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ALUNA: KAMILA DOS SANTOS PITA

Teste 2022-23

Questão 1
Comente, aprofundada e criticamente, o seguinte texto:

Apesar de a maioria da população mundial viver já em cidades, o mundo


prossegue a sua marcha acelerada de urbanização e concomitante
reorganização das cidades, marcada pela concorrência entre elas para captar
investimentos e grupos sociais afluentes, por um lado, e responder aos efeitos
produzidos pelas desigualdades sociais, por outro (vd. Pereira, Baptista e
Nunes 2011). A vida nelas está longe de ser fácil para a maioria da
população. Dando expressão a um cenário urbano marcado por privações e
múltiplos problemas e dificuldades, incluindo fome e escassez de água
potável (Caparrós 2015), Davis caracteriza hoje o mundo como “planeta
favela”, destacando que “o bilião de habitantes urbanos que mora nas favelas
pós-modernas pode mesmo olhar com inveja as ruínas das robustas casas de
barro de Çatal Hüyük, na Anatólia, construídas no alvorecer da vida urbana
há 9 mil anos” (Davis 2006: 29). Longe de se reduzir, este número pode
passar para 1.400 milhões em 2020, ou seja, um crescimento superior a 40%
em apenas quatro anos. Os peritos da ONU não têm dúvidas face aos dados
por eles analisados agora citados: a urbanização contemporânea constitui um
desastre social e ambiental, com severos efeitos na vida dos mais pobres
(World Cities Report 2016).

(In SILVA, Manuel Carlos, Fernando Bessa Ribeiro, António Cardoso e Joel
Felizes (2017), “O espaço urbano e o problema da habitação: uma primeira
aproximação às ilhas e bairros sociais no Porto e em Braga” in Fernando
Matos Rodrigues, Manuel Carlos Silva, António Cerejeira Fontes, André
Cerejeira Fontes, Susana Mourão e Luís Baptista (orgs.), Por uma estratégia
de cidade sustentável: expansão urbana planeada, quadro legal e
financiamento autárquico. Porto, Afrontamento, 169-183).

COMENTÁRIO:
A realidade de uma população mundialmente urbana é a enfrentada atualmente,
como exposto no texto supracitado, com problemas devido a alta concentração
nas cidades, é preciso um esforço e a participação dos sujeitos para que os
problemas sejam solucionados da forma mais igualitária possível.
A exploração dos menos favorecido e a exclusão desses já perdura de longa
data, porém o sistema econômico capitalista transformou o ideal de vida em
sociedade e passou a usar como parâmetro de qualidade de vida o valor do
Produto Interno Bruto (PIB). O uso do solo é determinado pelo poder imobiliário e
a cultura do consumo desenfreado e do descarte são os motores impulsionados
pela deturbação desse sistema de ideal de vida.
O valor do metro quadrado de um lote, estando edificado ou não, é o que define
se um determinado bairro é bom ou não para viver e aí onde começa o problema
enfrentado no meio urbano e que interfere em vários outros setores.
O ser humano possui necessidades básicas para sua sobrevivência e estão
escritas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, elaborada pela
Organização das Nações Unidas e serve de base para elaboração das
Constituições de todos os países. Nele está entre as condições para assegurar o
bem estar aos humanos o direito a habitação adequada, ou seja, provida das
infraestruturas básicas.
Com a situação da população mundial urbanizada, a ONU fez um contrato com
os líderes dos países para que desenvolvam ações para os 17 Objetivos para o
Desenvolvimento Sustentável neles existe o objetivo para que todos tenham
acesso a habitação; saneamento; alimentação com qualidade; acessória técnica
gratuita e etc, mas essas ações estão distorcidas e quando implementadas para
os que precisam, acabam por causar divisões entre a sociedade e na cidade.
Passam a transforma a cidade em duas, onde de um lado está a cidade tida
como ideal e legal e do outro a ilegal, onde os que não possuem muitos recursos
financeiros se apropriam de áreas, muitas vezes em locais de risco ou de
proteção ambiental, para poderem construir suas habitações.
A falta de assessoria para os que mais precisam resulta em desastres naturais;
tais como casas que foram inundadas nos períodos chuvosos e em
desmoronamento de edifícios.
Já a mentalidade do consumo acumulativo e do descarte gera uma produção de
bens duráveis e alimentos sem controle, por exemplo, a semana tem sete dias,
logo, basicamente é necessário que uma pessoa precise de ao menos sete
roupas e um par de sapatos para desenvolver suas atividades diárias e mais as
roupas de dormir, porque as pessoas compram vestuários e calçados como se
estivessem montando uma nova loja dentre de suas casas? Quantas toneladas
de legumes e frutas são perdidos mundo a fora por ter uma pequena
imperfeição?
Isso rebate em um aumento e devastação de áreas naturais para que se possa
aumentar a produção agrícola; a industrial e assim maior exploração dos
recursos naturais resultando num desequilíbrio do ecossistema e acarretando em
escassez e alterações climáticas.
Ainda há o problema de acessibilidade ou mobilidade dentro das cidades,
existem diferentes restrições motoras em cada fase da vida humana, logo, é
preciso que isso seja considerado em uma cidade para que todos possam
usufruir dela e assim não existirem cidades excludentes, onde determinada
parcela populacional é excluída da vivência nos locais por falta de acessibilidade
física (deslocamento) ou financeira (poder de compra).

Questão 2
Comente, aprofundada e criticamente, o seguinte texto:

“Tanto o espaço físico como social da cidade são produzidos


diferencialmente pelas pessoas com deficiência de acordo com a sua
condição. As suas experiências, relacionamentos e interações com outras
pessoas e outros agentes, dentro do ambiente físico e social da cidade
moldam drasticamente a sua noção de cidade. Devido ao modelo de
normalidade em que se baseia a cidade, as vidas quotidianas daqueles que
não estão dentro dos parâmetros estabelecidos são fontes de estereótipos e
preconceitos a seu respeito. Isso significa que o sujeito com deficiência, ao
querer participar no espaço urbano, está auto excluindo-se com as suas
próprias ações, legitimando as relações assimétricas e desiguais entre as
pessoas nas suas relações com o espaço físico e social da cidade.”
(In, Cruz, P. (2022). Disability and the Right to the City in the Social
Production of Public Space. Revista INVI, 37(104), 152-168. Texto
adaptado)

COMENTÁRIO:
A espécie humana é que mais comumente se apresenta com alterações físicas,
seja de forma permanente ou temporária. As mulheres possuem uma alteração
física temporária na gravidez; pessoas que sofrem acidentes ou fazem cirurgias
motoras ficam com restrição temporária, mas existem aquelas que essas
restrições motoras são permanentes e as condiciona a novas formas de
apropriar-se do meio onde vivem.
Uma cidade deve ser estruturada para receber todos, a chamada cidade
inclusiva, onde pessoas com restrição motora ou não, possam conviver e circular
nela sem dificuldade; mas não é o cenário visto mundo a fora. Sejam os idosos,
sejam as crianças, não possuem as cidades projetadas para atender suas
necessidades, eles são condicionados a uma dependência de outros para se
deslocarem no espaço urbano.
Algumas iniciativas isoladas estão sendo vistas como exemplo de cidade para
todos, na Espanha existe uma iniciativa de cidade para os Ninhos e outra cidade
amiga dos idosos onde esse público tem ao seu dispor uma infraestrutura na
região central da cidade, porém seria preciso que isso fosse por toda a cidade e
não apenas na região central.
Tornar as cidades mais inclusivas requer também um estudo de viabilidade
geográfica da área, pois em cidades com altos relevos, (muitas vezes ocupada
por quem possui menos recursos financeiros) se faz necessário um estudo de
alternativas de deslocamento entre as diferenças de níveis para que as pessoas
com restrição de mobilidade não fiquem reclusas em suas moradias devido as
escadarias ou a alta inclinação da ladeira; soluções de plano inclinado ou esteiras
rolantes podem ser revistas para que possibilite a sua implantação nessas áreas
e auxilie no deslocamento das pessoas com restrição motora.
Pensar a cidade para todos é ter em mente que esse é um espaço comum e
precisa ser usufruído, não esquecer das necessidades do outro porque não se
vive aquele problema, mas permitir que todos conheças os problemas que
qualquer um pode vir a passar e assim se colocar no lugar do outro para
promover uma sociedade sem restrição e mais igualitária, onde todos possam
usufruir de um local de lazer ou contemplação independente de sua condição
física ou classe social.

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