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O avanço da fome no contexto brasileiro

“Boi com sede bebe lama, barriga seca não dá sono. Eu não sou dono do mundo, mas tenho culpa
porque sou filho do dono.” Esse é um dos trechos da música “Filho do dono”, do paraibano Flávio
José, canção que descreve uma sociedade que fecha os olhos para não ver o desespero de uma gente
que passa fome. Apesar da obra, a situação descrita é análoga à realidade, simbolizada por um Brasil
de um povo que tem direito a comida, mas não come. Com isso, é válido ir ao que fomenta e ao
impacto do avanço da fome no cenário brasileiro.

Com efeito, a conjuntura é fruto da histórica assimetria social. Isso acontece, porque, de acordo com
o historiador José Murilo de Carvalho, a desigualdade é a escravidão de hoje, o novo câncer que
impede a constituição de uma sociedade democrática. Sob esse viés, entende-se que perpetuar a
política excludente trazida pelos portugueses é concordar com os feitos que tiram dos mais pobres o
direito fundamental de acesso à alimentação. Desse modo, mantém-se morta a cidadania e vivo um
Brasil presente no Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas.

Ademais, a colheita é a carência da saúde na vida dos milhares de sujeitos vítimas da problemática.
Tal fato ocorre, pois, para o corpo físico funcionar, a alimentação é necessária e a falta de nutrientes
acarreta problemas graves e pode influenciar no comportamento do indivíduo perante a coletividade.
Além disso, o cenário está ligado ao desenvolvimento de quem sofre o impacto da exiguidade
alimentar. Prova disso é a Somália e o Chade – presentes na lista dos países mais famintos do mundo
e com um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixíssimo. Assim, a privação de um elemento
fundamental gera sofrimento e compromete toda uma geração.

Portanto, percebe-se a urgência em colocar comida na mesa dos brasileiros. Para isso, é fundamental
que o Poder Executivo Federal, especificadamente o Ministério do Desenvolvimento e Assistência
Social, Família e Combate à Fome, planeje tornar eficiente o que dita o art. 6º da Constituição Federal
de 1988 – alimentação como direito social. Tal iniciativa ocorrerá por meio da implantação de um
Projeto Nacional de fome zero, o qual destinará cestas básicas para as famílias em estado de
subnutrição, desnutrição e insegurança alimentar. Isso será feito, a fim de garantir uma nação de
pessoas saudáveis. Afinal, já é chegada a hora do povo dormir de barriga cheia.

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