Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Doi: https://www.doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/desafios/a.7705
Para citar este artigo: Spellman, S., & Cunha Leite, A. C. (2020). A redução do investimento
chinês na Nova Rota da Seda: entre a contenção de gastos e a preparação para uma crise
financeira internacional. Desafíos, 32(1). Doi: https://www.doi.org/10.12804/revistas.uro-
sario.edu.co/desafios/a.7705
Resumo
O artigo estabelece explicações para a mudança no padrão de investimentos não-fi-
nanceiros apresentada no fluxo de Investimento Externo Direto (ied) chinês relativo
à Nova Rota da Seda (nrs). Primeiramente, a redução de investimentos na nrs
é verificada através da análise do Statistical Bulletin of China’s Outward Foreign
Direct Investment entre os anos de 2013 e 2016. Tais anos compõem o primeiro
Abstract
The article explains changing patterns of investment presented by non-financial
Chinese foreign direct investment (fdi) flows related to the Belt and Road Initiative
(bri). First, a reduction in investments in bri is verified through analysis of the
Statistical Bulletin of China’s Outward fdi between the years of 2013 and 2016.
These years compose the first quadrennium since the official announcement of the
development of the Belt and Road Initiative. Afterwards, seeking to explain the re-
duction of non-financial Chinese fdi flows to bri, this article analyses two hypotheses.
First, the article portrays the current public spending control measures by the Chinese
administration, facing the growing public debt of the country and overcapacity while
also discussing the similarities between China’s economy to the Japanese crisis of the
early 1990s. Then, the article analyzes the ongoing preparations by Chinese authori-
ties as countermeasures to an impending financial instability in global markets. The
confluence of these factors helps to explain the reduction of non-financial outward
fdi flows to the bri, which contrasts with contemporary upward tendencies related
to Chinese investment all over the world in the same period.
Keywords: China, Belt and Road Initiative, outward foreign direct investment.
Resumen
Este artículo busca establecer explicaciones para el cambio en el patrón de inversiones
presentado en el flujo de inversión directa no financiera (ied) de China en la Nueva
Ruta de la Seda (nrs). En primer lugar, la reducción de las inversiones en nrs se
verifica a través del análisis del Statistical Bulletin of China’s Outward Foreign
Direct Investment entre los años 2013 y 2016. Después, al tratar de explicar la
reducción del flujo de ied no financiera de China a nrs, este artículo analiza dos
hipótesis. Primero, retrata las medidas actuales de control del gasto público de Chi-
na, que abordan el crecimiento del exceso de capacidad del país, mientras discute las
similitudes entre la economía china y la crisis japonesa de principios de la década de
1990. Posteriormente, contempla la posibilidad de que los preparativos realizados
por las autoridades chinas se contrarresten por la inestabilidad anticipada de los
mercados mundiales. La confluencia de estos factores ayuda a explicar la reducción
del flujo no financiero de ied a nrs, que contrasta con la tendencia contemporánea
hacia la inversión china en el mundo durante el mismo período.
Palabras clave: China, Nueva Ruta de la Seda, inversión extranjera directa.
Introdução
1
Neste sentido, para um entendimento dialético acerca do começo da consolidação de
um modelo de crescimento econômico chinês, indicamos Foster e McChesney (2012). Para
uma reflexão de autoria chinesa sobre a consolidação do modelo chinês de crescimento e sua
interação com a teoria do desenvolvimento econômico, indicamos Ren (2016). Finalmente,
para uma reflexão comparativa entre o crescimento econômico chinês e as possibilidades de
crise econômica durante este processo, indicamos ao leitor Kang (2018), que reflete sobre
as similaridades entre a república popular e a crise japonesa da década de 1990.
2
Como retomaremos mais tarde neste artigo, a nrS é composta por dois segmentos dife-
renciados entre si, unidos sob o título em inglês The Silk Road Economic Belt and the 21st-century
Maritime Silk Road (丝绸之路 经济 带 和 21 海上 海上 丝绸之路). Para resumir, o projeto
é também referido como One Belt, One Road (obor; 一带 一路). Seu título definitivo em
português ainda está em discussão.
3
É possível acessar a lista completa e atualizada de nações que se associaram ao baii em
seu website. Recuperado de https://www.aiib.org/en/about-aiib/governance/members-of-
bank/index.html
4
Isto não quer dizer que negamos a relevância de fluxos financeiros de ied. Entretanto,
o leitor poderá verificar na próxima sessão que também foi experimentada uma redução
significativa de investimentos financeiros da China em 2016.
Fonte: Statistical Bulletin of China’s Outward Foreign Direct Investment, edições de 2013, 2014, 2015
e 2016 (mofCom, 2013, 2014, 2015, 2016).
14% 12,60%
12%
12,20%
10%
8%
8,50%
6%
4%
2%
0%
2014 2015 2016
5
Ao menos esta era a realidade em 23 de junho de 2018, o último acesso feito ao rela-
tório. Este fato pode ser verificado através de um acesso rápido ao endereço eletrônico do
mofCom Statistical Bulletin de 2016, disposto nas referências bibliográficas deste artigo.
11
9
7
5
2007, Q1
2007, Q3
2008, Q1
2008, Q3
2009, Q1
2009, Q3
2010, Q1
2010, Q3
2011, Q1
2011, Q3
2012, Q1
2012, Q3
2013, Q1
2013, Q3
2014, Q1
2014, Q3
2015, Q1
2015, Q3
2016, Q1
2016, Q3
2017, Q1
2017, Q3
2018, Q1
2018, Q3
Anos e Trimestres
6
Em 2015, Estados-membros da União Européia solicitaram o uso de instrumentos de
defesa comercial de larga escala em socorro da indústria do aço europeu. Também foi voci-
ferada oposição à recategorização da China como economia de mercado junto à Organização
Mundial do Comércio (omC) (Oliver & Pooler, 2015). Também é possível apontar como
fator-chave para a atual tensão comercial entre a rpC e os eua a reação comercial americana,
que ergueu barreiras tarifárias e restrições à importação do aço chinês (Swanson, 2018).
7
Além disso, é digno de nota o conjunto de medidas e entendimentos bem intencionados apre-
sentadas pela Câmara do Comércio China-União Européia, para a qual o curso de ação
aconselhado para a resolução de problemas com capacidade excedente na China deve ser o
aumento do pagamento de acionistas e sua concomitante maior difusão em Soes, de forma
a reduzir as possibilidades de investimentos em expansões desnecessárias. Certamente, um
entendimento bastante desinteressado (European Chamber, 2016, p. 4).
49%
47%
45%
43%
41%
39%
37%
35%
33%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Considerações finais
8
Minsky Moment é um repentino e significativo colapso no valor de ativos, normalmente
encerrando ou iniciando um ciclo de crédito ou um ciclo de negócios. Após longos perío-
dos daquilo que é compreendido como a sobrevalorização de ativos, normalmente ligada
à especulação ativa de investidores, um colapso de mercado pode ocorrer. Monsky Moments
são nomeados em referência à Hyman Minsky, um economista Keynesiano que opôs a
desregulamentação dos mercados que caracterizou a expansão da financeirização nos anos
1980, julgando que isto ocasionaria frequentes quebras no mercado acionário. Minsky tam-
bém apontou que banqueiros e investidores usavam quebras no mercado de ativos para
“queimar” papéis comerciáveis enquanto preservavam suas fortunas privadas. O termo foi
primeiro usado em referência à crise financeira russa de 1998.
Referências
Arase, D. (2015). China’s two silk roads: implications for southeast Asia.
iseas Perspective, (2). Recuperado de https://www.iseas.edu.sg/images/
pdf/iseas_perspective_2015_35.pdf
Beams, N. (2017, 24 de outubro). China faces growing debt problems, says
central bank governor. Global Research. Recuperado de https://www.
globalresearch.ca/china-faces-growing-debt-problems-says-central-
-bank-governor/5614833?print=1
Bradsher, K. (2018, 24 de janeiro). China will tame its growing debt load in 3
years, top Xi adviser says. The New York Times. Recuperado de https://
www.nytimes.com/2018/01/24/business/china-debt-liu-he.html
Bradsher, K., & Stevenson, A. (2018, 22 de fevereiro). Beijing takes over
angang, insurer that owns waldorf astoria. The New York Times. Recu-
perado de https://www.nytimes.com/2018/02/22/business/china-
anbang-waldorf-astoria.html
Callahan, W. A. (2016). China’s belt and road initiative and the new Eurasian
order. Norwegian Institute of International Affairs, Policy Brief, 22/2016.
Recuperado de https://nupi.brage.unit.no/nupi-xmlui/bitstream/
handle/11250/2401876/NUPI_Policy_Brief_22-16_William_Calla-
han.pdf ?sequence=3&isAllowed=yChina
Cheng, E., & Ding, X. (2017, 1º de janeiro). A theory of China’s miracle. Mon-
thly Review. Recuperado de https://monthlyreview.org/2017/01/01/a-
-theory-of-chinas-miracle/
Chung, C. P., & Voon, T. J. (2017). China’s maritime silk road initiative.
Asian Survey, 57(3), 416-449.
Dollar, D. (2017, 8 de maio). Yes, China is investing globally - but not so
much in its belt and road initiative. Reuters. Recuperado de https://
johnib.wordpress.com/2017/05/09/tightened-belt-china-skimps-on-
-its-grand-trade-plan/
Embassy of Switzerland in the people’s Republic of China (Embassy of
Switzerland). (2017). China 2017 final economic report. Beijing. Recupe-
rado de http://cn.swisscham.org/sites/default/files/Economic%20
Report%202017%20Swiss%20Embassy.pdf
European Union Chamber of Commerce in China (European Chamber).
(2016). Berger, R. Overcapacity in China. Recuperado de http://www.
europeanchamber.com.cn/en/publications-overcapacity-in-china
Ferdinand, P. (2016). Westward Ho - the China dream and ‘One Belt, One
Road’: Chinese Foreign Policy under Xi Jinping. International Affairs,
92(4), 941-957.
Foster, J. B., & McChesney, R. W. (2012, 1º de fevereiro). The global stagna-
tion and China. Monthly Review. Recuperado de https://monthlyreview.
org/2012/02/01/the-global-stagnation-and-china/#
Fraga, J. S., & Strachman, E. (2013). Crise financeira: o caso japonês.
Nova Econ., 23(3), 521-554. Doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-
63512013000300002
Ghiselli, A. (2017, 7 de junho). The domestic drive behind China’s belt and
road initiative. Asia Dialogue. Recuperado de http://theasiadialogue.
com/2017/06/07/the-domestic-drive-behind-chinas-belt-and-roa-
d-initiative/
Jabbour, E., & De Paula, L. F. (2018). A China e a “socialização do investi-
mento”: uma abordagem Keynes-Gerschenkron-Rangel-Hirschman.
Revista de Economia Contemporânea, 22(1), 1-23.
Kang, M. (2018). The confidence trap: Japan’s past bubble and China’s
recent bubble. New Political Economy, 23(1), 1-26.
Leite, A. C. C. (2018). O atual momento do desenvolvimento chinês: pla-
nejamento regional, investimento e comércio internacional. In Vadell,
J. (Ed.), A expansão econômica e geopolítica da China (pp. 259-283). Belo
Horizonte: Editora da puCminaS.
Magalhães, D. T. D. (2018). The globalizer dragon: how is China changing
economic globalization? Third World Quarterly, 39, 1727-1749.
Mészáros, I. (2011). Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São
Paulo: Boitempo.
Ministry of Commerce of the People’s Republic of China (mofCom).
(2013). Statistical Bulletin of China’s Outward Foreign Direct Inves-
tment. Recuperado de http://fec.mofcom.gov.cn/article/tjsj/
tjgb/201511/20151101190468.shtml
Ministry of Commerce of the People’s Republic of China (mofCom).
(2014). Statistical Bulletin of China’s Outward Foreign Direct Inves-
tment. Recuperado de http://fec.mofcom.gov.cn/article/tjsj/
tjgb/201512/20151201223579.shtml
Ministry of Commerce of the People’s Republic of China (mofCom).
(2015). Statistical Bulletin of China’s Outward Foreign Direct Inves-