Nome dado à estratégia política de desenvolvimento adotada durante o
governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), que visava acelerar o processo de industrialização e superar a condição de subdesenvolvimento do país. A política adotada pelo governo Kubitschek implicou uma profunda transformação do sistema econômico do país e a consolidação da cooperação internacional no plano econômico, político e cultural. Programa de Metas consubstanciou a orientação política a ser dada ao desenvolvimento brasileiro, baseada na maior intervenção do Estado na economia, no aumento da participação do capital privado nacional no processo de industrialização e na incorporação do capital estrangeiro. Do ponto de vista de Kubitschek, dos intelectuais, dos políticos e técnicos da administração identificados com o desenvolvimentismo, era fundamental a aceleração do crescimento econômico para que o Brasil atingisse a prosperidade e a paz e, como consequência, a soberania. A segurança era definida a partir da visão do caráter global da guerra, o que conduziria todos os Estados a se aglutinarem em blocos e a unirem seus potenciais militares e econômicos na luta contra o inimigo comum, o comunismo.
O Golpe de 1964 foi realizado por uma coligação de forças e interesses,
composta pelo grande empresariado brasileiro, por latifundiários – proprietários de grandes parcelas de terras, e por empresas estrangeiras instaladas no país, sobretudo aquelas ligadas ao setor automobilístico. A conspiração contou com a participação de setores das Forças Armadas, aos quais a maioria da oficialidade acabou aderindo, diante da passividade da liderança militar legalista, ou seja, aquela que era contra um golpe de força contra o presidente eleito. Esboçou-se alguma resistência no meio sindical e no movimento estudantil, entretanto, essa resistência foi desorganizada e desestimulada pela própria atitude de João Goulart, que por saber da ameaça de intervenção estadunidense no país teria desistido de resistir quando foi do Rio de Janeiro, local estratégico para a resistência, para Brasília e, dali, para o Rio Grande do Sul. Dessa forma, pretendia criar uma “legalidade”, que evitasse as pressões da sociedade e do sistema político-partidário sobre o Estado, considerado como um espaço de decisão política acima dos interesses sociais, pretensamente técnico e administrativo, comandado pelos militares e pelos civis “tecnocratas”.
SCHWARCZ, M. Lilia. STARLING, M. Heloísa. No fio da navalha: ditadura, oposição e resistência In SCHWARCZ, M. Lilia. STARLING, M. Heloísa Brasil: uma biografia. Companhia das Letras, São Paulo – SP, p. 437-466.