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Os desafios para garantir a segurança alimentar no Brasil

Na obra “Utopia”, do escritor Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita,


na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas. No
entanto, o que se observa na realidade contemporânea é o oposto do que o autor
prega, uma vez que a insegurança alimentar no Brasil dificulta a concretização
dos planos de more. Nesse sentido, a desigualdade social junto a cultura do
desperdício agrava tal problemática.
Em primeiro lugar, convém destacar a música “Brasis” da cantora Elza Soares, a
qual demonstra que o maior responsável pelo panorama da vulnerabilidade
nacional é o sistema econômico, que produz alimentos para reger lucro e não
para alimentar pessoas. Nessa perspectiva, a negligência estatal aliada a uma raiz
histórica de concentração fundiária – em um enorme território de solo fértil e
tipicamente exportador de alimentos – fomenta o cenário instável de 36% da
população que sofre por algum grau de fragilidade alimentícia, segundo dados do
IBGE de 2018. Por conseguinte, infere-se uma limitação ao acesso a alimentos
saudáveis de forma regular e em quantidade e qualidade suficientes, o que
compromete o funcionamento apropriado das demais necessidades essenciais.
Outrossim, é pertinente citar que de acordo com dados do IPEA, o Brasil descarta
cerca de 26,3 milhões de toneladas de comida fora todo ano. Nesse âmbito, pode-
se analisar que a problemática está relacionada a uma cultura de fartura, a falta de
infraestrutura e má administração, intensificando o desaproveitamento desse.
Partindo dessa afirmação, os alimentos adquiriram prestígio social por serem
considerados itens “incertos”, o que aumenta o costume inconsequente da
compra de comida em quantias exageradas. Além disso, boa parte das safras
desse é perdida ao longo de péssimas condições de deslocamento e estoque,
gerando prejuízos para as empresas produtoras. Desse modo, faz-se urgente
medidas que modifiquem tal cenário.
Porém, apesar de caótica, essa situação é mutável. Portanto, urge que o
Ministério da Cidadania junto ao da Fazenda invista na agricultura familiar, no
mercado interno, em programas assistencialistas como a Fome Zero – realizando
mensalmente a distribuição de cestas básicas para pessoas de menor aquisitivo.
Por meio da concessão de créditos na cobrança de tributos, a fim de possibilitar
um pleno potencial de crescimento e desenvolvimento humano. Ademais, é
mister que as escolas trabalhem a mudança de comportamento por meio de
debates críticos, criando a consciência do não desperdício. Somente assim, será
possível concretizar os planos de More.

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