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Centro Universitário Augusto Motta

História e Teroria da Cidade e Urbanismo


Professor: José Lúcio N. Jr.
Aluno: Bruno Rosa Rei
Resenha do livro: O Espeaço Urbano, Roberto Lobato Corrêa

No livro, O Espaço Urbano, de Roberto Lobato Corrêa, é abordado uma interpretação sobre a orga-
nização da cidade e a relação dos seus agentes socias com as formas em que a cidade assume em suas
modificações e criações do espaço. Levando em consideração também a segregação social causada
muita das vezes pelo abandono das regiões periféricas dos centros, regiões essas que comportam a
classe mais afetada pela segregação, que Corrêa denominou de “Grupos sociais excluídos”. Ainda que
ressaltando os reflexos políticos, sociais e econômicos que se moldaram durando séculos e se firma-
ram no processo de revolução industrial e capitalista, o autor ressalta uma dinâmica espacial de segre-
gação que envolve o tempo e o espaço, trazendo uma ótica em que os processos que moldaram a cida-
de ainda estão sujeitos a mudanças que podem ser lentas, e também podem ser rápidas.
O espaço urbano é um conjunto de áreas com diferentes tipos e usos, e segundo esse uso podemos
definir os centros comerciais, as áreas de serviços, áreas de comercio especializado, áreas industriais e
residências, áreas de lazer e áreas de reservas. Todos esses fragmentos são um reflexo da condicionan-
te social que se materializa em formas espaciais, como por exemplo, os centros são formados a partir
de um conjunto de estímulos públicos em acessibilidade de transportes, sejam ferroviários ou através
de linhas suburbanas de ônibus que facilitam a circulação do centro com os bairros, a instalação de ins-
tituições de serviço público, assim como saneamento, segurança e a falta de controle dos custos do ter-
reno não limitando o aumento progressivo dos preços. Esses processos geralmente vêm a partir da im-
plantação de uma indústria ou empresa por um incentivo privado, e essa empresa ou indústria passa a
necessitar de requisitos locais que satisfaçam a suas necessidades tanto de transporte e recebimento de
mercadorias como na mão de obra mais barata vinda dos bairros marginalizados do centro.
Esse processo é gerado pelos Proprietários dos meios de produção, que na busca por terrenos mais
amplos, baratos e bem localizados vão modificando a cidade. Com a possibilidade de dois caminhos:
A centralização ou a descentralização de um determinado local. No processo industrial as grandes in-
dustrias surgiam e geravam um efeito magnético atraindo a construção de comércios menores, bairros
operários, pequenas empresas que prestavam serviços de manutenção, hospitais e entre outro, gerando
com isso grandes centros urbanos e comerciais. Atualmente esse processo magnético vai perdendo for-
ça, em primeiro momento pelo surgimento de núcleos secundários, ou centros emergentes que abaste-
cem parcialmente a necessidade de bairros mais próximos que sofrem com a distância e a falta de
acessibilidade para os grandes centros e atendem as expectativas de pequenas empresas e estabeleci-
mentos que procuram por áreas desocupadas, mais baratas, com infraestrutura que comporte as neces-
sidades, facilidade de transporte e acesso a consumidores e mão de obra.
O resultado da criação desses centros gera uma valorização do espaço e influência diretamente nos
preços de imóveis, terrenos e alugueis. Esse é o cenário perfeito para os agentes fundiários que visão
obter o maior lucro possível com as suas propriedades, não levando em conta o uso da terra, mas sim a
venda ou troca. Por esse motivo tem muita importância o processo de urbanização ativa e econômica
de um determinado local para os Promotores latifundiários e sua influência nos preços dessas proprie-
dades que normalmente são vendidas como loteamento em bairros residências ou condomínios e gran-
des terrenos em zonas industriais.
Partindo desse processo de compra, venda e valorização do espaço chegamos no campo de atuação
do Promotor Imobiliário, responsável por construir, financiar e gerar estudos técnicos que apontam os
melhores pontos de urbanização e maior rentabilidade de venda. Ao Agente Imobiliário cabe superar
as construções mais antigas com foco em opções mais luxuosas que ressaltam o status e ostentam exa-
geros arquitetônicos e tecnológicos de sua época, construções essas que geralmente são encontradas
em condomínios fechados de zonas privilegiadas. A criação de bairros nobres ou condomínios de luxo
não pertencem ao processo de aglomeração que geram os centros, as habitações de status elevados são
fruto de investimentos e interesses em comum entre promotores fundiários, promotores imobiliários,
bancos, industrias e o Estado. O exemplo citado pelo livro apresenta as áreas de Copacabana e Barra
da Tijuca como bairros que passaram por esse processo de estímulo afim de serem transformados em
objeto de lucro na área imobiliária.
O Estado tem o papel de gestão da cidade, em uma forma complexa que deveria se basear em ques-
tões sociais e econômicas que extinguiriam a desigualdade e segregação, porém, a política de um esta-
do capitalista se baseia muito mais na troca de interesses do que no cumprimento de instrumentos le-
gais que contribuem para sua atuação. Um abandono histórico aos mais necessitados que por sua vez
tentam encontrar refúgios em favelas e áreas invadidas, sem saneamento, sem infraestrutura, com a
falta de transporte público gerando o surgimento de vans ilegais, lugares que abrigam a criminalidade,
desemprego, doenças e desnutrição. Cabe ao estado regulamentar o uso do solo e preços, checar a pro-
cedência de compra de terrenos e imóveis, taxar terrenos livres sem utilização e investimentos na in-
fraestrutura do local. Iniciativas foram criadas para gerar novas habitações para a classe mais necessi-
tada com preços mais acessíveis, a fim de amenizar a criação de favelas e áreas invadidas, uma dessas
iniciativas foi o BNH e por último o Minha, Casa Minha Vida, que em sua maioria apresentava um
projeto feito em escala, que visava a quantidade máxima possível de apartamentos e se localizavam
em áreas ruins e marginalizadas dos centros, mantendo com isso a segregação mais evidente e acentua-
da.
Os Grupos socialmente excluídos são os agentes que modificam a cidade por sua ocupação e neces-
sidade, como por exemplos as favelas. Por não ter condição de adquirir um imóvel ou pagar um alu-
guel e ir em busca das áreas com maior oferta de emprego, as favelas foram crescendo cada vez mais.
Atraídos pelo custo do terreno mais barato, proximidades com os centros e em alguns locais sem a co-
brança de água e luz. Áreas invadidas ou favelas foram se tornando cada vez mais populares e bem
distribuídos pelas cidades, mas também foram esquecidos pelo governo se tornando cenário de crimi-
nalidade e passando a ter números altos de violência, drogas, roubos, falta de saneamento básico e fo-
me. Tudo isso se refletindo com os bairros nobres que recebem investimentos públicos e privados alar-
gando o abismo da desigualdade que se torna alvo da luta de muitos grupos afetados por essa segrega-
ção espacial, podemos citar os projetos sociais: O pré-vestibular Construindo Caminhos no morro do
Alemão, O NICA / Núcleo Independente e Comunitário de Aprendizagem no Jacarezinho e o Pré-Ves-
tibular Popular +Nós em Manguinhos. Todos esses projetos foram fomentados pela própria população
afim de diminuir a violência oferecendo novos caminhos com a educação, na tentativa de transformar
a favela em bairros populares e urbanizados, com maior qualidade de vida.
O Livro apresenta os efeitos colaterais dos centros comerciais para a cidade e bairros que se torna
pouco homogeneizados e sofrem com os preços dos imóveis, distância e os custos de transporte. Críti-
cas sociais ao sistema de valorização do setor imobiliário que fez das cidades um objeto de lucro e ao
Estado que contribuiu com o processo de interesses econômicos na criação dessas zonas nobres. Apon-
ta também os efeitos causados pela autossegregação em que o estado cria ao selecionar para si as me-
lhores áreas e excluindo as demais que na maioria das vezes comportam a maior parte da população.

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