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Sabemos que a desigualdade está presente nas cidades brasileiras e em grande parte
das cidades de todo o mundo, inclusive nos países desenvolvidos Entre as diversas
manifestações da desigualdade, uma desperta especial interesse nos arquitetos: a
apropriação desigual do espaço urbano e das vantagens da vida na cidade, expressa
no surgimento das favelas, dos loteamentos irregulares, da crescente população em
situação de rua, e em outras manifestações de menor visibilidade.
A favela como parte integrante da cidade não deve ser tratada separadamente, nem
ser problematizada sem se considerar sua potência. Nessa afirmativa estou bem
acompanhado, desde 1999 Jailson de Souza e Silva defendia, em sua tese de
doutorado, “uma percepção dos grupos sociais populares e de seus espaços de
moradia distinta da expressa no discurso da ausência” Isto é, uma visão da favela
limitada ao que nela faltava, sem levar em conta o “paradigma da potência”, outra das
contribuições de Jailson para o estudo desses assentamentos.
Isso posto, compartilho com nossos colegas do IAB algumas ideias que tenho
desenvolvido, incentivado pelos objetivos do Programa Comunidade Cidade, sobre a
formulação de uma estratégia de combate à desigualdade territorial a partir de um
investimento maciço em saneamento, urbanização, habitação de qualidade e,
principalmente, a presença permanente do Estado na favela através de equipamentos
e serviços públicos.
Como exemplo do que a criação das Zonas de Especial Interesse Social poderia
proporcionar em termos construtivos, criando um espaço de transição entre a favela e
a cidade formal, cito o projeto do Residencial Emoções, um conjunto residencial que
vem sendo projetado pela equipe do Comunidade Cidade junto a AEIS da Rocinha.