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1.

Introdução

IBMR Campus Barra


Curso: Ciências Econômicas
Disciplina: Prática de Pesquisa em Economias
Professor: Wagner F. Santos
Alunos: Felipe Alves(2018201337), Gabriel Vieira Coelho (2017101654), Jonas
Amorim(2019103690).
O desenvolvimento econômico da República Popular da China (RPC) teve seu forte início ao
final da década de 1970, alcançando números de até dois dígitos por diversos anos. Esse de-
senvolvimento econômico foi fruto de políticas coordenadas pelo Estado chinês, junto a inves-
timentos estrangeiros associados a empresas estatais (NASCIMENTO, 2020).
Tal mudança de política econômica na China se deu apenas após o período de governo de
Mao Zedong, que teve seu fim em 1976. Seu governo teve foco principal na denominada Re-
forma Cultural. Uma reforma mais focada na esfera sociopolítica.
Depois de sua morte, se deu o início do período conhecido como “Reforma e Abertura”. Nele,
uma nova geração de dirigentes estipularam reformas econômicas e de longo prazo para ala-
vancar o Produto Interno Bruto (PIB) da China (PIRES, 2016).
Para alcançar um rápido crescimento e modernização da indústria foram implantadas Zonas
Econômicas Especiais (ZEE). Nelas se tem objetivo de produzir e exportar bens de consumo, a
princípio foram estabelecidas com capital exclusivamente chinês que logo atraiu também inves-
tidores estrangeiros (NASCIMENTO, 2020).
Com a desintegração da União Soviética em Dezembro de 1991, veio o fim da Guerra Fria, um
conflito geopolítico entre as duas potencias; Estados Unidos e União Soviética. A República
Popular da China já havia tido participação, porém, em menor medida, mais especificamente
no auxílio ao Vietnã do Norte na Guerra do Vietnã.
Com o fim da Guerra Fria, partes da Ásia e África deixam de ser esferas de influência soviéti-
ca. Com a nova força econômica, a China sinaliza ter planos de expandir sua esfera política
nestas regiões.
Com a chegada da década de 2000 e a entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC),
a RPC se tornou a principal produtora e exportadora de manufaturados no mundo, e principal
origem das importações da União Europeia e dos Estados Unidos (NASCIMENTO, 2020).
Intensificando sua atuação no mercado internacional, e sendo a segunda maior economia do
mundo, a China busca alavancar seus investimentos em regiões fora do seu território nacional.
Tendo um projeto como destaque, a denominada: One Belt One Road (A Nova Rota da Seda
para alguns). Nele, visam instaurar conexões marítimas e terrestres que conectam três conti-
nentes, sendo eles: Asiático, Africano, e o Europeu.
Esse projeto foi batizado por alguns críticos como A Nova Rota da Seda, fazendo alusão a
uma rota comercial que existiu no passado, sendo a maior rede comercial do mundo antigo,
tendo esse nome devido ao principal produto transacionado nessas rotas, a seda.
Chegaram a atribuir-lhe o título de A Primeira Grande Globalização, pois a partir dela a cultura,
política, influência econômica, e religiosa de outras nações passaram a viajar entre os conti-
nentes conectados. Foi nesse contexto que a China se estabeleceu como o maior centro da
economia da Eurásia (207 AEC - 220 EC).
Detentora da fórmula da luxuosa seda, já tão famosa e usada em território chinês, as rotas po-
tencializaram os possíveis retornos vindos desse produto tão cobiçado na época. Ao que tudo
indica, a rota de escoamento foi um dos principais estopins para o crescimento econômico chi-
nês.
A rota que antes transportava seda, hoje quer transportar os diversos bens manufaturados da
indústria chinesa, e com isso escoar a produção.
Com os gastos salientes almejando uma influência global, a China esteve presente nos cinco
continentes, investindo aproximadamente US$ 1,9 trilhão. Equivalente a 13 vezes o valor do
Plano Marshall, utilizado pelos Estados Unidos na reconstrução da Europa durante a guerra fria
(THINK TANK ESTADUNIDENSE, 2021).
Qual o real impacto da Nova Rota da Seda, também conhecida como Iniciativa do Cinturão e
Rota, e Um Cinturão, Uma Rota do ponto de vista geopolítico, econômico, e cultural em relação
aos países emergentes participantes do programa?

2. Objetivos Gerais

Analisar os caminhos escolhidos pela China para chegar ao ápice de sua fluência na Eurásia e
no mundo.

3. Objetivos Específicos

- Apontar as principais motivações da China com essa iniciativa.


- Citar os envolvidos na iniciativa OBOR bem como a importância dos principais
países participantes do projeto.
- identificar os efeitos positivos e negativos de países que podem ter sua soberania
econômica e política afetada.
- Investigar as entrelinhas daquilo que soa ser apenas uma forma de melhorar a
infraestrutura que conecta os três principais continentes envolvidos.

4. Justificativa
A decisão por esse tema para o trabalho se deve pela a crescente influência política internaci-
onal que a República Popular Chinesa tem ganho. Fruto de uma economia que cresce com
números de quase dois dígitos anualmente, a China demonstra ter planos para utilizar dos re-
cursos econômicos que adquiriram para expandir sua influência externa.
O projeto da Nova Rota da Seda aparenta ser a materialização desse objetivo.

5. Referencial Teórico
5.1-O projeto de Reforma e Abertura
Mais de um autor concorda que o projeto foi diferente de uma abertura neoliberal, e que esse
mesmo projeto foi bem sucedido em desenvolver a economia chinesa. Vemos aqui breves ex-
plicações do mesmo,
O rápido desenvolvimento chinês, a partir do fim da década de 1970, coincide com o período co-
nhecido como “Reforma e Abertura”, após a morte de Mao Zedong, líder do Partido Comunista
Chinês até 1976. Após um período de transição liderado por Hua Guofeng (1976-1981), assume o
poder uma outra geração de dirigentes, liderada por Deng Xiaoping. A partir de 1978, a implanta-
ção de reformas econômicas, primeiramente propostas por Zhou Enlai e seguidas por Deng, tinha
como objetivo elevar o Produto Interno Bruto (PIB) chinês, de modo a projetar o país como uma
grande potência econômica em uma perspectiva de longa duração. De tal modo, os grandes obje-
tivos de modernização da China consistiam em, com base no PIB de 1980, duplicá-lo em 1990 e
quadruplicá-lo em 2000, assim como a modernização em curso do país (PIRES; MATTOS, 2016,
p. 76).
Como dito por Pires, os objetivos principais dos novos dirigentes eram de alavancar o PIB e
assim alcançar um patamar de potência econômica.
Em termos mais gerais, a desregulamentação e a privatização foram bem mais seletivas e avan-
çaram em ritmo bem mais lento do que nos países que seguiram a receita neoliberal. Na verdade,
a principal reforma não foi a privatização, mas a exposição das empresas estatais à concorrência
de umas com as outras, com as grandes empresas estrangeiras e, acima de tudo, com uma cesta
de empresas privadas, semiprivadas e comunitárias recém-criadas. [...] o papel do governo chinês
na promoção do desenvolvimento não diminuiu. Ao contrário, o governo investiu quantias enormes
no desenvolvimento de novos setores, na criação de novas Zonas de Processamento para Expor-
tação (ZPEs), na expansão e na modernização da educação superior e em grandes projetos de
infraestrutura, num nível sem precedentes em nenhum país de renda per capita comparável. (AR-
RIGHI, op. cit., p. 362).

Explicado por Arrighi, o projeto de Reforma e Abertura não foi uma política de simples privati-
zação e abertura comercial, foi um projeto calculado e estruturado pelo governo chinês.

“O processo de Reforma e Abertura encaixa-se bem nas definições geopolíticas, pois por meio
de determinadas características, percebe-se que seu intuito não foi apenas econômico, mas
estratégico.” (SILVA, 2008, p. 76).

Silva decorre na linha de raciocínio de que a Reforma e Abertura vai além de um desenvolvi-
mento econômico e social na China, mas que alcançando os objetivos definidos a décadas
atrás, a China ganha relevância e influência no cenário mundial.

5.2-As instituições e infraestruturas prontas e as serem feitas


A China vem anunciando grandes projetos em prol de seu bem, obras como rodovia e ferrovias
cruzando a Ásia e alcançando á Europa Ocidental, redes marítimas, oleodutos e
aeroportos ,até 2018 foram firmados 173 documentos de cooperação,com 125 países e 29
organizações internacionais, ressaltando que o mar meridional foi o primeiro espaço onde Pe-
quim avançou , criando conjuntos de ilhas artificiais em zonas de atóis, bem como o uso de sua
Marinha para fazer missões de antipirataria no Corno da África, ligações como ferrovia Chinas-
Laos , ferrovia China-Tailândia e o porto de Pireu , lembrando da China-Europa que conecta a
China com 50 cidades em 15 países Europeus, termos de ligações financeiras , a China assi-
nou relações de swap de moeda com 20 países ao longo de sua rota OBOR.

5.3-Os ganhos estratégicos através da Nova Rota


A inclusão de seus participantes em países adeptos ao programa, irá gerar novas zonas de
abastecimento e distribuição de produtos, não tendo apenas ganhos monetários como também
cultural, gerando empregos e aprimorando sua infraestrutura, tal como seu nível tecnológico, a
inter relações com os países tem por consequência o aumento de PIB, dando a China poder e
influência em cada país simpatizante da nova rota da seda.

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