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Resumo: O crescimento econômico chinês das últimas décadas tem sido notório, em
menos de meio século a China passou de uma pequena economia da Ásia, para uma
das maiores economias a nível global. Este crescimento e desenvolvimento tornou-se
tão evidente, que a China começou a procurar formas de não só satisfazer os seus
interesses econômicos, como também promover o desenvolvimento para fora das suas
próprias fronteiras. Um dos melhores exemplos é o caso das relações Sino-Africanas.
Assim é pertinente compreender como que o crescimento económico chinês foi capaz
de promover o desenvolvimento em África, mais especificamente em Angola, através
de investimento estrangeiro em áreas estratégicas.
Em apenas quatro décadas a China passou de um país em desenvolvimento para uma das
maiores economias da atualidade. Desde a década de 70 até meados de 2017 a China
apresentava uma taxa de crescimento anual de quase 10%, tornando-se assim o país com o
crescimento sustentado mais rápido da história. Isto significa que a cada oito anos a China
duplicou o tamanho da sua economia (Morrison, 2019:1/5). O crescimento econômico chinês
pode ser justificado por dois grandes fatores que andaram de mãos dadas durante estas quatro
décadas: investimentos de de capital de larga escala e um grande grande crescimento
produtivo (Ibidem 2019:7). Outro elemento que explica o rápido crescimento econômico
chinês foi um aumento da eficiência produtiva, em setores como a agricultura, comércio e
serviços (Ibidem 2019:7).
Foi durante o seu processo de rápido crescimento económico que a China começou a
promover uma liberalização comercial. Durante as décadas de 70 e 80 o volume comercial
chinês era significativamente abaixo da média mundial (Naughton, 2007: 377). Foi durante a
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década de 90 que a China começou a caminhar na direção de uma economia aberta,
promovendo reformas que permitissem o aumento do volume comercial (Ibidem 2019:388).
Mas foi apenas no início dos anos 2000, com a entrada da China na Organização Mundial do
Comércio, que se deu a maior abertura para com o exterior. A China passou de uma das
economias mais isoladas do mundo para um ator comercial global. Em 2005 a China já era a
terceira maior potência comercial no mundo, juntamente com os Estados Unidos e com a
Alemanha (Ibidem 2007:377/378).
Durante mais de uma década a China foi um dos maiores destinos de investimento
estrangeiro no mundo. Começou a aceitar pequenos montantes de investimentos estrangeiros
em 1978 e um pouco mais por toda a década de 80 (Naughton, 2007: 401/402). Contudo foi
apenas em 1992 que a China realmente começou a receber grandes quantidades de
investimento estrangeiro. Esta mudança em 92 deu-se, uma vez que desde a década de 70 a
China vinha abrindo cautelosamente a sua economia, o que fez com que ganhasse algum
reconhecimento e credibilidade por parte de investidores estrangeiros. Assim a China passa
de receber 3 mil milhões de USD em investimento estrangeiro em 1990 para receber cerca de
24 mil milhões de USD em 1994. Com o decorrer dos anos a China foi progressivamente
abrindo cada vez mais a sua economia, procurando estabelecer relações bilaterais com outros
estados (Ibidem 2019:403).
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Mathonet 2018:1) . No que diz respeito ao Investimento Direto, África apresenta-se cada vez
mais como um polo de investimento bastante atrativo. O investimento chinês em África
passou de 200 milhões em 2000 para 296 mil milhões de USD em 2019, fazendo com que
África se tornasse o terceiro mercado em que os chineses mais investem. (Sylvain et al 2022:
1/4). A criação da FOCAC estabeleceu uma plataforma de diálogo e cooperação, tornando-se
um modelo exemplar da cooperação sul-sul (Wang e Miao 2022:38).
Deste modo conseguimos perceber que a APD chinesa para áfrica é direcionada
principalmente para o setor econômico, envolvendo projetos relativos a transportes, vias de
comunicação, energia, e negócios (Ibidem, 2018.6). Ainda no que diz respeito à APD, existe
uma relação positiva entre a quantidade de recursos naturais de um país e a quantidade de
ajuda recebida. Quanto mais rico em recursos naturais o estado for, maior a APD fornecida
aquele país. (Ibidem, 2018.15)
No que diz respeito aos empréstimos, embora os chineses não sejam muito transparentes com
nas suas contas, estima-se que entre 2000 e 2014, a China tenha emprestado cerca de 86 mil
milhões de USD (Brautigam e Hwang 2016:8). Esses empréstimos são concedidos por 4 tipos
de entidades: Ministério do Comércio Chinês, Banco Chines de Exportações e Importações
(Eximbank). Banco de Desenvolvimento Chinês (CBD) e ainda outros bancos comerciais
(Ibidem 2016:5). Os empréstimos chineses têm algumas características particulares que os
distinguem dos empréstimos feitos por estados, ou bancos ocidentais. A característica
principal dos empréstimos chineses é a sua condicionalidade, que incluiu subvenções e juros
0 o que é altamente atrativo, principalmente para países de baixo rendimento (Brautigam,
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2011:755). Estes empréstimos são direcionados na sua maioria para o setor econômico e
produtivo. Os projetos relativos a transportes e vias de comunicação são os mais financiados,
seguindo-se dos projetos associados a energia e mineração (Brautigam e Hwang 2016:10).
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Dentro dos investimentos feitos em África pela China, um caso muito pertinente de ser
analisado é o caso Angolano. As relações entre as duas partes datam desde os anos dos
movimentos de libertação. A China apoiou as maiores forças de libertação angolanas,
Movimento de Libertação de Angola, a União Nacional para a Independência total de Angola
e a Frente Nacional para a Libertação de Angola (Campos e Vines, 2008:2). Durante a década
de 90 as relações Sino-Angolanas foram-se aproximando cada vez mais e desde então os dois
países cooperaram bastante na área da defesa. Em 2002 com o fim da guerra civil, as
relações entre as partes rapidamente mudaram de um eixo militar e de defesa, para um eixo
puramente econômico (Ibidem, 2008:3).
Angola é um dos principais parceiros econômicos chineses em África, para além disso é o
país africano com mais empréstimos chineses, apenas de 2010 a 2018 os chineses
emprestaram cerca de 37 mil milhões de USD a Angola (Acker e Brautigam 2021:4)
Um dos fatores que explica a aproximação entre as duas partes e também a grande quantidade
de empréstimos são as importações e exportações de petróleo. Angola é dos maiores
produtores de petróleo em África (Campos e Vines, 2008:11) por outro lado a China é o
estado que mais importa petróleo a nível global (Begu et al 2018:2). O destino primário das
exportações de petróleo angolano é a China (Ibidem, 2018:2). Deste modo os dois lados estão
altamente interessados em não só manter como desenvolver esta parceria baseada no
petróleo. Esta parceria é baseada numa situação de ganhos mútuos, em que a China está
interessada nos recursos naturais angolanos. Por outro lado Angola procura os investimentos
e empréstimos chineses para reconstruir e desenvolver o país depois de anos de guerra civil.
Mas também porque a China representa uma alternativa às fontes financiadoras tradicionais
ocidentais, uma vez que os empréstimos chineses não vêm com condicionalidade política e as
taxas de juros são significativamente mais baixas do que outras instituições financeiras
(Ibidem, 2018:9).
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angolano. Essa empresas petrolíferas providenciam aos bancos chineses os fundos
necessários para que estes consigam fornecer os empréstimos para Angola ou então para que
estes financiem as empresas de construção chineses, para que por sua vez estas iniciem
projetos de infraestruturas em Angola (Begu et al 2018:10).
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Bibliografia:
Base
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Complementar:
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Acker K. and Brautigam D. (2021) “Twenty Years of Data on China’s Africa Lending”.
China-Africa Research Initiative (CARI), School of Advanced International Studies
Nº4.
Brautigam D: and Hwang J. (2014). “Eastern Promises: New Data on Chinese Loans in
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International Studies Nº2016.
Campos I. and Vies A. (2008). Angola and China: A Pragmatic, Partnership Royal Institute
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Guillon M. and Mathonnat J. (2018) “ What can we learn on Chinese aid allocation
motivations from new available data? A sectorial analysis of Chinese aid to African
countries”. Fondation pour les études et recherches sur le développement in ternational.
Naughton B. (2007). The Chinese Economy: Transition and Growth. MIT Press. Cambridge.
Wang and Miao (2022). China and the world in a changing context. Springer, Singapore.