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Modo de produção Estatal no espaço urbano: A consequência negativa

da Segregação Espacial e Urbana.

Isabel Cristina Dourado Vasconcelos


Profa. Orientadora: Sara V. Rosa

RESUMO

O presente resumo extensivo tem como objetivo refletir sobre o papel do Estado na produção
do espaço urbano capitalista e as consequências negativas decorrente a segregação espacial e
urbana da qual as sociedades vivenciam nos dias atuais. Deve-se ao pressuposto de que,
através do poder de reorganização dos espaços da cidade, em função dos interesses existentes
entre classes sociais e as características notáveis das diferenças entre os bairros e seus
respectivos moradores, os papéis desempenhados pelo Estado podem ter função essencial, ao
garantir as condições gerais de produção e o processo ampliado de reprodução de assegurar os
direitos de parcelas mais fragilizadas da população. O mesmo tem como base a metodologia
de pesquisa bibliográfica. Para tanto, analisa o processo de renovação dos espaços para com
as famílias que fazem parte das áreas mais prejudicadas por meio da segregação, visando
melhoras no recurso de distribuição igualitário por meio dos agentes de produção.

PALAVRAS CHAVES: Estado; Segregação Urbana; Poder de reorganização.

INTRODUÇÃO

O presente estudo aborda a cidade da qual vivemos em sociedade capitalista, onde os modos
de produção referem-se à produção coletiva do meio de subsistência, que agrega
economicamente a sociedade, assim como o modo de produção Estatal, que corresponde a
uma ferramenta de organização do estado, da qual gera subdivisões no espaço, que, por sua
vez, causam efeitos negativos como as segregações urbanas, oriundas de fatores sociais,
concentrando grupos em determinadas regiões da cidade.
Portanto, o espaço urbano pode ser definido como um conjunto de pontos, linhas e áreas,
sendo fruto de diversos fatores e agentes produtores, sendo debatido no âmbito nos estudos
urbanos sobe vários aspectos e por diferentes autores, como Rolnik (1994), Corrêa (1989),
Souza (2020), Lefebvre (1968), dentre outros, que nos apresenta informações claras que
contribuem para nosso entendimento do agir do Estado mediante ao espaço urbano e as
complicações manifestadas através da segregação espacial.

2. DESENVOLVIMENTO

Em primeira analise o que seria o espaço urbano? O espaço urbano é fruto de um conjunto
de fatores e elementos da dinâmica social, econômica e cultural, segundo Rolnik (1994), a
cidade nasce com o processo de sedentarização, que delimita uma nova relação do homem
com a natureza devido a necessidade da gestão de produção coletiva, pois junto da
existência material está sua existência política, assim é a partir de um certo momento
histórico que as cidades vão girar em torno do mercado e assim gerar um tipo de estrutura
urbana.

Sobretudo, o espaço urbano é um produto social, resultado de ações acumuladas através


do tempo e gerado por agentes de produção, que são eles segundo Corrêa (1989), os
grandes industriais, os proprietários fundiários; os promotores imobiliários e o Estado que
por sua vez é de suma importância como agente de produção que emprega um conjunto de
instrumentos para com o espaço urbano, que são eles o direito a desapropriação e
prioridade na compra de terras, regulamento do uso dos solos, controle e limitação dos
preços de terras, investimento publico na produção do espaço, através de obras de
drenagem, desmonte, aterros e implantação da infra-estrutura, que seria a reorganização
espacial.

Corrêa (1989) destaca a atuação do Estado, diretamente como grande industrial,


consumidor de espaço e de localização, atuando como proprietário fundiário e promotor
imobiliário. Além disso, a atuação pode também ocorrer através de leis e normas
vinculadas ao uso do solo e através da oferta de serviços públicos e infraestrutura,
podendo criar condições indutoras de segregação espacial. Como consequência, é nítido,
na cidade capitalista, uma divisão social do espaço, “caracterizada por uma relativa
homogeneidade interna e heterogeneidade entre elas”.

A segregação espacial vem sendo cada vez mais nítida, porem não é de hoje que ela
aparece na nossa sociedade, mesmo antes de ser construída as capitais, o Brasil já era
marcado pela informalidade, tendo como moradias “primitivas” as favelas, as periferias e
os cortiços , um exemplo de acabado de planejamento do Estado capitalista criando
condições distintas de vida e reprodução das diferentes classes sociais.

Através de política de renovação urbana, com implantações de modernas vias de tráfego, o


Estado capitalista viabiliza simultaneamente vários interesses. De um lado via expulsão
dos pobres residentes de cortiços junto ao centro da cidade, redireciona a segregação
residencial e viabiliza o capital imobiliário que tem oportunidade de realizar bons
negócios em áreas onde o preço da terra é, pela proximidade do centro, bem elevado.
(CORRÊA 1989. p.28). E assim se faz a renovação urbana, tirando os pobres de perto do
núcleo das áreas centrais.

O Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), é um programa habitacional lançado


pelo Governo Federal com o objetivo de proporcionar ao cidadão brasileiro condições de
acesso à moradia própria. Para isso, o governo fornece condições especiais de
financiamento, através de parcerias com estados federativos, municípios, empresas e
entidades sem fins lucrativos, o Estado compra terrenos no entornos da cidade, por serem
mais baratos e constroem conjuntos padronizados capazes de subsidiar várias famílias.

Figura1.
Nova Caiçara, Sobral-Ce

A figura 1. Mostra o Conjunto Nova Caiçara se localiza no extremo oposto da cidade.


Fazendo parte do contexto de expansão urbana mais expressivo da cidade. Além dos
prédios habitacionais, o projeto propõe também a construção de uma série de
equipamentos sociais, cuja implantação ainda não foi iniciada.

Contudo, a segregação é produto e produtora de conflito social, quando falamos em


regiões nobres e regiões pobres, nos referimos a espaços equipados com o que a de mais
modernos em serviços urbanos, porem quando se retrata das regiões mais pobres, o Estado
investe pouquíssimo na implantação destes mesmos equipamentos.
Ainda sobre a segregação espacial como fruto da distribuição desigual de equipamentos e
serviços públicos urbanos, como consequência, cabe como exemplo negativo e trágico,
um episódio que aconteceu recentemente em Recife, em uma entrevista por Lílian
Oliveira, transmitida pela TV Globo, um senhor que teve seu neto como vítima do
impasse, um adolescente de 13 anos, morreu no deslizamento de barreira que deixou
outras seis pessoas feridas, chamado Seu Pelé afirma:

“Não há necessidade de alguém morar pendurado em barreira no nosso


país. A gente mora porque o homem é mau, o homem não presta. Eu
nasci ali na rua do Sesi de Água Fria, mas a gente era pobre e foi sendo
empurrado, o rico tomando conta de tudo. O mundo está na mão dórico
e o pobre, miserável, morando nas barreiras”

Esse é um exemplo entre tantos inúmeros de consequências da segregação urbana que não
conseguiríamos citar em um só artigo, a segregação urbana trata-se de uma reorganização
urbana discriminatória, pois aumentam os preços dos terrenos ao redor dos centros das
cidades, onde seriam as melhores localizações, repudiando as pessoas de baixa renda e dando
espaço a pessoas com melhores condições financeiras, outro fator seriam as autossegregações,
construções de condomínios fechados onde se concentram as elites, localizados nas regiões
mais tranquilas e privilegiadas da cidade, com infraestrutura e saneamento de qualidade,
tendo atenção dos serviços de segurança.

Já os bairros periféricos são localizados nas regiões mais desprivilegiadas da cidade, onde a
criminalidade é um fator de suma visibilidade, oriundas de questões sociais e culturais de
longas épocas, outros fatores nesses bairros, são as questões de saneamento e segurança que
são precárias dispostas a população.

Uma das características e modo de ação do Estado na cidade capitalista é a emergência do


plano, intervenção previamente projetada e calculada, o que há de mais forte e poderoso atrás
da ideia de planejar a cidade, é sua correspondência a uma visão da cidade como algo que
possa funcionar mecanicamente. (ROLNIK, 1994 p.54)

Já dizia o apresentador e futurista, Gihan Perera;

“O direito à cidade é sobre o poder para a classe trabalhadora, para as pessoas de cor,
para os imigrantes, os jovens e para todos os outros comprometidos com uma
sociedade verdadeiramente democrática. Uma sociedade onde todos os habitantes da
cidade têm o poder de moldar as decisões e as condições que afetam nossas vidas.
Lutamos por melhorias concretas que resultam em comunidades mais fortes e um
melhor estado de ser para os nossos amigos, familiares e para o futuro dos nossos
filhos. Nossas organizações defendem campanhas para a conquista de habitação,
educação, transporte e emprego. Lutamos por uma comunidade segura e segurança,
sustentabilidade do bairro, justiça ambiental e direito à cultura, celebração, descanso e
espaços públicos. Estes são os resultados relevantes das nossas lutas para ter de volta a
cidade. Estes são os objetivos que emolduram o direito à cidade.”

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU CONCLUSÃO


Como vimos anteriormente a produção Estatal possui uma gama de possibilidades de ação,
perante o meio urbano capitalista, que está sempre em mutação, cada vez gerando mais vias e
inovações para dentro da cidade. Sendo assim, por consequência, são geradas segregações
cada vez mais definidas por classes sociais e culturais.

Conclui-se, então, que o combate à discriminação de classes sociais menos abastadas é de


suma importância para que se assegure um dos direitos mais antigos a todas as pessoas e, por
conseguinte, seu bem-estar, por meio dos agentes produtores dos quais citamos no referente
resumo extensivo, de modo que seja oferecidos serviços mais atenciosos para as pessoas dos
bairros periféricos, com a assistência necessária de meios sanitários e melhor estilo de vida,
com projetos que ofereça moradias mas dignas e inclusivas para a parcela da população que
faz parte das segregações desprivilegiadas.

Deste modo, a população teria um melhor acesso as zonas centrais da cidade e viveriam em
melhor conjunto com as outras classes sociais.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROLNIL, Raquel. O que é Cidade. São Paulo, Editora Brasiliense, 1994.


SOUZA, Marcelo Lopes de.ABC do desenvolvimento urbano. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2020
CORRÊA, Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo, Editora Ática, 1995.
LEFEBVRE, Henri. A revolução urbana. Belo Horizonte: UFMG, 1999 [1970].
PEREIRA, Rafael C. Drumond. O papel do Estado na produção do Espaço Urbano:
Apontamento sobre a política urbana de Niterói- RJ. Anais do XVI Simpósio Nacional de
Geografia Urbana- XVI SIMPURB,2019. Disponível em:
file:///C:/Users/F%C3%A1bio%20Mendes/Downloads/aleitedebarros,+Rafael+Carvalho+Dru
mond+Pereira%20(3).pdf. Acesso em: 22 jun 2022.
MARQUES, Gabriela. O Programa Minha Casa Minha Vida e suas implicações na
reestrutura das cidades médias e dos centros regionais: estudo de caso em Sobral,
Ceará. Anapus,2017. Disponível em:
http://anpur.org.br/xviienanpur/principal/publicacoes/XVII.ENANPUR_Anais/ST_Sessoes_T
ematicas/ST%205/ST%205.5/ST%205.5-04.pdf Acesso em: 23 jun 2022.

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