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CIDADES REBELDES
É a questão urbana,
estúpido!
Edição - 73
1 de agosto de 2013
Foi sobre essa base extremamente desigual que se deu, no início dos anos
1980, o ajuste fiscal. O Brasil vinha há quarenta anos num crescimento
acima dos 7% ao ano. As migalhas desse banquete traziam algum conforto
para a população migrante, que chegava aos milhares nas cidades, em
especial nas principais metrópoles. Com a globalização e o ajuste fiscal, a
tragédia urbana se aprofundou.
A contar a partir dos anos 1980, o impacto das décadas seguintes de baixo
crescimento, alto desemprego e recuo das políticas públicas e sociais
determinadas pelo receituário neoliberal pode ser medido por muitos
indicadores, mas vamos fazê-lo aqui pelo aumento da violência urbana. A
taxa de homicídios cresceu 259% no Brasil entre 1980 e 2010. A principal
vítima dos homicídios é o jovem negro e pobre, morador da periferia
metropolitana.3
Por mais paradoxal que possa parecer, apesar de todo esse avanço
institucional, quando o governo Lula retomou em 2009 os investimentos
em habitação e saneamento numa escala significativa, após quase trinta
anos de estagnação nesse sentido, as cidades se orientaram em uma
direção desastrosa.
Concluindo: para fazer frente a esse quadro, aqui apenas resumido, temos
no Brasil leis, planos, conhecimento técnico, experiência, propostas
maduras e testadas nas áreas de transporte, saneamento, drenagem,
íd ólid h bit ã M lé di i i it á i
resíduos sólidos, habitação… Mas, além disso, o primeiro item necessário
à política urbana hoje é a reforma política, em especial o financiamento de
campanhas eleitorais. Então, que viva a moçada que ganhou as ruas. Se
fizermos um bom trabalho pedagógico, teremos uma nova geração com
uma nova energia para lutar contra a barbárie.
9 Ver Ana Fernandes, “Salvador, uma cidade perplexa”, Carta Maior, 21 set.
2012. Disponível em: ; e Jurema Rugani, “Participação social, a Copa, a
cidade: como ficamos?”, Carta Maior, 24 ago. 2012. Disponível em: .
10 Ver Leticia Sigolo, “Sentidos do desenvolvimento urbano: Estado e
mercado no boom imobiliário do ABCD” (título provisório), doutorado em
andamento, FAU-USP.
11 Ver Luciana Ferrara, “Autoconstrução das redes de infraestrutura nos
mananciais: transformação da natureza na luta pela cidade”, tese de
doutorado, FAU-USP, 2013.
12 A respeito das remoções forçadas, ver o material de pesquisa coletado
pelo grupo Observatório de Remoções, da FAU-USP. Disponível em: . Ver
ainda o blog da urbanista e professora de arquitetura Raquel Rolnik: .
13 Sobre incêndios em favelas, ver João F. Finazzi, “Não acredite em
combustão espontânea”, Carta Maior, 11 set. 2012. Disponível em: .
14 Cf. Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, Pesquisa
origem e destino 2007. Disponível em: .
15 Ver Marcos Pimentel Bicalho, “O pesadelo da imobilidade urbana: até
quando?”, Carta Maior, 4 jul. 2012. Disponível em: .
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