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COLÉGIO SÃO JOSÉ

DISCIPLINAS: HISTÓRIA, GEOGRAFIA, SOCIOLOGIA, FILOSOFIA E OPEE


PROJETO PROTAGONIZAR VOZES DA FOME
(Enrico Weiss das Neves, Guilherme Rodrigues Gonçalves da Silva, Thiago Schmitt dos
Passos)
(TURMA 102)

RESENHA CRÍTICA DOCUMENTÁRIO HISTÓRIAS DA FOME NO BRASIL

BRASIL, ONU. Documentário: Histórias da Fome

O documentário histórias da fome no brasil, produzido pela UNESCO e lançado no dia 05 de


abril de 2019, tem como objetivo transmitir de forma cronológica a história da fome no
território nacional, o documentário surge em tempos interessantes, considerando a saída do
Brasil do mapa da fome no ano e 2014, e no contexto político de 2019, com a insurgência de
cada vez menos preocupação na diminuição dos índices de pobreza vindo do estado e com a
quantidade de cidadãos entrando na condição de insegurança alimentar. Dado esses tais fatos,
podemos também mencionar que o Brasil por mais que estivesse passando por um retrocesso
era sim um exemplo de como resolver a fome, e o documentário menciona isso quando ele
fala sobre o ressurgimento de cada vez mais fome na Europa, por conta das diversas crises
que vem se alarmando, até atualmente.

Nesse sentido, O documentário introduz com o depoimento de diferentes famílias brasileiras


que já passaram pela situação de fome. É citada uma fala do Papa Francisco: “Elas pedem
dignidade, não esmola”. São mostrados alguns dados sobre a fome: 10 milhões de pessoas em
situação de insegurança alimentar nos EUA e 34 milhões na américa latina. “A fome está
diretamente ligada a propriedade de terras”. Residem no semiárido brasileiro 25 milhões, 10 a
12 milhões passam sede e fome. 1877-1879: mais de 500 mil pessoas morreram de fome no
semiárido. 1915-1917: Na grande seca morreram mais de 100 mil nordestinos. 1932: Mais de
16 mil flagelados confinados em campos de concentração no ceara.

O Brasil tem uma cultura de ocultar os seus problemas, “No sertão, é uma fome escondida”.
Nesse viés, Josué de castro escreve “Geografia da fome”, onde traz o discurso de dar
oportunidade de o país produzir seu próprio alimento, ao invés de somente entregá-lo. “Os
países desenvolvidos doam a comida aos países pobres. Isso perpetua a fome. O correto é dar
o desenvolvimento para os países pobres produzirem”. Após o Golpe militar, a situação
piorou ainda mais devido a censura. A primeira regularização da terra afetou negativamente
os pobres. Todas as lideranças camponesas foram derrubadas e eram assassinadas durante a
ditadura. “Os militares governavam pra 20% da população”. Há de se citar também o Êxodo
Rural: Grandes movimentos de vinda para a cidade contra a vontade dos fazendeiros por
conta da falta de terra. Ocorre também a Revolução verde, a modernização conservadora da
agricultura, avanço da genética, melhora da produção de alimentos, sem mudanças no sistema
– exportação. Trabalhadores não tinham condições, eles morriam e não recebiam justiça (Ex:
Chico Mendes). “Ninguém pode aceitar a existência da pobreza como algo natural.” “É um
fenômeno iminentemente político”.
Após a redemocratização, tem início um importante programa de combate à fome, o Fome
zero. Assim, entra na televisão o tema da fome o do direito da alimentação. Se retoma o
conselho nacional de segurança alimentar e nutricional. Proposta do Fome Zero = Tinha como
missão eliminar a fome no Brasil: “Se todos os brasileiros tiverem a possibilidade de tomar
café da manhã, almoço e jantar, terei cumprido minha missão” Estimula a produção
(Agricultura familiar = A solução para a fome); Bolsa família: Dava 50 reais para as
matriarcas da família, solução única para ter certeza de que o dinheiro seria bem utilizado,
ajudou famílias a mandar as crianças para a escola, estimula a economia local, fomenta a
produção, evita que uma seca vire fome.

Outro programa, que foi de grande importância no Nordeste, foi o Programa de Cisternas: “A
água era pouca e a comida era mais pouca ainda”. Usava cisternas para captar água das
chuvas nos telhados e armazenar, pois, no semiárido chove muito. Permite plantas durante o
verão todo, durante a seca. Diminui a dependência de caminhões pipa, dependência política
(Caminhões pipa eram usados como barganha de voto). Ademais, outro programa essencial
para o semiárido foi o Banco de sementes: fazem com que os alimentos sejam produzidos
durante todo o ano. Sementes crioulas essenciais para a alimentação nordestina por serem
resistentes a seca e ao clima, como milho e feijão, são passadas por gerações;

O programa de Diretriz de merendas, que impõe que 30% da merenda escolar deve ser
comprada de agricultores familiares, garante renda para o agricultor e comida orgânica para
crianças, além de incentivar a economia local, assim sendo outra atuação de destaque. 45
milhões de crianças são alimentadas com uma alimentação diversificada e não homogênea
(cada região comia algo que fazia sentido para a região). Com isso, as crianças comiam na
escola e os pais podiam focar nos gastos de comida para eles. o Brasil tem muitas famílias que
vivem da própria agricultura, "agricultores familiares". cerca de 70% do que os brasileiros
comem vem da agricultura familiar. “Não adianta produzir orgânico se não conseguir vender.
Precisa de mercado”. A Biodiversidade também diminui a incidência de doenças,
melhorando a produtividade dos trabalhadores e a condição de vida. Por outro lado, o
agronegócio destrói/homogeneíza hábitos alimentares, além de causar grandes danos ao meio
ambiente, uma vez que o Brasil é um dos maiores usuários de agrotóxicos do mundo. “A
agricultura familiar tem importância no desenvolvimento de qualquer país”. Outro impasse
importante citado é em relação à Nestle e a criação da mamadeira. Nesse sentido, a Nestle
criou a mamadeira como um instrumento de infanticídio coletivo, substituindo o leite materno
pelo de vaca industrializado, tornando a criança um cliente desde cedo. Outros problemas de
má alimentação são citados superficialmente, como a obesidade e a diabetes. “Diabetes era
doença de adulto. Hoje, criança de dois anos tem diabetes”.

Apesar de todos os impasses, o Brasil já foi exportador de tecnologias sociais, foi exemplo,
reduziu em mais de 80% as pessoas desnutridas, saindo do mapa da fome. “O Brasil consegui
porque teve estes três elementos: Vontade política do governo, uma sociedade civil forte e
informada sobre nutrição e soberania alimentar, e uma posição estratégica do conselho dentro
do governo”.

Já no fim do documentário, ele traz como um os perigos modernos em relação ao brasil a


diminuição na qualidade de políticas públicas e projetos sociais eficazes no combate à
desigualdade e em especial a fome com as frases “Crise leva meio milhão de volta ao bolsa
família – 2017” e “Crise pode levar o Brasil de volta ao mapa da fome – 2017”. já que após o
golpe de 2016, e até anteriormente em 2015 o Brasil passa a ter cada vez mais indícios de um
retorno ao mapa da fome, assunto que vem como uma crítica social cirúrgica considerando
que a fome voltou sim a ser algo normalizado e que afeta o Brasil como um todo

Portanto, quando assiste-se o documentário, é perceptível nele uma responsabilidade única


com informações relacionadas a fome brasileira, nada além de um curto trecho no início
menciona a fome em outros lugares do mundo, a não ser para ressaltar um ponto sobre a fome
brasileira, um bom exemplo é quando se menciona os projetos de entrega de comida na
África, que só é usado como argumento para a industrialização do campo, é interessante notar
também que apesar de trazer sim um contexto político, é perceptível uma falta de valorização
de certas políticas e suas origens, o projeto do PNAE o Fome Zero, o Bolsa Família, todos
atribuídos ao governo PT mas não aprofundados, o documentário pode não errar e ainda
cumprir sua função, mas a falta de conexão entre política e os tópicos se torna contraditória
especialmente quando o próprio traz o discurso de que a fome não é um fenômeno natural e
sim politico

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