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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” -

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA, CÂMPUS PRESIDENTE PRUDENTE

MATHEUS SANTOS SILVA

PRIMEIRA DISSERTAÇÃO

PRESIDENTE PRUDENTE
2022
MATHEUS SANTOS SILVA

PRIMEIRA DISSERTAÇÃO

Trabalho apresentado no curso de graduação de


arquitetura e urbanismo na disciplina de economia
regional e urbana na Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de
Ciências e Tecnologia, Câmpus Presidente
Prudente.
Docente: Everaldo Santos Melazzo

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2022
1 - INTRODUÇÃO:

O território brasileiro é um dos mais extensos do mundo, contando com uma


incrível diversidade de climas, biodiversidade, relevos e povoado por distintas etnias
que geraram um país miscigenado. Ao longo da história existiram a concentração de
capital em variadas áreas do país, em primeiro momento, de forma mais controlada
devido ao teor exploratório da ocupação europeia no Brasil. No século XIX, com a
proclamação da república e com as elites cafeeiras no comanda a concentração de
renda ao redor da região de São Paulo foi impulsionada e seguiu assim por inércia
até meados da década de 30, quando uma crise econômica em escala global
impulsionou profundas mudanças políticas no Brasil com a revolução de 30
alavancando getúlio vargas como presidente temporário e começou a indústria e
para o mercado interno, assim, a passagem do modelo agroexportador para o
processo de substituição de importações, a partir desse ponto o estado começa a
intervir na economia brasileira. No entanto, quando analisamos os fatores de
desenvolvimento das regiões nacionais, percebemos que existem ligações no
subdesenvolvimento de uma região com o desenvolvimento de outras, na verdade,
que todos os fatores de desenvolvimento estão ligados mutuamente e têm causas
cíclicas e cumulativas. O que por sua vez definiu diferentes estruturas espaciais ao
longo do território nacional.

2 - DESENVOLVIMENTO:

Antes de dissertar acerca das causas da irregularidade no desenvolvimento das


regiões nacionais e os mecanismos que mantém elas, é necessário ter em mente
uma outra forma de divisão espacial do território brasileiro, usando como base o
nível técnico informacional e financeiro de cada região, de acordo com o professor
Milton Santos, temos então 4 Brasis.
A região amazônica, que possui baixas densidades técnicas e demográficas; a
região nordeste, que foi a primeira região a ser povoada, apresenta uma agricultura
pouco mecanizada se comparada à Região Centro-Oeste, que apresenta uma
agricultura globalizada, isto é, moderna, mecanizada e produtiva, e à região
Concentrada que é a região com a maior população, as maiores indústrias, os
principais portos, aeroportos, as principais rodovias e infovias, as maiores cidades e
universidades. Portanto, é a região que reúne os principais meios técnico-científicos
e as finanças do país.
Com base nessa divisão regional, percebe-se a inércia e manutenção do capital,
investimentos e centralização do meio técnico informacional concentrados no
sudeste e sul do país. Isso é efeito de um passado em que o estado não tinha
políticas de desenvolvimento nacional devido às oligarquias no poder da nação,
depois de estruturadas as interdependências e dinâmicas inter-regionais, que
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mantinham as desigualdades regionais, foram cristalizadas e mantidas por muito
tempo pelo governo. Mydal disserta sobre isso,

(...) há uma tendência inerente no livre jogo das


forças do mercado a criar desigualdades
regionais e que essa tendência tanto mais se
agrava quanto mais pobre for um país, são as
duas leis mais importantes do
subdesenvolvimento e do desenvolvimento
econômico no regime laissez-faire.
(Myrdal, 1972:163)

Isso é mantido a um ponto em que as desigualdades de mão de obra e divisão


social do trabalho no território nacional configuram uma diferença nas atividades
econômicas que cada região atribui. Tomemos como exemplo a região concentrada
que é a maior produtora de bens duráveis e de capital, também, é a região que é o
centro administrativo e financeiro do país. Historicamente, foi onde as primeiras
estruturas espaciais de produção contemporâneas surgiram, com elas advêm a
existência de classes sociais que têm maior poder de decisão acerca do uso e a
transformação das paisagens físicas.
Pode-se pensar que a intervenção estatal seria uma forma de distribuir as
estruturas de produção ao longo do território nacional, desconcentrando assim o
capital da região concentrada, como foi a tentativa da SUDENE (Superintendência
de desenvolvimento do nordeste), que conseguiu combater alguns problemas como
a falta de infraestrutura, mas que principalmente simbolizava finalmente alguma
forma de combate ao subdesenvolvimento do nordeste. No entanto, as relações
sociais de produção que se estendem pelo espaço nacional não podem ser
simplesmente mudadas enquanto algumas classes sociais se sobressair a outras
mesmo passando por etapas históricas de aparente desenvolvimento econômico.
Nas palavras de Raymundo Faoro, ao estudar as estruturas de poder que se
formaram na sociedade brasileira.

"(...) o patrimonialismo se amolda às transições,


às mudanças, em caráter flexivelmente
estabilizador do modelo externo, concentrando no
corpo estatal os mecanismos de intermediação,
com suas manipulações financeiras,
monopolistas, de concessão pública de atividade,
de controle do crédito, de consumo, de produção
privilegiada, numa gama que vai da gestão direta
à regulamentação material da economia."
(FAORO, Raymundo, 2012, p. 636-367).

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Com base na organização social que estamos inseridos, ademais, sabendo que
o estado não interfere de forma a mitigar as causas cíclicas que existem para a
diferença de desenvolvimento das regiões nacionais, devemos analisar o
comportamento das estruturas espaciais de produção por uma ótica liberal. A
saturação de um mercado leva algumas dessas estruturas a migrarem para regiões
com menor conflito, assim levando as regiões entrarem em uma guerra fiscal, a que
disponibilizar mais vantagens fica com a estrutura de produção. Dessa forma, novas
hierarquias locais entre as cidades são formadas, gerando a heterogeneidade que
se encontra em cada microrregião e novas relações de subordinação são criadas em
diversas escalas.

3 - CONCLUSÃO:

É necessário ter em mente que as desigualdades regionais possuem causa nas


relações de produção, que geram uma subordinação de regiões a outras para o
acúmulo de capital. Por muitos anos esse tem sido o caso no macro cenário
econômico do país. O acúmulo de estruturas espaciais de poder e a ajuda das
oligarquias para manter a concentração do capital em somente uma região, gerando
sociedades diferentes no país, portanto, não há absurdos em dizer Brasis. Existe a
necessidade, assim, de uma maior intervenção estatal para que possa se aproveitar
de toda a heterogeneidade do território nacional.

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