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MODELO DE

GANSOS VOADORES

PROF GABRIEL ALVES DE SAMPAIO MORAIS


EMAIL: GABRIEL.MORAIS@UNILA.EDU.BR
CONTEXTO

 Os países asiáticos despertaram a atenção dos mais diversos especialistas da área de


desenvolvimento devido a grande ascensão internacional obtidas por países como Japão, Coréia
do Sul e China.
 Outros fatores:
 as elevadas taxas de crescimento econômico,
 os incrementos da produtividade,
 os aumentos da renda per capita,
 o domínio de tecnologias de ponta,
 a criação de poderosas empresas multinacionais e
 forte presença nos mercados mundiais.
CONTEXTO
 Modelo se iniciou com a experiência japonesa, instituída no
começo do século XX, a qual o país conseguiu se afirmar como
potência industrial

 Com uma ou outra especificidade, esse modelo japonês serviu de


exemplo para que outros países asiáticos pudessem replicá-lo em
seus territórios e lapidar sua evolução através dos anos.
JAPÃO:
“ O GANSO PRECURSOR”
MARCO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO
JAPÃO MODERNO

 Restauração Meiji, de 1868: resposta da elite japonesa ao Tratado de Kanagawa

 Imposto pelos Estados Unidos através da investidas de Matthew C. Perry em 1854, que
forçava as economias orientais a abrir sua economia para as potências ocidentais

 Governo japonês adotou uma estratégia rumo a industrialização transformando-o em


um potencial econômica e militar nos anos subsequentes
MARCO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO
JAPÃO MODERNO

 Importante característica do desenvolvimento japonês salientadas pelos teóricos dos Estados


Desenvolvimentistas:
 Articulação profunda do Estado com os agentes econômicos internos,
 forte concentração de renda
 elevadas taxas de formação de capital,
 absorção de tecnologia estrangeira,
 criação de um parque industrial interno e
 fortes políticas comerciais protecionistas
 No que tange aos grandes grupos econômicos, os denominados Zaibatsus, foram essenciais para
proporcionar um amparo para o governo promover suas políticas de industrialização.
 De maneira geral, estes grupos estiveram envolvidos com setores estratégicos do desenvolvimento, tais
como bancos, exploração mineral, construção civil, indústria bélica, siderurgia e comércio exterior
MARCO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO
JAPÃO MODERNO

 Zaibatsus também desempenharam grande influência nas políticas militaristas e imperialistas que
culminou com a II Guerra Mundial
 a derrota japonesa e a ocupação norte americana no país, culminou com a redução do poder dessas
tradicionais famílias e na diminuição das participações no capital desses grandes conglomerados
econômicos
 Nasceu uma outra estrutura organizacional muito bem integrada, com forte articulação horizontal e
com grande estrutura financeira e muito bem profissionalizada devida a experiência adquirida dos
profissionais americanos que ocupavam o seu território, nascendo assim as chamadas Keiratsus
 Keiratsus atuaram de maneira intensa nos setores estratégicos japoneses que possibilitaram o “milagre
japonês” que contaram novamente com apoio institucional do Estado e do hoje extinto Ministério de
Indústria e Comércio Exterior (MITI)
MARCO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO
JAPÃO MODERNO

 MITI tinha um importante papel interno e externo,


 sua missão era coordenar as políticas industriais e de comércio internacional com atuação de outras
instituições governamentais, como o Banco do Japão e a Agência de Planejamento Econômico.
 Sua atuação não se restringia apenas ás áreas de exportação e importação, mas também se estendiam
ao direcionamento estratégico de setores produtivos domésticos, além de possuir uma atuação de
mediador em políticas conflitantes de competitividade nas aréas de exportação nacional.
 Nesse sentido, o MITI foi o principal arquiteto da política industrial japonesa, e também um árbitro
sobre disputas entre os grupos industriais, atuando como um apoio a base industrial do país para
viabilizar uma bem-sucedida estratégia de comércio exterior que, ao mesmo tempo em que permitia a
conquista de novos mercados, contribuía para o aumento da produtividade e da qualificação das
indústrias do país, fatores essenciais para fomentar novamente um rápido desenvolvimento
MARCO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO
JAPÃO MODERNO

 Outro fator determinante para o desenvolvimento japonês do pós-guerra foram as técnicas de


planejamento econômico baseadas nas ideias Keynesianas absorvidas através das autoridades norte
americanas.

 Outro aspecto absorvido dos americanos foi para a bem sucedida estratégia desenvolvimentista
japonesa, foi o chamado processo de engenharia reversa

 Engenharia Reversa é um processo que consiste em analisar um produto base e construí-lo de tal forma
a possibilitar o desenvolvimento de similares e, numa etapa seguinte, desenhar protótipos com
inúmeras inovações e com uma melhor qualidade.
MARCO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO
JAPÃO MODERNO

 Esse processo possibilitou ao governo absorver grande parte da tecnologia estrangeira que ocupava o
país e com um alto investimento voltado para a educação conseguiu proporcionar grande avanço na
área de produção de conhecimento técnico
 De certa forma, a presença de empresas japonesas no mercado internacional, a partir da década de
1960, decorreu de experiências como essa.
 fator determinante para a recuperação e desenvolvimento japonês no pós guerra na década de 1950 foi
a abundante oferta de mão de obra barata, muito devido a situação de elevadas taxas de desemprego e a
reforma agrária imposta aos japoneses pelas tropas de ocupação americanas
 Isso permitiu aos empresários japoneses desfrutar de uma força de trabalho disciplinada e sujeita a
baixas remunerações.
 Por mais complexo que possa parecer, o contexto de desemprego proporcionou ao Japão um
importante fator de progresso
MARCO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO
JAPÃO MODERNO

 Em meados da década de 60, o Japão conseguiu absorver toda mão de obra excedente originada pela
intervenção americana no país.
 Com isso iniciou-se no país um processo de valorização salarial que configurou um enorme aumento
na renda per capita do país e uma expansão de seu mercado interno.
 Do ponto de vista fiscal e monetário, o Japão sempre apresentou um grande controle da inflação sem
sacrificar seu desenvolvimento, sendo que o Banco central do Japão foi um grande aliado do Estado
para proporcionar recursos necessários para essa expansão de capacidade produtiva no país
 Entretanto, “ganso precursor” não possuía todas as ferramentas necessárias para se consolidar como
um possível ameaça à hegemonia internacional, muito devido ao seu tamanho geográfico e como efeito
colateral, muitas atividades para continuar e ampliar seu desenvolvimento foram deslocadas para
outros países da região com menores custos, como Taiwan, Hong Kong, China, Coreia do Sul, entre
outros
Modelo de Desenvolvimento dos Gansos
Voadores
 Seguindo a premissa do próprio Japão, esses países reproduziram a experiência japonesa em seus
planos nacionais de desenvolvimento.

 Tal processo respeitou as particularidades de cada país, e através de uma interdependência cada vez
maior entre eles contribuiu para o fortalecimento da cooperação e de um afunilamento dos interesses
comuns, praticamente se assemelhando a difusão pregada no conceito de “Spillover”

 O conceito de Spillover é integrante da teoria da integração neofuncionalista, esse conceito argumenta


que cada passo de uma integração funcional dispara um processo político que gera demandas de
novos passos no processo de integração, ou seja, há um efeito de transbordamento que levaria a uma
intensificação da integração entre os países.
Modelo de Desenvolvimento dos Gansos
Voadores
O modelo acarretou na formação de zonas estratégicas de comércio que
embasadas e lideradas pelo Japão, proporcionaram o grande “boom” das
economias asiáticas

 Esses países se projetaram, ou melhor, “alçaram voos” no sistema


internacional liderados por um Japão que continuava a impulsionar seus
vizinhos asiáticos.
A EXPERIÊNCIA COREANA
 Coréia do Sul replicou as práticas desenvolvimentistas japonesa e também ascendeu no cenário
internacional.
 O Estado sul coreano procurou consolidar uma relação muito próxima com os grandes grupos
empresarias e agentes econômicos
 Através de incentivos procurou moldar uma estrutura industrial robusta e competitiva para proporcionar
a força necessária para atingir seu “catching up” e promover um forte desenvolvimento.
 grande controle do setor financeiro deu ao Estado a capacidade de incentivar a melhora dos setores
considerados estratégicos para o futuro de seu desenvolvimento
 A alta capacidade de monitoramento apresentada pelo Estado coreano, propiciada por uma burocracia
extremamente capacitada e de origem cultural, possibilitou que os incentivos estatais fossem
acompanhados de aumento de produtividade, elevação na competitividade e capacidade de exportação,
fazendo com que a implantação desse novo modelo levasse a um rápido e bem sucedido processo de
industrialização.
A EXPERIÊNCIA COREANA
 A experiência coreana é diretamente interligada as vertentes do Estado desenvolvimentista, pois é
fundamental destacar o impacto da colonização japonesa no início de sua trajetória
desenvolvimentista.

 Os japoneses destruíram o velho Estado patrimonialista, que carecia de uma profunda articulação
com os grupos locais, e administraram um Estado com uma burocracia preparada e uma alta
capacidade tributária.

 Assim, a colonização japonesa produziu, junto com estímulos à atividade econômica, as


precondições para a consolidação de um Estado desenvolvimentista no pós guerra.
A EXPERIÊNCIA COREANA
 Impactos da Segunda Guerra Mundial, o fim da Guerra das Coreias e de um governo marcado, na década
de 1950, por corrupção e clientelismo, o golpe militar que se ergueu na década seguinte remodelou o
Estado e gerou as condições para a aplicação do Estado desenvolvimentista
 Criação do Economic Planning Board (EPB), uma agência autônoma, com grande capacidade financeira
e subordinada ao Estado que foi criada para dirigir o processo de desenvolvimento, nos mesmos moldes
que o MITI japonês
 Regime militar também apostou na formação de grandes grupos empresariais, os chamados chaebols,
organizados em estrutura de conglomerados e com ativa atuação em diversos setores estratégicos.
 Esses grupos tiveram grande evolução durante as décadas de incentivo do governo coreano para cada vez
mais se tornarem parceiros estratégicos no movimento de industrialização e desenvolvimento do país.
 Nos anos 1960, eles se concentravam apenas nos produtos mais simples assumindo a estrutura mais
complexa e diversificada nos anos 1970, a partir de um ambicioso plano de investimentos nos setores da
indústria pesada e química.
A EXPERIÊNCIA COREANA
 Nos anos 70, os chaebols cresceram a altas taxas e passaram a ocupar nichos nos setores de
máquinas ferramentas, naval e automobilística.
 Nos anos 80, o setor eletrônico ganhou grande relevância
 De maneira geral esses grupos sempre se alinhavam com a necessidade do Estado em desenvolver
determinado setor em determinado período
 Devida a alta capacidade financeira e suas ligações com o sistema financeiro estatal, esses
conglomerados adquiriram maior capacidade de enfrentar a competição internacional e de avançar
no aprendizado tecnológico.
 Essa estrutura propiciava vantagens de escopo e favorecia estratégias de longo prazo voltadas para a
conquista de fatias do mercado.
 A estrutura agressiva e flexível dos “chaebols” desempenhou papel decisivo para o rápido processo
de “catching up”
A EXPERIÊNCIA COREANA
 A economia coreana passou a ser marcada por um forte grau de concentração:
 Os grandes grupos empresariais respondiam por expressiva parcela da produção e das vendas na economia.
 Evidenciado pela crescente indústria automobilística da Coréia na década de 1980, que lançou ao mercado
internacional marcas conhecidas (Hyundai, Kia).

 Contudo o plano de desenvolvimento coreano sofria com um grande problema, era muito
dependente de tecnologia importada.

 A grande solução para esse problema se encontrava no investimento em educação, tecnologia e


aplicação do chamado processo de engenharia reversa
A EXPERIÊNCIA COREANA
 Mesmo com o impressionante projeto de desenvolvimento traçado pela Coreia, inúmeros fatores
contribuíram para que essa ascensão não continuasse.

 A chegada ao poder de King Young Sam, o primeiro civil a chegar ao poder desde o golpe militar da
década de 1960, promoveu uma lenta dissolução desse padrão de desenvolvimento, muito devido a
desarticulação que o Estado obteve com o setor privado, a indústria automobilística atingiu padrões
de autonomia que romperam com o cenário de parceria que tanto é exaltado pelos teóricos dos
Estados Desenvolvimentistas, o que culminou temporariamente em uma estagnação.
O MODELO DOS
“GANSOS VOADORES”
 Existe um certo padrão de Desenvolvimento, que foi replicado e utilizado pelos países asiáticos para
promover seu desenvolvimento no século XX.

 Principais características desse modelo:


A. Uma ênfase quase constante na importância para o crescimento rápido do investimento, do setor
industrial e da competitividade externa, ênfase que pode ser traduzida no intervencionismo na
indústria, no comércio exterior, nas finanças e em outras políticas;

B. Uma concomitante crença nas virtudes de uma economia competitiva, na qual as firmas, quando
protegidas frequentemente das empresas estrangeiras e de recessões, poderiam estar aptas para se
proteger de rivais domésticos e de outros concorrentes no mercado mundial;
O MODELO DOS
“GANSOS VOADORES”
C. Um amplo arsenal de políticas macroeconômicas sensíveis e apropriadas, visando normalmente a
busca do equilíbrio orçamentário, ou mesmo o superávit, e tentando impedir elevadas e variáveis taxas
de inflação;

D. Um número de condições prévias favoráveis mais amplas, de natureza socioeconômica e política, tais
como populações homogêneas (em crescimento), altos níveis formação de capital humano,
distribuição de renda equitativa (graças em parte às reformas agrárias prévias), burocracias
competentes e os governos razoavelmente autoritários marcados na época
O MODELO DOS
“GANSOS VOADORES”
 “Modelo de Desenvolvimento dos Gansos Voadores”, se encontra na teoria das vantagens
comparativas, pois se tornou comum ver alguns especialistas apontarem a influência do Japão nesse
“boom” de desenvolvimento asiático como a função de um líder.

 Postularam que esse modelo se baseava na conjuntura onde um país “líder” despontaria no processo de
desenvolvimento  transferir-se-ia seu projeto aos menos desenvolvidos e assim sucessivamente.
 Dessa forma as nações subdesenvolvidas da região seriam consideradas alinhadas sucessivamente atrás
das nações industriais avançadas mantendo a ordem de seus estágios de crescimento e desenvolvimento,
seguindo assim um padrão análogo ao do voo de gansos selvagens.
 Logo teríamos uma hierarquia onde os mais desenvolvidos formariam uma nova fileira e seriam
responsáveis por impulsionar as nações menos desenvolvidas das fileiras inferiores
O MODELO DOS
“GANSOS VOADORES”
 O ponto de partida dessa visão:
 A manutenção das vantagens comparativas (em escala global) do "ganso líder" impõe uma crescente
substituição do padrão de ações no âmbito econômico.
 Assim, o líder vai transferindo paulatinamente os ramos da produção de baixa produtividade para as nações
que estão abaixo na hierarquia.
 Por conseguinte, esse padrão se reproduz nos países das fileiras inferiores.
 Posto isto, o impulso para o desenvolvimento segue um padrão “de cima para baixo”.
 Essa ação é claramente evidenciada no caso das indústrias têxteis, que por um período dominou as exportações
e o capital para o desenvolvimento não só do Japão - a mais avançada economia da região na época - , mas
também da Coreia do Sul, China e Taiwan.
 Posteriormente, tivemos o grande incentivo da indústria automobilística e tecnológica seguindo esse mesmo
padrão
GANSOS VOADORES
VS
PATOS SENTADOS
O MODELO LATINO-AMERICANO

 1950: América Latina adota o modelo de industrialização na base de substituição


de importações e a Ásia opta por uma agressiva estratégia de promoção das
exportações

 A semelhança dos dois modelos é a presença de governos dirigistas, que


selecionam setores "merecedores" de elevados subsídios e proteções pontuais.

 A diferença é que aqui o foco é o mercado interno, lá são as exportações.


O MODELO LATINO-AMERICANO

 Assim, a formação em cunha é liderada pelo superganso Japão, seguido de perto pelas chamadas "novas
economias industrializadas" - Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura
 Depois pelos países mais dinâmicos da Asean - Tailândia, Malásia e Indonésia -, com as Filipinas e a
Indochina na rabeira.
 Mais recentemente, essa formação começa a se alterar com a chegada, em grande estilo, de dois outros
enormes gansos selvagens:
 a China, que hoje já tenta ultrapassar o Japão, e
 a Índia, que vem voando baixo, com grande determinação.
 Na literatura recente há, inclusive, um interessante debate a respeito de a China estar ou não rompendo
com esse padrão de produção e comércio.
O MODELO LATINO-AMERICANO

 Enquanto isso, a América Latina enroscou-se com inflações galopantes, baixo


crescimento, alto endividamento, governos perdulários, instituições infantis e
mudanças permanentes nas regras do jogo

 Em 1993, o pesquisador Michael Mortimer, da Cepal, publica um artigo sobre o tema


com o sugestivo título Flying geese vs. sitting ducks, sugerindo que a América Latina
se comporta como "patos sentados" assistindo ao vôo dos gansos asiáticos.
GANSOS VOADORES
VS
PATOS SENTADOS

 INDUSTRIALIZAÇÃO
 Industrialização acelerada fez com que ambas as regiões tivessem, já no começo dos anos 80, 40% do
seu PIB concentrado na indústria;
 Duas décadas depois, agricultura e indústria representam um terço do PIB na América Latina e dois
terços do PIB do Leste da Ásia;
 Apesar da superpopulação, o Leste da Ásia destina hoje 42% da sua produção ao mercado externo,
caminhando em breve para 50%.
 Enquanto isso, apenas 17% da produção latino-americana é voltada para o mercado externo.
 A indústria asiática torna-se global, a nossa permanece local.
GANSOS VOADORES
VS
PATOS SENTADOS

 RELAÇÃO ENTRE INVESTIMENTOS E PRODUTO INTERNO

 Na Ásia ela salta, entre 1960 e 2000, do patamar de 20% para 30%-35% do PIB;
 Na LAC ficamos sentados nos 20% do PIB.

O investimento asiático é garantido pelas maiores taxas de poupança interna, que permitem uma
menor dependência de capital externo
GANSOS VOADORES
VS
PATOS SENTADOS

 DESIGUALDADES SOCIAIS

 Leste da Ásia colhe melhores resultados na redução das desigualdades sociais:


 Fruto de elevados investimentos em educação de base

 Construção de instituições mais sólidas que garantem menores custos de transação e maior respeito ao
cumprimento das leis, dos contratos e dos direitos de propriedade
GANSOS VOADORES
VS
PATOS SENTADOS

 INTEGRAÇÃO REGIONAL

 América Latina opta por mecanismos de integração regional formais e incompletos, voltados para o
comércio
 Países asiáticos se dá por meio de investimentos empresariais e transferência de tecnologia orientada
para a competição sistêmica no mercado mundial
 A explosão do comércio regional asiático é uma consequência dos investimentos intra e entre empresas.
 A integração se faz pela internacionalização das firmas, e não por meio de acordos imperfeitos entre governos,
que criam pouco comércio e investimento.
 A ideia dos acordos bilaterais só chegou à Ásia recentemente, mas tem hoje enorme potencial para organizar o
vôo dos gansos
GANSOS VOADORES
E
TIGRES ASIÁTICOS
ENTRE GANSOS E TIGRES

 A região do Leste Asiático esteve sob o domínio direto ou indireto do Império Japonês do início do século
XX até o final da 2ª Guerra Mundial.
 Com a derrota do Japão nessa guerra, os Estados Unidos assumiram esse papel de aglutinador da região
 Antes da industrialização dos quatro Tigres Asiáticos propriamente dita, ocorreu o chamado “milagre”
japonês a partir do final dos anos 50, ganhando força nos anos 60.
 Uma vez esgotada a capacidade de expansão do sistema dentro do próprio país — os ganhos de
produtividade já não eram mais suficientes para contrapor a tendência de queda da taxa de lucro —, ele se
difundiu transnacionalmente, notadamente para os Tigres Asiáticos
ENTRE GANSOS E TIGRES

 Convém ressaltar que a expansão externa das firmas japonesas foi antes fruto da necessidade do que da
escolha:
 crises do petróleo,
 insustentabilidade do estado de bem-estar social nos EUA e
 do fim do padrão-ouro durante os anos 70.

 Uma nova divisão regional (até mesmo internacional) da produção e do trabalho foi se estabelecendo na
região
ENTRE GANSOS E TIGRES
 Interesse nipônico: o estabelecimento, sob sua liderança, de pontos industriais estratégicos para o
fornecimento de insumos e de componentes para as suas indústrias  diminuir a sua dependência dos
Estados Unidos
 Essas transformações alteraram de forma considerável a logística e a distribuição da produção industrial
na região a partir da fragmentação da mesma entre diferentes centros industriais.
 Desta feita, as tecnologias intensivas em mão de obra e de valor agregado mais baixo do Japão foram
transferidas para os Tigres, enquanto que o polo dinamizador japonês se especializaria no
desenvolvimento de tecnologia de ponta.
 Na década seguinte, seria a vez de os Tigres repassarem essas tecnologias para outros países,
principalmente aos da ASEAN e à China, com o objetivo de se focarem também em técnicas mais
avançadas de manufatura, bem como no setor de serviços (no financeiro especialmente).
 Esse processo econômico no Leste Asiático é conhecido por “gansos voadores”,
ENTRE GANSOS E TIGRES
 Essas mudanças na estrutura econômica implicaram também novos desafios para esses países.
 Pressões em prol da democratização,
 Melhoria das relações trabalhistas
 Melhorias das condições sociais da população.

 Isto é, perder as supostas vantagens comparativas de serem regimes ditatoriais repressivos, assentados
numa dinâmica de grande exploração da mão de obra local e no controle estatal sobre a economia e
voltado para o mercado externo.
ENTRE GANSOS E TIGRES
 A industrialização dos Tigres Asiáticos pode ser vista como uma forma de manutenção de “ilhas”
capitalistas de prosperidade afim de reforçar o cordão anticomunista no Leste Asiático e baratear o
fornecimento de bens fundamentais para as indústrias das economias capitalistas desenvolvidas.

 Os quatro países mais o Japão permaneceram “protetorados militares e clientes políticos” dos EUA

 Outro impacto, mais sistêmico, foi o deslocamento do eixo dinâmico de acumulação capitalista do
Atlântico para o Pacífico, mais especificamente para o Leste da Ásia

 Os Tigres Asiáticos desempenharam papel fundamental nessa mudança após se consolidarem como
plataformas de exportação, durante os anos 70 e 80.
DE GANSOS PARA TIGRES

 Souberam se valer dos conhecimentos adquiridos (baseados na experiência japonesa) para se


lançarem como atores dentro do mesmo sistema em que tinham posições inferiores e se
tornarem novos polos irradiadores de capitais e de tecnologia.

 Por conseguinte, no alvorecer dos anos 90, os quatro Tigres alcançaram uma posição de
desafiadores da liderança econômica japonesa na região.
OS TIGRES NO
PÓS-GUERRA FRIA
DE GANSOS PARA TIGRES
 Desde os anos 80, ao dar prosseguimento ao processo dos “gansos voadores” 
fortaleceu o desenvolvimento da República Popular da China
 Os Tigres incentivaram o surgimento de uma grande potência principalmente nos
anos 90
 Hong Kong foi reincorporado ao território chinês em 1997, garantindo à RPC o
controle direto de um dos principais portos e centros financeiros mundiais.
 Esse fato também simbolizou a chegada à condição de potência, bem como,
juntamente com a reintegração de Macau em 1999, o fim do colonialismo no
Leste Asiático.
 O processo de fortalecimento chinês na região deve ser também compreendido
tendo em vista o Japão, que mergulhou numa estagnação econômica desde o
início dos anos 1990 e não conseguia mais desempenhar o papel de grande e único
polo fomentador dessa dinâmica econômica.
DE GANSOS PARA TIGRES
 Cada um dos Tigres adotou uma estratégia diferente para se adaptar a nova conjuntura internacional do
Pós-Guerra Fria, em que o combate ao comunismo deixou de ser uma bandeira dos EUA
 Hong Kong, apesar de manter leis próprias, após se reintegrar a China passou a desempenhar um
papel central na estratégia de inserção chinesa na dinâmica comercial mundial, bem como na
afirmação desse país como potência mundial
 Taiwan também buscou uma integração maior com a RPC em termos econômicos ao longo da década
de 1990 e, embora ainda se recuse a ser reincorporada ao continente, houve uma aproximação da elite
econômica do país com os chineses da RPC
 Cingapura, dada a sua localização, procurou se articular mais (econômica e politicamente) com os
países do Sudeste Asiático, e a ASEAN constituiu-se na peça fundamental dessa estratégia
 Coreia do Sul, às voltas ainda com a questão da reunificação da península coreana, apesar de ter sido
o mais afetado dos Tigres pela crise de 1997, buscou se inserir no jogo das potências da região,
aproximando-se da China e investindo cifras expressivas em gastos militares
DE GANSOS PARA TIGRES
 Papel que a crise asiática de 1997
 Graus variados de intensidade da crise
 Sinalização para estes países que uma maior integração com o restante do continente se fazia necessária em
prol de manterem a posição de atores relevantes na economia regional  EUA não se mostraram muito
dispostos a arcar com os custos de uma ajuda financeira a países então já desenvolvidos.
 A China, portanto, se mostrou também como um parceiro estratégico, bem como os países do Sudeste
Asiático.
 Além disso, eles precisaram abrir ainda mais as suas economias para a entrada de capitais externos e
estimular o desenvolvimento de outros ramos econômicos.
DE GANSOS PARA TIGRES
 Para que a INTEGRAÇÃO ocorresse de fato, foi necessário o fim das tensões militares entre os países e
o entendimento de a ajuda mútua em termos de segurança era fundamental para que o processo de
desenvolvimento acontecesse

 O período dourado do padrão de abordagem diplomática apresentado se encerra em 1997 com a crise
asiática.

 A crise econômica, que se iniciou na Tailândia e rapidamente contagiou as economias vizinhas, afetou
negativamente a reputação do projeto de desenvolvimento econômico baseado na cooperação regional

 Enfraquecimento da imagem dos governos associados ao período anterior

 Com a confirmação da lenta queda da economia japonesa, o modelo dos “gansos voadores” deu lugar à
fragmentação da rede produtiva.
TIGRES ASIÁTICOS: PIB PER CAPITA EM 1991 (US$)
OBRIGADO!

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