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O escritor jesuíta Baltasar Graucián pressagia com a fala “o que é excesso para uns é fome

para outros”; que é condizente com a realidade não atual, mas agravada modernamente no
contexto brasileiro: a insegurança alimentar. Cenário esse que se tem como consequência não
da insuficiência produtiva de alimentos, mas, sim, do combate isolado e incapaz de mitigar os
efeitos socioeconômicos da pandemia da Covid-19.

O agronegócio no Brasil foca na exportação e acaba por privilegiar um projeto de soberania


alimentar no país, dificultando o combate à fome na medida em que há o desmonte das
políticas de apoio à agricultura familiar, sendo ela o principal modelo gerador de empregos no
âmbito rural: segundo o censo agropecuário de 2017, apenas 26% dos trabalhadores
registrados no campo são da grande propriedade fundiária, mas, conquanto, os maiores
esforços de investimento não são direcionados ao campesinato, assim, continuando com a
manutenção cíclica da desigualdade econômica, principal coeficiente para a insegurança
alimentar.

Ademais, é admissível que haja múltiplas causas para o aumento da dificuldade de se


manterem os esforços ao combate da insegurança alimentar, situação essa estrutural que, na
pandemia, veio à tona em forma de medidas profiláticas de grandeza quase nula ao se
observar os efeitos das propagandas contra a saúde pública pelo governo impedindo a
utilização da força máxima do SUS em todas as suas dimensões (prevenção, assistência, cura e
reabilitação), bem como a orientação e organização da sociedade em torno das medidas de
prevenção. Essa situação provocou uma crise que reduziu o poder de compra da população e
aumentou a demanda quando a capacidade de distribuição diminuía, contribuindo para a
indigência alimentar.

Contudo, medidas são necessárias para que esse combate de assola mais de 33 milhões de
brasileiros seja estabilizado. Dessa forma, é imprescindível que o Banco do Brasil adote
medidas para alcançar as metas de inflação para a asseguração de viabilização de uma renda
maior para a população mais vulnerável e cabe ao Estado e o ministério da Agricultura o
impedimento da privatização de fiscalização no agronegócio para que a agricultura familiar
tenha mais espaço de crescimento.

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