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Roteiro de Estudos 2ª Prova Brasileira

1) Caracterize o processo de globalização nas dimensões comercial,


produtiva e financeira. Explique quais são suas principais contribuições
para a economia brasileira, bem como seus impactos negativos.

O processo de globalização nas dimensões comercial, produtiva e financeira é


caracterizado por uma maior integração entre os países, empresas e mercados em
todo o mundo. Isso se deve em grande parte ao avanço da tecnologia e das
comunicações, que permitiram uma maior interconexão entre as economias. Na
dimensão comercial, a globalização se manifesta através do aumento do comércio
internacional, da redução de barreiras tarifárias e não-tarifárias, e da formação de
blocos regionais. Segundo o 5, a globalização comercial trouxe consigo um novo
padrão de comércio internacional, com aumento da participação dos serviços e das
manufaturas com conteúdo técnico e redução da participação dos produtos
primários. Isso levou a uma maior complexidade no padrão de comércio, quebrando
a dicotomia da divisão internacional do trabalho em que os países periféricos
produzem produtos primários e os países centrais produzem manufaturados. No
entanto, a globalização comercial também pode ter impactos negativos, como a
concorrência desleal e a perda de empregos em setores menos competitivos. Na
dimensão produtiva, a globalização se manifesta através da reestruturação das
empresas, com novas formas de integração interna e externa, processos de fusões,
aquisições e incorporações, e integração vertical transnacional.(O texto fala sobre a
relação entre a autonomia econômica de um país e a fase de industrialização pesada.
Quando um país atinge um alto nível de industrialização pesada, isso significa que ele tem
uma estrutura produtiva altamente diferenciada, incluindo a capacidade de produzir uma
ampla variedade de bens e serviços, incluindo máquinas e equipamentos usados na
produção. Isso permite que o país seja autossuficiente em termos de crescimento
econômico, pois não depende muito dos mercados externos. No entanto, o texto argumenta
que, durante a abertura comercial dos anos 90, o Brasil experimentou uma regressão nesse
processo. Isso aconteceu porque a abertura comercial levou a uma especialização
regressiva na indústria, ou seja, o país passou a se concentrar em setores que eram
intensivos em mão de obra e recursos naturais, em vez de investir em setores que exigem
tecnologia e capital intensivos. Além disso, houve uma redução significativa na produção de
insumos elaborados, máquinas e equipamentos, que são essenciais para a reprodução do
capital. Em resumo, o texto sugere que a abertura comercial dos anos 90 no Brasil resultou
em uma especialização regressiva na economia, com uma ênfase excessiva em setores
intensivos em mão de obra e recursos naturais, em detrimento de setores que exigem
tecnologia e capital intensivos. Isso enfraqueceu a autonomia econômica do país e sua
capacidade de crescimento independente em relação aos mercados externos.)

Segundo o 3, a globalização produtiva levou a uma diminuição da


necessidade de trabalho e aumento da qualificação necessária do trabalho, o que
pode levar a um desemprego estrutural. Na dimensão produtiva, a globalização se
manifesta pela reorganização das cadeias produtivas em escala global, com a
fragmentação das etapas produtivas em diferentes países. No caso brasileiro, a
globalização resultou em uma precarização da inserção externa, com a substituição do
superávit comercial por um déficit comercial sensível às taxas de crescimento do produto

No entanto, a globalização produtiva também pode trazer benefícios, como a


transferência de tecnologia e conhecimento entre as empresas. Na dimensão
financeira, a globalização se manifesta pela intensificação dos fluxos de capitais entre
países, o que pode ampliar a vulnerabilidade externa dos países. No caso brasileiro, a
abertura financeira teve um papel restrito no financiamento do crescimento econômico e um
impacto significativo na fragilização das contas externas

Na dimensão financeira, a globalização se manifesta através da integração e


rapidez de informação entre mercados, o que pode levar a uma maior instabilidade
e volatilidade nos mercados financeiros. Segundo o 11, a globalização financeira
pode levar à perda de autonomia das autoridades monetárias nacionais sobre sua
capacidade de exercer política econômica, ficando especialmente a política
monetária.

No que se refere à dimensão financeira da globalização, o texto destaca a dependência do


financiamento de longo prazo na economia brasileira da poupança compulsória doméstica e
da poupança externa . Isso significa que, historicamente, o país não conseguiu desenvolver
um sistema de financiamento de longo prazo com base na poupança interna, o que o tornou
dependente dos ciclos de crédito internacionais. Uma das razões para essa dependência é
a falta de instituições financeiras privadas capazes de centralizar capitais e construir as
instituições e o funding para o financiamento do investimento . Durante o pós-guerra, na
etapa de industrialização pesada, as empresas multinacionais contavam com crédito de
suas matrizes, enquanto os recursos domésticos eram reservados para o financiamento do
setor público e para a criação e gestão dos fundos de poupança compulsória e das
instituições especiais de crédito . Essa dependência dos ciclos de crédito internacionais
tornou a economia brasileira vulnerável às interrupções desses financiamentos, o que ficou
evidente nas várias crises econômicas que o país enfrentou ao longo das últimas décadas .
Além disso, a falta de instituições financeiras privadas capazes de centralizar capitais e
construir as instituições e o funding para o financiamento do investimento limitou a
capacidade do país de desenvolver um sistema de financiamento de longo prazo com base
na poupança interna . A abertura financeira dos anos 90, por sua vez, não conseguiu
equacionar o problema do financiamento de longo prazo na economia brasileira . Isso se
deve, em parte, ao aumento geral da volatilidade dos fluxos de capitais associada a seu
caráter financeiro, desvinculado do fluxo de mercadorias, característica observada inclusive
no investimento direto estrangeiro – IDE

2) Considerando a nova inserção do Brasil na economia internacional, quais


foram os pilares do Plano Real?

Os pilares do Plano Real foram a estabilização da moeda, a abertura comercial e


financeira e a reforma fiscal. A estabilização da moeda foi alcançada por meio da
adoção da âncora cambial, que fixou a taxa de câmbio em relação ao dólar
americano, e do controle da inflação por meio de políticas monetárias e fiscais. A
abertura comercial e financeira permitiu a entrada de investimentos estrangeiros e a
ampliação do comércio internacional, enquanto a reforma fiscal buscou equilibrar as
contas públicas e reduzir o déficit fiscal.

3) Para o combate à inflação especificamente, qual foi a estratégia adotada?

A estratégia adotada para combater a inflação no Plano Real foi a adoção da


âncora cambial, que fixou a taxa de câmbio em relação ao dólar americano. Isso
significa que o Banco Central do Brasil se comprometeu a manter a taxa de câmbio
dentro de uma faixa estreita em relação ao dólar, o que ajudou a controlar a
inflação.

Além disso, o Plano Real também adotou políticas monetárias e fiscais para
controlar a inflação. O Banco Central do Brasil utilizou instrumentos como a taxa de
juros e a oferta de moeda para controlar a inflação, enquanto o governo
implementou medidas fiscais para equilibrar as contas públicas e reduzir o déficit
fiscal. Outra medida importante adotada no Plano Real foi a criação da Unidade
Real de Valor (URV), que serviu como uma moeda virtual durante o período de
transição para a nova moeda. A URV foi utilizada para corrigir os preços e salários
durante a transição, o que ajudou a reduzir a inflação. No geral, a estratégia
adotada no Plano Real para combater a inflação foi baseada em uma combinação
de políticas monetárias, fiscais e cambiais, que permitiram a estabilização da moeda
e o controle da inflação

4) Explique a primeira fase do Plano Real, fundada na âncora cambial.


Explique como foi possível esta âncora cambial conter os preços
internos.

A primeira fase do Plano Real, fundada na âncora cambial, teve início em


1994 e foi baseada na fixação da taxa de câmbio em relação ao dólar americano.
Isso significa que o Banco Central do Brasil se comprometeu a manter a taxa de
câmbio dentro de uma faixa estreita em relação ao dólar, o que ajudou a controlar a
inflação.

A âncora cambial foi importante para conter os preços internos porque ela
criou um ambiente de estabilidade monetária e cambial, o que reduziu a incerteza e
a especulação no mercado. Com a taxa de câmbio fixa, os preços dos produtos
importados ficaram mais estáveis, o que ajudou a controlar a inflação. Além disso, a
âncora cambial também ajudou a controlar a inflação porque ela permitiu que o
Banco Central do Brasil utilizasse a taxa de juros como instrumento de política
monetária. Com a taxa de câmbio fixa, o Banco Central pôde reduzir a taxa de juros
sem que isso levasse a uma desvalorização da moeda, o que ajudou a estimular o
consumo e o investimento e a reduzir a inflação. No geral, a âncora cambial foi uma
estratégia eficaz para conter os preços internos no Plano Real porque ela criou um
ambiente de estabilidade monetária e cambial, o que reduziu a incerteza e a
especulação no mercado e permitiu que o Banco Central utilizasse a taxa de juros
como instrumento de política monetária.

5) Quais as consequências do sucesso desta primeira fase do Real?

O sucesso da primeira fase do Plano Real, fundada na âncora cambial, teve


diversas consequências positivas para a economia brasileira. Algumas delas
incluem:

1. Controle da inflação: A âncora cambial permitiu que o Banco Central do Brasil


utilizasse a taxa de juros como instrumento de política monetária, o que ajudou a
controlar a inflação e a estabilizar os preços.

2. Estabilidade econômica: A estabilização da moeda e a redução da inflação


criaram um ambiente de estabilidade econômica, o que reduziu a incerteza e a
especulação no mercado e estimulou o consumo e o investimento.

3. Atração de investimentos estrangeiros: A estabilidade econômica e a abertura


comercial e financeira do país atraíram investimentos estrangeiros e ampliaram o
comércio internacional, o que contribuiu para a modernização da economia
brasileira.

4. Melhoria da situação fiscal: A estabilização da moeda e a redução da inflação


também contribuíram para a melhoria da situação fiscal do país, o que permitiu a
redução do déficit público e a criação de superávits primários.

No geral, o sucesso da primeira fase do Plano Real teve consequências positivas


para a economia brasileira, contribuindo para a estabilização da moeda, o controle
da inflação, a atração de investimentos estrangeiros e a melhoria da situação fiscal
do país.

6) Qual o ponto frágil do Plano?

O ponto frágil do Plano Real foi a vulnerabilidade da economia brasileira a


choques externos, especialmente em relação à taxa de câmbio. Como o Plano Real
adotou a âncora cambial, a economia brasileira ficou exposta a flutuações na taxa
de câmbio do dólar americano, que era a moeda de referência. Isso significa que, se
houvesse uma desvalorização do dólar em relação a outras moedas, a economia
brasileira poderia sofrer com a saída de capitais e a desvalorização do real, o que
poderia levar a um aumento da inflação e a uma redução do crescimento
econômico. De fato, a vulnerabilidade da economia brasileira a choques externos
ficou evidente em crises como a crise financeira asiática de 1997 e a crise cambial
brasileira de 1999, que levaram a desvalorizações do real e a um aumento da
inflação.

No geral, o ponto frágil do Plano Real foi a vulnerabilidade da economia


brasileira a choques externos, especialmente em relação à taxa de câmbio, o que
poderia levar a uma desestabilização da moeda e da economia como um todo.

7) O que aconteceu que fez com que o governo mudasse a orientação do


Plano, passando a adotar uma âncora monetária, ou seja, políticas
monetárias restritivas? Quais as consequências desta política da segunda
fase do Real?

A mudança na orientação do Plano Real, passando da âncora cambial para a


âncora monetária, ocorreu em meados de 1999, em resposta à crise cambial que
afetou a economia brasileira naquele ano. A crise foi desencadeada pela
desvalorização do real em relação ao dólar, que ocorreu devido a fatores como a
crise financeira russa e a queda nos preços das commodities. Para lidar com a
crise, o governo brasileiro adotou uma política monetária mais restritiva, com o
objetivo de controlar a inflação e estabilizar a moeda. Isso incluiu o aumento da taxa
de juros e a redução dos gastos públicos, com o objetivo de reduzir a demanda
agregada e controlar a inflação. As consequências da política da segunda fase do
Plano Real foram mistas. Por um lado, a política monetária restritiva ajudou a
controlar a inflação e estabilizar a moeda, o que contribuiu para a retomada do
crescimento econômico e a melhoria da situação fiscal do país.

Por outro lado, a política monetária restritiva também teve efeitos negativos,
como o aumento do desemprego e a redução do investimento privado. Além disso,
a política de juros altos tornou o Brasil menos atraente para investimentos
estrangeiros, o que afetou negativamente o comércio e a balança de pagamentos.

No geral, a mudança na orientação do Plano Real para a âncora monetária


teve consequências mistas, com efeitos positivos na estabilização da moeda e
controle da inflação, mas também com efeitos negativos na economia, como o
aumento do desemprego e a redução do investimento privado.

O governo mudou a orientação do Plano Real, passando a adotar uma âncora monetária,
ou seja, políticas monetárias restritivas, devido à volatilidade dos capitais especulativos e às
crises da Ásia em 97 e da Rússia em 98. Essas crises afetaram a economia brasileira,
levando a uma desvalorização do real e a uma fuga de capitais do país.

As consequências desta política da segunda fase do Real foram a redução da inflação e a


estabilização da economia, mas também a diminuição do crescimento econômico e o
aumento do desemprego. A política monetária restritiva levou a um aumento dos juros, o
que tornou o crédito mais caro e desestimulou o investimento produtivo. Além disso, a
política de câmbio valorizado prejudicou a competitividade das exportações brasileiras, o
que contribuiu para o aumento do déficit em conta corrente.

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