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Sem T tulo 5 22/03/2023 13:38
através de uma melhor distribuição da riqueza e de um mais justo critério de investimentos nas diferentes
regiões e nos diferentes setores das atividades econômicas do país.
É esta economia de dependência, de dependência total do Nordeste e da Amazônia ao sistema econômico de
outras áreas do país, que mantém inalteráveis as manchas negras da fome nessas áreas.
Possuirmos uma indústria de alto padrão moderno e uma agricultura de índole feudal, apegada à rotina, a mais
conservadora.
Apesar de todos os nossos significativos sucessos no campo do progresso econômico, de nossa indústria pesada,
de nossa indústria de automóveis, de Brasília e de outras metas surpreendentemente alcançadas, ainda somos um
país de fome, ainda somos uma das grandes áreas da geografia universal da fome.
O desenvolvimento econômico constitui hoje uma idéia-força dinamizando a vontade de nosso povo, desejoso
de participar ativamente nesse processo de transformação de nossa economia e atento em controlar de perto os
resultados desse esforço coletivo.
Urge corrigir este desequilíbrio que está a ameaçar todo o esforço de integração de nosso sistema econômico,
fazendo-o perder uma boa parte da substância de sua capacidade produtiva.
No atual momento da conjuntura econômica brasileira começamos a presenciar o fato inegável de que o atraso
da agricultura nacional se constitui como um fator de estrangulamento da própria economia industrial. Só
poderemos manter o ritmo de expansão da indústria brasileira e dar-lhe garantia de sobrevivência se cuidarmos
melhor de expandir e de consolidar a nossa economia agrícola.
O que alguns sociólogos chamam de “cidades inchadas” são uma demonstração evidente de que, longe de se
atenuar, se vai agravando no Brasil nos últimos tempos o desequilíbrio entre a cidade e o campo
Urge também que sejam tomadas medidas contra o excesso do poder econômico, de forma a distribuir melhor as
cotas de sacrifício que hoje pesam quase que exclusivamente nas classes menos favorecidas, assoberbadas e
consumidas em face do devastador aumento do custo de vida.
O principal impedimento a ser superado é sem nenhuma dúvida a rigidez do preceito constitucional , que
garante o direito de propriedade, só admitindo sua desapropriação mediante o pagamento prévio em dinheiro
pelo justo valor.
O “justo valor” for entendido como preço de mercado, segundo a tradição privativista de nossos tribunais, torna-
se praticamente inviável qualquer reforma agrária, sem prévia reforma constitucional, em face da soma fabulosa
de recursos necessários para desapropriar largos tratos de terra.
Precisamos enfrentar o tabu da reforma agrária — assunto proibido, escabroso, perigoso — com a mesma
coragem com que enfrentamos o tabu da fome. Ao lado da estrutura agrária, há outros impedimentos estruturais
a vencer.
Não é só a infra-estrutura agrária que está superada, mas também os processos de distribuição da produção
agrícola com sua rede interminável dos intermediários e atravessadores.
Impõe-se uma política que, acelerando o processo de desenvolvimento, quebrando as mais reacionárias forças
de contenção que impedem o acesso à economia do país a grupos e setores grandes da nacionalidade, venham a
criar os meios indispensáveis à elevação dos nossos padrões de alimentação.
Impõe-se uma política que, acelerando o processo de desenvolvimento, quebrando as mais reacionárias forças
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de contenção que impedem o acesso à economia do país a grupos e setores grandes da nacionalidade, venham a
criar os meios indispensáveis à elevação dos nossos padrões de alimentação.
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