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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE ESTUDOS DO TRÓPICO ÚMIDO


FACULDADES DE GEOGRAFIA
CURSO DE GEOGRAFIA

ALUNO (A): Luis Felipe Sousa da Silva


DISCIPLINA: Geografia do Brasil
DOCENTE: Victor da Silva Oliveira

TEXTO CRÍTICO
CARNEIRO, Ricardo. Desenvolvimento em crise: A economia brasileira no último
quarto do século XX. Editora UNESP, IE ⁃ Unicamp. São Paulo: 2002.
TEIXEIRA, Rodrigo Alves e PINTO, Eduardo Costa. A economia política dos
governos FHC, Lula e Dilma: Dominância financeira, bloco no poder e
desenvolvimento econômico. v. 21, Número Especial. Campinas: 2012.
OREIRO, José Luís e DE PAULA, Luiz Fernando. A economia brasileira no governo
Temer e Bolsonaro: uma avaliação preliminar. Posto online no dia 01 de Outubro de
2019. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/336147850.

A abertura comercial, a desnacionalização da economia e a dinâmica do


crescimento são elementos-chave que moldaram os rumos econômicos do Brasil nas
últimas décadas. Assim como foi abordado nos textos “A economia brasileira no último
quarto do século XX” e “A economia política dos governos FHC, Lula e Dilma:
Dominância financeira, bloco no poder e desenvolvimento econômico” ao longo dos
governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, bem como nos mandatos de
Michel Temer e Jair Bolsonaro, as políticas econômicas adotadas e os resultados
alcançados demonstraram diferentes abordagens e impactos sobre o país. Neste
texto crítico e comparativo, será analisado como esses aspectos influenciaram as
trajetórias econômicas do Brasil sob essas distintas lideranças, destacando
continuidades, mudanças e os possíveis reflexos dessas escolhas na sociedade
brasileira.
Durante os governos de Lula e Dilma, a economia brasileira experimentou uma
fase de crescimento e fortalecimento da classe média. Através de políticas de inclusão
social e investimentos em programas sociais, como o Bolsa Família, houve uma
melhoria nas condições de vida de milhões de brasileiros. No entanto, a abertura
comercial e a desnacionalização também ganharam espaço nesse período, o que
gerou um debate sobre os impactos na indústria nacional e na dependência de
importações.
Nos mandatos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, houve uma mudança de
abordagem econômica, com ênfase em reformas estruturais e medidas de
austeridade fiscal. O governo Temer buscou equilibrar as contas públicas e abrir
espaço para investimentos privados, enquanto o governo Bolsonaro focou em uma
agenda liberalizante, reduzindo regulamentações e promovendo a reforma da
previdência. Contudo, essa abordagem também gerou debates acalorados, pois
alguns acreditavam que tais medidas poderiam aprofundar desigualdades e afetar
serviços públicos essenciais.
Ao comparar esses diferentes períodos, é possível observar que as
abordagens econômicas variaram em termos de prioridades e impactos. Os governos
de Lula e Dilma buscaram um crescimento mais inclusivo, mas com desafios
relacionados à sustentabilidade fiscal. Já os governos de Temer e Bolsonaro
centraram-se na atração de investimentos, mas enfrentaram críticas quanto aos
possíveis retrocessos sociais e enfraquecimento da indústria nacional. Ambas
temáticas desempenharam papéis complexos nas trajetórias econômicas dos
governos analisados, em que passaram a ser debatidos temas cruciais e
problemáticos.
A nível de curiosidade, nos últimos governos do Brasil, houve flutuações
significativas no Produto Interno Bruto (PIB), que refletiram as diversas conjunturas
econômicas e políticas enfrentadas pelo país. Analisando criticamente essa evolução,
é importante considerar tanto os fatores internos quanto os externos que contribuíram
para essas mudanças. Durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010)
e de Dilma Rousseff (2011-2016), o Brasil experimentou um período de crescimento
econômico notável, alimentado pelo aumento dos preços das commodities,
especialmente o petróleo e os produtos agrícolas. Isso impulsionou a exportação e
impulsionou setores como agricultura e mineração. Entretanto, essa dependência
excessiva de commodities tornou a economia vulnerável às oscilações do mercado
global. Os governos de Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019-2022)
enfrentaram desafios diferentes. Temer buscou implementar reformas estruturais para
conter o déficit fiscal, mas enfrentou resistência política e dificuldades na aprovação
dessas medidas. Bolsonaro assumiu o poder em um contexto de expectativas mistas,
com a promessa de reformas econômicas e uma abordagem mais liberal. No entanto,
sua administração também se deparou com crises internas, como a pandemia de
COVID-19, que impactou negativamente o crescimento econômico global
O artigo de Oreiro e De Paula tem como objetivo analisar as razões por trás da
estagnação da economia brasileira após a recessão de 2014/2016 e avaliar a eficácia
das políticas econômicas implementadas pelos governos de Michel Temer e Jair
Bolsonaro para combater essa estagnação. A hipótese central é que a abordagem
econômica ortodoxa-liberal adotada é inadequada e incapaz de impulsionar um novo
ciclo de crescimento, levando a uma economia estagnada com baixo crescimento
contínuo. O texto argumenta que a economia brasileira está estagnada devido a uma
combinação de fatores estruturais, como desindustrialização e problemas no mercado
de trabalho, e fatores conjunturais, incluindo a política econômica excessivamente
restritiva (“overkill”) e o efeito de “balance sheet recession”. Além disso, aponta para
fatores endógenos (influenciados pelas ações do governo, como medidas de
austeridade) e exógenos (como a queda nos preços das commodities em 2019, a
guerra comercial entre EUA e China, a recessão na Argentina, etc.) que também
contribuíram para a estagnação.
Ao longo do artigo, são discutidas as mudanças na condução da política
econômica desde a implementação da “Nova Matriz Macroeconômica” em 2012 até a
mudança para uma abordagem econômica ortodoxa em 2015, passando pelos
governos de Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro. O texto destaca a
continuidade na política econômica entre os governos Temer e Bolsonaro, com ambos
enfatizando políticas ortodoxas e a redução do papel do Estado na economia. Num
contexto geral, a obra de Oreiro e De Paula discute as causas da estagnação
econômica no Brasil, critica a abordagem econômica ortodoxa-liberal adotada pelos
governos recentes e explora os possíveis impactos dessas políticas na economia, no
mercado de trabalho e na distribuição de renda e além disso critica a eficácia das
reformas liberais já adotadas ou propostas, afirmando que elas não conseguirão criar
um padrão sustentável de crescimento econômico e podem ter efeitos negativos no
mercado de trabalho e na distribuição de renda.
Fazendo uma relação com os conteúdos abordados em sala de aula, fatores
em comum são demonstrados no decorrer das obras apresentadas, como os efeitos
da pandemia nos planos governamentais, inclusive é importante ressaltar alguns
pontos que marcaram esse período, a começar pela série de desafios sociopolíticos
em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. Alguns problemas específicos incluem:
Gestão da Saúde Pública: Os governos enfrentaram dificuldades em lidar com o
aumento repentino da demanda por serviços de saúde, como a falta de leitos
hospitalares, equipamentos de proteção individual e ventiladores. A necessidade de
coordenação entre órgãos de saúde e governos locais também foi um desafio;
Comunicação Efetiva: A disseminação de informações precisas sobre a pandemia e
as medidas de segurança foi uma tarefa delicada. A falta de comunicação clara e
coordenada levou à desinformação e à confusão pública; Impacto Econômico e Social:
As restrições de lockdown e as medidas de distanciamento social causaram impactos
econômicos significativos, incluindo o fechamento de empresas e a perda de
empregos. Os governos tiveram que lidar com o desafio de mitigar esses impactos
por meio de estímulos financeiros e assistência social; Desigualdades Sociais: A
pandemia agravou as desigualdades sociais, afetando de maneira desproporcional os
grupos mais vulneráveis, como os trabalhadores informais, as populações de baixa
renda e os sem-teto.
Outra temática importante a ser apresentada é o setor de bens duráveis e o
setor de bens de capital, segundo o texto de Ricardo Carneiro. Durante a década de
90, os dois setores enfrentaram uma série de desafios e transformações que refletiram
a complexa conjuntura econômica e política do período. Essas duas áreas da
economia estiveram intimamente ligadas às políticas de abertura comercial e às
tentativas de modernização industrial adotadas na época. No entanto, essa
abordagem nem sempre resultou em resultados positivos para o país.
O setor de bens duráveis, que abrange produtos como eletrodomésticos,
eletrônicos e automóveis, foi afetado tanto positiva quanto negativamente pela
abertura comercial. A entrada de produtos importados trouxe uma maior variedade de
opções para os consumidores, mas também expôs as fragilidades da indústria
nacional. Muitas empresas nacionais enfrentaram dificuldades para competir com
produtos estrangeiros devido a fatores como a falta de investimento em tecnologia e
inovação. Isso levou a uma reestruturação no setor, com algumas empresas buscando
parcerias internacionais e outras enfrentando dificuldades financeiras e fechando suas
portas. No caso do setor de bens de capital, que engloba máquinas e equipamentos
utilizados na produção industrial, as mudanças também foram significativas. A
abertura comercial e a busca por maior eficiência levaram muitas indústrias a optar
por importar máquinas e equipamentos estrangeiros, muitas vezes devido a preços
mais competitivos. Isso impactou negativamente a indústria nacional de bens de
capital, que não conseguiu competir com a qualidade e o preço dos produtos
importados.
Em suma, o conteúdo desse texto nos proporcionou uma visão abrangente e
complexa do Brasil, pois através da relação estabelecida entre as obras vemos um
país de dimensões continentais, riquezas naturais e fatores sociopolíticos de extrema
relevância. A Geografia do Brasil é uma disciplina que nos convida a refletir sobre
nosso papel como cidadãos e agentes de transformação. Através do entendimento
das interações entre o homem e o ambiente, estamos mais bem equipados para tomar
decisões informadas e participar ativamente na construção de um país mais
equitativo, sustentável, bem governado e resiliente. Portanto, aprofundar nosso
conhecimento geográfico é essencial para compreender o Brasil em toda a sua
complexidade e contribuir para seu desenvolvimento positivo.

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