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Resumo 74-84

O Brasil enfrenta problemas estruturais que atrapalham o desenrolar da economia desde sua
colonização, a ideia de ser uma colônia de exploração, com baixa produtividade, alta política
agrícola de exportação, mão de obra escrava e tendência para governos não democráticos
favoreceu com o passar dos anos uma instituição fraca e um governo corrupto para o país.
Dessa forma, a partir de 1930, o Brasil começa uma onda de industrialização da economia,
com a tomada do poder de vargas e a crise do complexo cafeeiro (que de certa forma de
acordo com alguns autores se mostrou importante para o processo de industrialização), o país
começa o processo chamado de substituição de importação, que passou por diferentes fases,
primeiro focado na produção de bens de consumo não duráveis, por ser uma indústria
relativamente mais simples de se implementar, depois de mais estruturada, o Brasil começa a
produzir bens de consumo duráveis, que requer um nível de investimento mais pesado do
país, principalmente em bens de capital e bens intermediários, e por fim, a última onda se deu
para a produção de bens de capital, principalmente. Essas 3 fases foram fases que marcaram
no Brasil um período de alto protecionismo, endividamento interno e externo, aceleração
inflacionária (principalmente no período final do processo de substituição de importações) e
grandes desequilíbrios sociais e regionais.
Dessa forma, durante o período conhecido como “milagre econômico”, o Brasil acaba por ter
um grande desempenho na economia (apesar de ser um período marcado pela repressão
social), o que foi favorecido em grande parte, pela capacidade ociosa gerada no segundo
momento de substituição de importações e situações externas favoráveis. Além disso, o
endividamento que foi feito durante todo esse período, teria sido muito marcado por
senhoriagem (no início principalmente) e endividamento interno e externo, o que favoreceu
muitas das vezes, por aumentar o nível inflacionário e piorar a credibilidade do país com o
exterior. Portanto, em 1974, com o choque do petróleo tendo ocorrido, o fim da capacidade
ociosa da indústria brasileira e um alto nível de aceleração inflacionária (que muitas das
vezes era mascarada por diferentes índices), dá início a um processo de crise da economia
brasileira.
Frente a esses problemas, o Governo de Geisel dá início, como primeiros atos, o governo
tenta implementar políticas ortodoxas para frear o problema que estava se agravando, porém
com isso, o brasil acaba mostrando sinais de recessão, o que não geraria agrado político por
parte dos militares e do mercado (situação que vai se repetir com o passar dos anos e dos
governos), portanto, políticas expansionistas voltaram a ser utilizadas, o II PND que marca a
terceira fase do processo de substituição de importações foi implementado durante o governo
Geisel, nele ocorreram muitos investimentos em empresas estatais, o que ocasionou em um
aumento dos endividamentos externos e internos a juros muito altos, principalmente por
conta da crise mundial. Além disso, com a alta inflacionária que vinha ocorrendo ainda no
período do milagre, e se agravou após com as políticas de expansão da base monetária e
aumento dos gastos do governo, os salários começaram a ser indexados a taxa de inflação
cada vez mais e os preços começaram a ser tabelados e congelados, com isso a economia
brasileira foi se afundando cada vez mais. O balanço de pagamentos também foi um ponto
que foi prejudicado, historicamente, o Brasil mostra problemas na balança de pagamentos, o
nível de importação em muitos momentos da história do Brasil se mostrou alto quando em
comparação do exportações (pós processo de industrialização), Nesse período, a situação se
agravou ainda mais, com a crise dos países industrializados e uma valorização artificial
durante parte do período de Geisel, as contas da balança comercial se deterioram, e elas são
necessárias para o pagamento da dívida externa.
Com essa falta de poupança interna e externa e crise econômica geral que o Brasil fecha a
década de 70, dando início ao governo Figueiredo. Governo o qual teve as mesmas primeira
fases de Geisel, o problema era que o segundo choque do petróleo vinha recair sobre uma
economia muito mais fragilizada a qual a que se encontrava em 1974, o que faz com que o
governo indexe ainda mais a economia dada a alta alarmante dos preços e dado que eles
consideravam a inflação de custos, e fazendo com que fossem adotadas políticas ortodoxas
em determinado momento do período, principalmente para seguir recomendações do FMI e
conseguir empréstimos. Com essas políticas, consegue-se obter um saldo positivo na balança
comercial e a economia cresce em 1981 (muito em função dos investimentos feitos durante o
governo Geisel), mas apesar disso, o Brasil atinge pela primeira vez um marco de 3 digitos no
cálculo da inflação, o endividamento interno (grande parte das famílias) e externo aumenta de
forma significante, o nível de investimento efetivo fica muito baixo e a economia se encontra
em um processo recessivo ao fim do governo Figueiredo, com uma alta inflação inercial.

Período de alta inflacionária 73-83


O Brasil, historicamente, mostra um processo de inflação estrutural, durante todo o período
que se tem registro do nível de preços até o ano de 1986, mostrou apenas 3 anos aos quais a
inflação estava abaixo de 10% ao ano. Porém, com o período da década de 1980, conhecido
como década perdida, foi um período excepcional para esse processo no país.
O problema inflacionário pode ter diferentes vertentes, esse problema que é agravado durante
a década de 1980, dá início principalmente com as políticas adotadas ao fim do milagre
econômico. São diferentes situações que permitiram que esse problema se sustentasse e
sofresse rápido processo de aceleração.
Se tratando dos responsáveis por acelerar a economia, cabe destacar a inflação por demanda,
inflação de oferta, as empresas estatais, juntamente com a política cambial e fiscal. Os
problemas de demanda que delimitam esse problema, podem ser analisados ao se entender o
hiato do produto no Brasil, a capacidade ociosa chega ao fim e a demanda continua a ser
estimulada através de concessão de crédito, quanto mais perto do limite do pleno emprego a
economia chega, maior a aceleração inflacionária pelo fomento da demanda, tal situação dá
início principalmente no governo de Geisel sendo fator importante para entender a aceleração
inflacionária. Além disso, pelo lado da oferta, pode-se perceber que o choque do petróleo foi
o fator principal nesse lado que explica o aumento dos preços dos principais insumos de
produção do país, conjuntamente com eventos pontuais no tempo de aumento do custo da
oferta agrícolas, por problemas naturais e de safra, foram fatores que também favoreceram
para o processo de aceleração. No que tange a política fiscal, é visto no Brasil historicamente
um déficit alto que o Brasil decide financiar principalmente com emissão monetária, pois em
grande parte do período histórico, a credibilidade do país frente o mundo não é muito alta, o
que dificulta grandes empréstimos que resolvam o problema, causando assim mais inflação.
Isso, conjuntamente com a política cambial de maxidesvalorização acaba por causar
problemas em diferentes aspectos, seja por aumentar o custo pelo aumento de preço dos
produtos importados, pelo aumento dos meios de pagamento, por aumentar a expectativa
inflacionária dos agentes ou mesmo por diminuir a credibilidade do país por estar adotando
essas políticas para aumentar a arrecadação das exportações. A última política que cabe
analisar pensando no processo de aceleração inflacionária, seria a das empresas estatais, que
cresceram de forma significativa durante o período, e foram grandes fontes de endividamento
e gastos governamentais, mas o mais importante é a forma como o governo utilizava delas
para realizar a administração dos preços, o congelamento em preços distantes dos reais,
acabava por aumentar os custos para o governo, e posteriormente um aumento abrupto de
preços que causa além de descredibilidade, alta inflacionária “surpresa”, que em conjunto
com os outros fatores, deixaram a situação alarmante.
Agora, para entender como a situação inflacionária se manteve durante esse período e se
tornou uma patologia de difícil tratamento, tem de ser entendido sobre o processo inercial da
inflação e a estrutura oligopolista industrial e sua influência nos salários. Sobre a inflação
inercial, seu processo dá início principalmente na indexação de salários com a aceleração da
inflação (que muito se deu por angariar popularidade política), com isso, esses reajustes se
tornam esperado pela população, que antecipa o aumento de preços, se tornando uma bola de
neve no longo prazo, a memória inercial se torna um problema de difícil tratamento, isso em
conjunto com o poder oligopolista das indústrias, que influenciam muito nos preços, ou seja,
aumentam os preços sempre que percebem que haverá um aumento inflacionário (antecipam
o processo), em uma economia ainda muito fechada e protegida, sustenta a base do processo
inflacionário.

Plano Collor
Ao fim do governo de Sarney, após diversos planos fracassados de controlar a inflação e de
uma reforma monetária ineficaz, o Brasil se encontrava em situações cada vez mais
alarmantes. Dessa forma, com a grande instabilidade política ocorrida no período de
redemocratização, a elaboração da nova constituição do Brasil, o governo Collor dá início,
com um plano de eliminar a corrupção e os a inflação que assola o país. Dessa forma, dado
um diagnóstico de inflação estrutural inercial e dada a fragilidade do setor financeiro, ele dá
início a uma série de reformas, para tentar mitigar alguns efeitos inflacionários dados os
grandes gastos que ele toma como uma das razões da aceleração inflacionária, ele realiza uma
reforma fiscal que reduz de forma significante os gastos improdutivos, aumenta a arrecadação
tributária em vários setores, começa a cobrar com a abertura econômica, impostos sobre
operações financeiras, entre outras medidas que foram essenciais para se alcançar um
superávit de 2% no PIB durante seu período, junto com uma reforma administrativa
reduzindo gastos improdutivos em 10%. Além disso, realizou uma reforma patrimonial,
intensificando as privatizações para tentar melhorar a competitividade, produtividade e
capacidade de diversificação tecnológica, foi responsável por acabar com a verticalização
produtiva das empresas, apesar de terem sido vendidas a preços muito baratos.
A reforma tributária teve um grande propósito no aumento de arrecadação, os tributos foram
indexados, o imposto de renda começou a ser pago de forma mensal pelos contribuintes e era
acertado ao final de cada ano, o que não foi bom para a população é que acabou eliminando
subsídio do pagamento para as regiões mais pobres. Ou seja, tentou simplificar a carga
tributária, e reduzir os tributos para consumo de bens e serviços.
No que tange a reforma monetária, implementou-se uma nova estratégia de criação de nova
moeda, cortando 3 zeros, e corrigindo os preços e tarífas, os salarios foram corrigidos pela
inflação passada, o que pela forma como ocorreu, acabou desvalorizando os salários, por
considerar a inflação a partir de certa data do mês o que não incorporou no cálculo parcela
inflacionária importante, pode ter sido vista como uma medida de contração da demanda, que
foi um dos diagnósticos de grande importância. Por isso, junto com a reforma, ocorre o
confisco dos ativos financeiros do setor privado, 50 mil Cr$ eram confiscados e para
overnight 25 mil Cr$, como tentativa de enxugar a liquidez em conjunto com a reforma
monetária, o que acabou se mostrando um desastre para economia e para a sociedade.
Por fim, no que tange a política externa, foi implementado o câmbio flutuante e a abertura da
economia, o que em conjunto com processo de privatizações favorece a não verticalização da
economia, aumento da produtividade e maior consumo por importação.

Mudanças estruturais na economia brasileira (Anos 90)


O Brasil passou por 3 grandes mudanças estruturais econômicas durante a década de 90,
abertura econômica, política cambial e estabilização e o sistema de privatizações. No que se
refere a abertura econômica, cabe entender que o Brasil se mostrava uma economia
extremamente fechada em grande parte de sua história econômica, no durante o processo de
substituição de importações, o país concedia um protecionismo muito alto para as empresas
nascentes principalmente através de taxas cobradas para produtos de fora, o que reduzia a
competitividade das empresas nacionais, deixava elas defasadas em relação ao resto do
mundo e verticalizou o estilo de produção, além de favorecer a formação de oligopólios. a
ideia desse tipo de política normalmente é no intuito de proteger uma indústria nascente e
desenvolver até que elas estivessem mais bem estruturadas para então abrir para a
concorrência externa, porém a indústria brasileira permaneceu por muito tempo sendo
protegida, o que a tornou extremamente ineficiente e com baixa produtividade.
Portanto, com o intuito de resolver esses problemas e dado o elevado grau de endividamento
público e toda a crise política e industrial, inicia-se o processo de abertura comercial ainda no
governo de Sarney, de forma lenta e gradual, com eliminação de algumas barreiras não
tarifárias, com o governo Collor, ele acelera de forma mais brusca essa abertura, eliminando
as barreiras tarifárias e não tarifárias, com o intuito de atrair IDE (investimento direto
estrangeiro) melhorando a situação financeira do país, além de facilitar os investimentos entre
países e empresas estrangeiras, ou seja, grande desregulamentação desse processo.
Outra política importante foi a privatização das estatais brasileiras, durante o período do
milagre econômico, muitas empresas estatais surgiram, em diversos setores da economia, e
tais empresas com muitos funcionários, baixos funcionários e alto endividamento externo e
interno (dado principalmente ao período de crise, choque do petróleo, etc) acabava por gerar
grandes custos ao governo, aumentando o montante da dívida que mantinha setores com
baixa produtividade e grande números de funcionários ineficientes. Dessa forma, Collor dá
início ao PND (Plano de desestatização nacional), realizando a venda das empresas estatais
ao setor privado que, em conjunto da abertura econômica, favoreceu a entrada de
compradores estrangeiros. Tal plano como foi dito anteriormente foi estabelecido também
com a justificativa de desafogar o setor público de tantas obrigações para que ele pudesse
focar em setores mais essenciais à população, como saúde, segurança e educação, além de
também, acabar com a possibilidade de realizar administração de preços públicos como era
feito antes. As estatais acabaram sendo vendidas por preços muito baixos, pela forma como
foram vendidas, nos leilões, parcerias e compra de ações, pois o valor da dívida se fosse
abatido, reduzia em grande parte o valor da compra, o que acabou por reduzir a preços muito
abaixo do valor arrecadado das vendas no final. Apesar disso, em conjunto com a abertura
econômica favoreceu o dinamismo produtivo da indústria.

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