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Filipe Matheus Oliveira Santos Xavier¹

N° de matrícula 221117164
Juan Victor Santos Silva2
N° de matrícula 221119254

Questão 3
Item (a)
Após diversos períodos históricos marcados pela alta da demanda agregada, emissão
exacerbada de moeda e outros eventos que acarretaram na elevação causal dos preços, o
Brasil passou a apresentar a necessidade eminente de combater o crescimento exponencial da
inflação que se instaurou na década de 80 até o ano de 1994, quando foi realizado o plano
real, aglomerado de políticas públicas que apresentaram sucesso na estabilização da moeda
nacional.
Na tentativa de conter a inflação, foram arquitetados diversos planos ao longo dos
anos. Um deles foi o Plano Cruzado, que substituiu o cruzeiro, moeda até então corrente, e
congelou os preços, fato que deu um impulso temporário na economia e elevou a demanda,
naturalmente ocasionando o desabastecimento de mercado. Para que a demanda gerada fosse
controlada, o Cruzado II foi criado, com propósito de elevar a tributação em 4% em relação
ao PIB e, consequentemente, desestimular o consumo, de modo que o descongelamento dos
preços não fosse necessário, entretanto, em 1997, houve o fim do Plano Cruzado e da tabela
de mercado. Em 1990, foi implementado o Plano Collor seguido do Plano Collor II. Tais
políticas foram capazes de diminuir a taxa de inflação temporariamente, entretanto, a mesma
voltou a se elevar, evidenciando a necessidade de uma alteração na estratégia.
Após o fracassos das inúmeras tentativas de impedir o processo inflacionário,
implementou-se o Plano Real que funcionou em três fases. A primeira se referia à área fiscal,
a qual se atribuiu a maior responsabilidade pelo cenário atual, cortando gastos do governo,
combatendo a sonegação de impostos e pressionando os estados a pagarem as dívidas que
tinham com a união. A segunda fase, que tinha como propósito controlar o poder de compra,
obteve êxito, diferentemente dos planos anteriores, principalmente por criar uma semi-moeda,
a URV, com caráter facultativo, que representaria a indexação de contratos e opcional
utilização em cotações, entretanto não seria utilizada no ato do pagamento nem em reservas
de valor, mantendo-se esse papel ao cruzeiro real. Por fim, foi instituída a nova moeda, o real,
com lastro baseado nas reservas nacionais de dólar e, por fim, alteração do contexto
organizacional do Banco Central.
O sucesso do Plano Real se deu principalmente pela política monetária de elevação de
juros, pela utilização da URV, que se mostrou muito mais eficaz que o congelamento tabelado
de preços, e pelo alto índice de reservas internacionais, que permitiram um melhor
planejamento da política cambial.

Item (b)
Após testemunhar o período conhecido como o milagre brasileiro, o país enfrentou
diversas consequências das políticas públicas macroeconômicas que estavam até então sendo
adotadas, com a insistência no modelo de substituição de importação, na falta de
responsabilidade fiscal e com os choques dos mercados internacionais. O país precisou então
utilizar-se de ações contracionistas para conter a inflação, o desemprego e o endividamento
público, tendo diversas tentativas falhas, fazendo-se conhecer os anos 80 como a década
perdida. Desde então, o Brasil não apresentou sinais de mudança na tendência econômica, que
encontra-se estagnada.
De acordo com Bento et al. (2020), a dificuldade no crescimento econômico brasileiro
apresenta-se na falta de meios sustentáveis para apoiar um desenvolvimento contínuo,
levando o país a apostar em ações com benefícios temporários e com graves consequências. O
campo institucional brasileiro é bastante defasado, a exemplo, pode-se citar a legislação
tributária, que corrói o poder de compra dos mais pobres e apresenta uma carga elevadíssima
em comparação com outros países emergentes, reflexo de um histórico de utilização de
recursos públicos como impulso do crescimento econômico de forma inconsequente. Ou seja,
diversas vezes, indicadores positivos de mercado, como o PIB, estiveram atrelados à relevante
participação do governo na demanda agregada, com políticas fiscais irresponsáveis, o que, por
sua vez, defasou a expectativa de crescimento contínuo, levando em consideração que tal
comportamento leva ao endividamento e a inflação, não podendo ser adotado de forma
permanente e sustentável. Assim sendo, faz-se necessário discutir a qualidade das instituições
brasileiras, uma vez que o contexto em que as transações de mercado se dão altera
significativamente seu cenário macroeconômico.
Tais instituições desestimulam o empreendedorismo, mantendo-o fora de seu nível
ótimo. Entretanto, em certos períodos históricos, o país apresentou um crescimento sólido do
PIB, com medidas como a substituição de importação, adotadas no período do pós-guerra, que
instituiu a consolidação da indústria nacional na década de 30, e o milagre brasileiro, época
em que a economia foi capaz de se desenvolver sem a elevação do processo inflacionário.
Entretanto, após tais elevações do patamar macroeconômico da nação, o país adentrou na
situação conhecida como “armadilha da renda média”, quando as ações anteriormente
tomadas não são capazes de surtir o mesmo efeito, mantendo os indicadores estagnados,
gerando a necessidade de políticas mais elaboradas, como uma reforma tributária, que, por
sua vez, podem apresentar riscos aos privilégios das elites, que apresentam grande influência
no processo decisório.

Referências Bibliográficas
BENTO, Luis, et al., A Terceira Década Perdida, Rio Bravo Fronteiras, São Paulo, 2020

BRUM, Adriana Kirchof de, MOURA, Airton Pinto de, Instituições e Desenvolvimento
Econômico: considerações sobre o Estado brasileiro e a forma de inserção internacional,
Ipea, Brasília, 2011

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