contabilizadas pelo menos em dobro (UNFSS, 2017,
p. 4). O que faz com que o cálculo das exportações brutas de um país não seja mais eficiente para
medir os padrões de comércio internacional de uma nação. A contagem dupla, tripla ou de múltiplas
vezes de um mesmo produto pode mascarar a estrutura subjacente de produção em rede global e
exagerar o desempenho das exportações individualizadas dos Estados.

A globalização do século XX produziu maior especialização nacional, com custos de


comércio relativamente mais baixos ajudou ou prejudicou setores inteiros da economia dos países e
consequentemente as pessoas que trabalham neles. A globalização do século XXI é mais distribuída e
não está acontecendo na macroescala dos setores produtivos, mas na microescala das etapas de
produção e funções específicas desenvolvidas pelas pessoas na linha de produção. Isso faz com que
fiquem sem razão regulações de intervenção no domínio econômico para proteger setores em declínio
da economia ou grandes categorias de trabalhadores. Essas políticas generalistas são
insuficientemente matizadas para distinguir entre os vencedores e os perdedores da globalização atual
(BALDWIN, 2016, p. 12).

Além disso, a regulação precisa ser ágil. O impacto da atual globalização é mais repentino
e mais incontrolável. A passagem do tempo no relógio no século XX era marcada em anos, dependia
de políticas públicas de cortes tarifários e tecnologias para melhorar o transporte. Na atual tecnologia
da comunicação a duplicação de transmissão, armazenamento e capacidade de computação se dá
atualmente ou a cada dois anos e isso pode transformar coisas e serviços impossíveis em realidade
numa questão de meses (BALDWIN, 2016, p. 12).

Nesse contexto apesar de a lógica das vantagens comparativas nacionais perder sentido, na
maioria da vezes são as empresas dos sete países ricos (Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra,
França, Itália, Japão e Canadá) que se mostram em condição de coordenar a logística global para
alavancar seu know-how empresarial específico combinando-o com a mão-de-obra barata dos países
menos desenvolvidos (BALDWIN, 2016, p. 12). Os limites dessa competitividade empresarial
internacional são controlados pelas empresas que geram as cadeias globais de produção diminuindo a
capacidade do Estado de gerir esses processos produtivos. E também dos trabalhadores e
consumidores dos países de origem. Diferentemente de quando a tecnologia era nacional, as
diferenças salariais internacionais ajustavam-se às diferenças tecnológicas internacionais. Assim, os
salários dos países do G7 aumentavam tão mais avançava a tecnologia. Atualmente os benefícios
tecnológicos não necessariamente revertem em benefícios para a mão de obra, muito menos para a de
um país específico (BALDWIN, 2016, p. 12).

Competitividade deixou de ser uma característica da nação. Um país não precisa mais
construir toda a cadeia produtiva no mercado interno para se tornar competitivo (o caminho típico do
século XIX e do século XX). Atualmente as nações em desenvolvimento podem se juntar aos arranjos
de produção internacional para se tornarem competitivas numa determinada etapa da produção e se
industrializarem num determinado produto usado na produção, obtendo assim parcela maior de renda
e melhores empregos integrando as cadeias globais de valor. Esse novo contexto acaba diminuindo a
relevância de políticas nacionais de desenvolvimento e de industrialização (BALDWIN, 2016, p. 16).

Além da necessidade de nova métrica econômica de avaliação de desempenho econômico,


tanto os países ricos como os em desenvolvimento enfrentam desafios políticos sem precedentes. Se a
ameaça internacional de guerra declarada entre nações tornou-se improvável para a maioria dos
países, fora algumas poucas exceções, outras ameaças urgentes surgiram como as provenientes de
forças não-estatais disruptivas, como organizações terroristas ou paramilitares; e os problemas
associados a causas difusas, de longo prazo, como as mudanças climáticas.

Economia verde
Empresas tem que ser parte da solução
O conceito de “economia verde” não substitui o de desenvolvimento sustentável(DENNY,
2017), um conjunto mais amplo de diretrizes políticas. Porém, há um crescente
reconhecimento de que, para alcançar os objetivos mais abrangentes da sustentabilidade,
um apropriado modelo econômico precisa ser posto em prática. Por décadas, a criação de
novas riquezas foi feita por meio da economia fundada na exploração energética de
hidrocarbonetos, sem lidar substancialmente com a marginalização social e do uso
inconsequente de recursos naturais.

O maior desafio é identificar esses conteúdos ideológicos em sinergia na busca da


complementaridade, como apontado pelo conceito de Economia Verde consolidado na Rio
+ 20: desenvolvimento econômico com responsabilidade social e ambiental. Em adição à
necessária redução na emissão de carbono, esse novo paradigma econômico precisa
enfrentar questões como limites geopolíticos e o princípio da equidade. Na prática, isso
corresponde a manter um nível significativo de crescimento para os países mais pobres,
intermediário para os países em desenvolvimento, e próximo a zero nas sociedades
desenvolvidas (UNEP, 2011).

Esse mesmo entendimento foi verificado no conceito de Economia Azul, por Günter Pauli
(2010). O mundo precisa de um novo modelo econômico, o liberalismo jamais conseguiu
distribuir os recursos de modo eficiente. Com efeito, o mercado evoluiu para um sistema de
economias de escala e um constante crescimento em produtividade, o qual tem gerado
reestruturações empresariais que, em certa medida, cartelizaram a maior parte dos agentes
financeiros com maior capacidade para atuar globalmente, com a ampliação do nível de
endividamento e de ativos intangíveis.

Objetivos traçados cuidadosamente e boas intenções coordenadas em escala global não


são suficientes. Para que haja uma efetiva mudança no atual modelo econômico em
direção à sustentabilidade, os governos precisarão subsidiar tecnologias limpas, o setor
privado deverá se adaptar a menores margens de lucros e, por sua vez, os consumidores
deverão pagar mais caro. Essa opção é consistente com o crescimento da renda e da
empregabilidade, mas demanda coordenação e transparência em níveis locais, regionais,
nacionais e internacionais, nos setores público e privado. Assim, como ensina Pauli, é uma
reestruturação pragmática inspirada pelo ecossistema: “a economia azul precisa expor, e
não impor, as inúmeras possibilidades científicas, de modo que um novo e competitivo
modelo econômico possa emergir, o quanto antes melhor” (PAULI, 2010, p. 3).

Fontes do Direito do Comércio Internacional.

Lex mercatória medieval


Nas cidades estados, grandes mercados e principais portos: Veneza, Gênova, Marselha, Barcelona,
Amsterdam e as cidades da liga Hanseática que abrangeu umas 100 cidades sob influência do que é hoje
a Alemanha, com Lubeque (a cidade do marzipã) como centro.
Rota da Seda - Antiguidade
Uma forma de negociação internacional antiga, com período de 206 a.C a 220 d.C, que foi a “infraestrutura
mercantil e cultural de uma ‘protoglobalização’ articulou entidades até então isoladas, tornou-as
componentes interativos de um sistema unificado” (BRUNO; RIBEIRO, 2017, p. 196)

Nova lei Mercatoria


Fontes formais da Nova lei Mercatoria: contratos tipo, condições gerais de compra e venda, condições gerais do
conselho de assistência econômica mutua (Comecon), os incoterms e as leis uniformes. Costumes e usos do comercio.
Tratados internacionais multilaterais (GATT, OMC) constitutivos de blocos regionais (Mercosul, UE, NAFTA,
ALCA). Sentenças arbitrais (pela regra do precedente).

Iniciativas de consolidação (CIC, UNIDROIT, ILA, UNICITRAL, OEA). Leis Uniformes sobre letras de cambio e
notas promissórias (Genebra 1930). Lei Uniforme sobre cheques (Genebra 1931). Incoterms. Regras de usos
uniformes de créditos documentários, as regras uniformes para garantia de contratos (CIC). Lei modelo de arbitragem
(UNICITRAL)

Regionalismos
3. Cenários do Comércio Internacional.
3.1. A Cooperação Internacional para o Desenvolvimento como Condição de Sustentabilidade.
3.2. O Mercosul, a Comunidade Andina e a União Sulamericana de Nações.
3.3. Instituições do Mercosul.
3.4. A Livre Circulação de Bens e Serviços.
3.5. Política Comercial Comum do Mercosul.

Livre comércio
Compra e venda de mercadorias e serviços entre residentes e não-residentes de um país (comércio
internacional) sem barreiras tarifária ou não-tarifária.

Primeiro Regionalismo
década de 1960
Vingou apenas a iniciativa da Comunidade Econômica Europeia
Acordos regionais criam preferencias regionais
Para fora do bloco regional são exceções ao livre comércio.
Entre os membros do bloco tem o objetivo de abolir de maneira progressiva as barreiras ao livre comércio.

Multilateralismo GATT
GATT (Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio)
Sistema mundial de comércio
Redução das barreiras ao comércio internacional para todos os países inseridos no sistema mundial do
comércio.

Cláusula da Nação mais Favorecida (CNMF)


Princípio da não discriminação = todas as vantagens e privilégios acordados a um membro devem ser
estendidos a todos os demais, imediatamente e sem imposição de condições.
Pode ser aplicável tanto no modelo multilateral, regional, plurilateral e bilateral

Segundo Regionalismo
Década de 1980
1986 Estados Unidos da América acordo de livre comércio com o Canadá
Impulsionou a elaboração de acordos regionais entre outros países como uma política de segurança,
diante da possibilidade de fracasso das negociações multilaterais = Rodada Uruguai (1986 a 1994).

Multilateralismo OMC
OMC -Organização Mundial do Comércio
Criada em 1994 restabeleceu a confiança na estrutura multilateral do comércio internacional.

Dialética entre o multilateralismo e o regionalismo


Aparentemente, o regionalismo entraria em choque com o princípio mais importante do comércio
multilateral, Cláusula da Nação mais Favorecida (CNMF)
Mas acordos comerciais regionais podem, muitas vezes, servir realmente de apoio ao sistema multilateral
de comércio pretendido pela OMC, pois tais acordos permitem que grupos de países negociem normas e
compromissos que vão além do que seria possível multilateralmente em dado momento histórico
Acordos comerciais entre poucos países têm negociações comerciais relativamente mais rápidas do que
as complexas negociações multilaterais que ocorrem no âmbito da OMC.
Negociar como bloco tem mais força no âmbito multilateral, ou seja, as alianças estratégicas melhoram as
posições de barganha nas negociações multilaterais.
Acordos bilaterais ou plurilaterais são, em geral, mais facilmente aceitos em termos políticos pelos Estados
do que os acordos multilaterais. Isso porque “tais acordos permitem que os países continuem protegendo
setores econômicos sensíveis, sobre os quais os governos sofrem pressões da indústria doméstica (em
grande parte das vezes, o setor agrícola)” (PONTES, 2008)

O regionalismo pode ser conceituado como a redução preferencial de barreiras ao comércio


entre um subconjunto de países que podem ser, mas não necessariamente, contíguos. É
importante ressaltar a discriminação como elemento constante da definição de
regionalismo, pois, para que se verifique a iniciativa regional, é necessário que sejam
outorgadas preferências a alguns países, mas não a todos
Por sua vez, o multilateralismo pode ser definido como sendo a redução indiscriminada de
barreiras ao comércio, entendendo-se que o termo indiscriminada é utilizado no sentido de
que a redução de barreiras se estende a todos os países inseridos no sistema mundial de
comércio.(LUQUINI; SANTOS, 2009, p. 93)

Regionalismo aberto
integração regional que não acarretam obstáculos ao desenvolvimento do comércio multilateral.
Ao contrário, colaboram para a diminuição das barreiras comerciais entre os Estados Membros da
iniciativa regional,

Mercosul
1991, Tratado de Assunção, criou o Mercosul
“O comércio entre os países do Mercosul cresceu mais de doze vezes desde sua criação, passando de
US$ 4,5 bilhões em 1991 para US$ 59,3 bilhões em 2013”(LIMA, 2015, p. 14) um comércio de qualidade,
com produtos de alto valor agregado.
A exigência de uma tarifa externa comum dificulta a implementação plena e impossibilita que outros países
se tornem membros plenos sem radicais mudanças em suas políticas comerciais
FOCEM - Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul serve como paradigma. Brasil, Argentina e
Venezuela dão as maiores contribuições a esse Fundo que beneficia, sobretudo, economias de menor
porte como Uruguai e Paraguai. Expiraria em 2015, foi renovado até 2025 (Decisão CMC 22/15)
“cláusula democrática”, definida pelo Protocolo de Ushuaia, de 1998, pela qual um país -membro deixa de
poder beneficiar-se das vantagens do Mercosul em caso de ruptura da ordem democrática,

CAN
Comunidade Andina
Bloco econômico sul-americano formado por Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Chile deixou o bloco em
1977 e a Venezuela em 2006. O bloco foi chamado Pacto Andino até 1996 e surgiu em 1969 com o
Acordo de Cartagena. A cidade-sede da secretaria é Lima, no Peru. Em 8 de Dezembro de 2004, os
países membros da Comunidade Andina assinaram a Declaração de Cuzco, que lançou as bases da
União de Nações Sul-Americanas, entidade que unirá a Comunidade Andina ao Mercosul, em uma zona
de livre comércio continental.

UNASUL
Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA) que atualmente chama-se União de Nações Sul-
Americanas
Tem como objetivo integrar o MERCOSUL e a Comunidade Andina de Nações
Lidar com a balcanização da América do Sul, precariedade da infraestrutura logística e energética
A sede se encontra em Quito
Banco do Sul criado por Hugo Chavez com sede em Caracas, Venezuela, para emprestar dinheiro às
nações da UNASUL desenvolverem programas sociais e de infra-estrutura

CELAC
Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos
em 2008, foi realizada a Primeira Cúpula de Estados da América Latina e do Caribe, embrião do que viria
a se tornar a Celac

ALCA
Área de Livre Comércio das Américas
É um ideal de integração. Foi proposta pelo presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, durante a Cúpula
das Américas, em Miami, no dia 9 de dezembro de 1994, para eliminar as barreiras alfandegárias entre os
34 países americanos, formando a maior área de livre comércio do mundo. A data prevista para
implementação seria 2005.
Impasses devido às assimetrias entre os países inviabilizaram a proposta e no lugar da ALCA, foram
criados outros organismos de cooperação regional, sem a participação norte-americana, como a ALBA -
Aliança Bolivariana para as Americas.

BID
Banco Interamericano de desenvolvimento (IADB Inter-American Development Bank)
Membros mutuários
O países do Grupo II 35% do volume dos empréstimos do BID (possuem a menor renda per capita):
Belize, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras,
Jamaica, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Suriname.
Os países do Grupo I podem receber 65% por cento do volume de empréstimos do BID:
Argentina,Bahamas, Barbados, Brasil, Chile, México, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela.
Membros não mutuários do BID são Estados Unidos, Canadá, Japão, Israel, República da Coréia,
República Popular da China e 16 países europeus: Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Dinamarca,
Eslovênia, Espanha, Finlândia, França, Itália, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia e
Suíça
China é um dos parceiros, com US$35 bilhões de fundos e tem financiamentos superiores a US$119
bilhões na região (GALLAGHER, 2016)
Novo regionalismo asiático: maior integração ou mais complexidade de normas (spaghetti bowl) ?
políticas de bilateralização comercial que têm proliferado no atual cenário do comércio internacional

“novo regionalismo asiático”. Suas características básicas são: (i) a participação em


negociações comerciais de países que antes não eram membros de áreas preferenciais de
comércio; (ii) o fato de os países serem membros de mais de um acordo de comércio
regional; (iii) o grande número de acordos inter-regionais; e, finalmente, (iv) a característica
bilateral de muitos desses novos acordos. (PONTES, 2008)

Projeto One Belt, One Road ou Um Cinturão, uma Rota

Reestruturação geoeconômica transcontinental que “causará signifcativos impactos no comércio e nos


investimentos internacionais, revivendo no Século 21 as rotas comerciais milenares que conectavam o
Ocidente e o Oriente (...)integrar a Europa, a Ásia e a África por meio de cinco diferentes rotas e envolvem
mais de 60% por cento da população mundial”(BRUNO; RIBEIRO, 2017, p. 194).

Novo regionalismo asiático: maior integração ou mais spaghetti bowl?


Políticas de bilateralização comercial que têm proliferado no atual cenário do comércio internacional

TPP e TTIP
tratados de cooperação e livre comércio como a Parceria Transpacífca (TPP) e o Acordo de Parceria
Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP)
Cadeias globais de valor
4. A Internacionalização das Empresas na Economia Global: Estratégias Comerciais e Soluções Jurídicas
para a Implantação de um Novo Mercado no Exterior.
4.1. De Empresa Local a Empresa Internacional.
4.2. A Organização da Empresa Internacional.
4.3. Marco Jurídico das Nações Unidas.
4.4. A Declaração e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
4.5. O Consenso de Monterrey como Base para uma Parceria Global.
4.5. Recomendações Fundamentais sobre os Custos e Benefícios Jurídicos, Políticos, Econômicos,
Sociais, Culturais e Ambientais para as Empresas e o Planeta.

A Agenda 2030 é a variável independente da presente pesquisa que busca identificar a


eficácia dessa declaração na governança socioambiental internacional. Para tanto foi feito
um monitoramento dos processos de influência de políticas e práticas mais sustentáveis
para efetivação desse documento. (...)
A respeito da sua história: os líderes mundiais em uma cúpula histórica da ONU em
setembro de 2015 aprovaram por unanimidade a Agenda 2030 da ONU para o
Desenvolvimento Sustentável (UN, 2015) que propõe uma coordenação das ações de
governos, empresas, academia, sociedade civil organizada e indivíduos para alcançar 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) e suas 169 metas relativas a esses
objetivos até 2030. Trata-se de orientações sem caráter juridicamente vinculante, mas que
pretendem fomentar uma articulação complexa multinível, interdisciplinar, interdependente
e entre os diversos públicos interessados - que ao longo deste trabalho serão denominados
multistakeholders.
Esse tipo de estrutura jurídica parte do pressuposto de que os recursos naturais são
escassos e que a sua distribuição a fim de erradicar a pobreza e promover vida digna para
todos traz um desafio complexo de governança, conforme detalharemos mais a frente. Se
por um lado o desenvolvimento sustentável só́ será́ alcançado mediante o envolvimento,
compromisso e ação de todos, as instituições e regras jurídicas atuais enfrentam a
constante dificuldade de como melhor dividir os ônus dessa mudança de paradigma.
Com a Agenda 2030, os governos desses 193 países signatários se comprometeram a
alinhar as prioridades nacionais e a trabalhar em conjunto com o setor privado e a
sociedade civil. Assim, iniciaram uma nova forma de orientação multilateral de suas
políticas, para mobilizar esforços para erradicar a pobreza, enfrentar as desigualdades e
enfrentar as mudanças climáticas até 2030.
Figura 1 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Fonte: Agenda 2030 (PNUD, 2016)

Para converter em políticas públicas nacionais e introjetar no sistema jurídico brasileiro o


acordado na Agenda 2030, foi criada a Comissão Nacional para os ODS (BRASIL, 2016),
cuja posse se deu em 29 de junho de 2017. Esse órgão federal é o responsável por
internalizar no ordenamento jurídico brasileiro todas as questões relacionadas aos ODS,
transformando-as em diretrizes de políticas públicas no direito interno, difundindo e dando
transparência ao processo de implementação da Agenda 2030 no Brasil. Formada por 32
representantes, entre titulares e suplentes, se constitui como comissão paritária, com igual
número de membros da sociedade civil e dos governos e com competência consultiva para
identificar, sistematizar e divulgar boas práticas e iniciativas que colaborem para se
alcançar os ODS.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística prestam assessoria técnica contínua à Comissão, para o “desenvolvimento,
implementação e promoção de iniciativas que apoiem os ODS, com ações voltadas para as
dimensões econômica, social, ambiental e institucional” (IPEA, 2017). Esses institutos
contam com pesquisadores que já estudam as temáticas relacionadas a todos os ODS e
atuam nas quatro dimensões do desenvolvimento sustentável: social, econômica, ambiental
e institucional. O repositório estatístico e bibliográfico dessas instituições tem ainda a
capacidade de fundamentar decisões e promover a articulação de interesses divergentes
da iniciativa privada e da sociedade civil, com os diversos órgãos e entidades públicas para
a disseminação e implementação dos objetivos em níveis federal, estadual, distrital e
municipal.

Figura 2 - Composição da Comissão Nacional ODS

Fonte: (SEGOV, 2017)

Para entender o que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é preciso definir o


que significa desenvolvimento sustentável: “satisfazer as necessidades da geração atual,
sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas próprias
necessidades”(WCED, 1987).

Desenvolvimento sustentável demanda um esforço conjunto para a construção de um futuro


inclusivo, resiliente e sustentável para todas as pessoas e todo o planeta. Para que o
desenvolvimento sustentável seja alcançado, é crucial harmonizar três elementos centrais:
crescimento econômico, inclusão social e proteção ao meio ambiente. Esses elementos são
interligados e fundamentais para o bem-estar dos indivíduos e das sociedades. Erradicar a
pobreza em todas as suas formas e dimensões é um requisito indispensável para o
desenvolvimento sustentável. Para esse fim, deve haver a promoção de um crescimento
econômico sustentável, inclusivo e equitativo, criando melhores oportunidades para todos,
reduzindo as desigualdades, elevando padrões básicos de vida, estimulando a inclusão e o
desenvolvimento social justo, e promovendo o gerenciamento integrado e sustentável dos
recursos naturais e dos ecossistemas (PNUD, 2016, p. 6).

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são os sucessores dos Objetivos de


Desenvolvimento do Milênio (ODMs) (UN, 2000), que estavam em vigor de 2000 a 2015. Os
ODMs tiveram um papel fundamental na estruturação de políticas públicas em torno de:
redução da pobreza; universalização da educação básica; igualdade de gênero e
autonomia das mulheres; menor mortalidade infantil; melhor saúde materna; combate à
AIDS, malária e outras doenças; sustentabilidade ambiental e parceria global para o
desenvolvimento.
Diferentemente dos ODMs, o quadro normativo dos ODSs enfatiza a Economia Verde e
com isso, conforme veremos mais adiante, o envolvimento do setor privado. Nessa nova
abordagem, as empresas privadas não são mais vistas como ameaças ou parte dos
problemas, mas como partes cruciais para a solução dos problemas. Desde o início das
negociações da Agenda 2030, os negócios foram envolvidos na definição dos objetivos e
metas, sendo considerados indispensáveis para a implementação global dessas diretrizes,
por enfrentarem os principais desafios de sustentabilidade diretamente em sua cadeia de
produção e por serem os responsáveis pelo necessário investimento em tecnologias mais
ecológicas e eficientes que podem em muito contribuir para consecução dos objetivos
globais.
Visando a essa necessidade de trabalho em conjunto dos agentes envolvidos, há a
necessidade de se alterarem os paradigmas de organização da sociedade. Como vimos, o
Relatório Brundtland definiu desenvolvimento sustentável como aquele " que atende as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender
às suas próprias necessidades (WCED, 1987)". A partir dessa ideia, as práticas
econômicas devem ser desempenhadas para abranger três pilares equilibradamente: o
econômico, o social e o ambiental. A partir da conferência Rio + 20, esses paradigmas
foram ampliados para incorporar o setor privado como parte da solução consolidando o
1
conceito de economia verde .
O PNUMA define a economia verde como a “economia que resulta da melhoria do bem-
estar e equidade social, com a redução significativa de riscos ambientais e da escassez
ecológica” (UNEP, 2011, p. 2). Em outras palavras, uma economia com baixa emissão de
carbono, uso consciente de recursos e inclusão social. Assim, o crescimento da renda e da
geração de empregos devem ser resultado de investimentos públicos e privados que
também contribuam para a redução das emissões de carbono, da poluição e que
aumentem o aproveitamento dos recursos e da energia visando evitar perdas de
biodiversidade e sobrecarregamento dos ecossistemas.

Tendo em vista a falta de competitividade das novas tecnologias mais ecológicas, esses
tipos de investimentos precisam ser a princípio apoiados com subsídios, gastos públicos
específicos, facilitação dos procedimentos ou mudanças normativas. A trajetória do
desenvolvimento precisa ser ajustada para manter, aprimorar e, onde for possível, recriar
as características naturais saudáveis, gerando resultados econômicos e benefícios sociais,
especialmente para a população mais carente, cuja sobrevivência e segurança dependam
diretamente da natureza.

O conceito de “economia verde” não substitui o de desenvolvimento sustentável, um


conjunto mais amplo de diretrizes políticas. Porém, há um crescente reconhecimento de
que, para alcançar os objetivos mais abrangentes da sustentabilidade, um apropriado
modelo econômico precisa ser posto em prática. Por décadas, a criação de novas riquezas
foi feita por meio da economia fundada na exploração energética de hidrocarbonetos, sem
lidar substancialmente com a marginalização social e do uso inconsequente de recursos
naturais.

O maior desafio é identificar esses conteúdos ideológicos em sinergia na busca da


complementaridade, como apontado pelo conceito de Economia Verde consolidado na Rio
+ 20: desenvolvimento econômico com responsabilidade social e ambiental. Em adição à
necessária redução na emissão de carbono, esse novo paradigma econômico precisa
enfrentar questões como limites geopolíticos e o princípio da equidade. Na prática, isso
corresponde a manter um nível significativo de crescimento para os países mais pobres,

1 Esse conceito de economia verde foi o objetivo da conferência Rio + 20, realizada na capital carioca em 2012. Nessa

oportunidade o conceito de sustentabilidade foi expandido para representar um conjunto mais amplo de diretrizes
políticas. A definição original em inglês de economia verde é: “(…) a green economy can be considered as having low
carbon, and is aware in its use of resources and socially inclusive. In a green economy, income and employment growth
must be driven by public and private investments that reduce carbon emissions and pollution and increase energy and
resource use, and prevent losses of biodiversity and ecosystem services. These investments need to be generated and
supported by specific public spending, policy reforms and regulatory changes. The development path must maintain,
enhance and, where possible, rebuild natural capital as a critical economic good and as a source of public benefits,
especially for the needy population whose livelihood and security depend on nature. The concept of a "green economy"
does not replace sustainable development, but today there is a growing recognition that achieving sustainability is based
almost entirely on obtaining the right model of economy. Decades of creating new wealth through a "brown economy"
model have not dealt substantially with social marginalization and resource depletion, and we are still far from achieving
the Millennium Development Goals. Sustainability remains a vital long-term goal, but we need to make the economy
greener to get there.” (UNEP, 2011, p. 2)
intermediário para os países em desenvolvimento, e próximo a zero nas sociedades
desenvolvidas (UNEP, 2011).

Esse mesmo entendimento foi verificado no conceito de Economia Azul, por Günter Pauli
(2010). O mundo precisa de um novo modelo econômico, o liberalismo jamais conseguiu
distribuir os recursos de modo eficiente. Com efeito, o mercado evoluiu para um sistema de
economias de escala e um constante crescimento em produtividade, o qual tem gerado
reestruturações empresariais que, em certa medida, cartelizaram a maior parte dos agentes
financeiros com maior capacidade para atuar globalmente, com a ampliação do nível de
endividamento e de ativos intangíveis.

Objetivos traçados cuidadosamente e boas intenções coordenadas em escala global não


são suficientes. Para que haja uma efetiva mudança no atual modelo econômico em
direção à sustentabilidade, os governos precisarão subsidiar tecnologias limpas, o setor
privado deverá se adaptar a menores margens de lucros e, por sua vez, os consumidores
deverão pagar mais caro. Essa opção é consistente com o crescimento da renda e da
empregabilidade, mas demanda coordenação e transparência em níveis locais, regionais,
nacionais e internacionais, nos setores público e privado. Assim, como ensina Pauli, é uma
reestruturação pragmática inspirada pelo ecossistema: “a economia azul precisa expor, e
não impor, as inúmeras possibilidades científicas, de modo que um novo e competitivo
modelo econômico possa emergir, o quanto antes melhor” (PAULI, 2010, p. 3).

Contratos internacionais
5. Fatores de Internacionalização dos Contratos.
5.1. Definição.
5.2. Aspecto Econômico.
5.3. Aspecto Jurídico.
6. Contratos Internacionais Comerciais.
6.1. Conceito, Características, Abrangência e Regime Jurídico.
6.2. Contrato-Tipo e Padrão.
6.3. Cláusulas Típicas dos Contratos.
7. A Fase da Formação dos Contratos Internacionais.
7.1. Lei Aplicável ao Contrato.
7.2. As Obrigações nos Contratos Internacionais.
7.3. O Foro Competente nos Contratos Internacionais.

Contratos internacionais de compra e venda representam a manifestação de vontade dos empresários


envolvidos nas transações de importação e exportação.
No intuito de conferir uniformidade, previsibilidade e, por conseguinte, segurança jurídica às negociações,
foi aprovada, no âmbito das Nações Unidas (sob a coordenação da UNCITRAL), a Convenção de Viena
sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias a CISG em inglês (UNICITRAL, 1980).

Aprovada desde 1980 no âmbito das Nações Unidas, a CISG só foi ratificada pelo Brasil em 2012 (Decreto
Legislativo No. 538/2012), e sua vigência teve início em 1º de abril de 2014. Com isso, o Brasil uniformizou
seu regramento de contratos de compra e venda internacional de mercadorias com o de outros 79 países
– que representavam 90% (BARROS; RIBEIRO, 2014) do fluxo de comércio internacional. Também são
parte da CISG grandes parceiros comerciais do Brasil, como China, Estados Unidos e União Europeia.
A Convenção está estruturada em 101 artigos, que tratam de temas fundamentais do contrato de compra e
venda, tais como: âmbito de aplicação, interpretação, formação do contrato, direitos e deveres do
comprador e do vendedor, conformidade de mercadorias, direitos em caso de violação do contrato e
rescisão. A uniformização de leis contribui para a melhoria do ambiente de negócios e estimula as trocas
comerciais.
A UNCITRAL, por exemplo, mantém a base de dados CLOUT (sigla para Case Law on UNCITRAL Texts),
assim como o Instituto Internacional para a Unificação do Direito Privado (também conhecido pela sigla
UNIDROIT) possui a base UNILEX e o projeto Global Sales Law possui a plataforma CISG-online. Em
todas essas bases, é possível pesquisar julgados sobre as diversas regras da Convenção.

https://www.uncitral.org/uncitral/en/case_law.html.
http://www.unilex.info/dynasite.cfm?dssid=2376&dsmid=14315.
http://www.globalsaleslaw.org/index.cfm?pageID=29.
http://www.cisgac.com.
http://www.cisg-brasil.net.

INCOTERMS
Não são contratos, são cláusulas de um contrato de compra e venda. Cuidam apenas da relação jurídica
entre comprador e vendedor, nos termos pactuados; não interferem, portanto, nos contratos de transporte
das mercadorias, realizados com terceiros;
Não se aplicam a negociação de bens intangíveis ou serviços.
Os Incoterms tiveram origem na Lex Mercatória. São regras internacionais para a
interpretação dos Termos Comerciais fixados pela Câmara do Comércio Internacional, que
definem regras apenas para exportadores e importadores, não produzindo efeitos com
relação às demais partes, como transportadoras, seguradoras, despachantes, etc. Essas
fórmulas contratuais fixam direitos e obrigações, tanto do exportador como do importador,
estabelecendo com precisão o significado do preço negociado entre as partes. Uma
operação de comércio exterior com base nos INCOTERMS reduz a possibilidade de
interpretações controversas e de prejuízos a uma das partes envolvidas. A importância dos
INCOTERMS reside na determinação precisa do momento da transferência de obrigações,
ou seja, do momento em que o exportador é considerado isento de responsabilidades
legais sobre o produto exportado (CAPARROZ; LENZA, 2017)

A utilização dos Incoterms é feita através de 11 termos, denominadas condições de venda; Os termos
foram agrupados em quatro categorias diferentes:

- Termo “E” – (Ex Works) no qual o vendedor torna as mercadorias disponíveis para o comprador em
seu próprio estabelecimento de origem.
- Termos “F” – (FCA, FAS e FOB) no qual o vendedor é arguido ao entregar as mercadorias a um
transportador designado pelo comprador.
- Termos “C” – (CFR, CIF, CPT e CIP) no qual o vendedor deverá contratar o transporte, porém sem
assumir os riscos por perda ou dano às mercadorias, ou custos adicionais devidos a eventos que ocorram
após o embarque e despacho.
- Termos “D” – (DAP, DAT e DDP) no qual o vendedor tem de assumir todos os custos e riscos
necessários em levar as mercadorias até o País de destino.
INCOTERMS REGULAM :

A distribuição dos documentos.


As condições de entrega da mercadoria.
A distribuição dos custos da operação.
A distribuição dos riscos da operação.

INCOTERMS NÃO REGULAM:

A legislação aplicável aos pontos não considerados pelo Incoterms


A forma de pagamento da operação.
Consideremos que uma empresa inglesa adquira uma mercadoria de um país árabe e, no
meio da viagem, o navio naufrague. Pode-se considerar que a mercadoria foi entregue?
Para responder a esta questão, deve-se analisar o que consta no contrato. Três são as
possibilidades: 1) o contrato é silente; 2) o contrato é pormenorizado onde constam
cláusulas prevendo várias situações passíveis de ocorrência e os direitos e deveres de
cada parte contratante; e 3) no contrato consta um Incoterm. Quando o contrato silencia,
apresenta-se o pior dos mundos. (...) Como segunda opção, o contrato pode ter previsto as
várias situações passíveis de ocorrer. (...) Em regra, um contrato bem elaborado é muito
detalhado e, por isso, acaba sendo inacessível para muitos importadores e exportadores. A
terceira opção é celebrar um contrato em que se faz referência a um Incoterm criado pela
CCI. Neste caso, as regras relativas ao termo são incorporadas ao contrato. Por exemplo,
quando o contrato de compra e venda dispõe que o preço da mercadoria é “US$ 50.00 FOB
Porto de Santos – Incoterms/2010”, as responsabilidades do comprador e do vendedor
acerca da entrega do bem já estão definidas:
• será usado o transporte marítimo;
• o exportador fica livre (free) de responsabilidades quanto aos riscos e custos depois que
colocar as mercadorias a bordo (on board) do navio que foi indicado pelo comprador no
Porto de Santos;
• a mercadoria será considerada entregue ao comprador quando colocada a bordo do
navio;
• o frete é contratado pelo comprador;
• o exportador não precisa contratar seguro. Este, se houver, será contratado pelo
comprador;
• o custo de colocar a bordo do navio no porto de embarque é do vendedor e o de
descarregar no porto de destino é do comprador;
• o exportador deve providenciar o despacho de exportação junto às autoridades do seu
país;
• o importador deve providenciar o despacho de importação junto às autoridades do seu
país. (LUZ, 2015)

GARANTIAS:
1)garantia de oferta (ou bid bond) Quando a garantia é na forma de uma carta de crédito, ela é chamada
carta de crédito de oferta ou Bid Letter of Credit;
2)garantia de fornecimento (ou supply bond) Quando a garantia é na forma de uma carta de crédito, ela é
chamada Supply Letter of Credit;
3)garantia de desempenho (ou performance bond);
4)garantia de reembolso (ou refundment bond) A garantia de reembolso deve ser apresentada pelo
prestador do serviço a cada vez que recebe um pagamento antecipado.

1)a garantia de fornecimento só existe em contrato de serviços, pois, no contrato de


mercadorias, se estas não forem entregues, caberá a execução da performance bond.
Afinal, esta é a garantia a ser executada quando o objeto final do contrato não é cumprido.
A supply bond é para garantir o fornecimento de mercadorias, quando esta é uma etapa
intermediária do contrato; e
2)a bid bond, a supply bond e a refundment bond somente podem ser exigidas pelo
contratante para que o contratado as apresente, pois é este quem está sendo
respectivamente chamado a manter a oferta (bid bond), a fornecer os meios para prestar o
serviço (supply bond) e a devolver os pagamentos recebidos antecipadamente (refundment
bond). No entanto, como a performance bond é uma garantia para assegurar o satisfatório
cumprimento do contrato, esta pode ser exigida tanto pelo contratante – que exige que o
contratado cumpra a parte dele no contrato, ou seja, forneça o bem ou o serviço – quanto
pelo contratado – que exige que o contratante cumpra a parte dele no contrato, ou seja,
pague o valor acordado. (LUZ, 2015)

Barreiras tarifárias
8. Aspectos Financeiros do Comércio Internacional.
8.1. Tributação no Comércio Internacional.
8.2. Incentivos Fiscais e Financeiros.

I. I. - Imposto de Importação
I. C. M. S. - Imposto à Circulação de Mercadorias e Serviços
I. P. I. - Imposto a Produtos Industrializados
PIS – Programa de Integração Social *
COFINS – Contribuição para o Fim Social *

* Crédito Fiscal se o importador apura o lucro por “lucro real”

SISCARGA Cenário Contemporâneo

• Crescimento do comércio internacional;


• Preocupação com o “custo Brasil”;
• Segurança na cadeia logística;
• Controle aduaneiro efetivo das cargas nos Recintos
Alfandegados de zona primária e secundária;
• Realidade dos “Hub Port;”
• Informatização de procedimentos

Premissas

Controle aduaneiro de cargas;


Padronização dos procedimentos de controle de carga;
Transparência do fluxo da carga para o consignatário;
Integração com os sistemas dos operadores logísticos;
Agilização da logística.

Eficácia do Controle

Antecipação do controle aduaneiro;


Reunião de informações dos operadores envolvidos no fluxo
logístico;
Tratamento da carga em tempo real
Seleção fiscal antecipada;
Transparência do controle para os consignatários e os
operadores

Facilitação do Fluxo

Ferramentas de registro para identificar transferência de


responsabilidade sobre a carga;
Liberação antecipada (sobre as águas);
Redução do tempo de armazenamento;
Flexibilidade para a logística via itemização de carga;
Atuação aduaneira ágil e seletiva;

HARPIA
O Cadastro de Intervenientes Estrangeiros é uma aplicação informatizada destinada à identificação
inequívoca do exportador ou importador estrangeiro.
Por sua vez, o Catálogo de Produtos possibilita ao importador e exportador nacionais a descrição e
identificação inequívoca dos produtos transacionados no comércio exterior.
FINANCIAMENTO
O financiador pode ser o próprio importador, uma terceira pessoa ou até o governo.
A forma de financiamento primária é aquela concedida pelo próprio vendedor. Caso
esta não seja viável, será necessária a existência de um terceiro, que pagará ao
exportador o valor à vista e cobrará do importador a prazo. O financiamento pós-
embarque pode ser concedido ao exportador (supplier credit) ou ao importador
(buyer credit).
O supplier credit se caracteriza por ser, na realidade, um refinanciamento. A
condição preexistente é o financiamento dado pelo exportador ao importador,
amparado por letra de câmbio, nota promissória ou carta de crédito. O supplier
credit consiste em o exportador efetuar o desconto dos títulos ou ceder ao terceiro
os direitos constantes da carta. (LUZ, 2015)

Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC)


Qualquer banco autorizado pelo Banco Central a operar com câmbio pode realizar o ACC não pode ser
realizado com antecedência maior do que 360 (trezentos e sessenta) dias em relação à previsão do
embarque do bem.
Art. 75. Lei nº 4.728/1965
O contrato de câmbio, desde que protestado por oficial competente para o protesto
de títulos, constitui instrumento bastante para requerer a ação executiva.(...) § 2º
Pelo mesmo rito, serão processadas as ações para cobrança
dos adiantamentos feitos pelas instituições financeiras aos exportadores, por
conta do valor do contrato de câmbio, desde que as importâncias correspondentes
estejam averbadas no contrato, com anuência do vendedor. § 3º No caso de
falência ou concordata, o credor poderá pedir a restituição das importâncias
adiantadas, a que se refere o parágrafo anterior.

Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE)


análogo aos descontos de duplicatas realizados no mercado interno. O ACE permite ao exportador
receber antecipadamente valores que talvez só entrassem em 390 dias após o embarque. não há prazo
máximo de antecipação dos recursos. A vantagem das letras para o investidor é a obtenção
de hedge (proteção cambial). Não há direito de regresso nas export notes, por força do art. 296 do Código
Civil (o cedente não responde pela solvência do devedor).

Letras de Exportação (Export Notes)


É uma antecipação do valor da exportação realizada antes do embarque, estando lastreada em um
contrato de exportação de mercadorias ou serviços. Após a emissão da letra, o exportador a cede a um
investidor, pessoa física ou jurídica, instituição financeira ou não, que antecipa o valor do contrato àquele.

Factoring
a operação caracteriza-se pela aquisição de direitos creditórios de contas a receber a prazo por um valor à
vista. factoring nas exportações ainda está na dependência da aprovação do Projeto de Lei nº 3.615/2000

Forfaiting
Celebrado pelo exportador com um banco, consistindo na entrega do título da venda com o aceite do
importador.O forfaiting é modalidade de financiamento pós-embarque muito semelhante ao ACE e
ao factoring. Em relação ao ACE, a principal diferença é que este permite direito de regresso, e
o forfaiting, não. Em relação ao factoring, a principal diferença é que este é contrato de natureza
continuada, sendo o forfaiting de execução pontual.

Financiamento do governo brasileiro


O governo brasileiro, consciente desses problemas e da importância das exportações, instituiu o PROEX,
o BNDES-EXIM e o PROGER-Exportação para financiamento a exportação e o BNDES (FINEM e
Automático) e EXIMBANK para importação.

SEGUROS
No Anexo da Circular SUSEP nº 354/2007, o seguro é conceituado como “o contrato mediante o qual uma
pessoa, denominada segurador, se obriga, mediante o recebimento de um prêmio, a indenizar outra
pessoa, denominada segurado, do prejuízo resultante de riscos futuros, previstos no contrato.”
Modalidades de seguro internacional:
1)Seguro do Transporte de Mercadorias.
2)Seguro do Transportador.
3)Seguro de Responsabilidade Civil.
4)Seguro de Crédito à Exportação.
5)Seguro Aduaneiro.

Mecanismos de solução de controvérsias


9. Mecanismos de Solução de Litígios Comerciais.
9.1. A Arbitragem: Evolução e Regulamentação no Brasil.
9.2. As Soluções de Litígio na OMC.
9.3. As Soluções de Litígio no Mercosul.
10. Regulamentação da Câmara de Comércio Internacional.
10.1. Carta de Crédito.
10.2. Crédito Documentário.
10.3. Incoterms.
11. Uniformização Internacional do Comércio.
11.1 UNCITRAL.
11.2. CIDIP.
12. Organizações de Integração Econômica.
12.1. GATT/OMC.
12.2. NAFTA/MERCOSUL.
12.3. ALCA/APEC.

OAB 2017 FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/XXIII Exame/2017
O mecanismo de solução de controvérsias atualmente em vigor no âmbito da Organização Mundial do
Comércio (OMC) foi instituído em 1994 por meio do Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos
sobre Solução de Controvérsias, constantes do Tratado de Marrakesh, e vincula todos os membros da
organização.
A respeito do funcionamento desse mecanismo, assinale a afirmativa correta.
a) Uma vez acionado o mecanismo de solução de controvérsias, os Estados em disputa ficam
impedidos de recorrer a formas pacíficas de solução de seus litígios, tais como bons ofícios, conciliação e
mediação.
b) A decisão, por consenso, acerca da adoção de um relatório produzido pelo grupo especial,
integra o rol de competências do Órgão de Solução de Controvérsias, ainda que as partes em controvérsia
escolham não apelar ao Orgão Permanente de Apelação.
c) As recomendações e decisões do Orgão de Solução de Controvérsias poderão implicar a
diminuição ou o aumento dos direitos e das obrigações dos Estados, conforme estabelecido nos acordos
firmados no âmbito da OMC.
d) As partes em controvérsia e os terceiros interessados que tenham sido ouvidos pelo grupo
especial poderão recorrer do relatório do grupo especial ao Órgão Permanente de Apelação.
Resposta B

(AFRF/2002-2) Os Incoterms contêm em seu bojo cláusulas padronizadas que, na essência,


resumem, definem e simplificam um contrato internacional de:
a)arrendamento mercantil;
b)leasing operacional;
c)compra e venda;
d)importação de serviços;
e)importação temporária de mercadorias para utilização econômica.
Resposta C

(AFRF/2003 – adaptada) Os Incoterms/2000 (International Commercial Terms/Termos Internacionais


do Comércio), conjunto de regras internacionais que estabelecem um padrão de definições, de
caráter uniformizador:
a)são 13 termos, representados por siglas de três letras, distribuídos em 4 grupos identificados pelas letras
E, F, C, D, que vão da obrigação mínima para o exportador à obrigação máxima para o exportador, alguns
dos quais são aplicáveis apenas a determinado modal de transporte;
b)são 13 termos, representados por siglas de três letras, distribuídos em 4 grupos identificados pelas letras
E, F, C, D, que vão da obrigação mínima para o exportador à obrigação máxima para o exportador,
aplicáveis ao transporte internacional marítimo e aéreo;
c)são 13 termos, representados por siglas de três letras, distribuídos em 3 grupos identificados pelas letras
C (Cost), I (Insurance) e F (Freight), que vão da obrigação mínima para o exportador à obrigação máxima
para o exportador, alguns dos quais são aplicáveis apenas a determinado modal de transporte;
d)são 13 termos, representados por siglas de três letras, distribuídos em 4 grupos identificados pelas letras
E, F, C, D, que vão da obrigação mínima para o comprador à obrigação máxima para o importador,
aplicáveis a todos os modais de transporte;
e)são 13 termos, representados por siglas de três letras, distribuídos em 4 grupos identificados pelas letras
C, D, E, F, que vão da obrigação mínima para o exportador à obrigação máxima para o exportador, alguns
dos quais são aplicáveis apenas às exportações.
Resposta A
(AFRF/2003) Nos contratos internacionais de compra e venda, a diferença entre cláusula de força
maior e a cláusula de hardship reside em que:
a)na primeira, a circunstância é imprevista mas evitável, enquanto que na segunda é imprevista e
inevitável; na primeira, o contrato se torna exequível e na segunda, inexequível;
b)ambas se referem a circunstâncias imprevisíveis e inevitáveis; a primeira tem a ver com circunstâncias
que impossibilitam sua execução; a segunda, com circunstâncias que o tornam substancialmente mais
oneroso, porém exequível;
c)na primeira, a execução do contrato é relativamente impossível e na segunda, absolutamente
impossível; ambas traduzem a previsão de um desequilíbrio econômico em prejuízo de uma das partes
envolvidas;
d)a primeira prevê alterações nas condições que motivaram a celebração do contrato e a segunda, não;
e)a primeira, em regra, não indica detalhadamente os eventos suscetíveis de serem considerados como
circunstâncias que a caracterizem, porque imprevisíveis, e a segunda indica detalhadamente os
fenômenos de natureza econômica que possam ocorrer.
Resposta B
Atividade

Leia o texto “ONE BELT, ONE ROAD: novas interfaces entre o comércio e os investimentos internacionais”
(BRUNO; RIBEIRO, 2017), sintetize as ideias principais e discorra sobre as características de cooperação
no âmbito da economia global.
https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/rdi/article/view/4676/pdf

Alternativamente para quem souber inglês

Ler e resumir os principais pontos da decisão do órgão de solução de controvérsias da Organização


Mundial do Comércio no painel WT/DS472/R - WT/DS497/R (WTO, 2017). Respondendo às queixas feitas
pela União Europeia e Japão, o órgão de solução de controvérsias da OMC considerou como subsídios
ilegais e regras discriminatórias ao livre comércio, uma série de programas de incentivo do governo à
indústria brasileira que taxam excessivamente produtos importados na comparação com os nacionais e
oferecem isenções fiscais ou vantagens competitivas tendo como base regras de uso de conteúdo local ou
desempenho em exportações.

https://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/cases_e/ds497_e.htm

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