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Planos econômicos

Planos econômicos são medidas, normalmente, implementadas pelo governo e


órgãos estatais quando se percebe uma necessidade de intervenção devido a
situação econômica do país ou região em questão.
Assim, para compreender fundamentalmente o que é um plano econômico, é
preciso conhecer as situações que normalmente demandam essa ação
governamental.
Algumas situações que historicamente foram resolvidas através de planos
econômicos, são:
• Inflação descontrolada;
• Controle de câmbio no mercado internacional;
• Alta taxa de desemprego em um país e ou região;
• Entre vários outros motivos.

Plano Cruzado

O Plano Cruzado foi um plano econômico lançado em 28 de fevereiro de 1986,


durante o governo de José Sarney. Tinha como principal objetivo a redução e
controle da inflação, que na época era elevada.

Principais medidas econômicas do Plano Cruzado

• Criação de uma nova moeda, o Cruzado (Cz$), em substituição ao


cruzeiro. Cada Cruzado tinha o valor de 1.000 Cruzeiros.
• Congelamento dos preços de produtos e salários por um ano

Efeitos na economia

• Nos primeiros meses houve o controle inflacionário com o congelamento


de preços;
• Após alguns meses, começou a faltar mercadorias nos supermercados.
Como não podiam reajustar os preços, muitos empresários e
fazendeiros resolveram não colocar seus produtos à venda. O resultado
foi o desabastecimento no país.
• No final de 1986, o Plano Cruzado deixou de funcionar e a inflação
voltou a crescer.

Plano Bresser

O plano Bresser foi apresentado em 12 de junho de 1987 e apesar de incluir


congelamento de preços e salários, ele era diferente do plano anterior pela
flexibilidade dessas medidas que deviam durar noventa dias com reajustes
periódicos.

Essas medidas também foram aplicadas aos preços do setor público e ao câmbio
com a finalidade de evitar os déficits das empresas públicas e a supervalorização
da moeda que poderia prejudicar as exportações do país.

O Plano Bresser também anunciou a adoção de políticas monetária e fiscal


ativas. Em relação à política monetária, o governo praticaria taxas de juros reais
positivas com o objetivo de inibir a especulação com estoques e o consumo de
bens duráveis. Já a política fiscal visava reduzir o déficit público em 1987 dos
6,7% do PIB para cerca de 3,5%.

A taxa de inflação caiu de 27,7% em maio para 4,5% em agosto, tornando a


aumentar dois dígitos em outubro. Mas as pressões pela recomposição de
salários, o aumento dos preços dos serviços públicos e outros setores acabaram
com o Plano que se assentava na contenção salarial e na elevada taxa de juros,
levando a uma rápida aceleração inflacionária. Junta-se a isso as falhas no
controle do déficit público causado pelo aumento dos gastos com funcionários
públicos, aumento das transferências a Estados e Municípios e os subsídios às
empresas estatais.

A inflação passou de 5,7% em setembro para 14,1% em dezembro de 1987 e as


necessidades de financiamento do setor público somaram 5,4% do PIB em 1987.

A política econômica “feijão-com-arroz”

O novo ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, anunciou em janeiro de 1988


a nova política econômica “feijão-com-arroz”, que visava a estabilização da
inflação em 15% ao mês e a redução do déficit público em 7 a 8% do PIB para o
ano de 1988. Para reduzir o déficit público foram congelados os saldos dos
empréstimos ao setor público e suspensos por dois meses os reajustes salariais
dos funcionários públicos.

Em relação à expansão monetária, a redução dos déficits públicos foi em parte


neutralizada pelas operações com moeda estrangeira decorrente das emissões
de cruzados para cobrir os superávits da balança comercial.
O Plano Verão

No início de 1989 o governo tentou um novo plano para lidar com a inflação e
contrair a demanda agregada. Chamado “Plano Verão”, suas principais medidas
eram um novo congelamento de preços e salários, eliminação da indexação
(correção monetária de preços, salários e ativos financeiros que tendem
propagar a inflação passada para o futuro) exceto para os depósitos de
poupança, a introdução de uma nova moeda, o “Cruzado Novo”, equivalente a
mil cruzados. Esta foi uma tentativa de restringir a expansão monetária e de
crédito, aumentando as reservas para 80% e reduzindo os prazos de
empréstimos ao consumidor de 36 para 12 meses e, finalmente, uma
desvalorização cambial de 17,73%.

Em relação à política monetária seriam utilizados os seguintes instrumentos


básicos: aumento da taxa de juros para inibir os movimentos especulativos,
controle do crédito privado, e aumento do recolhimento compulsório e redução
das operações com moeda estrangeira.

Os fracassos dos planos anteriores se depararam com a falta de credibilidade


do governo e tornaram sem efeito os decretos oficiais para congelar e desindexar
preços, resultando no uso de medidas extralegais para aumentar os preços.

A crise piorou nos últimos quatro meses, pois a falta de um ajuste fiscal eficiente
e os persistentes déficits orçamentários obrigaram o governo a manter uma alta
taxa de juros. Todos esses aspectos levaram a uma rápida aceleração da
inflação atingindo 80% no último mês do ano de 1989.

A principal característica do ano de 1989 foi um notável descontrole das contas


públicas, com o aumento nos déficits operacionais e no endividamento interno.
Esse quadro levou a uma política monetária que visava sustentar taxas de juros
elevadas, a oferta monetária alterada causando um descontrole da política
monetária. Assim as políticas econômicas se tornaram ineficientes devido à
política fiscal e monetária serem dependentes da rolagem da dívida interna.
Plano Collor
Podemos fazer um breve comentário sobre a eleição de 1989.

O presidente Fernando Collor de Mello chega ao poder depois de uma disputa


no segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva, que surgiu dos movimentos de
luta dos trabalhadores do ABC, tinha sido um importante líder sindical e era o
grande nome do PT. Sua figura contrastava com a de Collor, que vinha da elite,
porém não tinha de nenhum partido forte que o apoiava, mas soube usar com
eficiência o marketing, e temas de moralização. Iria combater os altos salários
do funcionalismo público, que denominava de marajás, com isso iludiu o povo e
também teve apoio da mídia mais poderosa, e conseguiu se eleger.

A inflação em um ano de março de 1989 a março de 1990 chegou a 4.853%. O


governo anterior teve vários planos fracassados de conter a inflação.

Depois de sua posse, Collor anuncia um pacote econômico no dia 15 de março


de 1990, o Plano Brasil Novo. Esse plano tinha como objetivo pôr fim a crise,
ajustar a economia e elevar o país do terceiro para o Primeiro Mundo.

O cruzado novo é substituído pelo “Cruzeiro”, bloqueia por 18 meses os saldos


das contas correntes, cadernetas de poupança e demais investimentos
superiores a Cr$ 50.000,00. Os preços foram tabelados e depois liberados
gradualmente. Os salários foram pré-fixados e depois negociados entre patrões
e empregados. Os impostos e tarifas aumentaram e foram criados outros
tributos, são suspensos os incentivos fiscais não garantidos pela Constituição.

É anunciado corte nos gastos públicos, também se reduz a máquina do Estado


com a demissão de funcionários e privatização de empresas estatais. O plano
também prevê a abertura do mercado interno, com a redução gradativa das
alíquotas de importação.
As empresas foram surpreendidas com o plano econômico e sem liquidez
pressionam o governo. A ministra da economia Zélia Cardoso de Mello, faz a
liberação gradativa do dinheiro retido, denominado de “operação torneirinha”,
para pagamento de taxas, impostos municipais e estaduais, folhas de
pagamento e contribuições previdenciárias. O governo libera os investimentos
dos grandes empresários, e deixa retido somente o dinheiro dos poupadores
individuais.

No início do Plano Collor a inflação foi reduzida porque o plano era ousado e
radical, tirava o dinheiro de circulação, porém com a redução da inflação iniciava-
se a maior recessão da história no Brasil, houve aumento de desemprego, muitas
empresas fecharam as portas e a produção diminui consideravelmente, tem uma
queda de 26% em abril de 1990, em relação a abril de 1989. As empresas são
obrigadas a reduzirem a produção, jornada de trabalho e salários, ou demitir
funcionários.

Só em São Paulo nos primeiros seis meses de 1990, 170 mil postos de trabalho
deixaram de existir, foi o pior resultado, desde a crise do início da década de 80.
O Produto Interno Bruto (PIB) diminui de US$ 453 bilhões em 1989 para US$
433 bilhões em 1990.

Collor parecia alheio a sua política econômica desastrosa, procurava passar uma
imagem de super-homem, sempre aparecendo na mídia se exibindo, pilotando
uma aeronave, fazendo caminhadas, praticando esportes etc. Mostrava uma
personalidade forte, vaidoso, arrojado, combativo e moderno.

• Privatizações

Em 16 de agosto de 1990 o Programa Nacional de Desestatização que estava


previsto no Plano Collor é regulamentado e a Usiminas é a primeira estatal a ser
privatizada, através de um leilão em outubro de 1991.

Depois mais 25 estatais foram privatizadas até o final de 1993, quando Itamar
Franco já estava à frente do governo brasileiro, com grandes transferências
patrimoniais do setor público para o setor privado. Sendo que o processo de
privatização dos setores petroquímico e siderúrgico já está praticamente
concluído.

Então se inicia a negociação do setor de telecomunicações e elétrico, há uma


tentativa de limitar as privatizações à construção de grandes obras e à abertura
do capital das estatais, mantendo o controle acionário pelo Estado.

Plano Collor II
A inflação entra em cena novamente com um índice mensal de 19,39% em
dezembro de 1990 e o acumulado do ano chega a 1.198%, o governo se vê
obrigado a tomar algumas medidas.

É decretado o Plano Collor II em 31 de janeiro de 1991. Tinha como objetivo


controlar a ciranda financeira extingue as operações de overnight e cria o Fundo
de Aplicações Financeiras (FAF) onde centraliza todas as operações de curto
prazo, acaba com o Bônus do Tesouro Nacional fiscal (BTNf), o qual era usado
pelo mercado para indexar preços, passa a utilizar a Taxa Referencial Diária
(TRD) com juros prefixados e aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras
(IOF). Pratica uma política de juros altos, e faz um grande esforço para
desindexar a economia e tenta mais um congelamento de preços e salários. Um
deflator é adotado para os contratos com vencimento após 1º de fevereiro. O
governo acreditava que aumentando a concorrência no setor industrial
conseguiria segurar a inflação, então se cria um cronograma de redução das
tarifas de importação, reduzindo a inflação de 1991 para 481%.

A recuperação da economia iniciou-se no final de 1992, após um grande


processo de reestruturação interna das indústrias. Foi fundamental a abertura do
mercado brasileiro para produtos importados, a qual obrigou a indústria nacional
a investir alto na modernização do processo produtivo, qualidade e lançamento
de novos produtos no mercado.

As empresas que queriam permanecer no mercado tiveram que rever seus


métodos administrativos, bem como da organização, reduzindo os custos de
gerenciamento, as atividades foram centralizadas, muitos setores terceirizados.
As empresas são obrigadas a investir pesado na automação, reduz a hierarquia
interna nas indústrias, então cresce a produtividade. Toda essa modernidade era
necessária para as empresas se tornarem mais competitiva, tanto no mercado
interno quanto no mercado externo.

O aumento de produtividade foi fundamental para a sobrevivência das empresas,


porém para os trabalhadores, significava perdas de postos de trabalho, quer
dizer com menos funcionários se produziam mais, então aumenta o desemprego
dos brasileiros, que em 1993 só na Grande São Paulo chega a um milhão e
duzentos mil trabalhadores desempregados.

Impeachment de Collor – O Presidente da República foi substituído sem


derramamento de sangue, golpe militar ou qualquer tipo de violência. Foi um
processo pela via legal e demonstrou amadurecimento do povo e dos políticos
brasileiros, o que foi excepcional para a América Latina. Collor pregava a
moralidade, combate à corrupção, porém em seu governo foram constatados
muitos casos de corrupção. Paulo César Faria o PC envolvido no esquema de
corrupção dentro do próprio governo Collor, sendo que a CPI apurou que muito
dinheiro foi para a conta corrente de Collor. Para se ter uma ideia da gravidade,
custou aos cofres brasileiro, só para as despesas pessoais do presidente US$10
milhões e 600 mil. Ministros foram denunciados de corrupção, porém não houve
condenações, Paulo César Farias chegou a ser preso, mas em pouco tempo
ganhou a liberdade e foi curtir uma mansão na praia, onde foi encontrado morto
crivado de balas. A polícia não conseguiu provar nada, porém a opinião do povo
era uma só, seria uma queima de arquivos.

Plano Real
O programa brasileiro de estabilização econômica é considerado o mais bem-
sucedido de todos os planos lançados nos últimos anos para combater casos de
inflação crônica. Combinaram-se condições políticas, históricas e econômicas
para permitir que o Governo brasileiro lançasse, ainda no final de 1993, as bases
de um programa de longo prazo. Organizado em etapas, o plano resultaria no
fim de quase três décadas de inflação elevada e na substituição da antiga moeda
pelo Real, a partir de primeiro de julho de 1994.

A partir daí, a inflação foi dominada sem congelamentos de preços, confisco de


depósitos bancários ou outros artificialismos da heterodoxia econômica. Em
consequência do fim da inflação, a economia brasileira voltou a crescer
rapidamente, obrigando o Ministério da Fazenda a optar por uma política de
restrição à expansão da moeda e do crédito, de forma a garantir que, na etapa
seguinte, o Brasil possa registrar taxas de crescimento econômico
autossustentáveis, viabilizando a retomada do crescimento com distribuição da
renda.

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