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Zygmunt Bauman defende que "não são as crises que mudam o mundo, e sim nossa

reação sobre elas". No entanto, é um fato incontestável que a insegurança alimentar


no Brasil tem sido uma crise persistente e crescente. De 2018 a 2020, mais de 19
milhões de brasileiros enfrentaram a fome, de acordo com dados da Rede Brasileira
de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan). Diante
dessa alarmante realidade, é evidente a necessidade de estratégias que abordem as
causas subjacentes do problema, incluindo a falta de responsabilidade política e de
investimento adequado.

Sob esse prisma, é possível identificar como um obstáculo à resolução desse


problema a falta de legislação eficaz e programas que garantam a segurança
alimentar de todos os brasileiros. Conforme a visão de John Locke, filósofo
contratualista, é dever do Estado, no contexto do "contrato social", assegurar os
direitos fundamentais da população. No entanto, devido à precariedade na
implementação da Lei nº 11.346, que institui o direito à alimentação adequada, e à
falta de estímulos eficazes à agricultura familiar, ocorre uma violação desse
"contrato social". Milhões de brasileiros continuam sem acesso a esse direito
básico, o que é inaceitável em uma sociedade democrática.
Em uma segunda perspectiva, é crucial ressaltar que a falta de investimentos em
programas de assistência à população é um fator que perpetua essa situação no
Brasil. A defasagem de valores em programas como o Bolsa Família, que auxilia
milhares de brasileiros de baixa renda a obterem uma cesta básica, torna esses
beneficiários vulneráveis à insegurança alimentar devido à incompatibilidade dos
valores com os custos atuais do mercado. Nesse contexto, é imperativo que a
sociedade e o Estado enfrentem essa situação de maneira determinada.

Torna-se evidente, portanto, a necessidade de superar esses desafios. Nesse


sentido, é responsabilidade do Ministério da Fazenda, em colaboração com o
Ministério da Cidadania, criar um programa social eficaz que garanta as condições
necessárias para erradicar a insegurança alimentar no país. Isso implica em investir
em políticas que garantam a oferta de alimentos básicos a todos os brasileiros e em
programas de assistência social com valores atualizados e compatíveis com o
custo de vida. Somente assim, poderemos construir uma sociedade mais justa, onde
o Estado cumpra seu dever, como preconizado por John Locke, e onde a
insegurança alimentar seja relegada ao passado.

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