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Aghoranotícias, 11 de janeiro...

Sobre 8 de janeiro

Oito de janeiro já entrou para a história das tentativas de golpe e desestabilização em nossa já
centenária história republicana. A ação de centenas de manifestantes bolsonaristas que
invadiram e depredaram os prédios oficiais do Estado brasileiro, respectivamente, sedes
oficiais e símbolos dos Três Poderes da República – Congresso Nacional, Supremo Tribunal
Federal e o Palácio do Planalto – são reveladores de quem possa estar por trás destes atos de
natureza política e não tão somente de manifestações voluntárias de populares.

A ação protagonizada no último domingo com o total acesso ao Palácio do Planalto, sem
qualquer reação de natureza repressiva por parte da Guarda Presidencial, subordinada ao
Comando Militar do Planalto atesta a alta probabilidade de que os atos foram coordenados
por setores de inteligência militar com a anuência do Comando do Exército, ao que também
podem ter se coordenado o sistema de segurança ostensiva da polícia militar do DF, a quem
cabe a segurança dos prédios e da Esplanada dos Ministérios. Cumpre salientar que o Batalhão
da Guarda Presidencial, a quem cabe a proteção do Palácio do Planalto e do Presidente da
República, não necessita de autorização para neutralizar pelo uso legítimo da força, qualquer
ato de invasão ao entorno ou dependências internas do mesmo. Alegações de falhas nos
serviços de inteligência até podem ter ocorrido, mas à luz dos fatos precedentes e da
conjuntura atual não procedem.

Nesse contexto devemos enquanto cidadãos refletir quais foram as motivações e a quem
aproveita os graves tumultos e suas consequências. Antes, contudo, rapidamente examinar os
fatos políticos anteriormente ocorridos antes da posse do presidente Lula, no longo, médio e
curto prazos, nesta sequência.

Primeiramente, no longo prazo, desde pelo menos 2013, o Brasil tem sido alvo do que os
estudiosos em geopolítica, segurança internacional e estudos estratégicos denominam de
guerras de quarta geração ou guerra híbrida. Esta seria uma etapa de baixo custo e inicial para
a realização de objetivos políticos sem o uso da força. Originalmente sua raiz pode ser
considerada ainda no contexto da Guerra Fria pelos Estados Unidos, a partir da década de
1950 nos golpes contra governos democraticamente eleitos de Mossadegh (Irã), Jacob Arbenz
(Guatemala) e, olha que coincidência...Getúlio Vargas! E tentativas em 1955 contra Juscelino e
em 62 contra Jango faze parte deste histórico, que afinal se deu em 1964 como todos
sabemos. Desta forma, em política e em história não existem coincidências nem acaso....

Mas no que consiste tal dinâmica de guerra híbrida? Segundo os principais estudiosos como o
russo-americano Andrew Koribko e o antropólogo brasileiro Piero Leirner (que tratou de
aplicar o conceito no estudo antropológico dos militares e sua tutela histórica sobre a política
brasileira e relacioná-la com os atos políticos que redundaram na queda dos governos de
esquerda do PT), a disseminação de informações falsas via uso da internet e das redes sociais
(as famosas fake news), combinadas com processos judiciais que visam destruir carreiras e
partidos políticos opositores (o que os juristas denominam de lawfare), teriam a partir de
ampla coordenação dos serviços de inteligência militar e civil (ex. CIA) e disseminação através
do uso dos meios da mídia digital, televisiva e escrita (as grandes corporações da imprensa)
ideias e conceitos a fim de manipular ideologicamente ampla faixa da população a fim de, com
isso, legitimar, do ponto de vista do discurso de defesa do Estado democrático de direito e de
combate à corrupção, a mobilização da população contra supostos políticos autoritários e
corruptos que teriam sido eleitos de forma fraudulenta ou governando em desrespeito às leis
constitucionais do país.

Ou seja, tudo aparentemente sob o manto da legalidade jurídica e da legitimidade política. As


razões para tal estratégia seriam, em síntese, obter de forma legal e com baixo custo
financeiro e político, a derrubada ou mudança de regimes a partir dos próprios quadros
políticos e sociais internos, ocultando a participação estrangeira e limitando os riscos de uso da
força militar, que implicaria em alto custo em vidas além do custo material e financeiro do
emprego de força armada. Ainda que ao longo da Guerra Fria, o uso destes expedientes fosse
ainda embrionário na era pré-digital e fossem após semanas ou alguns meses de campanha
midiática de desestabilização seguissem de golpes de Estados clássicos, propugnados pelos
militares dos países alvo, geralmente o Estado estrangeiro que manipulava estes
acontecimentos ficava oculto e oficialmente ‘não participava’ das ações. No máximo, suas
autoridades emitiam pronunciamentos em apoio ou formalmente condenando os atos que
eram, em princípio, comandados de dentro pelas elites militares, políticas e do capital no país
alvos das crises e derrubadas de regime.

Com o fim da Guerra Fria e o fim do socialismo real representado pela União Soviética e o
advento da unipolaridade e hegemonia dos Estados Unidos nas relações internacionais,
cumpria consolidar a posição de liderança do país e ocupar espaços novos na Eurásia (espaço
soviético) e reafirmar sua liderança sobre o hemisfério ocidental conforme a Doutrina Truman,
que preconiza a liderança inconteste de Washington sobre as Américas, raiz e origem dos
recursos materiais, geoestratégicos e geoeconômicos da hegemonia estadunidense, sob a
égide das elites capitalistas ligadas aos bancos e fundos de investimento no contexto do
modelo econômico neoliberal de acumulação da capital.

Este foi o contexto ligado à dimensão sistêmica das relações internacionais para a derrubada
do regime democraticamente eleito na Ucrânia em 2014 passa a ser um marco nas estratégias
de guerras híbridas e seu modelo, com adaptações foi utilizado também no caso brasileiro já
desde 2013 nas jornadas de junho contra o governo de Dilma Rousseff. Assim, temos uma
história de longo prazo que remonta à era Vargas até o golpe de estado civil-militar de 1964 e,
posteriormente, o uso já refinado da guerra híbrida contra os governos democratas e
populares da centro-esquerda moderada, de viés capitalista e neoliberal (ainda que mitigado)
mas com importante conteúdo social e desenvolvimentista liderada pelo Partido dos
Trabalhadores, da qual os fatos ocorridos no Brasil no último domingo são mais um capítulo,
ligado agora, ao fato da vitória de Lula nas urnas, uma vitória histórica mas apertada e
politicamente muito contestada por setores que não admitem a volta dos governos petistas ao
poder.

Um rápido exame histórico e sociológico da realidade política brasileira aqui nos é útil.
Conforme as análises históricas de grandes historiadores marxistas brasileiros como Caio
Prado Júnior e Nelson Werneck Sodré, do maior sociólogo brasileiro, Florestan Fernandes e de
grandes pensadores das teorias das relações da dependência pelo prisma do marxismo, como
Theotônio dos Santos e Rui Mauro Marini, o desenvolvimento do capitalismo e das estruturas
de estado no Brasil se fez de forma articulada e dependente dos grandes centros econômicos e
políticos do capitalismo internacional. Durante este período e em razão dos fenômenos da
competição interimperialista que foi o período entre a I e a II Guerras Mundiais e, em seguida,
a disputa política e ideológica dos Estados Unidos com a URSS nos marcos do processo de
acumulação de capital ligado à etapa da industrialização fordista e da 2ª Revolução Industrial,
aos países do Terceiro Mundo, subdesenvolvidos e em desenvolvimento, mas com dimensão
continental e relevância econômica e geopolítica como o Brasil, foi tolerado uma forma de
desenvolvimento industrial e determinadas garantias jurídicas trabalhistas e sociais num
momento em que o mundo todo adotava políticas sociais e legitimava a social-democracia
como forma de resposta aos desafios econômicos e político-ideológicos representados pelo
socialismo soviético.

Todavia, 5 fenômenos ao mesmo tempo com dimensões políticas, sociológicas, econômicas e


históricas irão impactar as relações centro-periferia, e estão na raiz do modelo de transição
democrática limitada no Brasil, de redirecionamento ideológico das esquerdas e de fragilidade
do sistema político: o fim do modelo socialista soviético, a transição da hegemonia econômica
norte-americana oposta pela ascensão do modelo híbrido chinês, a 3ª revolução industrial
(digitalização, toyotismo e novos materiais de alta tecnologia aplicadas na produção), o
neoliberalismo e a hegemonia das elites financeiras norte-americanas sob o processo de
acumulação de capital.

Todos estes fatores combinados conduziu, no contexto brasileiro, desde meados dos anos
1980, a que as elites militares nacionais, pressionadas pelos Estados Unidos e pela burguesia
brasileira, realizasse aquilo que Reneé Dreyfus denominou em sua obra de ‘O Jogo da Direita’,
pelo qual o controle político e econômico da coalizão de elites formadas pelo capital
transnacional e nacional e as elites militares (estruturalmente dependentes no plano
tecnológico e material da indústria armamentista norte-americana e no plano ideológico, do
Pentágono) promovessem a volta à democracia mediante um sistema político e jurídico pelo
qual a necessidade de negociações e formação de amplas coalizões políticas representassem
estes interesses complexos destas elites, limitando, desta forma, a ação política das esquerdas
brasileiras. No campo da política externa, o país deveria estar subordinado geopoliticamente
aos ditames norte-americanos, com reflexos na limitação de sua soberania e na erosão das
capacidades de defesa de suas forças armadas inclusive.

Neste bojo, o fim do modelo soviético impactou o pensamento hegemônico das esquerdas no
mundo e aqui no país, fazendo com que as opções pela luta armada e pelo socialismo leninista
fossem formalmente abandonados em prol de um modelo de capitalismo de conteúdo social-
democrata e ao menos industrial-desenvolvimentista. Numa dinâmica de interdependência
também entre as dimensões doméstica e internacional, uma política externa autônoma e
soberana deveria ser fundamental para os governos de esquerda aqui no Brasil, retomando o
legado dos governos democratas dos anos 1950 e começo dos 60 no país.

Ocorre que por contradições da história política brasileira – e não há espaço aqui para tratar
desse fenômeno – mesmo em governos anti-democráticos como foram o Estado Novo
varguista e o regime civil-militar, em especial a partir de Costa e Silva em diante, com destaque
para os governos de Ernesto Geisel e João B. Figueiredo, o pragmatismo das elites militares
dirigentes frente às necessidades da burguesia industrial, associada a um nacionalismo
conservador dentro das Forças Armadas, conduziu à retomada, ainda que autoritária, dos
legados de Vargas e da política externa independente de San Tiago Dantas e de Jango Goulart.
Para parte das elites burguesas associadas ao capital transnacional hegemonizado pelos
bancos norte-americanos urgia, todavia, acabar com a festa da burguesia nacional industrial e
com a autonomia estratégica que os militares brasileiros pretendiam. Urgia, dessa forma, usar
o discurso dos direitos humanos para pressionar pelo fim da ditadura quando esta passou a ser
vista como óbice aos interesses dos Estados Unidos e do grande capital.
Após a transição brasileira e uma década de destruição do Estado brasileiro por políticas
neoliberais e de alinhamento à grande potência que foram a Era FHC, os governos petistas
ascendem ao poder numa conjuntura de início do século 21 caracterizadas pela limitação
interna em realizar reformas estruturais que recuperassem ao menos a capacidade da
burguesia industrial nacional associada ao Estado brasileiro de desenvolver o país e enfrentar a
brutal desigualdade histórica e social no país, além de retomar um protagonismo
internacional. Mesmo sem conseguir reverter as privatizações e o modelo neoliberal, Lula foi
relativamente bem-sucedido em seus objetivos, dentro das limitações do presidencialismo de
coalizão em que concessões precisam ser feitas às elites de centro-direita em nome da
estabilidade econômica e política.

Todavia, após legar ao país a sucessora um país que retomara o crescimento econômico, o
desenvolvimento industrial, a inserção social de amplas faixas da população mais pobre e o
sucesso do combate à forme e à miséria, novos ventos disseminados pelo processo de
acumulação neoliberal do capital financeiro novamente tentavam acabar com a festa, no caso
aqui ... a festa da democracia, do desenvolvimento e do protagonismo internacional. A crise
financeira de 2008 representou uma fragilização dos modelos de desenvolvimento limitados
da periferia do sistema internacional como o brasileiro, que não contestaram o poder dos
grandes bancos nem realizaram a reforma tributária e fiscal, apostando somente no preço
valorizado dos produtos agrícolas e minerais para a exportação (commodities) e no mercado
de consumo interno e internacional sem, contudo, consolidar a capacidade de produzir e
exportar bens de alta competitividade e densidade industrial e tecnológica (valor agregado).

Assim, neste contexto de longo prazo, os governos petistas foram derrubados pela guerra
híbrida que, para ter êxito, necessita da aliança com setores internos das elites. E os governos
que lhes sucederam- Temer e Bolsonaro – reconduziram o Estado brasileiro rumo ao
aprofundamento das reformas neoliberais e a destruir tudo que fora conquistado nos
governos petistas. No médio prazo, já ao longo do último ano do governo de Jair Bolsonaro, o
grande favoritismo eleitoral do seu principal opositor – Lula da Silva- e a disputas intra-elites
aqui no Brasil e nos Estados Unidos (democratas e republicanos) parecem revelar a janela de
oportunidades pela qual o ex-Presidente conseguiu chances reais de voltar ao poder. Não nos
esqueçamos, porém, que o modelo de Estado no plano político interno e de política externa
que Lula representa não interessa ao jogo da direita nem aqui nem nos Estados Unidos. E
talvez a 8 de janeiro seja mais um capítulo na guerra híbrida contra o Brasil e o povo brasileiro.

No médio prazo, sinalizações da política externa de Bolsonaro, nos marcos do conflito entre
Rússia e Ucrânia/OTAN, de aproximação (por interesse econômicos) com a Federação Russa,
bem como a reaproximação (ainda que protocolar e tímida) para com a China e os BRICS
ascendeu dentro do complexo militar e industrial dos EUA ( o real poder por trás do poder) os
temores de um governo de tendências ditatoriais e militar de realizar com autonomia o que foi
feito nas ditaduras do Estado Novo (37-45) e do regime militar de 64 a 85. Para parcela das
elites brasileiras que são estruturalmente dependentes do capital transnacional, igualmente
Bolsonaro – que foi útil para evitar que o PT chegasse ao poder em 2018, na ausência de um
candidato de direita moderada viável eleitoralmente (quando Lula foi preso) – passa agora a
ser a ameaça da extrema direita de uma hora para outra....

As coisas na política não são tão simples quanto parecem. A decisão dos democratas em apoiar
formalmente Lula, na ausência de um candidato viável de terceira via somadas ao temor de
uma guinada na política externa de Bolsonaro rumo aos BRICS e a derrota de Trump
isoladamente nas eleições legislativas de meio de mandato nos EUA onde os republicanos não
conquistaram maioria) são responsáveis pela ofensiva contra Bolsonaro durante o processo
eleitoral. Por outro lado, tanto o capital transnacional como os grandes bancos nacionais
tiveram enormes margens de lucro ao longo dos últimos quatro anos de era bolsonarista.
Nesse sentido, para o capital nacional e internacional, quando houver algum candidato
moderado e comprometido com seus interesses econômicos, Bolsonaro pode ser descartado
temporariamente, todavia, não de todo, pois pode ser útil para fustigar politicamente o PT e
servir como ameaça para que as elites nacional e estrangeira possam tentar enquadrar e
emparedar o governo Lula para que ele não consiga lograr seus objetivos de combater o
neoliberalismo e retomar a industrialização e a política externa autônoma, duas faces
interdependentes da mesma moeda.

E no curto prazo? Bem...veio o 8 de janeiro onde as alianças entre o setor militar e Bolsonaro
parecem aproveitar certo espaço interno de autonomia para também buscar seus objetivos de
implantar de forma disfarçada uma ditadura controlada (com anuência do capital nacional e
internacional). Tais estratégias, que no meio militar se denominam de aproximações
sucessivas, visam testar a reação do governo eleito logo na sua primeira semana, algo inédito e
que demonstra que não possui real apoio nem internacional nem doméstico entre as elites e
mesmo certa parte da população. Como assim? A guerra híbrida é acima de tudo a geração do
caos, desorientação e desinformação. Não esqueçamos que foram, em primeiro lugar, os
democratas que impuseram as estratégias de desestabilização e troca de regime no Brasil num
processo de evolução dos fatos entre 13 e 18. Nesse contexto, onde não há candidato
moderado com capacidade de vitória eleitoral, polarizadas que foram entre o candidato de
extrema direita e Lula, a atual ofensiva da mídia e manifestações internacionais contra
Bolsonaro e a extrema direita deve ser vista com cautela, da mesma forma que os apoios
formais à democracia e à Lula.

A forma como se deu a mudança de comportamento repentina ao longo de 2022 em relação a


Lula, recém libertado, e `a Bolsonaro, a partir principalmente da visita à Rússia em fevereiro,
uma semana antes da deflagração da ofensiva na Ucrânia, por exemplo, são significativas das
táticas da direita em manipular os acontecimentos quando seus interesses se vêem
ameaçados. Em extremo, mesmo que afronte os direitos humanos e a democracia, a extrema
direita (que não se restringe à Bolsonaro, cuja relevância é justamente seu potencial eleitoral)
sempre foi no Brasil e no mundo, a opção da burguesia em aprofundar a concentração da
capital às expensas das classes sociais trabalhadoras. Maus modos, grosserias e ataques a
democracia não são pretextos reais para acabar com um regime que pretende ser ditatorial.

Não fosse assim, as elites nacionais e transnacionais não teriam apostado na vitória do capitão.
No entanto, elas temem certa autonomia dos militares (com ou sem o capitão). Mas temem
mais ainda o carismático metalúrgico que pela terceira vez chega pelo voto à Presidência da
República. O atual quadro geopolítico de disputa com Rússia e China reforça este cenário em
que tudo deve ser feito para limitar as opções internacionais do Brasil em nome da
sobrevivência da Doutrina Monroe.

Assim, enquanto não surge um candidato moderado de direita no Brasil com viabilidade
eleitoral, Bolsonaro é útil mas também pode se utilizar deste cenário. A evolução da resposta
do governo aos acontecimentos de domingo também irá determinar o grau de poder e apoio
político que realmente possuí. A história brasileira nos mostra que quando um governo
democrático e popular que é estruturalmente uma ameaça aos interesses do capital da sinais
de fraqueza, pode se ascender o sinal de alerta de que um novo golpe parlamentar pode estar
nos planos das elites. Ainda é prematuro falar que estas apoiariam um golpe militar
tradicional, com tanques nas ruas. Esta parece ter sido o desejo dos bolsonaristas, mas não
parece ter sido o desejo real dos militares ao menos por agora. O que são conjecturas nossas é
que estes últimos fizeram um aceno e utilizaram os manifestantes via estratégias de
inteligência e guerra informacional para testar a reação do governo e da sociedade e da mídia
para ver a repercussão. Pode ser que alguns atores militares possam ter projetos próprios. No
entanto, em geral agem em estreita coordenação com as elites financeiras do país e do
exterior e principalmente em sintonia com o Departamento de Defesa e a Casa Branca.

Na era da guerra híbrida, como se deu no Egito e na Ucrânia anos atrás, por exemplo, o
recurso ao uso da força foi utilizado e geralmente é o último recurso quando o sistema legal
por si só não consegue derrubar ‘legitimamente’ um presidente democraticamente eleito.

Mais do que nunca é no carisma de Lula junto as massas populares e à convocação de


manifestações populares em seu apoio que repousará a garantia da sobrevivência do seu
governo que sofreu em uma semana um duro revés. Oxalá a democracia e a voz do povo que
elegeu o mais carismático líder brasileiro desde Vargas vença o autoritarismo e os interesses
das elites do poder aqui e lá...

Márcio Azevedo Guimarães

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