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AS FORMAS GEOGRÁFICAS E AS MUDANÇAS DAS ESTRUTURAS SOCIAIS

As Formas geográficas são capazes de interferir na formação socioeconômica de uma


região. Através das influencias externas essa economia pode ser modificada de acordo com a
vontade da nação dominadora.
As condições históricas presentes facilitam o mecanismo de expansão do capital no
espaço através do uso das formas. As formas tornaram-se meio de penetração nos países
subdesenvolvidos, onde através do capital podem modificar as estruturas sociais dos mesmos.
Essa penetração é facilitada, pois seus resultados não são imediatamente visíveis e não é
necessário tocar na estrutura socioeconômica desse país. Com o uso das formas, essa estrutura
socioeconômica pode ser facilmente atacada e moldada de acordo com a vontade de grupos
estrangeiros detentores do capital.
As formas correntes de ação em áreas rurais ajustam-se neste esquema geral. Com o
pretexto de solucionar problemas sociais na zona rural, programas sociais que facilitam a
compra de insumos agrícolas e maquinas através de financiamentos, na verdade contribuem
para o favorecimento de monopólios rurais. Esse tipo de ajuda implica na destruição do que
existia anteriormente no local e favorece o desenvolvimento de termos punitivos de troca. A
troca passa a ser mediada pelo dinheiro. Com isso, em vez de o sobreproduto ser usado para
gerar dinheiro e a compra das mercadorias necessárias, o mecanismo torna-se diferente. A
essa altura o dinheiro já não é mais um simples intermediário das trocas de produtos
individuais. Agora é o próprio dinheiro que inicia o processo de circulação.
No meio urbano, acontece praticamente a mesma coisa que acontece no meio rural. A
construção de grandes projetos e obras públicas implica em um grande investimento. Essas
atividades necessitam da importação de equipamentos, matérias-primas e capital,
aprofundando a necessidade desse capital nessas áreas e desencaminhando a necessidade do
uso desse capital em outras atividades urbanas. O crescimento econômico que se vale do
capital concentrado a serviço de uma estrutura capitalista gera pobreza. A introdução de um
capital estrangeiro tecnológico ajuda no processo de superacumulação e, consequentemente,
na superexploração. O resultado disso é a distorção da economia e o empobrecimento dos
países explorados.
As categorias estrutura, função e forma definem a totalidade concreta. A totalidade em
seu processo permanente de totalização. Os modos de produção garantem a continuidade
histórica das formas. As infra-estruturas criam restrições à organização espacial., localização
seletiva do capital, de instituições e de pessoas. Quanto mais pobre o país, mais agudo isso se
torna. A formação socioeconômica é realmente uma totalidade. As formas, introduzidas em
uma economia sem a participação do povo envolvido, servem ao modo de produção
dominante em vez de servir a formação socioeconômica local e às suas necessidades
especificas. Trata-se de uma totalidade doente, perversa e prejudicial.
No contexto da região amazônica, essas formas aparecem em sua ocupação e seu
povoamento. A partir da década de 1960, o estado criou grandes obras de infraestruturas,
como estradas, grandes projetos de exploração mineral e usinas hidrelétricas, com o intuito
de ocupar vastas regiões. Essas obras geraram grandes fluxos migratórios, mas não
conseguiram desenvolver a região, pois estavam focadas em outros interesses. A geração de
energia na região foi pensada para suprir a demanda de grandes projetos de mineração, e não
para servir esses imigrantes. Com isso, a região continua às margens do desenvolvimento,
com a população cada vez mais pobre, enquanto suas riquezas naturais vão sendo exploradas
e enviadas para diversas partes do mundo.

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