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2022
O
futuro
dO Brasil
em jogo
Eleições de 2022 trazem embate
entre dois projetos distintos.
Em disputa, a ideia de como o Estado pode
ajudar a vida de cada um e a consolidação
da democracia brasileira
salários
baixos
inflação,
e Fome
Com Bolsonaro,
velhos fantasmas
voltam a
assombrar
Crise sanitária e
econômica: uma
tragédia anunciada
Se a pandemia afetou todo o mundo, também é
verdade que o Brasil foi um dos países que pior se
preparou para enfrentar a crise econômica, social e
sanitária, a despeito dos avisos de especialistas, dos
movimentos populares e da sociedade civil.
No fim de abril, quando o país chegava a um recorde
diário de mortes pela covid-19, Bolsonaro respondeu
a um repórter: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o
quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”. Foram
inúmeras frases demonstrando o descaso em rela-
ção à pandemia, que se refletiu no elevado número
de mortes, grande parte delas evitáveis.
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O combate à covid foi desastroso e na economia
não foi diferente. Relatório da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
divulgado em julho mostra que o Brasil é o quarto
com maior inflação entre os países que compõem
o chamado G20. E o acréscimo de R$ 200 no Auxílio
Brasil até dezembro não será suficiente para colocar
no carrinho do supermercado a quantidade que se
comprava em 2020. Os R$ 600 do auxílio atual corres-
pondem a R$ 491,72 em valores de dois anos atrás,
segundo cálculos de Matheus Peçanha, pesquisador
e economista do Instituto de Brasileiro de Economia
(Ibre), da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Como consequência da inflação alta e também do
fim da política de valorização do piso nacional, o salário
mínimo está em seu momento mais baixo dos últimos
15 anos, de acordo com o Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Hoje, o mínimo é capaz de comprar apenas uma cesta
básica e meia. Em 2009, ele comprava duas cestas bá-
sicas. Durante a gestão Bolsonaro, não houve nenhum
aumento real do piso nacional acima da inflação.
Em Manaus, capital do
Amazonas, a Prefeitura foi
obrigada a abrir covas coletivas,
chamadas de “trincheiras”
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Governo desmonta
política de alimentos
Outro fator que influenciou na alta dos alimentos
e na crise de insegurança alimentar foi o desmon-
te promovido na Companhia Nacional de Abasteci-
mento (Conab), que teve sua política de estoques
reguladores estratégicos desarticulada. Por meio
dela, governos anteriores conseguiam amenizar a
trajetória de alta nos preços de alimentos por conta
de quebras de safras ou questões comerciais.
Com Bolsonaro, das 92 unidades armazenado-
ras, 27 foram fechadas. Para se ter uma ideia do
impacto, em 2012 os recursos movimentados pela
Conab totalizaram R$ 600 milhões, já em 2020 este
total ficou abaixo de R$ 15 milhões.
Em números absolutos, 125,2 milhões de pessoas
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no Brasil estão passando por algum nível de inse-
gurança alimentar. Essa classificação inclui pessoas
que estão passando fome e aquelas que estão pre-
ocupadas por não saber se terão o que comer no
dia seguinte. O número de pessoas nessa situação
aumentou 7,2% desde 2020, e 60% desde 2018.
A escalada da fome
País regrediu a patamar equivalente ao da
década de 1990 em segurança alimentar
Elaboração de uma
reforma tributária na qual
os ricos paguem mais
Revogação da Lei do
Teto de Gastos
Implementação da
Renda Básica Cidadã
Valorização do
salário mínimo
Ampliação do financiamento
público da saúde
Execução de um plano de
recuperação da educação
Retomar e ampliar as
mais diversas formas de
participação social
Qual o papel
do Estado?
Um debate fundamental nas eleições de 2022 se
refere à concepção de cada candidato sobre o papel
que o Estado pode desempenhar no dia a dia das
pessoas. Reiteradas vezes, Jair Bolsonaro já disse
que o Brasil precisa de “menos Estado” e a política
econômica de Paulo Guedes vai nesse sentido. O
mesmo vale para políticas sociais. O Auxílio Emer-
gencial de R$ 600, criado em meio à pandemia, só
foi possível ser efetivado com esse valor por conta
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da mobilização popular e do Congresso Nacional.
As iniciativas do Estado, em um país desigual como
o Brasil, são consideradas fundamentais para garan-
tir o bem estar da população, ainda mais em tempos
de crise. O protagonismo do Sistema Único de Saúde
(SUS) durante a pandemia evidenciou isso, a despeito
de o governo ter desprezado o combate à covid-19 e
o Teto de Gastos ter enfraquecido o sistema.
“O modelo neoliberal, muito encarnado de forma
até caricatural pelo ministro Paulo Guedes, enxerga
a relação entre público e privado como de oposição,
uma visão superada mundo afora. Nenhum país de-
mocrático tem mais essa visão”, aponta, em entre-
vista ao Opera Mundi, o professor de economia da
Unicamp Guilherme Mello.
O economista, integrante da equipe que discutiu
as diretrizes programáticas da chapa Lula-Alckmin,
aponta a necessidade de promover uma nova legis-
lação para obter recursos imediatos que auxiliem na
superação da pobreza e na reativação da economia.
“Sem esses recursos, cairemos em 2023 no abismo
que [Jair] Bolsonaro montou para o novo governo”,
alertou.
Os CACs permitem
que um atirador
possa ter até
60 armas
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A cultura
despedaçada
A diversidades dos
comitês populares
A formação dos comitês tem alcançado diversos
segmentos, indo desde o Comitê Popular de Traba-
lhadores da Ford e de Assentados do MST até a ex-
periência do Comitê de Tik Tokers.
Eles realizam atividades como montagem de ban-
quinhas nas praças, panfletagens, eventos culturais
e visitas de porta em porta nos bairros.
Eduarda Rocha/CMSL
200 anos de
Independência,
para quem?
O tradicional Grito dos Excluídos e Excluídas, reali-
zado sempre no dia 7 de setembro, discute o bicente-
nário da Independência neste ano. O questionamento
inclui na pauta as demandas relativas às tarefas ur-
gentes para a reconstrução do Brasil.
Entre os temas do Grito estão questões como a so-
berania alimentar e o combate à fome, a necessidade
de garantir e aprofundar a democracia e o combate
às desigualdades e à violência estrutural.
Com 28 anos, o Grito acontece em diversas cidades
do Brasil com o lema “A Vida em Primeiro Lugar”, que
ecoava as demandas populares de um país que, em
1995, ainda não tinha a inclusão como prioridade.
As palavras de ordem desta primeira edição se tor-
naram permanentes e hoje, em plena crise social e
econômica, são ainda mais emblemáticas.
33 Ed. especial Nº 20 - www.brasildefato.com.br
EXPEDIENTE
Esta é uma edição especial do Brasil de Fato /
Circulação nacional gratuita, agosto de 2022.
Edição: Nina Fideles e Glauco Faria
Jornalista responsável: Nina Fideles (MTB 6990/DF).
Artes e diagramação: Fernando Bertolo
Arte da capa: Fernando Bertolo
Com textos de Caroline Oliveira, Gabriela Moncau,
Nara Lacerda e Vinicius Konchinski
Revisão: Thalita Pires
CONTATO
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Email: jornalismo@brasildefato.com.br
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