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Pesquisas e Propostas para o Debate de

12/09/2022
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora: Viviane
Integrantes do Grupo: Ian Cassio Aissa Quintão, João Vitor Piovezan,
Luis Eduardo Da Silva Henriques, Steffany Novaes, Yuri Ferraz
Pessoa

União Desenvolvimentista do Página 1


Brasil
Introdução
O presente documento reúne as pesquisas e propostas defendidas pelos integrantes do grupo
“União Desenvolvimentista do Brasil”. Como o nome sugere, defendemos uma união nacional em
prol do desenvolvimento do país com os objetivos de: 1 – Reestabelecer a ordem política e social
nacional; 2 – Unir a população e cessar a cisão social onde se encontra o país atualmente, tendo
como foco um projeto nacional de longo prazo; 3 – Reduzir as desigualdades sociais e contribuir para
o bem-estar social nacional; 4 – Trabalhar para desenvolver um estado democrático genuíno, onde
as vontades e anseios do povo brasileiro são realizados e saciados; 5 – Manter a soberania nacional;
6 – Trabalhar para construir um país melhor para as gerações futuras; 7 – Pragmatismo e
ecumenismo ideológico em prol da nação. Essas premissas entram dentro de cinco compromissos
que consideramos fundamentais para o futuro do país:

1. Compromisso com a democracia;


2. Compromisso com a soberania;
3. Compromisso com a solidariedade;
4. Compromisso com o desenvolvimento;
5. Compromisso com a sustentabilidade.

Dados esses compromissos e esta breve introdução, seguimos para as propostas propriamente ditas.
Agradecemos a todos aqueles que leram ou irão ler este documento. Sua participação e colaboração
é vital para o definir o futuro do país.

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Brasil
Economia
Problemas da Economia Nacional: Desindustrialização, Desemprego e Informalidade,
Dependência da Exportação de Commodities, Privatizações de Empresas Estatais
Estratégicas
Por Luis Eduardo e João Vitor Piovezan

1. Desindustrialização e Dependência da Exportação de Commodities

[1]
Blog Valor Adicionado. Elaborado por Paulo Morceiro.

[1]
Blog Valor Adicionado. Elaborado por Paulo Morceiro.

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Brasil
[2]

O Brasil enfrenta um duradouro e extremo processo de desindustrialização. Como visto nas imagens
das páginas anteriores, em 2016 a participação da indústria no PIB foi a menor da história do país,
com uma porcentagem de 11,6%. Em 2021, esta participação cresceu para 22,2%. O principal
problema que pode ser atestado é que isso torna o Brasil um país dependente da exportação de
commodities. Alguns podem argumentar dizendo que não há problema em um país ser exportador
de commodities primárias, porém, essa situação é muito mais crítica do que aparenta. Como
explicado pelo professor de Economia da Universidade de Cambridge, Ha-Joon Chang em entrevista
ao El País: “As pessoas têm que entender como é séria a redução da indústria de transformação no
Brasil. Nos anos 80 e 90, no ponto mais alto da industrialização, esse setor representou 35% da
produção nacional. Hoje não é nem 12% e está caindo. O Brasil está experimentando uma das
maiores desindustrializações da história, em um período muito curto. O país tem que se preocupar.
E eu não estou dizendo nada novo. Muitos economistas latino-americanos já levantavam o problema
da dependência de commodities primárias na década de 1950 e 1960. Quando você é dependente
de commodities primárias há uma tendência de que o preço dos produtos caia no longo prazo em
comparação com os produtos manufaturados. Além disso, os países dependentes de commodities
não conseguem controlar seu destino”. [3]

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Brasil
Quando questionado a respeito de um exemplo do caso, Chang menciona: “Quando alguém inventa
uma alternativa para o seu produto, isso pode devastar o valor de sua economia. A indústria
brasileira de borracha foi um grande hit até que os americanos e russos inventaram a borracha
sintética nos anos 1930 e 1940. Quando os alemães inventaram a chamada síntese de Haber-Bosch
para a produção de amônia, a ser usado na fabricação de fertilizantes, Chile e Peru, que costumavam
ganhar muito dinheiro exportando o fertilizante natural guano, que foi o mais valioso fertilizante nos
séculos XIX, tiveram anos de estagnação econômica. Isso sem contar o potencial lento de
crescimento das commodities e relação a outras indústrias, como a de tecnologia”.

A desindustrialização no Brasil ocorreu de forma muito mais rápida e vertiginosa do que a de outros
países membros do BRICS, por exemplo. Enquanto países como China e Rússia mantiveram suas
indústrias com participações em torno de 40% e 30% do PIB, respectivamente, em 2019, no Brasil,
no 1º trimestre do mesmo ano a indústria brasileira respondeu por apenas 10,4% do PIB (vide
imagem 1). Para o professor do Departamento de Administração da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade Paulo Feldmann, o que levou o Brasil ao vertiginoso processo de
desindustrialização que ocorre hoje foi a adoção irrestrita e irrefletida às regras e medidas do
Consenso de Washington, um conjunto de medidas que deveriam ser tomadas pelos países para
melhorar suas economias que englobava a austeridade fiscal, abertura para importações,
desregulamentação da economia, privatizações e diminuição do papel do Estado na economia. [4]

[5]
Insti tuto Liberal. Brasil foi o país do BRICS que mais se desindustrializou.

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Brasil
[6]
Fonte: FGV Ibre/Icomex (Indicador de Comércio Exterior) e Secex/ME

[7]
Limite da Infraestrutura Energéti ca Brasileira. MA8 Management Consulti ng Group

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Brasil
Fontes:

1 - https://valoradicionado.wordpress.com/2019/05/30/industria-atinge-menor-nivel-historico-104-
do-pib-no-1o-tri-de-2019/

2 - http://www.fiesp.com.br/arquivo-download/?id=236253

3 - https://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/1251-brasil-experimenta-uma-
das-maiores-desindustrializacoes-da-historia-da-economia

4 - https://revistaoeste.com/economia/brasil-lidera-desindustrializacao-entre-paises-dos-brics/

5 - https://aun.webhostusp.sti.usp.br/index.php/2021/08/05/poucos-paises-no-mundo-passaram-
por-um-processo-tao-forte-de-desindustrializacao-como-o-brasil-afirma-professor-da-usp/

6 - https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2021/10/29/commodities-na-pauta-de-
exportacoes-brasileiras-2001-2021/

7 - https://oleodieselnaveia.com/2019/03/02/vai-faltar-energia-no-brasil-se-o-pais-crescer-o-que-
precisa-para-recuperar-os-empregos/

2 – Desemprego e Informalidade
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, no segundo trimestre de
2022, o país possui 10,1 milhões de desempregados, o que representa uma taxa de desemprego de
9,3%, junto com 4,3 milhões de desalentados e uma taxa de subutilização de 21,2%. [1]

O desemprego é comprovadamente responsável por uma variedade de problemas, afetando a saúde


mental e física do trabalhador, como demonstrado em um levantamento do Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) de 2017, o sentimento
de ansiedade atingiu 70% dos brasileiros desempregados e 63% disseram ter se sentido estressados
ou nervosos. Segundo pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio Vargas), mulheres com homens
desempregados têm mais chances de se divorciarem de seus maridos. [2]

Denota-se também o grande número de brasileiros trabalhando na informalidade. Em pesquisa do


IBGE, enquanto o número de ocupados era de aproximadamente 97.516 milhões de pessoas, a taxa
de informalidade na população ocupada correspondeu à 40,1% da população ocupada, ou 39.1
milhões de trabalhadores informais. A informalidade causa problemas para os indivíduos, empresas
e governos. O trabalhador informal é forçado a entrar na informalidade por falta de qualificação
para conseguir outra ocupação ou por que abrir mão do vínculo empregatício e trabalhar como
informal é mais rentável. Para os trabalhadores, a informalidade significa ficar sem renda numa
situação de doença; não ter direito à aposentadoria ou pensão no futuro; não ter acesso às garantias
obtidas pelas entidades sindicais nos processos de negociação coletiva; além da sujeição a uma série
de irregularidades, como extensas jornadas, rendimentos mais baixos e outras questões que violam
a legislação do trabalho.

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Empresas na informalidade não tem condições para prover aos seus funcionários outra opção senão
a informalidade. Tem dificuldades para se desenvolver e competir no mercado e conseguir crédito e
acesso a garantias legais.[3]

Além de emperrar o desenvolvimento dos trabalhadores e das empresas, a informalidade dificulta as


ações de planejamento dos governos municipais, estaduais e federal para incluir os que sofrem com
o problema em programas sociais, além de pressionar as contas públicas por causa dos impostos não
arrecadados. Dessa forma, tem impacto negativo sobre o financiamento da proteção social e os
investimentos públicos para a melhoria da qualidade de vida da nação, afetando áreas como
educação e saúde, entre outras.

Na pandemia do COVID-19, a crescente precarização do trabalho foi uma das causas da explosão de
casos do vírus no Brasil. Segundo um estudo realizado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro) em parceria com o IRD (Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento), com base em
indicadores socioeconômicos de todos os 5.570 municípios do País, “Os municípios onde os
trabalhadores informais são mais numerosos também são os mais afetados, para além do efeito
amplificador das taxas de pobreza mais elevadas”, afirma o texto da pesquisa. “Podemos supor que
a falta de seguridade social e a necessidade de se deslocar no exercício de seu trabalho contribuem
para essa especificidade daqueles que estão na informalidade.” [4]

Em Florianópolis (SC) – onde 23% dos trabalhadores são informais –, havia 938 contaminados e 15
mortes para cada 100 mil habitantes. O município, com pouco mais de 500 mil habitantes, tinha
4.697 casos em 11 de agosto.

Já Boa Vista (RR), com 41% dos trabalhadores na informalidade, registrava na mesma data 6.847
infectados e 108 óbitos por 100 mil habitantes. A população da cidade é de 399,2 mil habitantes.

Fontes:

1 - https://meusalario.org.br/trabalho-decente/informalidade-um-dos-maiores-problemas-da-
economia-e-do-mercado-de-trabalho#:~:text=Al%C3%A9m%20de%20emperrar%20o
%20desenvolvimento,causa%20dos%20impostos%20n%C3%A3o%20arrecadados

2 - https://www.anpec.org.br/encontro2008/artigos/200807101810570-.pdf

3 - https://www.brasildefato.com.br/2022/06/30/ibge-com-40-1-de-informalidade-e-queda-na-
renda-taxa-de-desemprego-recua#:~:text=A%20taxa%20de%20informalidade
%20corresponde,estava%20majoritariamente%20no%20trabalho%20informal.

4 - https://www.ncst.org.br/siscon/print.php?id=23732

3 - Privatização da Petrobrás e da Vale do Rio Doce


Fonte: 1# AEPET rebate Castello Branco - O mito da Petrobras quebrada
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Brasil
Disponível em: htt ps://www.youtube.com/watch?v=09z02_e8hn8&t=625s

A narrativa que vem disputando o senso comum, de que a Petrobras estaria quebrada, revelada
desde as revelações da Operação Lava-Jato, onde um grupo de empreiteiros corruptores se
organizaram e lesaram a Petrobras, vítima da ação conjunta desses empreiteiros com políticos
corruptos e dos executivos de aluguel da Petrobras para promover seus próprios interesses dentro
da companhia. A empresa foi indubitavelmente lesada, e os recursos que lhe foram tomados devem
ser ressarcidos. Tal narrativa diz que a lesão causada por tais atos foi tamanha a ponto de desmontar
a Petrobras e de que a dívida da empresa foi elevada por conta da corrupção. Essa narrativa que
vem sendo repetida também menciona que entre as causas do “desmonte” da Petrobras também
teriam sido responsáveis a política de preços abaixo dos internacionais entre 2010 e 2014 e os ditos
“maus investimentos” da companhia. Cabe aqui uma análise fria da situação da companhia, com
base nos números da Petrobras e nos artigos e documentos que a Associação dos Engenheiros da
Petrobras produz desde 2015.
1 – O mito da Petrobras “quebrada”
Referência: “O Mito da Petrobrás Quebrada, Oliveira C.; Coutinho E. (2017)”

A Petrobras nunca “quebrou”, nem nunca esteve próxima de falir ou necessitar de recursos do
Tesouro Nacional. Como identificar isso categoricamente? Para se identificar que uma companhia
está falimentar, é necessário consultar os números do balanço comercial da companhia que
indiquem tal situação econômico-financeira. Embora tenha sido vítima da corrupção, a Petrobras
sempre esteve longe da falência, se mantendo como uma grande geradora de caixa. Entre 2012 e
2017, a geração de caixa da Petrobras ficou entre 25 e 27 bilhões de dólares em termos nominais.
Atualizados para 2019, tais valores excedem uma geração de caixa por ano de mais de 30 bilhões de
dólares. Independentemente da corrupção que lesou a empresa, ou dos preços mais baixos dos
combustíveis, responsáveis por favorecer os consumidores brasileiros e a economia nacional ou dos
maus investimentos, a Petrobras se manteve como uma grande geradora de caixa. Nesse mesmo
período, a companhia também manteve grandes reservas em caixa, reservas estas que eram muito
maiores que as das petrolíferas multinacionais e privadas (em torno de 3,5 e 25 bilhões de dólares).

A Petrobrás reduziu sua dívida líquida de US$ 115,4 para US$ 69,4 bilhões e sua alavancagem (dívida
liquida / EBITDA ajustado) de 4,25 para 2,20, entre o final de 2014 e de 2018.
Limitou-se a 25,65% da redução da dívida líquida, entre 2015 (final de 2014) e 2019 (final de 2018),
que pode ser atribuída a venda de ativos. Cerca de três quartos (74,35%) da redução da dívida teve
origem na geração operacional de caixa da Petrobrás.
Verifica-se que mesmo sem vender qualquer ativo a dívida liquida da Petrobrás teria sido reduzida
de US$ 115,4 para US$ 81,19 bilhões, do final do exercício de 2014 ao final de 2018, atingindo
indicador de alavancagem (dívida liquida / EBITDA ajustado) de 2,58, resultado próximo à meta
arbitrada pela direção da companhia de 2,50.
Na realidade, o resultado teria sido ainda melhor porque nesta estimativa não foi considerada a
perda de geração operacional de caixa decorrente da venda de ativos altamente rentáveis, como a
malha de gasodutos do Sudeste, da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), subsidiária integral da
Petrobrás.

Criação e Privatização
O interessante é que a CVRD sobreviveu a períodos e processos políticos bastante distintos de nossa
História. Sua natureza pública e estatal acompanhou a vida da empresa na ditadura varguista pré
1945. Se manteve assim no processo de democratização na Constituinte de 1946. Atravessou a fase
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democrática do desenvolvimentismo até o golpe de 1964 e se fortaleceu ainda mais no período da
ditadura militar. A empresa se mantém assim durante toda a transição democrática e o pacto da
Constituição de 1988 confirma que os recursos do subsolo são bens da União e que a exploração de
minério também é de exclusividade da União.

No entanto, a onda neoliberal da década de 1990 coloca esse modelo em questão. Durante o
governo de FHC um conjunto de setores estratégicos e empresas estatais passam a ser objeto de
privatização. Um dos exemplos mais emblemáticos foi justamente o da CVRD. O controle acionário
da empresa foi transferido em uma única martelada no cenário teatral especialmente montado pelo
financismo no espaço da Bolsa de Valores. Com isso, foram-se embora pelo ralo mais de 55 anos de
vida da empresa no âmbito do setor público. Independentemente das críticas que se possam
oferecer ao percurso da empresa ao longo dessas décadas, o fato é que ela estava respondendo de
alguma maneira a interesses estratégicos do Estado brasileiro.

A onda privatizante foi devastadora. Ao final, o valor pago pelo consórcio vencedor foi irrisório.
Foram contabilizados apenas R$ 3,3 bilhões, quando várias avaliações independentes estimavam
que os valores patrimoniais da CVRD superavam os R$ 70 bi. Além disso, o modelo de privatização
aceitava o pagamento dos ativos com as chamadas “moedas podres”. Tratava-se de títulos do
Tesouro Nacional que eram negociados por alguns centavos no mercado secundário e que foram
aceitos por seu valor nominal de face na hora da privatização. Uma verdadeira negociata em prol
dos investidores. Um tremendo crime de lesa pátria contra a maioria da população brasileira.
A Vale precisa ser pública!
É bem verdade que as pessoas ficaram bastante chocadas com as catástrofes mais recentes de
Mariana e Brumadinho. E esse sentimento generalizado de indignação e impotência é mais do que
justificado. Afinal, os prejuízos são incomensuráveis – humanos, ambientais, materiais, financeiros.
Ao contrário do que tentam passar os grandes meios de comunicação e os próprios órgãos públicos
envolvidos, estes eventos não podem ser qualificados como “acidentes”. Na verdade, foram crimes
cometidos em nome da busca ensandecida pelo lucro. Eu sei que é duro apresentar uma análise com
esse tipo de frieza nesse momento de tanta dor e tristeza. No entanto, infelizmente, é simples assim.

Mas não nos esqueçamos de que o primeiro grande crime foi até anterior. Ele ocorreu com a decisão
de promover a privatização. Ao vender a Vale para o capital privado, o governo passou a sinalizar
que a exploração do minério de ferro (e outros minerais) entrava em nova fase. Ao transferir a
propriedade e a direção da empresa para uma articulação liderada pelo capital financeiro nacional e
internacional, nossa elite política rompeu com o modelo que pressupunha a existência de um
projeto nacional articulado para promover a exploração do subsolo com alguma racionalidade que
fosse um pouco além da ganância pura e simples.

A Vale passou a orientar suas ações única e exclusivamente em busca da chamada “maximização de
seus resultados”. Traduzindo esse financês sofisticado, isso significa que a empresa iria correr atrás
de lucros e mais lucros a qualquer preço. E ponto final! Sim, pois esse era exatamente o argumento
usado à época da negociata. Vivíamos sob o reinado supremo e absoluto dos ditames do Consenso
de Washington e de suas receitas liberal privatizantes. A grande imprensa não cansava de repetir o
eterno blá-blá-blá a respeito da suposta ineficiência intrínseca do setor público e da suprema
eficiência da gestão privada das empresas. Os resultados estão por aí.

As pessoas se assustam com as revelações dos bastidores da vida da empresa que agora passam a vir
à tona. É doloroso e revoltante. Mas é exatamente assim que funciona a lógica do capital privado. O
interesse que comanda é a busca do retorno financeiro dos investidores, em particular os
estrangeiros que operam na Bolsa de Valores de Nova Iorque. E para esse povo, pouco importa o
que, o como e onde a empresa esteja atuando. Eles querem lucro e nada mais conta. Se alguém
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pensou em projeto nacional, esqueça. A Vale exporta minério de ferro extraído das montanhas de
Minas Gerais e ela mesma importa – para construir suas estradas de ferro – os trilhos produzidos
pelo conglomerado em plantas industriais no exterior.
Capital privado e lucro a qualquer preço
A Vale não incorpora em suas ações nenhum tipo de compromisso com a sustentabilidade
ambiental, social ou econômica. O que já era sabido e denunciado pelo mundo afora, agora passou a
ser tragicamente comprovado pelos crimes de Mariana e Brumadinho. A partir da privatização, a
lógica de acumulação de capital obedece ao princípio de obtenção do máximo potencial de lucro no
menor intervalo de tempo possível. Assim, sob tais condições, os aspectos relativos a segurança na
operação, a prudência nos processos, o respeito às populações locais, a preservação do meio
ambiente e outros se enquadram naquilo que o governo do capitão chama genericamente de
“marxismo cultural”.

Ora, não é mesmo verdade que boa parte das receitas da Vale advém da exportação de minério de
ferro? Pois então, a tarefa do suposto “gestor eficiente” é aumentar o volume a ser extraído a
qualquer preço. Sim, pois sobre a cotação da tonelada da commodity no mercado internacional ela
não consegue atuar. Essa verdadeira sangria – literal e simbólica – a que a sociedade brasileira está
sendo submetida é convertida em bônus e ganhos exorbitantes para os dirigentes da empresa, além
dos dividendos bilionários religiosamente pagos aos investidores nacionais e estrangeiros. A velha e
conhecida ampliação e reprodução das desigualdades de todos os tipos.

Ora, sob tais circunstâncias, não seria o caso de nos indagarmos qual o ganho que a maioria da nossa
população tem com a continuidade desse modelo altamente espoliador? A realidade objetiva é que
reproduzimos um sistema baseado no pós-colonialismo, onde permanecemos especializados na
exportação de riquezas naturais de baixíssimo valor agregado e importamos produtos
manufaturados de alto valor agregado do resto do mundo. Ou seja, terminamos por reforçar um
modelo que nos eterniza na condição de subalternos e dependentes. Exatamente o oposto do sonho
de Getúlio e de qualquer projeto de desenvolvimento social e econômico.
A Vale precisa ser pública!

Esse tipo de atividade recolhe pouquíssimo tributo e compromete de forma severa nosso meio
ambiente e nosso tecido social. No entanto, a Vale é uma das empresas que mais participa do
financiamento de campanhas eleitorais pelo Brasil afora. Com seu imenso poder econômico, ela
interfere nas eleições “colaborando” com chapas nos executivos federal, estaduais e municipais,
bem como na votação de candidatos aos legislativos dos três níveis. Talvez essa seja uma
característica essencial para compreendermos a complacência e a passividade da administração
pública em promover uma regulação séria e punir esse tipo de atividade criminosa.

A crise está escancarada. Esse é o momento para se debater e reverter o crime da privatização. O
futuro da Vale em simbiose de respeito ao meio ambiente e à maioria da sociedade exige uma
mudança efetiva em seu comando. A empresa precisa recuperar de forma urgente sua natureza
pública, para evitar a continuidade desse tipo de prática criminosa. Já passou da hora da União
retomar as rédeas de controle da empresa, evitando que a sanha avassaladora do lucro a qualquer
custo continue a orientar a gestão do grupo.

A Vale precisa voltar a ser uma organização pública e estatal. Uma empresa preocupada com o
futuro do Brasil e não com a satisfação dos interesses mesquinhos dos investidores do capital
especulativo. Basta!

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Brasil
Infraestrutura
Por Luis Eduardo e João Vitor Piovezan

Problemas da Infraestrutura: Obras Paradas, Distribuição Precária de Energia, Baixa


Integração do Território Nacional
Obras Paradas
O Brasil tem cerca de 7 mil obras paralisadas, aponta levantamento feito pela Confederação
Nacional dos Municípios (CNM), que analisou cinco plataformas do governo federal. São escolas,
postos de saúde e casas populares que não foram concluídas até hoje. Financiadas com recursos
públicos, essas obras que não avançaram somariam investimentos de R$ 9,3 bilhões. Mais da
metade dessas obras paradas está no Nordeste: são 52,6%. A concentração de obras paralisadas –
via de regra, as que não tiveram avanço em 180 dias – também é maior em cidades de pequeno
porte. O levantamento da CNM foi antecipado pelo jornal O Estado de S.Paulo. O GLOBO também
teve acesso ao documento. O documento traz um diagnóstico sobre as obras inacabadas que estão
sob responsabilidade dos governos municipais. "No caso dos Municípios, a conclusão de obras
públicas pode representar novas escolas, unidades de saúde, pavimentação de estradas, canalização
de esgoto e iluminação pública, podendo elevar substancialmente a provisão de serviços públicos e
o bem-estar social dos seus habitantes", diz o documento, que alerta para o complexo arcabouço de
regras para a execução dessas obras. A paralisação, diz a CNM, significa "desperdício de recursos
públicos e prejuízo para a população". O relatório aponta que entre 2012 e 2021, o país tinha 6.932
paralisadas em municípios, que somam R$ 9,3 bilhões em valores contratados. Dessas, 52,6% estão
no Nordeste e 17,7% no Norte do país. Na sequência aparecem as regiões Sudeste (14,6%), Sul
(7,9%) e Centro-Oeste (7,1%). A maior parte das obras paradas foram localizadas na plataforma
+Brasil, do Ministério da Economia. São 2.714 empreendimentos que não avançaram, ao custo de R$
2,4 bilhões. Dez pastas eram as responsáveis pela gestão desses contratos. O levantamento aponta
que o os ministérios do Desenvolvimento Regional e Turismo são responsáveis por 75% das obras e
valor global dos contratos.
Paralisações nas construções ou restaurações de unidades escolares das redes municipais de ensino
concentraram 2.668 ocorrências entre 2012 e 2021, apontou o levantamento da CNM junto ao
Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação (Simec). O
valor de contrato é de R$ 2,6 bilhões. O estudo contabilizou as obras paralisadas e inacabadas, que
ainda podem ser repactuadas e retomadas pelos municípios. A maior parte das paralisações, 54%,
foi registrada em cidades do Nordeste. Na sequência aparece o Norte (25%) e o Sudeste (10%). A
CNM também verificou o portal SisHab, do Ministério do Desenvolvimento Regional, que concentra
dados dos empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida. Como ele foi substituído pelo
Casa Verde e Amarela, só há dados disponíveis entre 2012 e 2019. Havia 896 empreendimentos

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parados, com valor de operação de R$ 3,4 bilhões. Norte e Nordeste concentravam 70% das obras e
65% dos recursos.

Na área da saúde, especificamente, duas plataformas do Ministério da Saúde foram consultadas. No


Sistema Integrado de Monitoramento de Convênios (Sismoc), da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), foram listadas 131 obras paradas entre 2012 e 2019, com custo de R$ 533,7 milhões. Já no
Sistema de Monitoramento de Obras (Sismob), que monitora o andamento de obras de Unidades
Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), entre 2012 e 2021 havia 543
obras paradas, a um custo de R$ 150,2 milhões.

Propostas: Criação de uma empresa estatal de construção civil com o objetivo de finalizar essas
obras por todo o Brasil e desenvolver a infraestrutura nacional com o nome de Construbrás. O
financiamento da empresa será arrecadado do dinheiro que será realocado dos salários e benefícios
de deputados, juízes, a Presidência da República, e outros. Segundo um estudo da Universidade de
Brasília, cada parlamentar tem um gasto médio cerca de 528 vezes maior que a renda média do
brasileiro. O orçamento autorizado para o ano de 2022 no Congresso Nacional não mostra sinais de
desaceleração nos gastos. As cifras chegam a R$ 14,5 bilhões – US$ 3 bilhões em valores convertidos
–, sendo R$ 6,95 bilhões para a Câmara, R$ 5,1 bilhões para o Senado e R$ 2,4 bilhões para o
Tribunal de Contas da União, órgão de assessoria do Legislativo.

A reportagem também faz uma comparação mostrando que o orçamento disponível para

conselheiros, deputados e senadores é maior do que o de quatro ministérios somados:

Comunicações (R$ 4,2 bilhões), Meio Ambiente (R$ 3,6 bilhões), Turismo (R$ 3,5 bilhões) e Mulher,

Família e Direitos Humanos (R$ 947 milhões). As cifras serão destinadas em sua maioria para o

pagamento de pessoal. Salários e benefícios dos parlamentares e servidores das casas legislativas

vão custar, ao longo do ano, R$ 6,43 bilhões – deste total, quase meio bilhão de reais será gasto

apenas com assistência médica e odontológica. Aposentadorias e pensões vão consumir outros R$

5,5 bilhões. A manutenção dos apartamentos funcionais à disposição dos parlamentares vai custar

outros R$ 21 milhões. Caso não queiram morar nesses imóveis, os congressistas podem requerer o

auxílio-moradia, que conta com um fundo de R$ 10,5 milhões.

Fontes:

União Desenvolvimentista do Página 1


Brasil
1 - https://economia.ig.com.br/2022-04-27/brasil-obras-paradas.html

2 - https://www.gazetadopovo.com.br/republica/cada-parlamentar-custa-aos-cofres-publicos-528-

vezes-a-renda-media-do-brasileiro-aponta-pesquisa/

4 – Sustentabilidade
Formas de Energia Renovável, Fiscalização na Amazônia

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Brasil

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