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Unidade 1: Mundo global: origens e desafios

Percursos:

1. Origens e bases do mundo global


2. Economia global: transnacionais e trabalho
3. Consumo e cultura globalizada
4. Globalização e meio ambiente

Conteúdo: Origens e bases do mundo global

Habilidades: EF09GE05

Origens e bases do mundo global

As economias-mundo

Até o século XV, o meio natural e as limitações tecnológicas dificultavam as relações


econômicas e culturais entre povos de diferentes continentes e entre populações de
uma mesma região.

Dessa maneira, o isolamento e a autossuficiência econômica eram condições comuns


à maioria dos povos.

A Terra abrigava cinco economias-mundo, ou seja, cinco grandes regiões do planeta


economicamente autônomas: Europa, China, Índia, África árabe e América, ocupada
por civilizações pré-colombianas.

As quatro fases da globalização

O processo de globalização, que se iniciou no século XV, passou por diferentes fases
de desenvolvimento.

● Primeira fase: Os primeiros movimentos da globalização tiveram início no


século XV por meio das Grandes Navegações marítimas, impulsionadas pela
busca por metais preciosos e de produtos exóticos.
● Segunda fase: Entre a segunda metade do século XIX e o fim da Segunda
Guerra Mundial, o processo de globalização adquiriu novo impulso com a
expansão da dominação política, econômica e militar europeia sobre a África e a
Ásia.
● Terceira fase: Entre 1945 e 1989, o processo de globalização esteve
condicionado à Guerra Fria. Os Estados Unidos (capitalistas) e a União
Soviética (socialistas) disputavam entre si a ampliação de suas áreas de
influência no mundo.
● Quarta fase: A Revolução Técnico-Científico-Informacional favoreceu a
expansão do capitalismo e provocou grandes mudanças na produção industrial,
na agropecuária, na prestação de serviços e na própria geração de novos
conhecimentos técnicos e científicos.

Transportes e telecomunicações: os motores tecnológicos da globalização

A modernização dos meios de transporte e telecomunicações os tornou mais rápidos e


mais baratos, intensificando o deslocamento de pessoas e mercadorias, além do
aumento dos fluxos de comunicação, possibilitando a integração de diferentes regiões
do mundo.

Conteúdo: Economia global: transnacional e trabalho

Habilidades: EF09GE02 / EF09GE05 / EF09GE11 / EF09GE12

Economia global: transnacional e trabalho

Fluxos de mercadorias: o comércio global desigual

Na atual fase da globalização, constatamos um extraordinário crescimento do


comércio internacional.

O intercâmbio comercial mundial de acordo com dados da Organização Mundial do


Comércio (OMC):

● 1950: 64 bilhões de dólares


● 2020: 17,6 trilhões de dólares

Alguns fatores foram decisivos para que isso ocorresse, entre eles:

● Melhora dos meios de transporte e de comunicação;


● Diminuição dos custos dos fretes;
● Rápido crescimento da população mundial nos últimos 60 anos;
● Aumento do rendimento de muitas famílias;
● Entrada de novos países no comércio internacional mundial;
● Liberalização das regras comerciais.

Essas transformações resultaram na difusão de um estilo de vida centrado no


consumo, chamado de sociedade do consumo.

O comércio mundial apresenta desigualdades marcantes: enquanto Europa


Ocidental, América do Norte e parte da Ásia têm grande participação no comércio
mundial, muitos países da América Latina e da África, ocupam posições marginais. Em
parte, isso se explica pela:
● Maior capacidade de produção e de consumo dos países desenvolvidos;
● Barreiras comerciais que impedem a entrada de produtos mais baratos dos
países menos desenvolvidos e emergentes.

As transnacionais

São empresas com alto nível de organização que atuam dentro e fora do seu país de
origem, com filiais espalhadas pelo mundo. Elas são responsáveis por grande parte do
comércio e do consumo em todo o mundo.

Embora existam inúmeras transnacionais em países emergentes, a maioria e mais


poderosas estão sediadas em países desenvolvidos.

Por causa de sua importância econômica, algumas transnacionais têm poder para
influenciar a economia global de acordo com os próprios interesses.

● Atuam nas esferas do poder político, interferindo em ações governamentais;


● Realizam maciços investimentos tanto no país de origem como em outros países
que oferecem vantagens, como disponibilidade de matéria-prima, mão de obra
barata, mercado consumidor e leis e fiscalização mais brandas ou ausentes.

A fábrica global

Com o objetivo de aumentar os lucros, as transnacionais industriais se apoiam em


uma forma descentralizada de produção. Cada etapa pode ser desenvolvida em
diferentes países, de acordo com as vantagens oferecidas.

O mercado de trabalho

Na globalização atual, a competição intensa motiva empresas a inovarem em suas


estratégias de produção e comercialização. Isso resulta na adoção de novas
tecnologias, aumentando a demanda por trabalhadores criativos e qualificados, com
alto nível de escolaridade e capacidade de adaptação às mudanças em diversos
setores, incluindo agropecuária, indústria e serviços.

Muitos setores enfrentam dificuldades para manter a estabilidade no emprego e nos


rendimentos dos trabalhadores. Isso se deve à remuneração cada vez mais vinculada à
produtividade, resultando em jornadas de trabalho irregulares e relações de trabalho
flexíveis. Plataformas digitais oferecem oportunidades de renda, mas geralmente não
garantem direitos mínimos aos trabalhadores, evitando vínculos empregatícios e
permitindo horas de trabalho excessivas. Isso contribui para a precarização do
trabalho, especialmente para motoristas e entregadores.

O aumento do desemprego na economia global

As inovações tecnológicas nos processos produtivos têm contribuído significativamente


para o aumento do desemprego, conhecido como desemprego tecnológico ou
estrutural. Isso ocorre devido à substituição da mão de obra pela mecanização,
automação e informatização. Esse tipo de desemprego é mais comum em países
desenvolvidos, mas também afeta outros países. Além da introdução de tecnologias, a
lógica do capital busca economizar em custos trabalhistas, visando maiores lucros. O
desemprego estrutural se soma ao desemprego conjuntural ou cíclico, que ocorre
durante crises econômicas.

As consequências do desemprego e o futuro

O desemprego no Brasil e em muitos países do mundo, inclusive desenvolvidos, causa


desestruturação familiar, aumento da violência e do trabalho informal, além de traumas
psicológicos. Cerca de 80% das perdas de emprego nos países desenvolvidos são
relacionadas à introdução de novas tecnologias na produção. Com a descentralização
da produção para países menos desenvolvidos, como o Brasil, espera-se que o
desemprego estrutural aumente. No entanto, a evolução tecnológica também cria
novas profissões, exigindo reformulações nos modelos educacionais para preparar as
crianças para o futuro.

Globalização e capital financeiro

A globalização trouxe um aumento significativo no fluxo de capitais financeiros em todo


o mundo, com operações realizadas por bancos, empresas e corretoras de valores em
vários países. Isso favoreceu o capital especulativo, onde especuladores obtêm
grandes lucros negociando moedas e ações. As empresas podem obter financiamento
vendendo ações, mas também enfrentam especulação sobre o valor das mesmas. A
movimentação instantânea de capitais financeiros via rede global de computadores
acelerou a internacionalização das finanças, mas também pode levar a crises
econômicas quando há instabilidade nos mercados. No Brasil, há uma concentração
significativa do capital financeiro, com quatro instituições controlando 80% do capital
em circulação.

Conteúdo: Consumo e cultura globalizada

Habilidades: EF09GE02

Consumo e cultura globalizada

Shopping center: uma das formas geográficas do período atual

O geógrafo brasileiro Milton Santos destacou o conceito de forma geográfica, referindo-


se aos objetos culturais visíveis criados pelas sociedades humanas nos espaços
geográficos, como indústrias, pontes e monumentos. As formas geográficas estão
intimamente ligadas aos períodos históricos. Na Grécia Antiga, por exemplo, a
democracia era simbolizada pela ágora, local de reuniões políticas. Na Idade Média da
Europa Ocidental, as práticas agrícolas predominavam, destacando-se na paisagem os
castelos dos senhores feudais e os mosteiros, representando respectivamente o poder
político e da Igreja. Nas revoluções industriais dos séculos XVIII, XIX e XX, duas
formas geográficas predominantes foram as fábricas e as cidades, que cresceram
rapidamente devido à atividade fabril. Na sociedade atual, marcada pela sociedade de
consumo e pela Revolução Técnico-Científico-Informacional, destacam-se formas
geográficas como supermercados, hipermercados e shopping centers, que são
símbolos do poder econômico e do consumo presentes nas paisagens urbanas.

O consumo e a cultura globalizada

O consumo está associado à cultura.

● A publicidade e o consumo

Por meio da publicidade e do marketing, as empresas criam para os


consumidores, muitas vezes, “falsas necessidades” ou “necessidades antes
desconhecidas”, que estimulam o consumo exagerado de bens e serviços, que é
uma das características da sociedade de consumo em que vivemos.
Consequentemente, esse modelo de vida causa grandes impactos no meio
ambiente e enormes pressões sobre os recursos naturais.

● O consumo consciente como atitude desejável

As sociedades humanas consomem aproximadamente 50% a mais de recursos


naturais do que a Terra consegue renovar, o que representa uma situação
crítica. Países desenvolvidos e a China lideram o consumo de energia, água,
alimentos e produtos diversos, resultando em altas emissões de gases do efeito
estufa. Desde a década de 1980, especialistas alertam que o planeta não
suportará múltiplas sociedades com níveis de consumo semelhantes aos dos
países desenvolvidos. O cenário se agravou com a exportação do modelo de
vida baseado na sociedade de consumo para outros países, intensificando as
pressões sobre os recursos naturais e o meio ambiente, ameaçando a vida na
Terra. Diante disso, surge a necessidade de adotar o consumo consciente, que
envolve o uso responsável de recursos naturais e produtos, incluindo a escolha
de produtos ecologicamente corretos, a utilização completa dos produtos, a
reciclagem de materiais, a redução de desperdícios e a compra apenas do
necessário, visando garantir o atendimento das necessidades das gerações
futuras de forma sustentável.

● Publicidade e mudança no estilo de vida

As grandes corporações transnacionais são frequentemente os principais


anunciantes nos meios de comunicação, o que leva a mudanças nos estilos de
vida das sociedades ao redor do mundo. Isso resulta em uma homogeneização
do consumo e da cultura, onde produtos e marcas se tornam padronizados e
massificados. Nos supermercados em todo o mundo, é comum encontrar
produtos amplamente divulgados por empresas locais e corporações
transnacionais, que praticamente ditam um "cardápio mundial". Como resultado,
produtos, marcas e modelos se tornam quase idênticos em diferentes países,
devido à padronização realizada pelas corporações transnacionais.
● Padronização de produtos

A padronização de produtos traz vantagens para as empresas fabricantes ao


permitir a implementação da economia de escala em suas linhas de produção,
resultando na produção em larga escala para redução de custos. Isso as torna
competitivas no mercado, afastando concorrentes e garantindo lucros. A
existência da economia de escala requer um grande mercado consumidor,
representado pela população mundial com poder de compra. Essa é a razão por
trás da expansão das transnacionais e da padronização dos produtos, facilitada
pelas campanhas publicitárias que uniformizam os padrões de consumo e pelos
avanços nos meios de transporte e comunicação.

● Valores culturais nacionais

Se, por um lado, com a globalização e a atuação das corporações


transnacionais existe a tendência à homogeneização cultural e à padronização
do consumo, por outro há resistência a ela por parte de culturas nacionais.
Resistência no sentido de preservar suas crenças, seus costumes ou hábitos,
suas tradições, enfim, suas identidades nacionais, regionais e locais. Exemplos
não faltam no Brasil: o arroz com feijão, o vatapá, o acarajé, a tapioca, o modo
de se vestir do habitante da Campanha Gaúcha, a moda de viola, o samba, o
chorinho, além de outros.

Conteúdo: Globalização e meio ambiente

Habilidades: EF09GE14

Globalização e meio ambiente

Os debates internacionais

Há pelo menos dois séculos, estudiosos alertam sobre os danos provocados à


natureza por causa da ação humana.

No entanto, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os problemas ambientais


tornaram-se mais visíveis em razão do crescimento da população global, da difusão de
padrões de consumo exacerbados e das rápidas industrialização e urbanização das
sociedades. Com esse processo em curso, intensificou-se a pressão sobre os recursos
naturais, ou seja, houve aumento do uso desses recursos, o que levou os debates
ambientais ao âmbito mundial.

Principais problemas ambientais do século XXI

Entre os principais problemas ambientais do século XXI, destacam-se a degradação do


solo, as queimadas, a escassez de recursos hídricos, a ameaça à biodiversidade, o
aumento do efeito estufa, entre outros.
● A degradação dos solos: pode ocorrer por meio da erosão, da acidificação ou
da acumulação de metais pesados e compactação do solo.
● As queimadas: provocadas de forma acidental ou voluntária, as queimadas são
motivo de grande preocupação para governos, estudiosos e ambientalistas. Elas
destroem as camadas superficiais do solo e aceleram seu processo de desgaste
e esgotamento. Além disso, essa prática compromete o habitat de inúmeras
espécies animais e vegetais e pode contribuir para o efeito estufa.

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