Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Brasil enfrenta problemas estruturais que atrapalham o desenrolar da economia desde sua
colonização, a ideia de ser uma colônia de exploração, com baixa produtividade, alta política
agrícola de exportação, mão de obra escrava e tendência para governos não democráticos
favoreceu com o passar dos anos uma instituição fraca e um governo corrupto para o país.
Dessa forma, a partir de 1930, o Brasil começa uma onda de industrialização da economia,
com a tomada do poder de vargas e a crise do complexo cafeeiro (que de certa forma de
acordo com alguns autores se mostrou importante para o processo de industrialização), o país
começa o processo chamado de substituição de importação, que passou por diferentes fases,
primeiro focado na produção de bens de consumo não duráveis, por ser uma indústria
relativamente mais simples de se implementar, depois de mais estruturada, o Brasil começa a
produzir bens de consumo duráveis, que requer um nível de investimento mais pesado do
país, principalmente em bens de capital e bens intermediários, e por fim, a última onda se deu
para a produção de bens de capital, principalmente. Essas 3 fases foram fases que marcaram
no Brasil um período de alto protecionismo, endividamento interno e externo, aceleração
inflacionária (principalmente no período final do processo de substituição de importações) e
grandes desequilíbrios sociais e regionais.
Dessa forma, durante o período conhecido como “milagre econômico”, o Brasil acaba por ter
um grande desempenho na economia (apesar de ser um período marcado pela repressão
social), o que foi favorecido em grande parte, pela capacidade ociosa gerada no segundo
momento de substituição de importações e situações externas favoráveis. Além disso, o
endividamento que foi feito durante todo esse período, teria sido muito marcado por
senhoriagem (no início principalmente) e endividamento interno e externo, o que favoreceu
muitas das vezes, por aumentar o nível inflacionário e piorar a credibilidade do país com o
exterior. Portanto, em 1974, com o choque do petróleo tendo ocorrido, o fim da capacidade
ociosa da indústria brasileira e um alto nível de aceleração inflacionária (que muitas das
vezes era mascarada por diferentes índices), dá início a um processo de crise da economia
brasileira.
Frente a esses problemas, o Governo de Geisel dá início, como primeiros atos, o governo
tenta implementar políticas ortodoxas para frear o problema que estava se agravando, porém
com isso, o brasil acaba mostrando sinais de recessão, o que não geraria agrado político por
parte dos militares e do mercado (situação que vai se repetir com o passar dos anos e dos
governos), portanto, políticas expansionistas voltaram a ser utilizadas, o II PND que marca a
terceira fase do processo de substituição de importações foi implementado durante o governo
Geisel, nele ocorreram muitos investimentos em empresas estatais, o que ocasionou em um
aumento dos endividamentos externos e internos a juros muito altos, principalmente por
conta da crise mundial. Além disso, com a alta inflacionária que vinha ocorrendo ainda no
período do milagre, e se agravou após com as políticas de expansão da base monetária e
aumento dos gastos do governo, os salários começaram a ser indexados a taxa de inflação
cada vez mais e os preços começaram a ser tabelados e congelados, com isso a economia
brasileira foi se afundando cada vez mais. O balanço de pagamentos também foi um ponto
que foi prejudicado, historicamente, o Brasil mostra problemas na balança de pagamentos, o
nível de importação em muitos momentos da história do Brasil se mostrou alto quando em
comparação do exportações (pós processo de industrialização), Nesse período, a situação se
agravou ainda mais, com a crise dos países industrializados e uma valorização artificial
durante parte do período de Geisel, as contas da balança comercial se deterioram, e elas são
necessárias para o pagamento da dívida externa.
Com essa falta de poupança interna e externa e crise econômica geral que o Brasil fecha a
década de 70, dando início ao governo Figueiredo. Governo o qual teve as mesmas primeira
fases de Geisel, o problema era que o segundo choque do petróleo vinha recair sobre uma
economia muito mais fragilizada a qual a que se encontrava em 1974, o que faz com que o
governo indexe ainda mais a economia dada a alta alarmante dos preços e dado que eles
consideravam a inflação de custos, e fazendo com que fossem adotadas políticas ortodoxas
em determinado momento do período, principalmente para seguir recomendações do FMI e
conseguir empréstimos. Com essas políticas, consegue-se obter um saldo positivo na balança
comercial e a economia cresce em 1981 (muito em função dos investimentos feitos durante o
governo Geisel), mas apesar disso, o Brasil atinge pela primeira vez um marco de 3 digitos no
cálculo da inflação, o endividamento interno (grande parte das famílias) e externo aumenta de
forma significante, o nível de investimento efetivo fica muito baixo e a economia se encontra
em um processo recessivo ao fim do governo Figueiredo, com uma alta inflação inercial.
Plano Collor
Ao fim do governo de Sarney, após diversos planos fracassados de controlar a inflação e de
uma reforma monetária ineficaz, o Brasil se encontrava em situações cada vez mais
alarmantes. Dessa forma, com a grande instabilidade política ocorrida no período de
redemocratização, a elaboração da nova constituição do Brasil, o governo Collor dá início,
com um plano de eliminar a corrupção e os a inflação que assola o país. Dessa forma, dado
um diagnóstico de inflação estrutural inercial e dada a fragilidade do setor financeiro, ele dá
início a uma série de reformas, para tentar mitigar alguns efeitos inflacionários dados os
grandes gastos que ele toma como uma das razões da aceleração inflacionária, ele realiza uma
reforma fiscal que reduz de forma significante os gastos improdutivos, aumenta a arrecadação
tributária em vários setores, começa a cobrar com a abertura econômica, impostos sobre
operações financeiras, entre outras medidas que foram essenciais para se alcançar um
superávit de 2% no PIB durante seu período, junto com uma reforma administrativa
reduzindo gastos improdutivos em 10%. Além disso, realizou uma reforma patrimonial,
intensificando as privatizações para tentar melhorar a competitividade, produtividade e
capacidade de diversificação tecnológica, foi responsável por acabar com a verticalização
produtiva das empresas, apesar de terem sido vendidas a preços muito baratos.
A reforma tributária teve um grande propósito no aumento de arrecadação, os tributos foram
indexados, o imposto de renda começou a ser pago de forma mensal pelos contribuintes e era
acertado ao final de cada ano, o que não foi bom para a população é que acabou eliminando
subsídio do pagamento para as regiões mais pobres. Ou seja, tentou simplificar a carga
tributária, e reduzir os tributos para consumo de bens e serviços.
No que tange a reforma monetária, implementou-se uma nova estratégia de criação de nova
moeda, cortando 3 zeros, e corrigindo os preços e tarífas, os salarios foram corrigidos pela
inflação passada, o que pela forma como ocorreu, acabou desvalorizando os salários, por
considerar a inflação a partir de certa data do mês o que não incorporou no cálculo parcela
inflacionária importante, pode ter sido vista como uma medida de contração da demanda, que
foi um dos diagnósticos de grande importância. Por isso, junto com a reforma, ocorre o
confisco dos ativos financeiros do setor privado, 50 mil Cr$ eram confiscados e para
overnight 25 mil Cr$, como tentativa de enxugar a liquidez em conjunto com a reforma
monetária, o que acabou se mostrando um desastre para economia e para a sociedade.
Por fim, no que tange a política externa, foi implementado o câmbio flutuante e a abertura da
economia, o que em conjunto com processo de privatizações favorece a não verticalização da
economia, aumento da produtividade e maior consumo por importação.