Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA

CURSO DE DIREITO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA

ISADORA LAGE CARVALHO

RESENHA CRÍTICA DIREITO ADMINISTRATIVO II: O estado de necessidade


administrativa e o controle de legalidade na Administração Pública: desafios
operacionais em um país de dimensões continentais.

São Luís
2021
OLIVEIRA, Gustavo Justino de; WANIS, Rodrigo Otávio Mazieiro. “ESTADO
PANDEMIA” E DESENVOLVIMENTISMO: REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DO
ESTADO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM TEMPOS DE COVID-19 NO
BRASIL. Disponível em<https://www.who.int/director-
general/speeches/detail/who-director-general-s-statement-on-ihr-emergency-
committee-on-novel-coronavirus-(2019-ncov)>. Acesso em 05 de ago. de 2021.

De acordo com a OMS a pandemia pode ser classificada como uma


Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Esse cenário teve
repercussões significativas em todas as esferas do Brasil. Desse modo, por meio
do Decreto Legislativo nº 06, de 20 de março de 2020, o Congresso Nacional
reconheceu a Pandemia de COVID-19 como “estado de calamidade pública”.
Por este viés, devido aos efeitos da crise não só sanitária, mas
também socioeconômica provocada pelo vírus, existindo repercussões
significativas no campo econômico implicando na redução da produção de bens
e de prestação de serviços; redução de renda; redução do consumo;
desemprego. Nesse sentido, é importante dizer que a parcela mais pobre da
população foi visivelmente mais afetada.
Nessa perspectiva, o autor ressalta que espera-se que o Poder
Público adote medidas plurais para atenuar os efeitos da pandemia, sobretudo,
na população mais necessitada, em prol de continuar a efetivar os direitos e
garantias fundamentais individuais. Assim como outros juristas, Oliveira e Wanis
afirmam ainda que é preciso da atuação conjunta da esfera pública, privada e da
própria sociedade civil para reverter esse triste cenário.
Os autores fizeram uma comparação do ano de 2020 com 1968,
demonstrando a dúvida: seria 2020 uma reprodução de maio de 1968?. O ano
de 1968 foi marcado por manifestações estudantis na cidade de Paris, em virtude
da ordem política, econômica e social que vigorava à época.Com isso, Oliveira
e Wanis fazem analogia a esse contexto visando representar o embate
geracional, que carregava em si as reivindicações da população por liberdade,
segurança e melhores condições de vida.
No país temos uma difícil conjuntura política, demonstrada,
principalmente, pelo Chefe do Poder Executivo, que pouco demonstra esforço
para conter os avanços da pandemia. Outrossim, é importante mencionar ainda
a coexistência de manifestações políticas contraditórias no cenário brasileiro:
algumas clamam pela vida, por melhorias na saúde e na própria política, por
outro lado, há também manifestações contra a vacinação, a favor de votos
impressos nas eleições e de atos que contrariam o próprio Estado Democrático
de Direito.
Entretanto, o contexto de retrocesso de manifestações de apoio ao
presidente Jair Messias Bolsonaro, bem como do triste assassinato de George
Floyd por policiais em Minneapolis, também escracharam o fato de que parte
significativa da população não só das respectivas localidades dos fatos
mencionados, mas também de diversos outros países, não compactuam com
esse tipo de ação.
Desse modo, os autores afirmam que os modelos de administração
pública, seja tradicional ou novo, falharam na implementação de políticas e
prestação de serviços públicos, colocando então um grande dilema em voga: a
dicotomia entre a administração e o gerenciamento. Nesse sentido, é inegável
que a pandemia, causada pelo vírus Covid-19, vem ocasionando impactos
negativos em todas os setores de atividade socioeconômica, em uma espécie
de “espiral descendente de subdesenvolvimento”, inclusive na própria atuação
da Administração Pública, que enfrenta uma verdadeira crise de gerenciamento.
Portanto, entende-se que para um problema complexo, com tantas
vertentes e efeitos tão severos em nossa sociedade, é preciso de uma atuação
conjunta de diversos setores estatais, privados e da própria sociedade para que
então se possa superar as barreiras implementadas por esse triste cenário e
seus desdobramentos econômicos, sociais e políticos.
Desse modo, os autores falam que o cenário emergencial parece ter
pedido uma mudança do curso de orientação liberal e não intervencionista do
Estado. Nesse sentido, pode-se perceber que cenários emergenciais ou de
grandes crises propiciam também o desenvolvimento de uma conjuntura política
perigosa, que põe em dúvida, para muitos cidadãos, a existência do próprio
Estado Democrático de Direito e de seus ideais , conquistados de modo lento
com muitas lutas e movimentos sociais.

Você também pode gostar