ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO LUCA BEVILACQUA CHAIM
A política econômica do governo Vargas (1951-1954) e o processo de
industrialização no Brasil
Em um momento político de amplo debate a respeito dos caminhos a serem
seguidos pela economia nacional em direção ao desenvolvimento e com grande participação dos setores da sociedade, a atuação do governo de Vargas (1951- 1954) representa um período de grandes transformações. Do ambiente social emanava a necessidade de planejamento para que o país fosse conduzido ao desenvolvimento tão almejado. O debate teórico desse período no Brasil deu-se em torno do papel desempenhado pelo Estado na economia. Aqueles que defendiam a corrente neoliberal, na figura de Gudin iam ao encontro da tendência mundial daqueles anos de defender a eficiência alocativa do mercado. A condução da política econômica nesse período esteve diretamente relacionada às restrições externas e as tentativas de estabilização interna. Influenciados pelo debate econômico do período, os formuladores de política econômica condicionaram o instrumental econômico em prol da diversificação da base produtiva. A tentativa de Vargas de estabilizar os desequilíbrios internos para posteriormente dar continuidade aos projetos industrializantes não obteve o sucesso planejado – pelas dificuldades de obter financiamento externo e pelas constantes crises de balanço de pagamento e uma derradeira crise cambial. A condução da política econômica realizada por Vargas encontrou ao seu final forte oposição política. Ainda que alguns Ministros da Fazenda tenham se empenhado em manter uma busca pelo equilíbrio interno e sinalizar ao capital estrangeiro o retorno da estabilidade, a defesa de maior inserção da população no sistema econômico provocou o acirramento entre a oposição e o governo, tornando-o inviável ao seu término. O período de 1951 a 1960 foi marcado por inúmeras transformações econômicas no país. Assim como foi um período de fortalecimento do ideal desenvolvimentista e das principais teorias do pensamento econômico brasileiro. As bases do pensamento desenvolvimentista foram lançadas e o Estado assumiu papel central no planejamento econômico e a condução do processo de industrialização. Com a influência do pensamento desenvolvimentista, os formuladores de política econômica utilizaram o instrumental econômico disponível a fim de propiciar maior estímulo à industrialização. Dessa forma, a restrição as importações e o incentivo a melhorias na infraestrutura e superação de gargalos estavam sob a busca pelo desenvolvimento nacional. O instrumental econômico fui crucial à condução desses
mecanismos que incentivaram a maior complexidade da estrutura produtiva nacional e
foram consolidadoras do desenvolvimento industrial nacional. Deixando de lado o papel exclusivo de fornecedor de insumos agrícolas, o país reitera a importância do setor agrícola para o novo quadro urbano nacional e fornece, assim, condições para o crescimento industrial e dá suporte às demais transformações econômicas à época. Esse período manteve constantes níveis de crescimento ao longo de toda a década revelando a efetividade da condução da política econômica na consagração da proposta de desenvolvimento abarcada pelo Estado seus representantes. A composição setorial do PIB, como revela a literatura, transforma-se ao longo da década com maior peso sendo alcançado pelo setor industrial em detrimento do setor agrícola, com maior participação da indústria de transformação. O sucesso do Plano de Metas foi obtido, por exemplo, ao ampliar a capacidade de oferta de energia e solucionar gargalos da mobilidade nacional. Fica, assim, evidente a elevação do dinamismo da capacidade produtiva e maior integração entre os setores da economia, nesse momento de elevada interdependência entre produção e infraestrutura. Observa-se, então, que a teoria desenvolvimentista foi a principal influência sobre o processo de industrialização nos períodos analisados. Não somente havia uma conscientização por parte da sociedade, classes industriais e burguesia de maneira geral, como a postura dos formuladores de política econômica estava voltada para dar continuidade ao processo de industrialização como meio de direcionar o país ao desenvolvimento
O "Milagre" Brasileiro: Crescimento Acelerado, Integração Internacional e Concentração de Renda (1967-1973) - Luiz Carlos Delorme Prado e Fábio Sá Earp