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PRINCIPAIS TRECHOS (TEXTOS – ADM 622)

TEXTO 1 – BRESSER-PEREIRA (2006 – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO)

Desenvolvimento Econômico  é o processo de sistemática acumulação de capital e de


incorporação do progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento sustentado da
produtividade ou da renda por habitante e, em consequência, dos salários e dos padrões de consumo
de uma determinada sociedade.

O desenvolvimento econômico é um processo de aumento do capital humano, ou seja, dos níveis de


educação, saúde e competência técnica dos trabalhadores, e da transferência dessa força de trabalho para
setores com maior conteúdo tecnológico que implicam em salários mais elevados.

As taxas de desenvolvimento variarão substancialmente dependendo da capacidade das nações de


utilizarem seus respectivos Estados para formular estratégias nacionais de desenvolvimento que
lhes permitam serem bem-sucedidas na competição global.

Historicamente, o agente por excelência do desenvolvimento econômico é a nação – é a sociedade


nacional dotada de um destino comum que logra controlar um território e se dotar de um Estado.

Quando uma economia está em pleno processo de crescimento, é sinal de que provavelmente existe
uma estratégia nacional de desenvolvimento por trás, é sinal que seu governo, seus empresários,
técnicos e trabalhadores estão trabalhando de forma consertada na competição econômica com as
demais nações.

O crescimento da produtividade de um país depende, no longo prazo, da acumulação do capital


humano, ou seja, da melhoria dos níveis de saúde, educação e competência técnica da população, e
da acumulação de capital físico a ser operado por essa mão-de-obra cada vez mais qualificada – um
capital físico que permite ampliar ou multiplicar a produção por trabalhador.

1.1.1.2 Nação, classes, ideologias

O nacionalismo, ou a ideologia da formação do Estado-nação, e o liberalismo, a ideologia das


liberdades de comercializar e de não ser molestado em sua autonomia individual.

Essas três classes estão engajadas permanentemente dentro de cada Estado-nação em um processo
dialético de conflito e cooperação que está relacionado com essas duas ideologias: o conflito é
interno e se dá pela distribuição interna do excedente, e a cooperação, para a construção de um
Estado-nação autônomo, é capaz de garantir a acumulação de capital e o êxito na competição
internacional.

1.1.1.3 Desenvolvimento nacional-dependente e competição global

De acordo com o critério de nível de desenvolvimento econômico, os países hoje estão divididos em
países ricos, de renda média, e pobres. Tanto os de renda média como os pobres foram
anteriormente colônias, mas enquanto os primeiros superaram parcialmente a sua condição colonial,
realizaram a acumulação primitiva necessária à revolução capitalista, e estão tentando realizar suas
revoluções nacionais, muitos dos últimos sequer conseguiram estabelecer as bases de uma
economia capitalista.

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O ‘desenvolvimento original’, dos países que primeiro se industrializaram (Inglaterra, Bélgica,
França e Estados Unidos); o ‘desenvolvimento atrasado’ de países europeus como a Alemanha, a
Rússia, a Áustria e a Suécia, e do Japão, que realizaram suas revoluções industriais na segunda
metade do século dezenove; o ‘desenvolvimento nacional-dependente’ dos países que foram
colônias desde o Século XVI, tornaram-se formalmente independentes, mas continuam a apresentar
vários graus de dependência cultural em relação ao centro, como é o caso dos países da América
Latina; e finalmente o ‘desenvolvimento autônomo’ dos países que também foram colônias ou se
submeteram ao imperialismo no século XIX, mas lograram a partir da Segunda Guerra Mundial
independência e autonomia razoavelmente plena, como é o caso da Coréia, da China ou da Índia.

Em conclusão, o desenvolvimento econômico é um processo histórico de acumulação de capital e


incorporação de progresso técnico; é um processo de aumento da produtividade e dos salários,
decorrente da necessidade de mão-de-obra cada vez mais qualificada e com maior custo de
reprodução social.

TEXTO 2 – BRESSER-PEREIRA (2016 – TEORIA NEODESENVOLVIMENTISTA)

Para o novo desenvolvimentismo o papel econômico do Estado é o de garantir as condições gerais


da acumulação de capital, ou, em outras palavras, é assegurar os meios necessários para que as
empresas possam investir e aumentar continuamente a produtividade. Entre essas condições gerais,
cinco são essenciais: (1) a ordem pública ou a garantia da propriedade e dos contratos, (2) a
educação pública, (3) a promoção da ciência e da tecnologia, (4) os investimentos na infraestrutura
econômica, e (5) uma taxa de câmbio que torne competitivas as empresas que utilizam a melhor
tecnologia disponível no mundo.

A macroeconomia novo-desenvolvimentista é a parte mais elaborada do novo desenvolvimentismo.


Diferentemente da macroeconomia convencional, ela está fortemente interessada nos cinco preços
macroeconômicos: a taxa de lucro, que deve ser satisfatória para as empresas investirem, a taxa de
juros cujo nível em torno do qual o banco central realiza a política monetária deve ser baixo, a taxa
de câmbio que deve tornar competitivas as empresas que utilizam tecnologia no estado da arte
mundial, a taxa de salários que deve ser compatível com a taxa de lucro satisfatória crescendo com
o aumento da produtividade, e a taxa de inflação que deve ser muito baixa.

Doença Holandesa  Podemos definir a doença holandesa como uma apreciação de longo prazo
da taxa de câmbio de um país, porque esse país tem condições de exportar commodities com lucro a
uma taxa de câmbio substancialmente mais apreciada do que a taxa de câmbio que torna
competitivas as outras empresas industriais: o equilíbrio industrial.

O novo desenvolvimentismo rejeita o liberalismo econômico em relação a este ponto não porque
queira fechar as economias nacionais, mas porque quer se integrar de forma competitiva e não
subordinada no sistema internacional.

O novo desenvolvimentismo defende uma carga tributária relativamente alta, que financie os
grandes serviços sociais universais. Não apenas porque esses grandes serviços são mais justos, mas
também porque são mais econômicos do que aumentar salários.

TEXTO 3 – LIN E WANG (2020 – NOVA ECONOMIA ESTRUTURAL)

Rejeitando a noção da mão invisível no livre mercado, os estruturalistas promovem a visão de que
os países em desenvolvimento devem ter, em certa medida, a estrutura industrial dos países de alta
renda como meta de desenvolvimento.
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Acemoglu et al. (2005, p. 387) descobriram que “as instituições econômicas que incentivam o
crescimento surgem quando as instituições políticas alocam poder a grupos com interesse na
aplicação ampla dos direitos de propriedade, quando criam restrições efetivas aos detentores do
poder e quando há relativamente poucas rendas a serem pagas. ser capturado pelos detentores do
poder”.

NSE enfatiza o papel do Estado no desenvolvimento coordenando e proporcionando a melhoria da


infraestrutura dura e leve para facilitar as vantagens comparativas existentes e latentes do país1para
se tornarem vantagens competitivas em uma economia de mercado, que fornece uma base para a
economia do desenvolvimento na era pós-neoliberalismo.

O sucesso dessas economias do Leste Asiático levou outros países do Sudeste Asiático a seguir o
exemplo na abertura de suas economias e na criação de bases industriais orientadas para a
exportação que impulsionaram seu crescimento ao longo das décadas de 1980 e 1990.

A evolução da estrutura exportadora da China nas últimas três décadas reflete a significativa
transformação estrutural no estilo dos gansos voadores que permitiu ao país passar da exportação de
produtos primários para a exportação de produtos intensivos em mão de obra, como vestuário e
têxteis, e ainda produtos manufaturados mais sofisticados, como eletrodomésticos, máquinas
elétricas e equipamentos de telecomunicações.

Muitas zonas econômicas especiais (SEZs) e parques industriais surgiram e atraíram indústrias
de mão-de-obra intensiva da China e da Índia para países em desenvolvimento de baixos salários.
Seguindo o padrão dos “gansos voadores”, muitas empresas da China e de outros as economias de
mercado mudaram-se para o Sudeste Asiático – Camboja, Laos, Vietnã e, mais tarde, Mianmar –
criando milhões de empregos em setores manufatureiros intensivos em mão de obra, como mostra o
aumento de suas participações nos setores manufatureiros.

Pontos contra o Neoliberalismo:

Primeiro, o Consenso de Washington e as instituições sediadas em Washington impulsionaram a


política equivocada de liberalização da conta de capital em países de baixa renda.

Em segundo lugar, o neoliberalismo negligenciou a infraestrutura e a transformação estrutural por


mais de três décadas, levando a uma terrível escassez de energia e transporte em algumas partes da
África, seguida pela desindustrialização.

Terceiro, os países da Europa Oriental e da antiga União Soviética sofreram com a “terapia de
choque” inadequada para sua transição econômica, incluindo “acertar os preços”, liberalizar as
contas de capital e “privatização em massa” de uma só vez, levando à hiperinflação, depreciação da
moeda, fuga de capitais e perda maciça de riqueza nacional.

Quarto, os neoliberais ignoraram a experiência bem-sucedida dos países do Leste Asiático e da


China. Sugerimos três princípios fundamentais por trás de seu sucesso: (i) o apoio de produtores
nacionais em indústrias sofisticadas, além da vantagem comparativa inicial; (ii) orientação
exportadora; e (iii) a busca de concorrência acirrada com responsabilidade estrita.

O estruturalismo reconhece a importância da transformação estrutural, defendendo o governo para


apoiar o desenvolvimento de indústrias avançadas, mas ignora a endogeneidade da estrutura e
negligência o papel do mercado.

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TEXTO 4 – SIEDENBERG (2006 – CONCEITUAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO)

A partir dessa constatação convencionou-se denominar como desenvolvimento a mudança da


capacidade individual no decorrer de sua própria biografia; ou seja, o desenvolvimento é
consequência natural da aplicação de um mecanismo de assimilação e adaptação de habilidades
individuais preexistentes às necessidades postas, uma espécie de upgrade de habilidades.

Nesse sentido, o desenvolvimento significa o desdobramento de habilidades já existentes, que


capacitam o indivíduo a atuar com uma variedade de requisitos de forma sustentável num contexto
que para ele é obscuro, difuso, inconstante ou adverso.

Ao considerar as inovações ou mudanças qualitativas de coletividades que ocorrem nas dimensões


extrassomáticas, observa-se o surgimento de novas regras (processos, instâncias) ou de novas coisas
(ferramentas, equipamentos). Assim, no surgimento de novas regras e coisas transparece o princípio
de que inovações são adotadas como decorrência do envelhecimento e desgaste de modelos
existentes, em cujos substitutos se manifestam as mudanças na forma de modernização
organizacional ou de progresso técnico, respectivamente.

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Todo processo de mudanças que se resume num aumento quantitativo daquilo que já existe (seja
uma máquina do mesmo tipo numa empresa, seja uma empresa do mesmo tipo numa cidade)
configura um processo de crescimento. Já o conceito de desenvolvimento é reservado
exclusivamente para identificar os processos de mudança qualitativa no âmbito individual da
organização; ou seja, desenvolvimento ocorre quando essa entidade passa a ter uma capacidade
qualitativamente diferenciada em relação à sua condição anterior. Finalmente, o conceito de
evolução identifica processos qualitativos de mudança (melhorias) no contexto de coletividades.

Assim, conclui-se que o desenvolvimento socioeconômico, um termo que muitas vezes também é
utilizado como sinônimo de crescimento e de evolução - ou também como um processo de
mudanças subentendido automaticamente em suas mais diversas concepções e conotações - só
ocorre quando os mecanismos de apropriação e incorporação, de assimilação e adaptação e de
escolha e mudança estão presentes e são acionados.

PONTOS PARA DEBATE

Para se pensar numa diferenciação entre crescimento, desenvolvimento e evolução. O crescimento,


a meu ver, estaria associado à mudança quantitativa, que envolve a acumulação de recursos, sob
uma ótica maximizadora e generalista. Já o desenvolvimento, envolveria uma percepção dos
benefícios ocasionados pelo crescimento e acumulação, o que envolveria uma perspectiva
qualitativa e individual. Por fim, a evolução estaria associada a uma perspectiva qualitativa, mas
que englobaria toda a sociedade, se pensando na transformação da sociedade, de pequenos feudos
para a sociedade capitalista.

Dar capacidade e competitividade aos Estados-nação para que eles possam concorrer e aumentar a
sua capacidade e capital humano por si só.

Estado como provedor da infraestrutura, para permitir uma maior competição dos países, enquanto
a visão neoliberal, de livre mercado, está focada nos ganhos, nos rendimentos, e exploração dos
recursos, mas sem pensar no provimento de uma estrutura e na competitividade dos países (ideia
financeiro-rentista).

Necessidade de se criar uma coalização com a elite, para a criação de um processo de


desenvolvimento no Brasil (pensar na construção de uma infraestrutura e construção de novas
indústrias), para se criar uma capacidade nacional de competitividade internacional (abdicar do
rendimento por meio das taxas de juros).

***Comunismo  Cerne está na igualdade e ausência de propriedade privada (acumulação serve


para ampliar o patrimônio indefinidamente).

Fragilidade da Energia como alternativa para o transporte público (a tecnologia de hoje é muito
fraca)  Necessidade de Política Pública para explorar essa tecnologia.

Maior área plantada de Minas Gerais  Cana de açúcar

Modelo de Rostow  Passos para o desenvolvimento refém do modelo americano (instrumento de


dominação).

Propriedade Intelectual  Biblioteca da nossa estrutura tecnológica-industrial (Levar em


consideração os Residentes e Não-Residentes)

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Sofisticação da Produção Agrícola  Agregar valor por meio tecnologia (estresse hídrico e outras
tecnologias).

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