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Luiz Thompson Fernandes Carneiro

Uberização na Covid-19
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar as fragilidades trabalhistas que assolam
o cotidiano dos prestadores de serviço por aplicativo, e que se agravaram com a chegada
da pandemia do novo coronavírus. Demonstrando por meio de análise de dados
governamentais, pesquisas empíricas, textos jornalísticos e trabalhos acadêmicos; como
a conjuntura pandêmica afetou ainda mais estes trabalhadores e as formas com que seus
direitos são cada vez mais vilipendiados. Tal processo, assim, trouxe visibilidade aos
prestadores de serviço de aplicativos e as novas formas de organização que o capitalismo
atual adquire.

Palavras-chave: Prestadores de serviço por aplicativos, novas formas de organização,


fragilidades trabalhistas, pandemia do novo coronavírus.

Uberization at Covid-19
ABSTRACT

This work aims to analyze the fragility that ravages the everyday life of service app
workers. A fragility exacerbated by the COVID-19 pandemic. By governamental data
analysis, empirical research, journalistic and academic articles, it’ll be shown how the
pandemic has heavily affected these workers and how their rights continue to dwindle.
This process then, brought visibility to their plight and to the new ways of organization
our current capitalist system requires.

Keywords: Service app workers, new ways of organization, the fragility that ravages the
everyday life of service app workers, the COVID-19 pandemic.
Objetivo da pesquisa:
O dramaturgo Irlandês Bernard Shaw refletia que a vida é muito curta para pensar sobre
assuntos irrelevantes para a sociedade. Sendo assim, é de extrema importância refletir
sobre as consequências do SARS-Cov 2 (também conhecido como Coronavírus, ou
Covid-19) nas relações trabalhistas de prestação de serviço por intermédio de aplicativos
digitais no Brasil do início do século XXI. No atual contexto, encontra-se um crescimento
exponencial da curva de desemprego formal, já que muitas empresas tiveram que parar
ou reduzir suas atividades econômicas com o atual cenário pandêmico, sendo ocasionado
por uma grande necessidade de um isolamento social, onde em tese reduz a propagação
do vírus, mas que, apesar disso, vem matando milhares de pessoas em todo o globo. Com
isso, abrindo espaço para que o mercado informal acople os novos desempregados para a
prestação de serviços momentâneos (também conhecidos como “bicos”) que em muitos
casos vão de encontro a empresas que usam o capitalismo de plataforma (Nick Srnicek,
2017) para gerar renda. Apesar disso, tais empresas não asseguram os direitos trabalhistas
de seus fornecedores de mão de obra, mesmo o trabalhador tendo todos os pré-requisitos
necessários para recebê-las. Por isso, é imprescindível o aprofundamento sobre o tema
relatado. “Parte desse contingente “informal” trabalha para essas plataformas digitais.
Não trabalha para viver, vive para trabalhar num mundo cada vez mais caótico, precário
e instável. Se apresentando como o distópico capitalismo de plataforma.” Srnicek, Nick
(2017). Com isso, este trabalho busca realizar uma análise reflexiva da atual conjuntura
utilizada.

Os dados foram coletados por meio de pesquisas bibliográficas, textos jornalísticos, dados
governamentais, de instituições nacionais e internacionais, trabalhos acadêmicos,
trabalhos de campo e uma série de pensadores e escritores sobre o tema, como o já citado,
Nick Srnicek. A partir dos quais serão buscados como forma de entender o atual cenário
brasileiro de desregulamentação trabalhista.

Covid-19

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o novo Coronavírus causa uma


infecção nos alvéolos pulmonares, impossibilitando a vítima de absorver oxigênio,
ocasionando uma insuficiência respiratória que pode potencialmente causar uma série de
consequências ao corpo humano, de uma leve falta de ar, ao infarto em um curto período
de dias. As organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU)
alegam que o agravador de sua propagação é que os povos não costumam ter hábitos de
proteção sugeridos pela OMS, como, forte higienização com o uso de álcool em gel, evitar
tocar nos alimentos com as mãos não lavadas, manter um distanciamento entre pessoas
em torno de 2 metros, evitar o toque entre as pessoas, o uso de máscara para não propagar
a doença e ter uma vida saudável de acordo os valores de saúde. Relatando que assim o
vírus teve uma maior facilidade em sua transmissão.

Crise sanitária, política e econômica:

A propagação de determinada virose que se tornou uma pandemia, demorou cerca de 5


meses para chegar ao Brasil, desde os seus primeiros casos epidemiológicos, afetando em
sua primeira onda o continente asiático, posteriormente o continente europeu para após
atingir a América. Com isso, o Brasil teve uma margem de tempo maior para se preparar
até sua chegada no país. Porém, com as divergências políticas existentes no país, onde o
presidente da república tratava-a como uma ‘gripezinha” enquanto outros como um
“exterminador”, foi necessário a entrada do Supremo Tribunal Federal (STF), dando os
poderes para os governos estaduais e municipais para a gestão dessa crise sanitária. Esses
que por sua vez, na maioria dos casos resolveram deixar somente os serviços essenciais
abertos para a comercialização de produtos de subsistência, onde posteriormente foi
ratificado e ampliado o que era serviços essenciais pelo presidente da república1. Apesar
da resolução do fato supracitado, requereu um certo tempo que não podia ser perdido,
concluindo assim, que tal demora fez com que o vírus invadisse e proliferasse pelas
maiores metrópoles nacionais.

Apesar da demora, as políticas de isolamento social vieram e de certa forma reduziu o


avanço acelerado da propagação do Covid-19 no país. Tal fato foi realizado com a
intenção de todo o sistema de saúde conseguir suportar a demanda por pacientes
precisando de leitos, suprimentos e respiradores, (achatando a curva de contágio). Apesar
deste fato, ocorre o número crescente de mortos diariamente, agravando cada dia mais o
sistema de saúde pública e privada, não conseguindo dar conta da demanda. Em paralelo,
enquanto a onda do SARS-COV-2 está cada vez maior e permanente, ocorre a chegada
de outra crise, a econômica. Essa por consequência do fechamento dos mercados
nacionais e internacionais causada pelas políticas tomadas contra a pandemia por todo o
globo. Crescendo diariamente o número de desempregados, suspensão dos contratos de

1
Segundo a Medida provisória Nº 926/20 e em decretos para alterar e regulamentar a Lei nº 13.979/20.
trabalho, precarização do trabalho e a adaptação em novos sistemas de trabalhos. Com
isso, afetando todas as relações trabalhistas brasileira.

Desemprego:

Anteriormente ao atual cenário pandêmico existente no Brasil, o desemprego (perda de


benefícios e da carteira profissional assinada pela sua ocupação) esse que já vinha em
viés de alta, conforme estudos passados pela Pesquisa Nacional de Amostras por
Domicílios (Pnad), comprovando que em 2015 havia 8,6 milhões de pessoas
desempregadas formalmente, enquanto em 2020 abriu o ano com 12,85 milhões no
mesmo cenário2. Determinado fato de alta ganha mais força com a chegada do Covid-19
que fez o Estado criar medidas econômicas de incentivo realizadas para “salvar empregos

2
Ver: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/27534-pnad-continua-taxa-de-desocupacao-e-de-12-2-e-taxa-de-subutilizacao-e-de-24-
4-no-trimestre-encerrado-em-marco-de-
2020#:~:text=Pr%C3%B3ximas%20divulga%C3%A7%C3%B5es-
,PNAD%20Cont%C3%ADnua%3A%20taxa%20de%20desocupa%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%2
0de%2012%2C2%25,encerrado%20em%20mar%C3%A7o%20de%202020
(Acessado em: 15/09/2020)
e economias”, porém, sem sucesso, conforme demonstra os órgãos de fiscalização dos
respectivos números. Segundo a pesquisa realizada em maio de 2020 pelo Pnad
juntamente com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ocorreu o
aumento do desemprego relacionado ao fechamento dos mercados por consequência do
Covid-19 e isso agravando mais ainda tal problemática nacional, começando o primeiro
trimestre do ano de 2020 com 12.850 milhões de pessoas desempregadas, aumentando o
número de pessoas desocupadas ao comparar com o ano anterior que era de 11.632
milhões. Assim, ocorrendo uma alta de cerca de 10,5% de pessoas que perderam seus
empregos considerados formais e trazendo como consequências a queda do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro, onde o Estado prevê que será de -4,7%3.

Os estados que obtiveram as maiores altas foram na região nordeste do país, esses foram:
Maranhão, com um aumento de 3,9%, Alagoas, com 2,9% e em terceiro lugar Rio Grande
do Norte, aumentando em 2,7%. Contudo, os maiores índices de desemprego no país são
localizados também na região nordeste, mas também em alguns estados do norte,
seguindo em primeiro lugar Bahia (18,7%), Amapá (17,2%), Alagoas e Roraima (16,5%).

Entrando aprofundando sobre o tema do desemprego, o IBGE também disponibilizou os


dados dos públicos mais afetados pelo desemprego acarretado pelo vírus da Covid-19.
Nele estão nítidas as formas com que ainda ocorre disparidades entre raças e gêneros,
pois informam que entre as pessoas declaradas pretas e pardas, a alta foi de 15,2%. Já
entre as pessoas que se consideram brancas foi de 9,8%. Entre homens e mulheres, houve
também uma variação de 10,4% e 14,5%, respectivamente.

Entre os jovens também houve um aumento no número de desempregados, onde sua


maioria foi nos empregos temporários, onde 2019 era de 23,8% para 27,1% no primeiro
trimestre de 2020. Aumentando também a desocupação formal nesta idade.

Pela primeira vez na história a pesquisa do Pnad foi realizada por telefone, com motivo
de proteger os pesquisadores e os trabalhadores que foram pesquisados. Houve também
uma certa dificuldade, pois, determinada pesquisa não foi desenhada para ser realizada
da forma que está sendo. Com isso, ocorreu apenas 61,6% de respostas diante a pesquisa,
onde em dezembro de 2019 foi de 88%.

3
Ver: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/09/15/governo-mantem-previsao-de--47-para-o-
pib-mercado-ve-queda-de-
511.htm#:~:text=O%20Minist%C3%A9rio%20da%20Economia%20manteve,3%2C2%25%20em%2020
21. (Acessado em: 15/09/2020)
Emprego sem proteção mata:

Apesar do grande desenvolvimento econômico realizado pelo E.U.A em um período tão


complexo da sociedade, pode-se perceber que nesse cenário a economia e a saúde andam
de forma inversamente proporcional. Onde os países que se consideram liberais, que não
asseguram integralmente a proteção de seus trabalhadores e mantiveram seus mercados
abertos, também foram os locais onde relataram os maiores índices de infectados pela
doença. Pode-se comprovar tais fatos pelo contraste realizado entre o país que lidera o
ranking de falecidos por SARS-COV-2 e o país que o povo foi menos afetado pelo
mesmo. Em primeiro lugar está o E.U.A, onde evitou ao máximo fechar suas economias,
onde no dia 28 de maio de 2020 encontrou-se com 1 milhão de infectados e 56 mil mortos
pela doença. Em contrapartida, Taiwan, fechou por completo seus mercados, passou
basicamente ilesa pelo vírus. Notificando seu primeiro caso para a ONU no dia 31 de
dezembro de 2019, 3 meses antes dos primeiros casos relatados nos países da América.
Sua população de cerca de 850.000 habitantes, somente 874 pessoas foram notificadas
com a doença e 7 mortes4. Tais dados permitem, em uma avaliação preliminar, traçar uma
linha argumentativa que reforce a proteção do trabalhador para evitar a disseminação do
vírus. Haja vista que, se o mercado de trabalho estiver aberto e não protegerem seus
empregados, as taxas de infectados pela devida doença aumentará, principalmente entre
pessoas que já prestam serviços e se encontram expostas ao maior contato com outras
pessoas.

Adaptação e precarização dos direitos trabalhistas:

A visão tradicional dos setores de trabalho no Brasil é dividida em primários, secundários


e terciário, respectivamente definidos como extração de matérias primas, áreas industriais
e prestação de serviços e bens materiais. Esses últimos, de acordo com o World Bank,
correspondem a cerca de 76% do PIB brasileiro, ocupando cerca de 70% da população
empregada formalmente no Brasil. Esses, onde no atual momento vem perdendo forças
trabalhistas desde o momento pré-covid-19, com as reformas realizadas em 2017 que
tiveram como objetivo combater o desemprego, reduzindo os encargos dos empresários
com os trabalhadores, abrindo para diálogo o que antes era direito do trabalhador,

4
Ver:https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk025fB5S20P2pzTKxBwHYVdxJ9yFAA:1592083564
539&q=infetados+covid+taiwan&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwitiMS63f_pAhWND7kGHYzhCFUQB
SgAegQICxAq&biw=1366&bih=625
(Acessado em: 15/09/2020)
transformando-os em uma situação onde fica opcional e negociável determinadas relações
trabalhistas que no passado eram obrigatórias. Por exemplo: Antes da reforma trabalhista
o tempo que o trabalhador fica à disposição da empresa é válido como jornada
de trabalho. Depois de tal reforma as atividades como descanso, estudo, alimentação,
higiene pessoal e troca de uniforme, deixam de ser considerados tempo de serviço efetivo,
com isso, transformando somente em tempo de trabalho quando o prestador do serviço é
produtivo, excluindo o período de conexão com o trabalho, preparação para o iniciar e
terminar.

Mesmo com a derrota trabalhista relatada acima, os seus direitos continuam a ser
diminuídos, isso se comprova com as novas reformas expostas no período da expansão
da covid-19 em território brasileiro. Nesse período, além de uma demissão dos
trabalhadores dos mercados formais em massa, houve também a suspensão nos contratos
de trabalho e uma intensificação do uso de aplicativos de plataforma.

A suspensão temporária dos contratos de trabalho, criado pela medida provisória


936/2020, veio também contrapondo-se aos direitos do trabalhador formal, permitindo a
redução salarial e de sua jornada de trabalho ou a suspensão completa do contrato de
trabalho durante o estado de calamidade pública ocasionado pelo SARS-COV-2. Com
isso, demonstra-se novamente que o Estado vem agindo de maneira oposta aos interesses
do trabalhador, desvinculando-o sem lhe conceder uma seguridade na sua prestação de
serviço.

Em paralelo ao aumento de desemprego e a suspensão dos contratos de trabalho, cresce


um ramo que a cada dia vem ganhando mais força no Brasil, o trabalho informal,
opostamente ao trabalho formal, é definido de modo simplificado como a realização de
uma atividade profissional sem vínculos registrados na carteira de trabalho ou
documentação equivalente, sendo geralmente desprovido de benefícios como
remuneração fixa e férias pagas. Nele, encontra-se um crescimento nunca antes visto em
território nacional, criando-se até grandes marcas de prestação de serviços através do uso
de plataformas como a Uber, Airbnb, Rappi, Ifood, entre outras, encontrando-se no ramo
da informalidade uma certa “formalidade”, usando como modelo de trabalho, o chamado
Asset Hacking, neste caso a empresa prestadora de serviço toma posse dos ativos dos seus
trabalhadores para formar um modelo de negócio de acordo com o ramo direcionado,
dando uma impressão que ele é um trabalhador autônomo, independente e empreendedor,
necessitando exclusivamente dos seus resultados já que ele obtém todo o meio de
produção. Esse fato ganha força por encontrarem-se em um novo sistema de prestação de
serviço, recentemente intitulado com a 4º Revolução Industrial. Esse conceito,
desenvolvido pelo Alemão, Klaus Schwab, diretor do Fórum econômico mundial,
informa que veio como uma resposta ao crescente número de pessoas desempregadas ao
redor do globo, sendo substituídas por máquinas, relatando também que “transformará
fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos” Schwab,
2019. Sendo assim, uma metamorfose de paradigmas que antes eram ideias concretas e
predominantes de forma de trabalho. Ele ressalta que a quarta revolução industrial usa
como sua base os laços da terceira revolução industrial, com o advento da tecnologia da
informação para automatizar os dados individuais e dos sistemas de trabalho, combinando
máquina com processos digitais e prestadores de serviços com os seus meios de produção
do trabalho, esse último, sendo a peça crucial para determinar a quarta revolução
industrial.

Uma melhor exemplificação do tema é quando se fala da empresa privada de transporte


de pessoas, Uber, atuante em áreas urbanas. Funciona por intermédio da tecnologia criada
na terceira revolução industrial, a informática. Por intermédio dela, cria-se um banco de
dados referente a 3 públicos, os operadores do sistema que fiscalizam como os meios
tecnológicos estão funcionando de acordo com seu padrão de normalidade, os motoristas
do aplicativo que devem ter seus próprios meios para trabalhar e ainda devem ser
aprovados nos padrões requeridos pela empresa para poder prestar o serviço e por fim, os
clientes, esses que serão os que receberam a prestação de determinado serviço,
transportados.

Sobre a temática acima, qual seria a problemática trabalhista? Além de não assegurar
todos os direitos trabalhistas prescritos em lei, como salário mínimo, piso salarial, férias
remuneradas, aposentadoria, auxílio doença e entre outros encontrados na constituição
federal de 1988. Ocorre que nesse sistema os motoristas de aplicativo não se encontram
em vínculo empregatícios formais e diretos com o receptor dos serviços, mantendo um
distanciamento entre ambas as partes, já que elas tratam a prestação do serviço
diretamente com os operadores do sistema, desvinculando a responsabilidade da
prestação do serviço.

Apesar dessa depreciação dos direitos do trabalho, por sua maioria, os trabalhadores
encontram-se ainda respeitando os requisitos da prestação de serviço, pessoalidade,
onerosidade, subordinação jurídica e habitualidade na prestação dos serviços. Porém, os
mecanismos usados são de uma forma mais flexibilizada, fortemente aproximada dos
requisitos da prestação de serviços formais, porém, os trabalhadores são intitulados como
empreendedores, desse modo, a empresa Uber, foge de suas responsabilidades
trabalhistas. Assim, os proletários encontram-se respeitando o procedimento imposto pela
empresa, recebendo ordens pré-estabelecidas em procedimentos anteriormente expostos
a si, ganhando em troca os valores em pecúnia por sua prestação de serviços, podendo ser
aumentado como uma bonificação por suas grandes e frequentes viagens nos horários que
a empresa deseja. Além desses fatores, vale ressaltar que os trabalhadores também são os
proprietários e responsáveis pelo próprio meio de produção, onde no caso é o veículo
automotor. Contudo, o aplicativo somente por fazer a intermediação entre o prestador de
serviço e o requerente da mão de obra tem um lucro líquido de 25% do valor da prestação
dos serviços. Fazendo assim, o trabalhador perder uma grande parte do seu valor de
trabalho.

Observando todos os direitos retirados dessa classe trabalhadora relatada acima, também
pode-se acrescentar que eles costumam não receber os devidos adicionais previstos em
lei, como horas extras, trabalho em horário noturno, periculosidade e insalubridade,
recebendo somente uma bonificação por corrida quando a demanda está maior que a
oferta, mesmo trabalhando nas devidas situações.

Para um melhor entendimento sobre o assunto, trago a descrição relatada de um motorista


de aplicativo, onde diz que trabalha a noite e muitas vezes em locais perigosos, não
recebendo os devidos adicionais, somente bonificações a depender do “humor” do
aplicativo.

“Eu faço meu horário, mas se eu trabalhar poucas horas por dia ganho quase nada,
também depende do dia, por que em dias de semana rende menos do que final de semana,
principalmente saída de balada, lá é certo pegar uma corrida, mas corro maior perigo, por
que as vezes caio em cada buraco, tenho que ficar ligado, senão eu rodo e perco carro e
até a vida”.

Vale ressaltar que o modus operandi de determinada empresa está consolidado em todo
país, os seus trabalhadores estão se movimentando, exigindo melhores condições de
trabalho, como ocorreu na manifestação do dia 1 de julho de 2020. Além disso, o poder
judiciário, vem relutando sobre o tema, como em São Paulo, obrigando a empresa Uber
a pagar 13º salário e férias aos seus motoristas. Porém, tal ação ocorre de proporção
mínima diante de sua força em todo o país.
Para ratificar o procedimento contratual existente, abaixo estará detalhado como funciona
a atual questão trabalhista prematuramente regulamentada. O sistema de prestação de
serviços supracitado é composto por 3 sujeitos e 2 contratos. Os sujeitos são o contratante,
empresa prestadora de serviços e prestador do serviço, havendo como contrato o
contratante e a empresa prestadora dos serviços e do outro lado do contrato a empresa
prestadora de serviços e empregados. Os empregados, por sua vez, em troca da prestação
de serviços recebem suas remunerações da empresa prestadora dos serviços por suas
contraprestações, alterando de acordo com oferta e demanda dos serviços. Enquanto, o
contratante costuma pagar em pecúnia sobre a prestação de serviço para a empresa. Com
isso, comprovando a desvinculação direta entre empregador e prestador do serviço. Tal
movimento é de semelhança ao que ocorre em outros aplicativos como o da área
alimentícia, o Ifood, e no ramo de aluguel de imóvel temporário, Airbnb. Esses
movimentos vêm expandindo-se por todo o globo, ainda mais em períodos em que a taxa
de desemprego formal aumenta, conforme vinha ocorrendo no Brasil antes mesmo do
advento do Covid-19. Segundo a pesquisador Ludmila Abílio:

A tendência tem sido transformar o trabalhador em nano empreendedor – dando o bônus,


mas também o ônus dos riscos, custos e problemas daquele trabalho. Porém, sem obter
todo o lucro. (...) Essa nova forma de subordinação automatizada pelos algoritmos atraiu
uma multidão, mas não começou com carros por aplicativo. É um processo que junta
décadas de mudanças no mundo do trabalho. Várias categorias estão envolvidas (Abílio,
2019 p.10).

O atual crescimento nesse novo mercado digitalizado, intitulado como o setor


quaternizado (Araújo, 1995; Borges, 1995; Malin, 1994) no período da expansão da
covid-19 pode ser demonstrado pelo número crescente de motoristas/entregadores
cadastrados como “parceiros no Brasil”, onde chega a 1 milhão de pessoas, atuantes
demonstrando que o mercado considerado informal vem se desenvolvendo e articulando-
se mais intensamente no Brasil durante o período do SARS-COV-2.
A permanência:

O cenário brasileiro construído pela Sars-cov-2, mais a alta do desemprego,


desregulamentação das leis trabalhistas, criação de novos métodos de trabalho, maior
desenvoltura dos meios tecnológicos e a necessidade de um maior distanciamento social,
gera uma maior consolidação das empresas, em que o contato interpessoal é mínimo.
Assim, as empresas de entrega “uberizadas” (prestadoras de serviço por aplicativos
digitais) vêm a cada dia consolidando-se mais, já que a única pessoa que o empregador
do serviço terá contato é o prestador do serviço, onde antes a própria teria contato com
mais de um indivíduo, como exemplo, outros clientes, mais de um atendente e o caixa da
loja. Com isso, reduzindo as chances de contágio do vírus.

Em contramão a determinada forma de contágio, tais empresas que se encontram em


espaço desigual com as regulamentadas, vem ganhando mais forças em torno das demais
no atual quadro exposto, pela baixa tributação paga ao Estado em relação às concorrentes
e a maior necessidade de prestação de serviço com o mínimo contato em um momento
tão sensível como o relatou Diego Barreto, CFO do Ifood e à pesquisadora Ludmila
Abílio:
O aumento de pedidos em 116% nesse período, na plataforma, consolida um modelo de
negócio que impacta positivamente a todo o ecossistema, incluindo restaurantes, que
conseguem crescer até 50% nos primeiros meses quando entram no aplicativo, com a
impulsão ao empreendedorismo e geração de emprego e renda (Abílio, 2019 p.12).

Porém, mesmo com essa máxima da demanda, ocorreu o movimento semelhante com a
oferta, aumentando o número de motoboys e bikeboys no Brasil. O diferencial entre
ambos os aumentos é que enquanto a demanda dobrava, gerando o dobro de rentabilidade
a empresa, a oferta, número de entregadores, aumentou mais que o dobro, de 80 mil
pessoas para 180 mil, reduzindo assim o valor de trabalho de cada entregador,
precarizando mais ainda determinado serviço, mesmo sendo considerados como serviços
essenciais. Com isso, fazendo os entregadores trabalharem mais tempo para ganhar o
mesmo. Conforme o bikeboys, Samuel Marques relata em sua entrevista ao Jornal Estado
de São Paulo.

Cadastrado em uma série de aplicativos de entrega quaterizado (Ifood, Uber Eats e Rappi)
volta para casa somente quando consegue 50 reais líquidos em entrega. Alega que “não
descansa”, carregando uma caixa térmica de 45 litros nas costas, pedala por toda a cidade
de São Paulo em média 12 horas por dia, todos os dias da semana para conseguir ganhar
cerca de R$ 1.000,00 reais por mês. Além desse estresse diário pelas longas jornadas de
trabalho, ainda persiste em sua mente que em seus momentos de descanso poderiam estar
trabalhando e ganhando mais dinheiro para seu sustento. Criando assim, uma consciência
que sua subsistência depende exclusivamente dele e culpabilizando-se de se encontrar
naquele cenário de precariedade, não conseguindo enxergar que alguém atrás de todo esse
sistema está obtendo uma rentabilidade exponencialmente maior que a do próprio
prestador do serviço sem carregar nada.

O relato acima, ressalta a realidade de uma grande parcela da sociedade brasileira que se
encontra em uma condição precarizada de sobrevivência. Onde o indivíduo pode chegar
em muitos casos a pegar empréstimos para financiar seu meio de produção para conseguir
futuramente recursos para sua sobrevivência. A carga imposta a esse ser em toda a sua
jornada, conforme comprovado em todo decorrer do texto, mostra que sua saúde é tão
precarizada quanto suas condições de trabalho, pelas suas longas jornadas, exposições a
doenças como a covid-19, a exposições climáticas e pouco tempo de descanso.
Concluindo que sua qualidade de vida está deteriorada.
Em junho de 2019, o perfil dos trabalhadores relatados acima foi realizado, pela
Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), coordenado pelo instituto
Multiplicidade e apoiado pelo Laboratório de Mobilidade Urbana da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois de entrevistar 270 entregadores em São Paulo
concluiu que 75% desses tem entre 18 e 27 anos, realizando 10 entregas, ganhando 5 reais
em cada. Em resposta aos expostos, a empresa Ifood em nota alega que seus dados vão
de movimento oposto, onde seus trabalhadores fazem entregas somente 8 dias no mês,
em cerca de 10 quilômetros diários. Assim, em tréplica, o Daniel Guth, diretor executivo
da Aliança Bike rebate: "O ciclista não trabalha só para uma companhia". Podendo 2 dias
trabalhar no Ifood, 2 dias no Rappi, 2 dias no Uber Eats e 1 dia no James.

A cidade de São Paulo é a 8ª cidade do mundo que utiliza mais aplicativos de transporte
individual de acordo com a pesquisa realizada pela Mobility Futures. Esse movimento
ganha força por que ela é a cidade com a maior montante populacional, segundo o IBGE
em 2014, representa 21,6% da população brasileira. 178 habitantes por quilômetro
quadrado, possuindo 44.035.304 habitantes5. Com isso, sua maioria procurando emprego,
sobrando oferta, barateando os serviços e seduzindo os consumidores a comprar pelos
baixos valores de custos, incluindo com a mão de obra. Assim aquecendo a economia
local e aumenta a reprodução de determinado sistema em série que aquece a economia
em detrimento do trabalhador.

Quem são os exposto pela covid-19:

Apesar de inúmeras organizações nacionais e internacionais alegarem que para a redução


do contágio é necessário o isolamento social, existe uma gama de personagens que mesmo
com as determinações de isolamento social citadas no início do texto, não deixaram de
trabalhar, por serem considerados pelo Estado como serviços essenciais. Esses
classificados conforme Decreto nº 10.282, de 20 de março de 2020.

Com isso, fica explícito quem pode trabalhar e ter chances maiores de ser contagiado pelo
vírus, criando-se assim uma mortalidade em massa de uma parcela de classe trabalhadora,

5
Ver:https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/25278-ibge-divulga-as-estimativas-da-populacao-dos-municipios-para-
2019#:~:text=O%20munic%C3%ADpio%20de%20S%C3%A3o%20Paulo%20continua%20sendo%20o
%20mais%20populoso,(2%2C9%20milh%C3%B5es).&text=Fonte%3A%20IBGE%2C%20Diretoria%20
de%20Pesquisas,Popula%C3%A7%C3%A3o%20e%20Indicadores%20Sociais%20%2D%20COPIS.
(Acessado em: 15/09/2020)
em maioria pertencente a setores de prestação de serviço, já que os mesmos obtém
grandes jornadas de trabalho, uma grande exposição ao público e em muitos casos tem a
necessidade de pegar um transporte público lotado para conseguir chegar em seu trabalho,
podendo ser considerado “morriveis”, por não haver nenhum movimento em
contrapartida ao detrimento de seu trabalho e um sistema público de saúde sucateado para
atendê-los caso ocorra algum incidente. “A prestação de serviços por meio de aplicativos
tira praticamente todos os direitos trabalhistas, como descanso semanal, 13º salário,
férias, adicionais noturnos ou extras, afastamento remunerado por saúde ou acidente,
alimentação, adicional de periculosidade” (Kristofer, 2019).

Uma das classes de prestação de serviço citada acima, é a transcorrida em todo o texto,
pertencentes ao capitalismo de plataforma, por intermédio de transporte de pessoas,
alimentos e outros produtos, essas que também se encontram em serviços, quaternizado,
onde não tem uma regulamentação trabalhista consolidada, sendo assim, sofrendo 2 vezes
mais sobre o devido impacto que o Coronavírus vem causando na sociedade. A primeira
por ficar exposto ao contágio de tal doença e a segunda é sobre seus direitos como
trabalhador não serem assegurados em lei, sendo assim, se um dia pegar a doença que
está matando milhões no país, não terá nenhum dos direitos trabalhistas referidos na
constituição federal de 1988, no artigo 7º, colocando-o em uma situação mais degradante
do que os demais prestadores de serviços formais.

Conclusão:

Segundo o Ministro da Economia Paulo Guedes (2020): “Não tem negócio de câmbio a
R$1,80. Vamos importar menos, fazer substituição de importações, turismo. [Era] todo
mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma
festa danada”.

Os avanços tecnológicos que vieram com a 4ª revolução industrial, são de um todo


positivo para a realidade dos consumidores, porém, a busca por um lucro cada vez maior
pelos empresários, juntamente com os pensamentos neoliberais de desregulamentação
trabalhista e uma deterioração dos respectivos direitos assegurados em constituição, são
as peças fundamentais para uma maior degradação do trabalhador, diante a momentos
passados. Considerado um retrocesso por muitos pensadores sobre as condições de
trabalho no Brasil, esse movimento presente, é consequência do fortalecimento do
capitalismo exacerbado no atual governo, onde sua maior bancada na câmara dos
deputados federais é de empresários e o ministro da economia, Paulo Guedes, autodeclara
liberal e a favor da classe empresarial, em detrimento do trabalhador. Assim, convergindo
com os ideais trabalhistas impostos nos governos anteriores, cria-se leis em prol
empresário em detrimentos dos trabalhadores. Com isso, não reconhecendo de forma
concisa e concreta os novos sistemas trabalhistas como o setor de prestação de serviços
por intermédio de aplicativos digitais, fugindo da “mão visível do Estado” e
desregulamentando-os, deixando, assim, tais trabalhadores à mercê dos desejos
empresariais.
Referências bibliográficas:

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(Acesso 28/01/2021)
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