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ANOTAÇÕES – AULA 21/10 (ADM 622)

TEXTO 1 – Bielschowsky (2006 – Contribuições de Celso Furtado)

O principal argumento é que as diferenças entre os dois estão associadas às más condições de
crescimento na periferia, que impõem constrangimentos ao processo de industrialização e ao
progresso tecnológico e exigem estratégias de crescimento coordenadas pelo Estado, uma vez que,
nessas condições, as forças de mercado não são suficientes, em si, para sustentar um crescimento
viável.

Tese para a ausência de desenvolvimento na periferia  O agravamento dos termos de troca, a


não convergência entre a renda per capita no centro e a periferia, o desequilíbrio estrutural no
balanço de pagamentos, a vulnerabilidade externa, lacunas de poupança e câmbio e dinâmica do
processo de substituição de importações.

Principais problemas associados ao Desenvolvimentismo na América Latina (Furtado)

 Ciclos alternados de crescimento e contração, grandes dualidades econômicas e baixo nível


de diversificação da produção;
 Problemas do desemprego e subemprego, baixos salários, heterogeneidade tecnológica,
concentração de renda e injustiça social;
 A composição setorial do investimento e as opções tecnológicas eram predeterminadas pela
concentração de renda e riqueza, dando à fração moderna da estrutura produtiva latino-
americana uma densidade de capital semelhante à dos países desenvolvidos.

**O modelo de crescimento latino-americano é um dos legados da predominância das economias


desenvolvidas sobre o resto do mundo, o que fez com que, durante a industrialização da periferia, as
empresas estrangeiras modernas e seus concorrentes locais tendam a compartilhar um sistema de
produção com estruturas arcaicas.

Caminhos para o desenvolvimento na América Latina  As publicações atuais mostram


claramente a necessidade de incentivar investimentos intensivos em infraestrutura e tecnologia,
construir sistemas nacionais de inovação e promover a educação e fomentar complementaridades
setoriais, clusters e pequenas e médias empresas.
TEXTO 2 – Fiori (2000, Construção Interrompida)

“Num país ainda em formação, como é o Brasil, a predominância da lógica das empresas
transnacionais, na ordenação das atividades econômicas, conduzirá quase necessariamente a tensões
inter-regionais, à exacerbação de rivalidades corporativas e à formação de bolsões de miséria, tudo
apontando para a inviabilização do país como projeto nacional” (Furtado, 1992: 35).

Uma excentricidade – e esse é o nosso ponto – que nos transformou numa peça secundária e quase
passiva da geopolítica do núcleo central, deixando-nos à margem da competição interestatal que
funciona há muito tempo – como vimos com Weber e Braudel – como um elemento estratégico da
multiplicação da riqueza capitalista.

Princípios Organizadores da Sociedade (Liberal)  Um foi o princípio do liberalismo


econômico, que objetivava estabelecer um mercado autorregulável, dependia do apoio das classes
comerciais e usava principalmente o laissez-faire e o livre comércio como seus métodos. O outro
foi o princípio da proteção social, cuja finalidade era preservar o homem e a natureza, além da
organização produtiva, e que dependia do apoio daqueles mais imediatamente afetados pela ação
deletéria do mercado – básica, mas não exclusivamente, as classes trabalhadoras e fundiárias – e
que utilizava uma legislação protetora, associações restritivas e outros instrumentos de intervenção
como seus métodos” (Polanyi, 1980: 139).

Os dois “princípios” de que fala Polanyi são universais porque são manifestações político-
ideológicas de duas contradições essenciais – ou “materiais” – do próprio capitalismo: a contradição
entre o capital e o trabalho e a contradição entre a globalidade dos seus fluxos econômicos e a
territorialidade
de sua gestão política.

Não é difícil perceber que, desde nossa inscrição na periferia do capitalismo hegemonizado pela
Inglaterra, veio de São Paulo a principal força de sustentação do liberalismo econômico e de sua
orientação internacionalizante.

O produto e a riqueza nacionais cresceram de forma continuada, realimentados periodicamente


pelos ciclos de expansão do crédito, do investimento internacional e do endividamento externo do
país. Os momentos de refluxo destes ciclos internacionalizantes, os ajustes e as “substituições de
importações” sempre tiveram como objetivo fundamental a preservação da riqueza mercantil e
patrimonial das nossas classes proprietárias.

Determinantes da Expansão Industrial:

 O papel central da questão do câmbio e do crédito externo – que se transformam na principal


correia de transmissão econômica entre o que ocorre no núcleo orgânico e neste tipo de
periferia capitalista: uma verdadeira porta de entrada ou saída para os países que
descartaram as alternativas “neomercantilistas” ou nacionalistas e optaram por alguma
variante do modelo de “desenvolvimento associado”.
 O papel central do controle do poder do Estado, como instrumento de preservação e
multiplicação interna da riqueza – sobretudo mercantil e patrimonial.

Pode-se dizer que, apesar de alguns momentos isolados, nossas elites econômicas nunca
tiveram necessidade de atrelar a defesa e acumulação de sua riqueza mercantil e patrimonial
a qualquer tipo de projeto nacional e popular.
Na verdade, este “país real” nunca precisou da ideia de nação e sua vontade política dirigente nunca
apontou efetivamente para a “construção de um sistema de decisões e produção capaz de definir e
hierarquizar por si mesmo, objetivos coletivos ou nacionais”.

TEXTO 3 – Paula e Albuquerque (2020, Celso Furtado)

A cidade, a universidade, o estado, a ciência, a tecnologia, a razão, seriam todas invenções do


capitalismo, quando, de fato, foram capturados pelo capital e colocados a seu serviço.

O capital não criou as universidades, as ciências modernas, senão que se apropriou delas e as
reconfigurou no sentido de hipertrofiar o que nelas convalidam a manipulabilidade, a venalidade, o
controle, a calculabilidade, a homogeneização, a exploração.

A ascensão na estrutura de poder, de grupos sociais em condições de impor à sociedade um forte


ritmo de acumulação tende a ampliar a área social submetida a critérios de racionalidade
instrumental.

Estrutura teórico-metodológica das ideias de Furtado: compreensão e a superação do


subdesenvolvimento, a construção do desenvolvimento como transformação social comprometida
com a distribuição da renda e da riqueza, com a democracia, com a diversidade, com a
sustentabilidade, no contexto da dominação capitalista em fase imperialista.

Um olhar da periferia sobre o progresso tecnológico

“O processo de desenvolvimento se realiza seja através de combinações novas de fatores existentes,


ao nível da técnica conhecida, seja através da introdução de inovações técnicas” (FURTADO, 1961,
p. 90).

Enquanto o crescimento de uma economia desenvolvida é “um problema de acumulação de novos


conhecimentos científicos e de progressos na aplicação tecnológica desses conhecimentos”, o
crescimento das economias subdesenvolvidas é “um processo de assimilação da técnica
prevalente na época” (FURTADO, 1961, p. 90).

Nessa divisão internacional do trabalho, os “países que formam a vanguarda da Revolução


Industrial... o progresso técnico penetra sem tardança nas formas de produção”. Já nas “regiões
marginalizadas essa penetração se circunscreve inicialmente aos padrões de consumo, limitando os
seus efeitos à modernização do estilo de vida de segmentos da população” (FURTADO, 1998, p.
62).

** “o subdesenvolvimento, por conseguinte, é uma conformação estrutural produzida pela forma


como se propagou o progresso técnico no plano internacional” (FURTADO, 1998, p. 62).

O quadro histórico moldado pela revolução industrial será reconfigurado de forma persistente,
envolvendo pelo menos três tipos de mudanças que se superpõem: revoluções tecnológicas,
mudanças na hegemonia no sistema global e diversos acessos à “civilização industrial”.

**A posição hegemônica tem raízes na capacidade tecnológica – que se associa com poderio
militar.

Transformações tecnológicas no centro reconfiguram permanentemente os esforços de assimilação


na periferia, pois na medida em que “a tecnologia da civilização industrial está em permanente
progresso e o vetor desse progresso é a acumulação, todo atraso relativo na acumulação traduz-se
em aumento do custo das técnicas importadas” (FURTADO, 1986b, p. 101).

TEXTO 4 – Bielschowsky (2000 – Pensamento da CEPAL)


Estrutura Socioeconômica Periférica  modo próprio de industrializar, introduzir progresso
técnico e crescer, e um modo próprio de absorver a força de trabalho e distribuir a renda. As
diferenças em relação aos países centrais, está no fato de que as economias periféricas possuem uma
estrutura pouco diversificada e tecnologicamente heterogênea, que contrasta com o quadro
encontrado na situação dos países centrais.

Objetivo do pensamento Cepalino  Defender a importância de entender o subdesenvolvimento


como um contexto histórico específico, que exige teorização própria.

Subdesenvolvimento  Resultante da penetração de empresas capitalistas modernas em estruturas


arcaicas.

O desequilíbrio estrutural do balanço de pagamentos resultava das exigências de importação de


economias em industrialização que se especializaram em umas poucas atividades exportadoras e
enfrentavam baixa elasticidade de demanda por suas exportações.

** O desemprego resultava da incapacidade das atividades exportadoras de absorver o excedente de


mão-de-obra como da insuficiente capacidade de absorção pelas atividades modernas destinadas ao
mercado doméstico.

**Furtado parte da ideia de que a má distribuição de renda seria responsável por orientar a estrutura
produtiva a um padrão de industrialização pouco empregador de trabalho, e reforçar a má
distribuição  O aumento da industrialização ocasionava em cada vez menos mão-de-obra e maior
exigência de mercado consumidor.
Teoria de Osvaldo Sunkel (Associado à ideia de Dependência)  O problema do
subdesenvolvimento residia no fato de que, enquanto no “centro” a maior parte dos trabalhadores
encontravam-se integrada ao mundo moderno, na “periferia” isso ocorria somente com uma
pequena fração da população.

Propostas para a retomada do Progresso Técnico  A abertura tem que viabilizar, ao mesmo
tempo, a expansão das importações e das exportações, o que implica graduar a abertura em função
da disponibilidade de divisas e harmonizar a política cambial com as políticas de proteção tarifária e
de promoção de exportações, de modo a conferir neutralidade de incentivos entre produção para o
mercado interno e para as exportações.

****Necessidade de Equidade entre aumento da produtividade e elevação salarial

ANOTAÇÕES DA AULA – 21/10/2022

Relação do capital  Os elementos foram criados anteriormente a ele, só que se renderam às


estruturas de capital.

Centro  Geram o progresso tecnológico.

Periferia  Se apropria desse progresso tecnológico.

Desenvolvimento # Modernização do Estilo de Vida

Processo de Industrialização dos Países Emergentes  Primeiro passo para o desenvolvimento.

Ação do Estado como impulsionadora do desenvolvimento nos países da América Latina.

No contexto emergente a relação entre confiança nos atores pode prejudicar o progresso técnico e
consequentemente, o desenvolvimento.

Heterogeneidades dualidades sociais e econômica (ciclos alternativos de crescimento e


contração).

Ausência de mudanças estruturas esperadas para os países da América Latina, o que influencia no
desenvolvimento e progresso técnico da região (Necessidade de uma maior cooperação e
colaboração) Necessidade de romper com problemas estruturais arraigados no contexto, para se
alcançar índices mais elevados de desenvolvimento.

Privatização  Reduzem a propensão de investir na economia, embora apossa aumentar a


eficiência microeconômica dos investimentos (Será que a privatização estaria atrelada ao
capitalismo financeiro-rentista???).
CEPAL  Sede atual no Chile

*** Crescimento econômico está associado à preservação de privilégios e acumulação


individual, enquanto o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente
(mudanças estruturais).

MST  Necessidade de reforma da estrutura fundiárias (mas é entendido como baderna e “roubo”
da propriedade privada).

Capacidade adaptativa muito alta do capitalismo  Dificuldade de mudanças de filosofia

Nacionalismo  Emerge uma condição de servidão da população

**PONTOS DE DISCUSSÃO**

O que são potenciais forças motrizes para investimentos, progresso e crescimento da produtividade
nas economias da América Latina hoje?

Algum novo modelo de crescimento pode ser previsto?

Quais são as conexões entre possíveis estratégias para alcançar a prosperidade econômica no futuro
e a distribuição de emprego e renda?

É o subdesenvolvimento que suporta e dar as bases para o desenvolvimento. Exemplo da


elasticidade da demanda: Se eu produzo iphone, não é produzir mais que vai gerar maior demanda e
abaixa o preço. Por outro lado, se eu produzir mais mineral, eu consigo abaixar o preço.

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