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1 ) De acordo com BAER, Werner (2003), durante a década de 1970 o

processo de industrialização brasileiro passou por renovações necessárias.

O governo ditatorial, com Geisel a frente, estipulou em 1975 o Segundo


Plano Nacional de Desenvolvimento que tinha como objetivo superar as
dificuldades econômicas enfrentadas pelo Brasil na década de 1970 (muitas
delas dadas pela crise internacional do petróleo de 1973 que afetou a
economia brasileira dependente de uma política de preços praticada
internacionalmente). Uma das proposições desse programa era mudar a
estrutura econômica brasileira por meio da substituição das importações e
expansão da política de exportações, ou seja, o programa tinha como um de
seus objetivos renovar a estrutura industrial para que o Brasil passasse a ser a
força motriz produtora de seus próprios bens industriais tais como aço e outros
metais, fertilizantes e produtos petroquímicos. No entanto, a falta de tecnologia
aplicada à indústria nacional fez com que o desenvolvimento do setor
encontrasse um empecilho no que diz respeito à competitividade frente a
indústria internacional. Conforme BAER, Werner (2003) “os setores de
produtos de metal, maquinário, maquinário elétrico, produtos de papel e
produtos químicos foram os que experimentaram taxas de crescimento
excepcionalmente elevadas na década de 1970.”.
O governo federal, no entanto, não seria capaz de bancar os
investimentos necessários no setor de forma exclusiva. No final da década de
1960 um momento de alta nas reservas cambiais permitiu que o Brasil
ampliasse sua dívida externa para movimentar a própria economia. Contudo,
com a crise do petróleo em 1973 houve um aumento considerável do preço dos
juros de serviços cobrados pelos países detentores de capital o que passou a
se demonstrar desvantajoso para o Brasil que se viu refém da necessidade de
investimento externo para que houvesse um superávit econômico capaz de
sanar a própria dívida, mas sem possibilidade de controlar o aumento do valor
da mesma.
Com o aumento das taxas de juros no final da década de 1970, o
aumento da dívida se mostrava insustentável ao mesmo tempo que o modelo
político brasileiro passava por uma mudança transformadora. Ao assumir em
1979, o presidente militar Figueiredo tinha a intenção de construir um governo
de transição que permitisse ao mesmo entregar o país nas mãos de um civil.
Para aumentar a instabilidade desse período o mercado do petróleo se
deparou com outra crise neste mesmo ano e como consequência as taxas de
juros internacionais para dívidas não-liquidadas aumentou consideravelmente
em resposta às políticas protecionistas adotadas na economia estado-
unidense. Estes e outros fatores (tais como os fatores climáticos que
impactaram a produção agrícola entre 1978 e 1979 e obrigaram o Brasil a
importar produtos agrícolas básicos como arroz e feijão) levaram a uma
supervalorização da moeda e, devido à pressão internacional, obrigou o
governo a estabelecer uma política de desvalorização gradual do cruzeiro, o
que gerou uma inflação interna impactando de forma direta a economia
brasileira.
Durante o começo da década de 1980 no entanto, todas as tentativas do
governo de superar o crescimento da dívida externa foram falhas. A facilidade
ao acesso a empréstimos internacionais e o superávit agrícola do ano de 1980
faziam com a dívida aumentasse cada vez mais e se mostrasse um modelo de
difícil superação a exemplo do México que em 1982 decretou moratória. Além
do crescimento progressivo da inflação e da perda de capacidade de consumo
e da redução das exportações (também consequência do momento de
instabilidade político-econômica internacional exemplificado pelos momentos
finais da guerra fria) o Brasil também lidou com o encolhimento do PIB e dos
rendimentos reais, consequências essas que só começaram a ser superadas a
partir do Plano Real durante a década de 1990.

3) No que diz respeito às críticas relacionadas aos governos Lula e Dilma


até 2012, os autores CARRASCO, Vinicius, de MELLO, João e DUARTE,
Isabela afirmam que o maior demérito das políticas econômicas estabelecidas
durante esta era concerne ao não aproveitamento do potencial econômico
brasileiro frente o momento de superávit do capitalismo latino-americano e
emergente durante a primeira quinzena do século XXI.

No que é relativo ao crescimento do PIB, os autores afirmam que o


aumento da produtividade média por trabalhador, apesar das altas nos
números relacionados às taxas de empregabilidade, foi deveras modesta. Este
conceito, que afeta diretamente a capacidade produtiva de grandes empresas,
é um dos fatores que podem ter sido fundamentais para o crescimento baixo do
lucro de empresas nacionais em comparação ao grupo de controle usado pelos
autores – para este grupo de controle utilizado e citado extensivamente como
metodologia utilizada para comparação em sua pesquisa, os autores utilizam
dados de: (i) World DelevopmentIndicators (WDI), do Banco Mundial, (ii) World
Economic Outlook (WEO), do FMI e (iii) World EconomicSurvey (WES) do IFO
e os países utilizados como método comparativo nesta pesquisa são:
Argentina, Brasil, Bulgária, Chile, China, Colômbia, Estônia, Hungria, Índia,
Indonésia, Letônia, Lituânia, Malásia, México, Paquistão, Peru, Filipinas,
Polônia, Romênia, Rússia, África do Sul, Tailândia, Turquia, Ucrânia e
Venezuela.
Além disso, relata-se que essa dificuldade de crescimento no setor
industrial deu ao Brasil uma relativa dificuldade competitiva com o mesmo setor
estrangeiro, o que resultou em menos investimentos nos devidos capital físico
ou humano.
Por essas e outras razões, de acordo com os autores CARRASCO,
Vinicius, de MELLO, João e DUARTE, Isabela, os índices de crescimento
sócio-político também foram abaixo se comparado aos do grupo de controle:
A expectativa de vida e outras métricas de saúde não melhoraram
além do melhor grupo de comparação; o número de anos de
escolaridade caiu em relação ao melhor grupo de comparação,
apesar de termos gastado mais; a violência caiu bem menos. A queda
da desigualdade de renda, menina dos olhos dos governos Lula e
Dilma, de fato caiu, assim como já vinha caindo desde os anos 1990.
Mas caiu menos do que no melhor grupo de comparação. A pobreza,
dependendo da métrica, cai um pouco mais ou um pouco menos do
que no melhor grupo de comparação. Ou seja, melhorou em linha
com o esperado dada a melhoria internacional

De acordo com a pesquisa referida neste comentário as consequências


deste crescimento moderado durante a era Petista levaram à construção de
uma segunda década conturbada economicamente para o país durante o
século XXI. Entende-se a partir da leitura desta pesquisa que, a falta de
números mais robustos fragilizou a economia brasileira que após 2016 passou
a sofrer com momentos de tamanha instabilidade política e escândalos de
corrupção. No entanto como tais percepções são contrafactuais é possível
determinar que, para os autores, o típico eleitor, que possui uma perspectiva
factual de seu momento contemporâneo, entende o período Petista como de
êxito pois reflete em si as consequências diretas deste governo em seu dia-a-
dia.

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