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A Amante Prisioneira do Sheik

Por: Ella Brooke e Jessica Brooke

Todos os direitos reservados.


Copyright 2015 Ella e Jessica Brooke
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Tabela de conteúdos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 1
Emma James queria fugir do tédio de sua vida. Tudo o que ela estava fazendo era o
esperado. Depois de concluir a Faculdade de Dartmouth com menção honrosa, ela ia estudar
Direito em Harvard no outono, assim como seu pai e seu irmão mais velho haviam feito. Se fosse
parecida como seu irmão mais velho, Bradley, ela iria encontrar "o cara perfeito" em Harvard,
casar-se com ele ao final da faculdade e ter o primeiro filho não muito tempo depois de se tornar
sócia minoritária em uma grande firma de advocacia em Washington. Já estava tudo traçado.

Então Emma saiu com suas duas melhores amigas, Alexis e Parker, para o clube mais
badalado de Georgetown, com o objetivo de fingir que ela tinha liberdade. Era uma rebeldia
necessária, já que logo ela estaria enterrada em meio a livros e leis e acorrentada à biblioteca
para se preparar para começar os estudos no outono. Seu pai insistiu para que ela se acostumasse
com a escrita legal primeiro, já que ele sabia como foi difícil ter atuado como advogado antes de
ir para o Senado. Depois de toda aquela preparação, ela estaria acabada. Diversão seria uma
velha e esquecida relíquia que mal teria espaço em seu cérebro. Que alegria.

“Você está na sua quarta dose de Grey Goose”, Alexis a repreendeu enquanto tirava do
rosto um longo fio de cabelo loiro cor de mel. Quando ela fazia careta, seu nariz parecia ainda
mais angular e saliente. “É apenas meia-noite. Você não gostaria de se manter bem o suficiente
para sair daqui caminhando?”

Emma revirou os olhos e deu um gole em sua vodka com água tônica. “Eu raramente bebo.
Que inferno, eu raramente faço algo que não seja estudar”.

“Eu sei, e é por isso que logo, logo você realmente vai se arrepender disso”, respondeu
Alexis, tomando casualmente sua Cuba Libre. "O que realmente deixou você assim?”

Emma suspirou e olhou para a multidão. No meio de todo mundo, Parker já estava
dançando, espremida entre dois garotos da faculdade, com suas camisas polo com a gola
levantada. Ela era uma garota alta, com braços esguios e pernas longas. Ela era completamente o
oposto de Emma. Embora não fosse sem graça (a mãe de Emma sempre dizia que ela tinha um
“rosto bonito”), Emma não era exatamente o que as pessoas consideravam lindo. Apesar de seu
cabelo loiro natural, tão claro que era quase branco, e de seus olhos azuis, ela também era um
pouco cheinha. Ok, ela era curvilínea. Rubenesca e encorpada.

Com 1,60 de altura, ela era baixa, com quadril e seios maiores do que ela realmente
gostaria de ter. Ela nunca seria atraente como a Parker, que poderia ser modelo casos não desse
certo nos estudos, ou como a Alyssa, que sempre parecia ter garotos na palma das mãos. Coube a
Emma ser apenas a estudiosa do grupo, a amiga paciente que ajudava as outras a resolverem
seus problemas. Ela não se importava muito com isso, mas depois de mais uma lição de moral seu
pai e com a perspectiva iminente da faculdade de direito, Emma estava começando a se sentir
incomodada com tudo.
“É que talvez as coisas não estejam tão boas assim.”

Alexis bufou. “Eu não fui aceita em Harvard e terei que ir para uma universidade estadual
para estudar direito. Você é tão sortuda.”

“Talvez eu não me sinta assim”, ela murmurou, terminando sua bebida e indo até a pista de
dança.

Talvez alguém pudesse fazer ela esquecer de tudo aquilo nem que fosse por uma noite. Ela
nunca tinha sido esse tipo de garota antes, ela só teve um namorado no ensino médio e um noivo
durante parte do seu último ano em Dartmouth. Kevin - o noivo – acabou se mostrando um completo
idiota, e ela o pegou com outra pessoa na cama do apartamento em que eles moravam quando
ela voltou mais cedo de uma viagem. Desde então, ela tinha sido basicamente uma freira. Um
inferno para a sua autoestima, mas ótimo para o seu desempenho nos estudos.

Se aproximando do grupo onde estava Parker, Emma chegou ao lado de sua amiga e elas
começaram a dançar. Isso, ela amava. Havia ao redor delas a batida da música, o calor dos
frequentadores do clube e as luzes estroboscópicas. Fechando os olhos, Emma se inclinou na
direção de Parker e moveu seu quadril no ritmo que também fazia a outra garota. Houve assobios
e aplausos do resto do clube, e, por alguns momentos, foi divertido fazer parte do grupo com
quem todos lá queriam estar dançando também.

Após aquele agito se acalmar, Parker se se parou do grupo e seguiu com os caras que
estavam com ela, deixando Emma dançando sozinha, sentindo seu coração bater com o ritmo hip-
hop da música que saía das caixas de som.

Ela só abriu os olhos novamente porque Alexis estava batendo em seu ombro. Seus
preocupados olhos verdes acabaram com a sua festa. “Parker foi para casa com Grant e Matt.
Minha irmã ligou, e ela está no final da rua, na Sullivan. Você quer vir comigo?”

Emma se obrigou a não franzir a testa enquanto seguia sua amiga para um canto da pista.
Ela e a irmã de Alexis não se davam exatamente bem. E também se lembrou de que ela e a amiga
sempre discordavam sobre como agir em público. Quando Emma ia a um restaurante, ela pedia
comida de verdade. Já Alexis, ao contrário, só pedia uma salada e água... e depois passava o
resto da noite dando lições de moral em Emma sobre o seu apetite. A última coisa que ela queria
era acabar a noite tendo que aguentar esse tipo de bullying.

Mas Alexis era uma ótima amiga, então Emma deu um jeito de fazer com que tudo
terminasse bem. Fingindo um bocejo, ela sorriu para a sua companhia. “Não, pode ir. Eu prometi
aos meus pais que iria até lá e prepararia um brunch amanhã. Eu preciso ir embora antes que tudo
comece a girar”.

Alexis hesitou e olhou para a porta do clube. “Nós estacionados a poucas quadras e está
bem escuro lá fora.”

“E aqui é Georgetown, cheia de universitários e boutiques. Não seja como o meu pai. Não
estamos no centro perto das bocas de fumo”.

“Tudo bem, eu só queria garantir que você chegasse em casa com segurança. Se você tem
certeza...”, sua amiga acrescentou, mordendo o lábio inferior.

“Claro! Eu me viro. Não é muito longe, então o que poderia acontecer?” Emma respondeu,
indo até a mesa onde elas estavam e pegando a sua bolsa. Ela ainda deixou lá algum dinheiro
extra para o garçom. Ele tinha sido gentil e, no fim das contas, havia algumas vantagens em seu
berço de ouro. Pelo menos ela conseguia dar boas gorjetas para as pessoas que tinham que
aturar os bêbados do mundo. “Eu inclusive vou ligar para você quando chegar em casa. Se você
não receber notícias minhas dentro de uma hora, então você saberá que algo aconteceu, está
bem?”

“Claro, mas nós realmente poderíamos comer um pouco na Sullivan. Não tem problema.”

Exceto pela forma com que Alexis olharia e implicaria em cada batata frita que ela
pegasse para comer. Não, obrigada.

“Não, vou deixar pra lá, mas eu te ligo”, insistiu ela, abraçando a amiga.

Afinal, quantos problemas ela poderia encontrar em quatro quarteirões da cidade?

***

Tudo correu bem no primeiro quarteirão.

Não era tão tarde, e ela ocasionalmente enxergou grupos de jovens da faculdade com a
sua idade deixando os bares espalhados pela rua. No entanto, assim que ela deu um passo no
quarteirão seguinte, mais distante das casas noturnas e mal iluminado, Emma parou de ver outros
jovens. No terceiro quarteirão, ela notou algo que a deixou profundamente arrepiada.

Havia um homem que a seguia. No começo, ela não tina certeza. Afinal de contas, havia a
possibilidade de que ele estava simplesmente indo em direção ao estacionamento público também.
Só que ele a estava seguindo de perto, com seus passos ritmados com os dela.

Ela conseguia até mesmo sentir sua respiração quente e pútrida em seu pescoço.

Quando ela parou, ele parou.

Engolindo seco, ela puxou sua bolsa para perto do corpo e começou a correr.

No começo, Emma esperava que sua reação fosse apenas uma paranoia desenfreada. O
homem não saiu em disparada atrás dela, mas seus passos aumentaram. Olhando por cima do
ombro, ela se atreveu a olhar para o seu perseguidor. Ele estava andando rapidamente, com
determinação. Sua pele parecia escura sob a luz dispersa, de tez azeitonada e com uma
obscuridade que chamou a atenção de seu olhar quando passou sob a luz. Sua barba então, era
bastante distinta. Era longa e grossa e a fez pensar em insurgentes do Oriente Médio em fotos de
ficha policial.

Oh Deus, o que está acontecendo?

Já no quarto quarteirão, Emma saiu correndo até o seu carro e, finalmente, o homem
começou a correr atrás dela. Ela estava ofegante, com suor escorrendo pela testa, e seus calçados
quase caindo de seus pés. Eventualmente, enquanto ela dobrava a esquina em direção ao
estacionamento, sua sandália caiu e ela simplesmente chutou a outra hora. Foda-se. Ela poderia
comprar outras, ela poderia fazer qualquer coisa, contanto que aquele cara não botasse as mãos
nela.

Quando ela chegou em seu carro, ela olhou dentro de sua bolsa e empurrou seu celular e
sua maquiagem para o lado. Seu chaveiro era grande, uma caricatura da cabeça do Mestre Yoda
da qual seus amigos zombavam, mas que sempre permitia que ela encontrasse a chave com
facilidade, tanto em seu apartamento quanto em sua bolsa. Ela ficou grata por usá-lo naquele
momento. Rapidamente, Emma pegou as chaves e apertou o botão para abrir o carro. Ela alcançou
a maçaneta quando seu perseguidor a alcançou.

Ele agarrou o seu braço e ela gritou “Fogo!” o mais alto que conseguiu, já que a ensinaram
há muito tempo que as pessoas não respondem a outro tipo de grito de ajuda.

O homem tentou agarrá-la, mas ela conseguiu se afastar – e ficou feliz por ter um peso
extra para isso - e fazê-lo perder o equilíbrio.

“Vadia!”, ele gritou e, em seguida, outra coisa saiu de sua boca, algo feio e gutural, mas
ela não conseguiu identificar que idioma era aquele.

Ele estendeu a mão em direção a ela novamente, mas Emma estava preparada. Com um
movimento repentino, ela ergueu a perna e deu uma joelhada com tudo entre as pernas do homem.
Ela o fez gemer e cair no chão. Graças a Deus. Emma não esperou. Ela abriu a porta e pulou para
dentro do carro. Ela nem sequer fechou a porta antes de ligar o motor.

“Vamos lá, vamos lá!”

Foi então que ela sentiu a picada da eletricidade de uma arma de choque e percebeu com
um horror crescente que havia mais do que um deles - e que eles vieram preparados para
sequestrá-la.

***

O choque da arma foi o suficiente para fazê-la desmaiar. Quando Emma acordou, ela
estava na parte de trás de uma SUV enorme. Infelizmente para ela, era um daqueles com películas
super escuras nas janelas, tão escuras que ela se perguntou se aquilo não era ilegal. Ninguém
seria capaz de enxergá-la ali. O coração batia acelerado em seu peito, e ela começou a se
aproximar das janelas para bater nelas, para fazer qualquer coisa que chamasse atenção e ela
fosse solta.
Foi então que o cano de uma arma foi empurrado contra suas costelas.

“Ai!”, ela gritou e olhou para os quatro homens que a rodeavam. Os bancos da SUV
estavam de frente um para o outro como os das limusines que muitas vezes transportavam seu pai
para o trabalho, em Capitol Hill. Isso lhe permitiu ver os quatro homens, enormes e fortes, que não
tiravam os olhos dela. Todos eles tinham a pele morena de mesmo tom e barbas negras e espessas.
“O que está acontecendo? Quem são vocês?”

Um homem, o mais alto dos quatro e com um olho faltando, concentrou sua atenção sobre
ela. Ele puxou a lapela de sua jaqueta o suficiente para revelar a arma de choque escondida.
Então tinha sido ele quem a acertou.

“Nós trabalhamos para o Sheik Munir Yassin de Yoman.”

Uma sensação gelada correu profundamente pelas veias de Emma. Ela conhecia aquele
nome. Todo mundo que havia assistido as notícias ultimamente conhecia aquele nome. Yassin era o
mais novo governante do reino do deserto; ele havia chegado ao poder no ano passado depois
que seu pai abdicou do cargo devido a um problema cardíaco. Potencialmente, ele era um aliado
dos Estados Unidos em uma área muito instável do mundo, mas ninguém tinha sido capaz de
convencê-lo a assinar qualquer aliança ou tratado ainda. Uma grandeza desconhecida, foi como o
pai dela o descreveu.

Papai saberia.

Ele era o presidente do Comitê de Serviços Armados e um dos maiores militaristas em


atividade.

“Então o que vocês querem comigo?”

O homem que a seguiu havia cuspido nela, mas foi rapidamente repreendido pelo homem
caolho com um tapa na cara. “Não, ninguém deve machucá-la de agora em diante. Essas são
ordens explícitas do Sheik. Kashif, você será punido.”

“Essa vadia me machucou.”

O caolho riu. “Então você deveria se envergonhar que uma mulher ganhou de você, ainda
mais uma civil sem treino algum. Se eu fosse você, eu não relataria essa história para o sheik para
que ele não rebaixe você para guarda de banheiro do palácio”.

“Palácio?”, disse Emma. “Olha, eu tenho que ir para casa. Vocês precisam me deixar ir
embora. Vocês não sabem com quem estão lidando.”

“Você é filha do senador James. Sabemos exatamente quem fomos enviados para
capturar.”

“Capturar?”, ela chiou e desejou ter uma resposta espirituosa. Naquele momento, tudo o
que ela queria fazer era algo estúpido como tentar se atirar contra a porta e cair para fora do
carro. Mas se ela se movesse, ela tinha uma sensação de que seria perfurada por balas. “Se vocês
sabem quem meu pai é, então vocês sabem que ele é poderoso, tem muitos amigos. Ele não vai
gostar disso.”

“Bem, nós estamos esperando por isso. Acreditamos que você vai nos proporcionar um
resgate incrível”, respondeu o caolho, e sua voz de sotaque carregado causou arrepios em sua
espinha. Aquelas palavras simplesmente não podiam ser verdade.

“Eu não posso ir para Yoman. Vocês precisam me deixar sair!”, gritou ela, estendendo a
mão na direção da maçaneta da porta.

O bandido ao lado dela lhe deu uma coronhada com uma de suas armas menores fazendo
com que ela cuspisse sangue e encarasse o caolho. “Se você fizer isso, terá os militares dos EUA na
sua cola.”

“Ou nós vamos conseguir um bom resgate sob o comando do nosso sheik. Você vai fazer o
que nós mandarmos. Não podemos matá-la, mas existem maneiras de não deixarmos marcas,
vadia americana. Então pense sobre isso e faça o que mandarmos”.

“Eu odeio vocês”, ela bufou, segurando as lágrimas, mas virando o corpo para olhar para
o seu reflexo no vidro escurecido. Seu maxilar já estava ficando roxo.

Eventualmente, o carro parou por completo e os bandidos a puxaram para fora. Kashif, o
que ela havia ferido, envolveu seus punhos com algemas plásticas para ajudar a limitar seus
movimentos e chances de escapar. Aquelas tiras de plástico cortaram sua pele e a fizeram sangrar
um pouco. As picadas de dor foram suficientes para finalmente fazer com que lágrimas
escorressem pelo seu rosto. Engolindo seco, Emma se concentrou na caminhada por toda a pista do
aeroporto. Eles devem ter autorização para usar um aeródromo privado. Não havia nenhuma
possibilidade de que os aeroportos Reagan National ou Dulles permitissem que terroristas
estacionassem em uma pista de voo e a levassem até um maldito jato particular.

Ela hesitou ao pé da escada. Uma das muitas palestras que eles tiveram em sua primeira
semana de faculdade foi sobre segurança em cenários de sequestro. Mesmo que ela não tivesse
prestado atenção, ela sabia por causa da própria equipe de segurança de seu pai que uma vez
que os sequestradores a levassem para um segundo local, suas chances de ser encontrada viva
despencariam. Adicionando isso ao fato de que ela estava sendo levada para um país estrangeiro,
longe do poder e do alcance de seu pai, Emma sabia que entrar no avião poderia ser uma
maldita sentença de morte.

Encorajada, ela deu um passo para trás e tentou fugir.

Imediatamente, os quatro homens a agarraram. Ela gritou, chutou e até mesmo conseguiu
morder a mão de Kashif forte o suficiente para tirar sangue. Não importava. Não importava o
quão ferozmente ela lutasse, ela estava em desvantagem contra aqueles homens em termos de
força - ainda mais contra quatro deles – aquilo foi o suficiente para dominá-la.
“Seus idiotas!”, ela gritou quando a carregaram pelas escadas até a parte interna do jato.
“Me soltem!”

Kashif e o caolho seguravam suas pernas e um dos outros a segurava pelos braços
algemados. Ela se contorceu contra eles enquanto eles subiam os degraus, mas ela estava presa
como um corpo pendurado em um espeto antes de um churrasco. Simplesmente não havia
escapatória.

Uma vez que a porta do avião se fechou, o gelo que havia tomado conta de suas veias foi
substituído por uma dormência. Ela estava resignada àquele destino, não havia como ela ser salva,
não naquele momento. Ironicamente, se aquilo fosse em circunstâncias melhores e mais amigáveis,
Emma poderia ter desfrutado de tudo aquilo. A cabine era linda, com cadeiras feitas de couro
macio, um painel de controle com detalhes em madeira maciça e uma televisão gigante.

Ela já tinha viajado em aviões particulares algumas vezes quando seu pai a levou para a
Carolina do Norte durante sua campanha. No entanto, ela nunca tinha visto nada tão bonito assim.

“Você deveria tentar relaxar”, disse o caolho, alcançando a ela um copo de água.

Ela fungou e olhou para ele. “Eu estou em um avião para Yoman, e eu nunca verei minha
família novamente, a menos que eles encontrem uma forma de pagar para o seu sheik, e mesmo
assim não há garantia que ele me liberte. Pare de me dizer para relaxar. Vai se foder!”

“Vai levar catorze horas. Apenas tomar um gole e tente se acalmar. Nós podemos lutar com
você durante toda a viagem se você tornar isso desagradável”, completou, apontando para o seu
queixo. “Ou todos nós podemos descansar e você pode deixar para pensar em tudo isso chegar.”

“Gostei da ideia.”

Ele sorriu. “Além disso, mesmo que você se livre de nós, não há lugar para você ir a 30 mil
pés de altura. Apenas beba e tente descansar”.

Ela se esforçou para tomar um gole da água e fez uma careta quando sentiu que gosto
estava um pouco amargo. Talvez a água do avião não fosse muito boa. No entanto, depois de
terminar o copo, ela começou a sentir confusa e desorientada. Quando o avião decolou, a cabeça
de Emma pesou e suas têmporas latejavam. A última coisa que ela lembrava era do tilintar agudo
de seu copo escorregando por entre seus dedos e batendo no chão.

***

A próxima coisa que Emma conseguia se lembrar era do ar quente em seu rosto quando
uma porta do carro foi aberta. Quando abriu os olhos, ela estava convencida de que tinha sido
tudo um sonho. Tudo o que ela enxergava era um deserto. No horizonte não havia nada além de
enormes dunas de areia e do pôr do sol. Grãos de areia dançavam com o vento e salpicavam
suas bochechas, fazendo-a tentar esconder o rosto. Aquilo não parecia real. Não podia ser. Não
quando ela estava no deserto escaldante com um castelo gigante diante dela. Era uma estrutura
titânica, cheio de torres altas que quase tocavam as nuvens. Aquilo a lembrou de Aladdin e no mais
estúpido de momentos, pensou em si mesma como a princesa Jasmine.

Mas aquilo... era só um sonho.

Ela desejava aventuras e estava muito bêbada de vodka. Emma tinha certeza que
acordaria a qualquer minuto de volta em seu apartamento com uma história louca para contar
para Parker e Alexis. Não importava que seus olhos ardessem com as rajadas de vento cortantes
ou que seu maxilar latejava onde ela havia sido atingida. Aquilo não era real.

Foi muito menos real quando ela foi arrancada para fora do carro por braços fortes. No
começo, ela estava tão cansada que não se preocupou em olhar para cima, somente enterrou o
rosto profundamente no peito de quem a carregava. Mesmo através do tecido da roupa, ela
podia sentir a densidade de seus músculos e a força de seus braços. Quem quer que a estivesse
carregando tinha um cheiro incrível. Mas ela certamente cheirava como um camelo depois de
galopar por três dias naquela areia quente, tal era seu calor e transpiração. O mesmo não podia
ser dito sobre aquele estranho. Sua pele estava fresca e tinha um aroma delicioso. Ele cheirava a
jasmim, açafrão e almíscar inebriante, um perfume puramente masculino.

Aquilo a deixou com água na boca.

Apesar de tudo, se seu sonho louco lhe deu um homem daqueles e com aquele cheiro, então
Emma quase poderia perdoá-lo. Mas aquele momento de ser levada para fora do carro e
carregada pelos degraus do castelo não poderia durar para sempre. Eventualmente, ela sentiu
que estava sendo colocada sobre um colchão mais macio que qualquer que ela já tinha conhecido
antes. Emma se afundou sobre ele. Olhando para cima, ela finalmente conseguiu um vislumbre do
empregado que tinha sido designado a carregá-la.

Foi então que ela encarou a dura verdade de que aquilo não era um sonho.

Sua imaginação era limitada demais para chegar a ser do sexo masculino com aquelas
qualidades.

Ele era alto, media bem mais do que 1,80, e tinha ombros largos. O homem tinha uma pele
morena azeitonada, mas não tinha uma barba espessa, era curta e bem aparada. Havia algo de
ímpio e sexy naquilo, e de repente ela desejou que ele esfregasse aquelas costeletas sobre sua
barriga nua, para que ela pudesse sentir as cócegas daquela barba. Seus olhos eram penetrantes,
de cor de avelã e com manchas douradas. Dotado também de um queixo e maçã do rosto
marcantes, ele se sentiria em casa em qualquer passarela de Milão ou Paris.

“Eu…qual funcionário é você?”

Ele riu e isso despertou algo profundo e primitivo dentro dela, criando uma sensação de
calor em sua barriga e fazendo outras partes de seu corpo tremer. “Sou seu marido. Sheik Munir
Yassin.”
Capítulo 2
Aquelas palavras tiveram um efeito mais potente sobre Ema do que um tapa na cara ou
uma coronhada no queixo. Ela saltou da cama, ou pelo menos tentou. Suas pernas ficaram presas
em toda aquela seda fina sobre a cama e ela caiu no chão. Seu suporto “marido” tentou chegar
perto dela, e ela se afastou, segurando as mãos para cima e rosnando de frustração quando viu
que elas ainda estavam presas.

“Droga! Você não pode simplesmente raptar as pessoas!”

O sheik – ela não se rebaixou a chamá-lo de marido nem mesmo em seus pensamentos – se
ajoelhou ao lado dela e pegou um canivete. Assustada, Emma encolheu o corpo e se preparou
para o pior. Em vez disso, surpreendentemente uma mão suave acariciou sua bochecha. Ela olhou
para ele, mas não se atreveu a cuspir em seu rosto, mesmo que uma grande parte dela quisesse
fazer isso.

“Você pensa assim tão mal de mim, Habibi? Eu nunca iria prejudicá-la”, ele pontuou a
declaração usando a faca para cortar suas algemas de plástico.

Ainda mantendo seus olhos sobre ele, Emma esfregou seus pulsos, apreciando a sensação
do sangue que fluía livremente, mesmo com as pontadas que pareciam viajar até as pontas dos
seus dedos por causa desse fluxo. “O que habibi?”

“Significa 'amada', e, com o tempo, espero que você perceba que eu realmente sinto isso.”

“Você não pode sentir nada. Você me roubou da minha família, dos meus amigos. Inferno!
Você me levou para longe de toda a minha vida”.

“Mas eu fiz de você uma rainha. Em poucas semanas, vamos estar oficialmente casados e
você governará tudo o que você está, nunca lhe faltará nada.”

Emma sentiu a bile subindo em sua garganta e estremeceu. “Caolho.”

“Perdão?”

“O sequestrador mais alto, aquele com o olho machucado”, ela se corrigiu, sentindo suas
bochechas vermelhas de calor. Aquilo era mais do que uma estupidez. Eles a haviam raptado,
arruinado a sua vida. Ela não lhes devia nada, muito menos respeito. “De qualquer forma, ele disse
que o objetivo era um resgate.”

“Sim, eu lhes disse isso. Eu não tinha certeza de que eles ouviriam o meu verdadeiro pedido.
Meu pai ainda está vivo e meu meio-irmão também. Eu não tinha certeza de que eles entenderiam
o que eu queria, que eles apoiariam a ideia de uma noiva ocidental. Eles ficaram muito mais
empolgados com a ideia de um resgate para suavizar o acordo entre Yoman e o seu país.”
“Mas eu não posso me casar com você!”

“Você vai, acredite em mim, você vai. Sei que meu pai concordará e isso solidificará o meu
poder. Apenas fique longe do meu irmão a partir de agora. Kashif é um soldado leal na maioria
das vezes, mas ele nunca foi gentil com as mulheres.”

Ela engoliu seco e senti como se cacos de conchas do mar estivessem descendo por sua
garganta. Kashif? Aquele que já tinha batido nela com gosto? Não, ela nunca o deixará saber de
nada, não aquele animal.

“Então ele não é tão refinado e avançado como você, que sequestra sua noiva de milhares
de quilômetros de distância!”

“Você sempre grita ao invés de falar, querida?”

“Não me chame de querida ou de habibi. Você arruinou tudo. Eu não vou me casar com
você. Eu não vou fazer nada por você”, disse Emma, ficando em pé e de repente se sentindo
pequena.

Mais uma vez, sua percepção havia sido correta e ele tinha pelo menos trinta centímetros a
mais do que ela, se não mais. Ele se elevou sobre ela, e ela estremeceu. Se ele quisesse machucá-
la, musculoso e imponente como ele era, Munir não teria dificuldade alguma em fazer isso.

Suspirando, ele acariciou seu rosto novamente. “Ah... Emma, você verá com o tempo o
quanto eu te amo, o quanto você tem a ganhar sendo minha rainha. No entanto, não se engane,
você nunca voltará para casa. Aqui é o lugar ao qual você pertence agora – comigo”.

Até então, ela não tinha percebido o quão perto ele se inclinou dela durante a sua fala.
Seus lábios estavam apenas a alguns centímetros dela, e ela foi tomada novamente pelo seu
cheiro, pelo jasmim misturado com açafrão. Coberta por todo aquele almíscar que deixava sua
parte primitiva mais selvagem. Emma se forçou a ficar parada, gritando em sua própria mente
como ele não era nada além de um sequestrador e um covarde maldito, inclusive escondendo seus
planos de seu pai. Qualquer coisa que pudesse fazer para impedir a si mesma de beijá-lo.

Ela teve que ser muito forte.

Munir continuou se inclinando para frente e pegou seu pescoço. Seus lábios então estavam
nos dela, famintos e exigentes. Emma se rendeu ao seu poder e sentiu sua língua invadir sua boca,
logo acariciando a sua própria. Uma de suas mãos pegou sua bunda e apertou o seu quadril.
Apesar de tudo, ela gemeu e sentiu uma parte de si mesma gostando de tudo aquilo, conforme sua
língua dançava com a dele.

O beijo durou apenas alguns momentos, e foi ele quem o interrompeu.

Quando o fez, havia um sorriso sagaz em seu rosto.

“Habibi, você não é tão teimosa quanto você pensa.”


Emma olhou para ele e sua mente despertou novamente. Não, eu não sou fácil assim, não
serei conquistada por algumas frases e um maldito beijo. Ela deu um passo para trás e lhe deu um
tapa.

“Vá pro inferno.”

Ele riu e esfregou seu rosto. “Esquentada, tudo o que eu esperava. Eu posso jogar esse jogo
por muito mais tempo do que você, Emma. Agora vá para os seus aposentos.

***

Munir caminhou por toda a extensão de seu quarto. Apesar de ser capaz de manter a
fachada de confiança e sexualidade desenfreada com Emma por um tempo, era mais fácil relaxar
quando ela não estava por perto. Ele ardia pela americana esquentada, queria que ela sentisse o
mesmo fogo em sua alma que ele sentia por ela. A partir do momento em que ele a viu através de
reportagens na mídia sobre seu pai e sua família, ele tinha se sentido atraído por ela. Como
alguém poderia não se sentir assim? Aquelas curvas suaves, aquele lindo cabelo loiro, tão claro
que era quase branco, e grandes olhos azuis para os quais ele poderia olhar por dias. Mas não
era tão simples assim. O maior problema era que, na verdade, ele realmente estava falando sério
quando disse que ele queria que ela fosse sua quando ele disse que queria que ela fosse sua
sheika, sua rainha. Se ela o recusasse para sempre e verdadeiramente o odiasse, ele nunca seria
capaz de suportar isso.

Mas aquela não era a personalidade que ela precisava ver. Assim como seu pai sempre
foi, Munir permaneceria calmo e sereno. Ele iria transmitir toda a confiança que precisava para
fazer com que Emma o amasse. Mesmo que a maior parte dessa imagem fosse apenas aparência,
ele iria adotar aquela atitude. Afinal, um verdadeiro rei deve ser majestoso e confiante em sua
postura em todos os momentos. Ele só tinha que aprender a fazer isso melhor. Seu pai sempre teve
um dom para isso. Até mesmo Kashif dominava o ambiente quando conversava com seus soldados.
Munir, porém, sempre sentiu como se estivesse representando um papel, que na verdade ele era
muito mais gentil do que aquilo. Ele passou toda a sua vida tentando reprimir esse lado de si
mesmo para se tornar o líder que seu pai tanto queria.

“Oh, Alá, faça com que isso funcione”, disse ele, baixinho para si mesmo, voltando-se para
ver Naseem, seu guarda mais antigo e confiável, entrando no ambiente.

O outro homem tinha perdido seu olho esquerdo ao impedir que um assassino matasse o seu
pai, alguns anos antes mesmo de Munir ter nascido. O globo ocular branco leitoso e a longa
cicatriz davam a ele um ar de ameaça, tornando-o uma figura quase mítica. Todos no reino de
Yoman sabiam quem era Naseem e o que ele tinha suportado de bom grado em nome da família
Yassin.

Ninguém ousava mexer com ele também.

“Naseem, eu estava relaxando.”


“Sim, eu soube que deve ser muito estressante esperar certos tipos de entrega”.

“Você não aprova?”

“Na verdade, senhor, ela é bastante espirituosa. Eu gosto de sua atitude e, francamente, a
maneira como ela intimidou seu irmão foi impressionante. No entanto, ela é uma norte-americana, e
quanto antes ela estiver longe daqui e de volta com o senador, melhor será. Nós simplesmente
precisamos que o tratado fique bom para o nosso lado, e eu consigo ver a sabedoria nisso.”

Munir ficou parado, sem saber como continuar. Ele sabia que não poderia conseguir
envolver os guardas e seu irmão em sua missão – afinal, quase todos os dias eles ainda servem ao
seu pai adoecido – se ele dissesse a eles a verdadeira extensão do de seus planos, eles não o
teriam obedecido. Ninguém queria uma americana no trono como sua rainha, não uma ocidental
descrente. Munir ainda não tinha ideia de como explicar a seu pai que ele não tinha intenção de
devolver Emma – nunca.

“Majestade?”

Ele suspirou e passou a mão sobre uma das almofadas de seda vermelha sobre a cama.
“Você realmente gosta dela?”

“Para uma americana, ela tem personalidade forte.”

Munir assentiu. Foi a coisa mais próxima de um elogio que ele honestamente ele poderia
esperar sobre ela. “E se ela ficasse, Naseem?”

O homem mais velho se esforçou para esconder seu choque ou talvez a neutralidade de
seu rosto foi reforçada por seu olho ferido. Quem sabe? “Então eu diria que essa decisão cabe ao
sheik. Eu não posso dizer a você o caminho que deve escolher, apenas ajudar a percorrê-lo.”

“Então essa é a sua maneira de dizer, velho amigo, que eu tenho que cometer meus
próprios erros, estou certo?”

“Eu acho que você é sábio e tem uma visão que falta em seu pai. Se você vê algo nessa
garota, mesmo que eu seja cético quanto a isso, então eu pelo menos darei uma chance aos seus
desejos.”

Munir balançou a cabeça e tomou a mão de seu amigo e conselheiro, dando um aperto
firme. “Eu aprecio sua confiança em mim, Naseem. Agora, o que mais você queria?”

“Seu pai estava chamando por você. Ele está muito interessado em sua convidada. É muito
importante para ele que as negociações sobre o acordo com os Estados Unidos saiam como
planejamos.”

“Então ele quer ver a senhorita James em nossas mãos”, disse Munir, com sua voz saindo
mais como um rosnado.
Ele queria desesperadamente não satisfazer os desejos reais de seu pai, mas fazer isso
seria uma loucura. Afinal, seu pai não se importava. Americanos não deveriam ser confiados, e
estavam destinados a serem dominados e comandados por eles. Munir não acreditava em nada
disso.

“Bem, eu não o deixaria esperando, meu sheik. Você precisará de toda a disposição que
conseguir reunir.”

“Se eu pudesse reunir alguma, Naseem, as coisas seriam diferentes entre nós. É mais fácil
você me pedir para criar um oásis maravilhoso no deserto lá fora.”

Com isso, ele reuniu sua coragem e saiu em direção aos aposentos de seu pai.

***

O ex-sheik Yassin Shadid vivia na base do caviar, literalmente. Com o dinheiro do petróleo
que sua família controlava como governantes de Yoman por gerações, seu pai sempre teve todos
os seus caprichos atendidos. Um deles era receber caviar beluga fresco em sua casa pelo menos
uma vez por mês, mais caro do que o ouro, uma vez que a mercadoria tinha que ser transportada
com cuidado no calor daquele deserto. Esse gosto por coisas mais finas, para ser sincero, havia
sido herdado por Munir. Não tanto a ponto de ele querer um harém. Aquela era uma prerrogativa
de seu pai ou tinha sido antes que o seu coração começasse a falhar e essa atividade foi cortada
de suas prioridades diárias.

Ainda assim, não havia mal algum em gostar de coisas finas ou amar iguarias com as quais
ele poderia cobrir sua mulher amada.

Ele contrastava fortemente com Kashif. Ele gostava de lutar, transbordar sua agressividade
fervente sobre seus inimigos. Essa crueldade era algo que seu pai havia valorizado; ainda assim
Kashif nunca era visto festejando com o harém ou comendo codorna. Engraçado como dois filhos
poderiam ser tão diferentes, e Munir suspeitava que isso tinha pouco a ver com suas diferentes
mães e muito a ver com quais partes de seu pai cada um refletia.

Os aposentos de seu pai eram impressionantes, equipado com os aparelhos eletrônicos mais
caros e luxuosos. Ironicamente, mesmo que seu pai detestasse a maior parte do que vinha do
Ocidente, ele era um fã de filmes clássicos de faroeste e passou seus últimos anos a assisti-los em
uma enorme tela de 72 polegadas. Os móveis eram feitos com o melhor e mais luxuoso couro e sua
escrivaninha era feita com o mais fino dos ébanos. Não que seu pai trabalhasse muito. Não,
ultimamente era mais provável encontrar seu pai em sua cama king size, comendo mingau de aveia
e assistindo filmes com John Wayne. Era estranho odiar os Estados Unidos e ainda assim amar o
que eles exportavam.

Munir parou ao pé da cama de seu pai e se curvou a ele. Mesmo sendo ele o sheik oficial
de Yoman por quase um ano, nada mudaria os primeiros trinta anos de seu condicionamento, das
regras em que vivia. Shadid deveria ser obedecido, e aquelas eram as regras que ele tinha
aprendido, muitas vezes sob a palma de seu pai ou a ameaça de uma varinha.
“Pai, você está com uma boa aparência.”

Ofegante, seu pai tirou os tubos de oxigênio de seu nariz. Antes, o ex-sheik era tão alto
quanto Munir. Ele tinha ombros largos como os seus dois filhos e era forte. Intimidador. Agora, a
insuficiência cardíaca o consumia. Ele estava mais enrugado do que nunca, aparentemente sofria
com o peso de sua própria barba branca e acinzentada. Nos últimos meses, ele tinha perdido
muito de sua antiga forma e não importava quanta sopa ou pudim ele comesse, nada conseguia
manter o seu peso.

Era um final patético e decadente para um homem que ainda era maior do que a própria
vida na memória de Munir.

Seu pai tossiu de novo e olhou para ele. “Você sabe que eu estou horrível.”

“Eu não sei de nada disso. O médico deve estar se saindo bem; há um brilho rosado em
suas bochechas.”

“Agora eu sei que você está mentindo. A garota já foi capturada?”

Ele assentiu e se aproximou da cama de seu pai, conforme a necessidade de súplica


passou. “A senhorita James está com o harém agora, sendo devidamente vestida. Eu ordenei que
Naseem entrasse em contato com o escritório do pai dela, em Washington. O plano já está
tomando forma.”

“Você não precisa que a vadia americana se vista de forma diferente. Ela pode usar as
roupas com as quais ela veio até seu pai ceder”.

“Eu pensei que seria bom para ela vestir algo que não estivesse coberto com o seu próprio
sangue. Kashif e ela lutaram e ele bateu com a arma em seu queixo. Sua camisa estava
manchada. Caso precisarmos enviar uma comprovação que ela está viva ao senador James, será
melhor se ela estiver limpa e com seus ferimentos tratados.”

“Acredito que sim”, seu pai concluiu, puxando um arquivo que estava sobre sua mesa de
cabeceira.

Conforme ele o folheou, a foto de Emma caiu. Munir conhecia aquela imagem. Foi o
primeiro reconhecimento enviado a eles. Era ela com suas amigas rindo no pátio da faculdade. A
forma como a luz do sol batia em seu cabelo o fazendo brilhar tinha sido a primeira coisa que
chamou sua atenção em relação a ela. Dizer que ele observou aquela foto por muito tempo era
minimizar o que havia acontecido.

“Ela é uma daquelas vacas americanas que só pensam em si mesmas.”

Munir cerrou os dentes e se forçou a respirar com mais cuidado. Não havia motivo para
discutir com seu pai naquele momento. Levaria tempo para ele enxergar a rainha que ele via
dentro de Emma. “Ela é diferente das nossas mulheres.”
“Uma porca. Mal posso esperar para devolvê-la ao James, para mostrar aos americanos o
nosso verdadeiro poder e engenhosidade”.

“Sim, pai”, disse Munir, deslizando para fora do quarto e voltando para os corredores
principais.

A sala de jantar estava sendo preparada para um banquete para Emma e ele. Ele
precisava que ela entendesse que ela não estava em perigo. Afinal, prejudica-la era o que ele
menos queria. Se ela o deixasse, ele a encheria de riquezas como ela jamais imaginou e lhe daria
prazer todas as noites com mãos dispostas e cheias de desejo. Tudo o que ela tinha que fazer era
permitir que ele se aproximasse.

Foi nesse estado de devaneio que não o fez perceber o irmão chegando pelo corredor.
Munir esbarrou em Kashif e blasfemou quando levantou ambos do chão.

“Peço desculpas, meu irmão, eu estava distraído.”

“Com planos para manipular o senador, eu espero”, seu irmão resmungou, e foi então que
Munir notou como seu irmão estava mancando e também percebeu a marca roxa de mordida em
sua mão.

“O que aconteceu?”, perguntou ele, apontando para a mão de Kashif.

“Aquela vadia americana. Ela é um pouco mais forte do que eu pensei que fosse. Eu
esperava um marshmallow, literalmente. Como nosso pai diz, 'molenga.'”

“Acredite, sei bem o que nosso pai diz”, disse Munir, baixando o tom. Ele não precisava
tolerar nada de Kashif. Seu irmão é quem tinha de responder a ele.

“Ela veio com tudo pra cima de mim”, Kashif continuou, embalando a mão ferida. “Acredite
em mim, isso não vai acontecer novamente.”

“Bem, já que ela foi deitada no harém e está sob minha supervisão a partir de agora,
você não terá que interagir com ela. Naseem e Basheera são mais do que capazes de toma conta
de Emma.”

“Você não quis dizer nossa refém, meu irmão?”

“Eu quis dizer Emma. Eu sei exatamente o que eu digo.”

Seu irmão se inclinou para encará-lo e Munir teve de recuar alguns centímetros, não por
medo ou frustração, mas porque o cheiro fétido do hálito do seu irmão era detestável. Algumas
coisas, como a higiene oral, definitivamente eram melhores no mundo ocidental.

OK, talvez não na boa e velha Inglaterra, mas em todos os outros lugares.

Na verdade, olhando para a barba sujo e emaranhado de seu irmão, ele se perguntou
quando foi a última vez que ele tomou banho. Claro que isso tinha a ver com as emoções da
batalha, ou, no caso de Kashif, o que ele achava que eram as obras sujas de seu pai, mas não
havia nenhuma desculpa para fazer tudo aquilo sem tomar um bom banho.

“Você é interessante, irmão”, disse Kashif, soltando as palavras como se fosse um


xingamento. “A filha do senador é uma isca, nada mais. Quando o negócio estiver concluído, nós
não precisamos nem mesmo fazer a nossa parte do acordo.” Estendendo a mão, ele forçou Munir a
olhar para as marcas e as cicatrizes que ela havia deixado. “Na verdade, eu consigo imaginar
algumas coisas que eu gostaria de fazer com ela antes de tudo isso acabar.”

Aquilo foi o suficiente.

Munir tinha as mãos em torno da garganta de seu irmão e o foi empurrando contra a
parede antes que o outro homem pudesse se mover. Kashif engasgou em busca de ar sob suas
mãos e, com os olhos esbugalhados, piscou estupidamente para ele. Finalmente, ele foi capaz de
resmungar algumas palavras:

“Quanta hostilidade”.

“Você faria bem em lembrar qual é o seu lugar e quem aqui é o sheik”.

O entendimento da situação penetrou no olhar de seu irmão, que tentou rir. “Compreendo.
Você está apaixonado por aquela vaca americana.”

Munir o empurrou mais forte contra a parede. “Eu não sinto coisa alguma, mas estamos
fazendo a nossa parte do acordo. Nós a prendemos, recebemos o resgate e então ela vai para
casa. Juro por Alá que você não vai tocar em um fio de cabelo dela.”

Seu irmão sorriu e houve uma dor aguda em sua barriga, onde o joelho de Kashif. Munir
chiou e soltou o outro homem. Em um flash, braços fortes estavam em torno de sua garganta.

“Me solta!”

“Em seu devido tempo. Eu só acho interessante como você pega leve com ela, como você
quis carregá-la até a sua suíte particular assim que ela chegou. Se eu não soubesse do acordo, eu
diria que você tem outros planos para a nossa prisioneira americana”.

“Então você não sabe de nada. Eu simplesmente não sou um bárbaro como você”.

Outra dor aguda, desta vez em seu joelho, e Munir desabou no chão.

“E eu, querido irmão, não sou um fracote como você. Eu não esqueceria disso”.

***

Emma piscou e se deparou com todas aquelas cores e tecidos que a cercavam. O quarto do
harém dava exatamente a sensação de que ela estava na história de Aladdin. O espaço principal
para as mulheres que viviam no palácio era um cômodo em forma de arco e com um pé direito
elevado, claramente com mais de trezentos metros quadrados. Ela tinha estado em salões de festa
menores que aquilo em vários eventos em Washington. Havia várias camas, a maioria simples, mas
cobertas com lençóis de cetim brilhante de todas as cores, do roxo mais profundo até os amarelos
mais reluzentes.

No centro havia uma série de penteadeiras, onde muitas das mulheres estavam escovando
o cabelo ou ajustando o kohl em seus olhos. Até mesmo nos cantos havia almofadas macias de seda
onde as meninas sentavam e costuravam, tocavam instrumentos musicais, ou liam por meio de
tablets. Foi o extremo da justaposição do conforto e da acessibilidade modernos em contraste com
a cena antiga diante dela que trouxe Emma de volta à realidade.

No fim das contas, aquilo não era um conto de fadas.

Ela era propriedade do Sheik Munir Yassin, e aquele era o harém com o qual ela estava
destinada, agora que ela estava destinada a se tornar sua rainha.

Espontaneamente, as lágrimas surgiram em seus olhos. Ela poderia estar entediada com a
sua antiga vida e com o caminho traçado para ela por seu pai, mas ela não queria aquela nova
realidade. Não mesmo. Sim, o sheik era lindo e tocava em uma parte profunda de sua alma que
ela não sabia que existia. Sim, havia algo de emocionante sobre estar no reino de Yoman, com uma
variedade de coisas que ela não teve acesso por sempre estar estudando muito. Mas nunca mais
ver a sua família novamente? Nunca mais ver a Parker ou a Alexis?

Não, ela queria ir para casa e, em vez disso ela estava presa em um pesadelo inspirado
na princesa Jasmine.

Ela pairou pelo canto do quarto, até que uma mulher mais velha se aproximou dela. Não,
mais velha era um termo cruel. Alguns fios de cabelo daquela mulher eram grisalhos e sua pele era
envelhecida pelo sol, mas ela ainda era linda, com enormes olhos amendoados e uma grossa
trança de cabelos negros em suas costas. Ela usava um kaftan bem ajustado em seu corpo de cor
escarlate brilhante, acentuado por um cinto de moedas prateado ao redor da cintura.

E era uns quinze centímetros mais alta que Emma, elevando-se sobre ela com uma graça
majestosa que ela nunca conseguiria reproduzir.

A mulher se curvou em direção a ela, o que deixou Emma completamente chocada.


Francamente, após a forma cruel com que Kashif e Caolho lidaram com ela, ela estava esperando
ser mantida em um calabouço e espancada regularmente até que seu pai combinasse sua
libertação. Em vez disso, ela estava no mais belo quarto que ela já tinha visto sendo tratada como
se ela já fosse a sheika.

Tentando retribuir o respeito – ela precisava do máximo de aliados que conseguisse para
traçar um plano de fuga – Emma também se curvou a ela. “Olá, é um prazer conhecê-la."

A mulher riu e sua voz era forte, porém macia como veludo. “Sheika Emma, você não
precisa fazer nada por mim. Eu é que estava lhe oferecendo uma saudação adequada. Eu sou
Basheera, sua criada principal. Qualquer coisa que você precisar, eu posso conseguir para você”.

Ela ficou olhando para a mulher. Certamente ela tinha ouvido mal. “Criada?”

“Sim”, ela explicou se aproximando e colocando uma mão em seu ombro. “O Sheik Yassin
me contou tudo sobre seus planos para torná-la a sua rainha. Meu objetivo é ajudá-la com o que
você precisar e tudo o que o harém tem para oferecer é seu. Vamos prepará-la para o jantar de
hoje à noite.”

Ela fez uma careta com aquela ideia. “O quê? Eu não quero jantar com aquele canalha
arrogante. Eu quero ir para casa.”

“Você está em casa, senhorita. Essa é a questão”, Basheera respondeu, levando-a até as
penteadeiras. As outras meninas olharam para ela, sussurravam em árabe e riam umas para as
outras. Basheera gritou algo para elas no mesmo idioma em que estavam falando e elas se
dispersaram, ainda olhando para ela como se fossem gatos com as garras prestes a serem
mostradas. Voltando-se para ela, Basheera abriu um largo sorriso. “Você vai se acostumar com
isso.”

“Vou me acostumar com o quê?”

“Vai se acostumar com o ciúme das outras. Essas meninas serviram ao rei, e também ao
irmão de Munir. Todas elas disputaram e tentaram cortejar Munir, mas ele sempre resistiu.”

“Você não está falando sério que ele estava esperando por mim. Que ele nunca...”

“Oh, uma dama nunca fala da intimidade dos outros, mas ele não é como a sua família,
não deseja ter uma coleção de esposas e um harém de mulheres, além de sua amada. Ele é leal
dessa forma. Infelizmente, no seu auge, seu pai Shadid não era assim.” Basheera disse isso
enquanto preparava o kohl para os olhos de Emma, mas o tom aveludado e doce de sua voz se
tornou mais grave. Seus olhos não se encontraram com os de Emma.

Havia alguma história por trás disso.

“Você já foi a amada de Shadid?”

“Tivemos um bom relacionamento e até mesmo agora, em sua velhice, eu ainda sou a sua
favorita. Mas eu sei que as outras pessoas podem ser maliciosas e você deve aprender a suportar
o peso de suas maldades.”

“Acredite”, ela respondeu, pensando em Allison. “Eu sei exatamente como é quando fazem
piadas de você.” Ela suspirou e endireitou o seu quadro. “Estou acostumada com isso.”

“Sabe”, Basheera respondeu, começando a maquiar os seus olhos. Emma piscou quando o
lápis tocou sua pálpebra inferior e tentou evitar que saíssem lágrimas de seus olhos. “Curvas
ajudam a conquistar os homens. Não existe dança do ventre, como os americanos chamam o nosso
ritual, sem que a pessoa tenha um pouco de barriga”.

Ela fez uma careta e tentei não chorar enquanto a maquiagem foi aplicada em seu outro
olho. Emma nunca tinha se dado muito bem com maquiagem. “Eu não quero impressionar ninguém.
Eu quero ir para casa”.

“Você está em casa agora, querida, eu realmente acredito nisso. Eu estava lá quando ele
a tirou do carro, e eu vi como você derreteu em seus braços. Você só precisa deixar que ele a
ame.”

“Eu prefiro morrer.”

“Nunca fale assim – já que isso pode ser providenciado por seu pai ou irmão.”

“O quê?”, perguntou ela, com o coração saltando dentro do peito.

Certamente ela tinha ouvido mal. Ou ela iria usada como moeda em troca de um resgate ou
ela seria usada para aquecer a cama do Sheik Munir. Não havia como ela estar correndo risco de
vida. Só um louco iria raptar a filha de um senador e, em seguida, matá-la. Isso seria a aniquilação
total de Yoman. Certamente o velho sheik e seu outro filho tinham noção disso.

Emma engoliu com dificuldade, sua garganta estava seca demais. Se eles não fossem
homens sensatos, ela poderia ser morta muito em breve.

“Não dê a eles um motivo para tentar um resgate com outra filha ou criança como isca.
Kashif... ele não é de confiança.”

Ela bufou e esfregou a mão em seu queixo ainda dolorido. “Você nem precisa repetir. Ele é
um animal.”

“Então eu acredite quando digo que Munir é seu oposto”, a mulher mais velha disse,
usando agora o mais vermelho dos batons nos lábios de Emma. “Faça muito esforço para causar
uma boa impressão, e você conseguirá o que quiser.”

“Como você sabe?”

Ela se inclinou e tirou as mechas loiras de cabelo que estavam no rosto de Emma. “Eu sei
tudo sobre isso.”
Capítulo 3
Emma não acreditou quando viu aquela garota diante do espelho. Basheera deve ter
escondido parte da verdade; certamente a mulher era algum tipo de feiticeira e ela realmente
tinha ido parar em um conto de fadas. Seu cabelo estava preso no alto da cabeça em um coque
ornamentado com cachos saindo dele. Os cabelos loiros e brilhantes davam ainda mais destaque
às joias vermelhas e azuis presas em suas tranças. Seus olhos azuis estavam proeminentes e
brilhavam como safiras por causa do kohl, e seus lábios pareciam mais carnudos com o vermelho
cereja que Basheera tinha usado. De alguma forma, aquela mulher mais velha tinha inclusive
percebido como vesti-la para enfatizar suas curvas corretamente, de uma forma que ela nunca
pensou ser possível. A seda rosa da calça saruel acompanhava o redondo do quadril e o top
revelava a pele macia de sua barriga enquanto que tinha um decote que mergulhava entre os
seios.

Ela estava linda, como nunca esteve antes.

Era um visual que Alexis ou Parker poderiam usar tranquilamente, mas que sempre pareceu
inatingível para ela. Afinal de contas, a estudiosa nunca era também a atraente. Ela nunca havia
sentido isso, especialmente depois descobriu que Kevin a traía.

Mas arrumada daquele jeito?

Ela quase se sentiu como a rainha que Munir alegava desejar que ela fosse.

Basheera sorriu vendo o resultado do seu trabalho e bateu palmas. “Eu sou boa nisso. Eu
deveria ter te cobrado pelo serviço.”

“É como se você tivesse uma varinha mágica escondida aí atrás. Você não tem, não é?”

Basheera riu, com sua voz tilintante como um sino. “Não”, disse ela adicionando um último
enfeite no cabelo de Emma, um prendedor de prata. “Foi meu assim que cheguei ao palácio. Eu
prometo que lhe trará sorte”.

“Eu não quero uma sorte desse tipo.”

“Faça uma mulher mais velha feliz e vá ao jantar e tente ser boazinha.”

“Ser boazinha com o meu sequestrador.”

“Com o seu futuro marido”, Basheera a corrigiu, conduzindo-a até a porta e a levando até
o corredor.

Emma andou a passos ritmados pelos corredores confusos do palácio, encontrando


finalmente seu caminho até a sala de jantar seguindo o aroma incrível que pairava por lá. Ela
conseguiu identificar especiarias divinas, o cheiro de um cordeiro assado com precisão e figos e
damascos secos e temperados. Quando ela abriu a porta, a dimensão da sala de jantar a
surpreendeu. Se o quarto do harém era grande, aquele cômodo era gigantesco.

Três daqueles quartos poderiam caber dentro daquele ambiente e a mesa diante dela
tinha pelo menos cinquenta lugares. Ela se perguntou se a mesa era dobrável, de modo que
poderia ser ampliada ainda mais. Servidos em prataria estavam todas as coisas que ela havia
identificado e algumas outras: grão de bico, lentilha, arroz temperado com açafrão e várias
garrafas de vinho. Era uma mesa incrível.

Tudo aquilo foi ofuscado pela visão de Munir esperando por ela.

Ele se levantou quando ela entrou no ambiente, com os olhos arregalados. Do seu ponto de
vista, Emma conseguiu até mesmo perceber que ele lambeu os próprios lábios. Apesar de tudo,
especialmente da lógica, ela sorriu com aquilo. Ninguém jamais a olhou assim antes, como se ela
fosse o prato principal, o melhor filé mignon na cidade.

Firmando-se e afastando-se de sua súbita paixão, Emma se sentou na mesa ao lado dele.
Ele tentou puxar a cadeira para ela em primeiro, mas ela se recusou, não querendo lhe dar esse
prazer.

“Eu consigo fazer isso sozinha”.

Ele riu com um som gutural, e ela sentiu que estava ficando molhada de desejo – instintos
traidores. “Você está sempre lutando contra tudo, habibi. Tudo o que eu estava tentando fazer era
ser educado com a minha futura esposa.”

“Você diz isso como se fosse a frase mais normal do mundo”, ela respondeu, permitindo ao
menos que ele servisse lentilha e cordeiro em seu prato. Ela não tinha comido nada há mais de um
dia, e seu estômago estava roncando. O vinho branco desceu seco em sua garganta e ajudou a
acalmá-la, dando a ela coragem de uma forma que ela esperava que o fizesse. “Eu preciso ir
para casa. Você entende isso, não é? Eu pensei que isso fosse em troca de um resgate. Não pode
ser apenas isso?”

A situação ridícula de implorar ao seu sequestrador por alguma concessão a fez cair na
real. Talvez a síndrome de Estocolmo estava começando a mexer com seu cérebro, tentando
lembrá-la da paixão do primeiro beijo que eles deram. Ainda assim, ela precisava tentar. Ela não
foi criada para ser uma sheika e o fato de que ele a imaginasse com essa realeza era loucura.

Era estranhamente lisonjeador, mas era loucura.

Ele estendeu a mão e acariciou sua bochecha, e ela se sentiu relaxar em seu toque. Seu
perfume estava se tornando familiar – aquele toque de jasmim misturado com seu próprio cheiro,
pura masculinidade apresentada diante dela. Seria tão fácil se inclinar e beijá-lo, tão fácil
esquecer de todas as regras e de seus deveres como uma boa filha.
Mas seria errado.

“Você duvida que eu te amo?”

“Você me roubou de milhares de quilômetros de distância. Você está me prendendo em


uma fortaleza sem qualquer esperança de escapar. Puxa, como poderia eu achar que você não
me ama, não é?”

Ele baixou a mão e suspirou, com o seu arrependimento estampado naqueles olhos
salpicados de dourado. “Eu poderia ter escolhido tantas garotas. Levamos em consideração vários
senadores do comitê do seu pai e suas famílias estavam sendo consideradas. Mas eu escolhi você.”

“Porque meu pai é o presidente”, ela o desafiou, tomando um gole de vinho.

“Foi porque eu comecei a observar e ver a determinação de seu espírito e o fogo em seus
olhos. Eu observei você, dia após dia, tentando viver de acordo com as ideias de seu pai e ainda
tendo a dignidade de seguir o seu próprio caminho assim mesmo. Quero oferecer mais a você”.

Ela bufou e revirou os olhos um pouco, ignorando o sabor picante do cordeiro enquanto ela
comia. “Seus subordinados estavam me espionando e grampeando meus telefonemas. Isso não
significa que você saiba algo sobre mim.”

“Então me diga que estou errado, habibi”, disse ele, colocando seus olhos cor de avelã
sobre ela solenemente. “Diga-me que nunca quis mais nada em sua vida além de uma oferta na
antiga firma de seu pai, e que nenhuma parte sua está animada por você estar aqui.”

“É diferente”, disse ela com voz calma. “Eu posso querer uma aventura, mas não querer
estar presa aqui.”

“Você não está, não para sempre. Um dia, depois do casamento, viajaremos pelo mundo
todo juntos, para qualquer lugar que você quiser, com tudo o que quiser. Você só precisa pedir”.

“Menos para casa.”

Ele se levantou e se inclinou para baixo, beijando-a com uma paixão que combinava com o
que ela tinha sentido antes no quarto dele. Instantaneamente, seus mamilos se endureceram com
aquele abraço um calor queimou em sua barriga. Emma gemeu e passou as mãos pelo cabelo de
Munir, sentindo umedecer ainda mais quando suas mãos passaram pela área áspera de suas
costeletas.

Munir respondeu a isso também, aprofundando o seu beijo, e com a língua se enroscando
com dela. Eles estavam presos daquele jeito, em uma dança pelo domínio feita pelos seus lábios, e
ela queria muito que ele vencesse, na parte mais profunda de sua alma. Ele baixou uma de suas
mãos até o seio esquerdo de Emma, e o dedos brincavam com o mamilo endurecido debaixo do
fino tecido de sua roupa. Sua outra mão desceu mais ainda, provocando sobre sua barriga e ela
se contorceu, sentindo cócegas com o toque.
Ela encerrou o beijo, tempo suficiente para abrir um sorriso a ele. “Você não pode fazer
isso. Ali eu sou sensível demais.”

Ele riu e passou as pontas dos dedos sobre o mamilo, e ela estremeceu em seus braços, com
seus nervos já em chamas. Os dedos dele seguiram para baixo, deslizando sob o cós de sua calça
e passeando sobre os pelos macios de suas coxas.

Ela elevou o corpo e o beijou novamente, mas interrompeu o movimento rapidamente com o
susto de ter ouvido uma voz chamando da porta.

“Bem, irmão, eu deveria saber que não se pode confiar em você”, disse Kashif, entrando
na sala de jantar.

Foi como se um balde de água fria tivesse sido derramado sobre ela. Ela se afastou
instantaneamente e se levantou, tentando puxar o seu top para baixo, na tentativa de cobrir sua
barriga. Emma desejou então que Basheera tivesse escolhido um kaftan para ela. Ela estava se
sentindo muito nua, muito exposta diante de um animal cruel como Kashif.

“Não foi nada. Não estava acontecendo nada.”

“Ah, eu acho que vi bastante coisa”, Kashif chiou, andando em volta de seu irmão mais
velho. “Faz muito mais sentido agora. Toda a ansiedade até ela chegar aqui. Eu pensei que era
sobre o acordo e sobre forçar os americanos a se comportarem bem. Nunca me ocorreu que
poderia ser qualquer outra coisa, mas agora eu sei por que você defendeu tanto essa vaca
gorda”.

Munir avançou para dar um soco em seu irmão, mas ela agarrou seu braço, acalmando-o.
“Ele a insultou.”

“Ele me sequestrou seguindo ordens suas”, ela respondeu, esfregando o seu braço em um
esforço para acalmá-lo ainda mais. Ela ficou maravilhada com a firmeza de seu bíceps debaixo
de sua mão. “Por favor, deixe tudo pra lá. O jantar foi um erro.”

Ele estendeu a mão em direção a ela, mas ela recuou e começou a correr em direção ao
quarto do harém, não querendo deixar sua paixão comandá-la por mais tempo. Poucos minutos nos
braços de Munir eram uma coisa, mas se permitir ficar à vontade naquele lugar, parar de lutar
para encontrar seu caminho de casa, era algo impensável.

Não importava o que ele conseguisse fazer com ela ou o que ele a fazia sentir.

O prazer não valia a pena se fosse para não voltar mais para casa, não é mesmo?

***

“Eu não sei o que há de errado comigo”, disse ela, jogando as mãos para o alto e
desejando que as outras meninas no harém não estivessem olhando para ela de forma
desconfiada em seus cantos.
Elas que fiquem na delas. Ela pode não ter uma beleza exótica arrebatadora como todos
elas, com suas longas pernas e silhuetas esguias, mas de alguma forma ela era – incrivelmente –
quem o Sheik Munir queria. Ela engoliu seco, pensando na forma como a mão dele tinha acariciado
seu peito. Ela simplesmente não podia se dar ao luxo de se apaixonar por ele. Sua casa estava a
milhares de quilômetros de distância, e ela não podia se esquecer disso, mesmo quando ele a fez
derreter com um simples toque de seus dedos.

Basheera sorriu para ela e lhe entregou uma xícara de chá. “Você acha que é a única que
tem lutado contra sua atração? A Sheika, que já não está mais entre nós, foi uma noiva negociada
por seu pai e teve que aprender a amar o Sheik Shadid em um casamento arranjado. Eu fui
trazida do meu vilarejo para cá quando tinha dezoito anos, raptada no meio da noite.”

“E você ainda gosta de Shadid?”

“As circunstâncias não ditam os sentimentos. Você está vacilando porque o que você sente
não corresponde às suas preconcepções”.

Ela assentiu e puxou uma infinidade de prendedores de seu cabelo. Era mais do que aquilo,
mesmo a partir de sua posição de isca para negociações. Ele a havia espionado, mas realmente
enxergou quem ela é. Ela passou anos mentindo para si mesma, para sua família e amigos,
tentando se convencer de que ela estava feliz, sem nunca realmente ter sucesso nisso. Munir tinha
identificado isso facilmente.

Isso já a assustou desde o início – essa conexão.

O que mais ele viu sobre ela que nem mesmo ela conhecia?
Capítulo 4
“Seu irmão me contou tudo o que viu, Munir”, disse seu pai, com um som chiado e próximo
ao tanque de oxigênio, sentado em sua cadeira de rodas.

Munir baixou a cabeça diante ele, e se odiou por ter feito isso. Seu pai não era mais o
gigante imponente de sua infância, já não era mais o ditador arrogante com um chicote na mão
para disciplinar seu filho errante. Nenhuma dor seria causada naquele momento. Inferno, o homem
estava morrendo e, dentro de um ano, seu coração iria parar. Os melhores médicos em Londres lhes
disseram isso. Ainda assim, aquele era seu pai, e não importa o quanto ele se esforçasse para se
libertar disso, ele ainda queria agradá-lo.

Uma triste parte dele ainda tinha onze anos e sentia que nunca seria o poderoso sucessor
que seu pai insistia que ele fosse, dia após dia.

Mas que droga, uma parte dele que há apenas alguns meses esperava seu pai sorrisse
para ele durante sua própria coroação, mas só conseguiu um gesto de resignação sombria no
lugar disso.

Então Munir manteve a cabeça baixa e seu tom penitente. “Pai, eu o enganei”.

“Isso eu entendo. O que eu não compreendo é como você pode ser tão confuso. Eles são
infiéis, meu filho. Os norte-americanos não se importam com o nosso povo; eles nos bombardeiam
diariamente como dano colateral em suas outras guerras. Eles não respeitam ou se preocupam em
entender a nossa forma de ver as coisas. E você ousa trazer um deles para o seu harém?”

Ele engoliu seco e se forçou a afastar a sensação de uma bola de algodão trancando sua
garganta. Na verdade era pior do que isso, como se agulhas de cactos estivessem presas lá. Mas
se ele fosse forçado a ser honesto com seu pai, ele precisava ser honesto sobre tudo. Afinal, o
casamento aconteceria em breve, uma vez que todo o acordo fosse resolvido. Seu pai então ficaria
sabendo de qualquer forma, descobriria o quanto ele estava envolvido com os ocidentais.

“Ela não ficará em meu harém.”

Ele ouviu outro chiado e então olhos amarelados perfuraram os seus, como se seu pai
pudesse ler sua própria alma. Talvez o sheik pudesse. Afinal de contas, ele sempre parecia saber
cada vez que Munir tinha tentado mentir para ele quando criança.

“O quê? Você não está dizendo o que eu acho que está, meu filho”.

“Na verdade, eu estou”, disse ele, com um tom inseguro até mesmo para seus próprios
ouvidos. “Eu a amo, pai.”

O ex-sheik se levantou, saltando para frente com uma velocidade que Munir achava que
ele não conseguia mais alcançar. “Oh, Alá! Você não está dizendo o que eu acho que está”.

Ele correu para a frente, já notando o quanto seu pai estava cambaleando sem sua
bengala para firmá-lo, além de sua respiração já alterada. Os tubos do velho sheik tinham caído
para fora do nariz e logo ele desmaiaria por falta de oxigênio. “Pai, por favor, deixe-me pegar
isso. Você vai se machucar.”

O sheik mais velho o golpeou, batendo em sua mão. De repente, Munir tinha onze anos
novamente e o tapa o atingiu com muito mais facilidade do que deveria. “Blasfêmia! Você não
pode tomá-la como noiva, mesmo que isso não fosse arruinar o nosso acordo... ela é uma
descrente. Ela não é uma de nós.”

Ele deu um passo para trás e começou a se afastar. Dane-se o seu pai. Se o velho morresse
lá mesmo, seria a melhor coisa para todos eles. “Ela é incrível, e eu a quero como minha Sheika.”

“Inaceitável.”

“Não importa mais o que você quer, meu pai.”

“É importante que nós convençamos aquele cão do Alan James a entrar em um acordo
conosco.”

“O que quero dizer é que eu sou o sheik agora, você está morrendo e Yoman precisa
mudar se quisermos sobreviver, precisamos ser mais do que alguns dos nossos vizinhos.”

“Então nos ocidentalizando conseguiremos isso? Ter aquela porca americana como sua
noiva vai resolver tudo?”

Ele girou o corpo para acertar um soco em seu pai, mas, no último minuto, ele interrompeu o
movimento. Mesmo tão furioso quanto ele estava, ele não poderia ferir um homem tão velho e tão
frágil. Seria desonroso, não importa o quanto seu pai o enfurecesse.

“Eu não sei, mas eu sei que eu não posso ter um harém de quarenta mulheres e prender
mulheres bondosas como Basheera e minha mãe junto com elas. Eu sei que eu não posso me dar ao
luxo de não fechar acordos internacionais quando necessário, e eu tenho a certeza dentro do meu
ser de que não há mulher mais perfeita para mim do que Emma James. Então, pai, ou você se
adapta à ideia de que Emma é minha verdadeira habibi ou vá em frente e faça um favor a todo o
reino.”

“E que favor seria esse?”

“Morra”, Munir respondeu, e gotas de saliva voaram de seus lábios com sua inflexão. “Eu
duvido que o seu povo lamentará por você, não depois da bagunça que você deixou para eu
resolver depois de décadas realizando suas fantasias em vez de servir o seu povo.”

“Quer dizer que você não vai sentir minha falta”, o outro homem disse ofegante, deslizando
até sua cadeira.
“Você não fez nada para merecer isso.”

***

O palácio era frio à noite. Emma nunca tinha ido a uma área deserta antes. Ela já tinha
ouvido falar que à noite a temperatura em um deserto poderia despencar. A falta de luz solar
combinada com os altos muros de pedra do castelo faziam com que todos os cantos do lugar
ficassem frios e com vento durante a noite. Ela estava estirada sobre um colchão macio coberto
com luxuosos lençóis de seda de tom coral brilhante. Eles davam uma sensação maravilhosa contra
a pele nua de seus braços e pernas. Como a futura sheika, ela tinha seu próprio quarto, separado
de todo o harém. Era uma gentileza oferecida apenas para ela, Basheera por ser a mulher mais
velha, e Abdalla, que diziam ser a mãe biológica de Kashif. Levando em conta o nariz grande e
de ponta larga e a tendência de Abdalla de ser sarcástica com tudo, Emma tinha certeza de que
aquilo era verdade.

Ela tinha sorte por ele não ser o sheik, e que de alguma forma o velho sheik tinha
encontrado uma mulher em algum lugar que tinha ajudado a criar Munir para gerar um homem
surpreendentemente doce e generoso. Parte dela quase conseguia perdoar o sequestro. Mais uma
vez, talvez fosse aquele lugar estranho ou o medo que ela sentia na presença de Kashif, mas Munir
definitivamente era aliado ali e estava sendo mais do que gentil a ela. Ao mesmo tempo, ela sentiu
que ele também estava preso a desempenhar um papel em sua vida, preso nas expectativas que o
foram aprisionando. Seu povo precisava que seu rei fosse forte, e que tivesse uma Sheika ao seu
lado. Eles também precisavam de paz, de descanso das explosões acidentais e vítimas civis que
aconteciam por causa do descuido dos americanos ao atacarem suas fronteiras com Omai.

Ela sabia bem como era ter deveres, expectativas tão pesadas que pareciam esmagá-la
por inteiro. Se ele conseguia enxergar coisas nela, talvez ela pudesse fazer isso com ele também.

Suspirando, Emma se deitou sobre os lençóis e tentou dormir. Estava ficando mais fácil de
descansar pensando naquele lugar diferente como sendo sua casa. Ela estava com medo do que
isso dizia sobre ela, mas não deixava de ser verdade.

***

“Você é linda, minha habibi”, Munir disse baixinho, com sua voz deliciosamente rouca como
sempre. Seu cheiro se espalhou pelo quarto, um odor de macho poderoso que ele era, destacado
por um pouco de suor e com o jasmim, sempre presente.

Ela abriu os olhos e deu de cara com ele, puxando o lençol sobre seus seios. Durante a
noite, ela sentiu coceira com sua camisola kaftan e se despiu. Literalmente, não havia nada entre
eles além do tecido leve que cobria seu peito.

“Eu pensei ter deixado claro que eu não quero isso.”

Ele assentiu, mas entrou no quarto mesmo assim e fechando a porta logo depois. O coração
de Emma acelerou – não de medo, mas de vontade. Ela se lembrou do beijo que eles deram
quando ela lhe deu um tapa e depois do amasso que aconteceu horas antes na maldita sala de
jantar. Sua vagina estava molhada, já transbordando com seus sucos. Ela estava muito extasiada. A
boa menina – não, correção, a filhinha do papai – que Emma tinha sido antes de ser raptada
nunca iria dormir com Munir. Não, ela iria lutar e protestar e tentar apelar para ele soltá-la. Ela
seria exatamente como uma garota americana decente deveria ser.

Mas ela já não era apenas aquela garota.

Ela havia tentado, mesmo falhando, lutar contra toda aquela gangue enviada para
capturá-la. Ela tinha sido iniciada em um harém e dado um tapa na cara de um líder mundial. Ela
era mais durona do que aquela menina insegura na pista de dança de algumas noites atrás.

Parte daquela coragem significava que ela tinha que encarar ela mesma, aqueles cantos
obscuros dentro de si e os desejos mais profundos que ela havia sublimado por toda a sua maldita
vida, tentando ser tão perfeita.

Emma o queria, de corpo e alma. Ele a estava deixando louca, penetrando em suas veias,
tornando-se o sangue que bombeava através de seu coração. Apenas algumas amostras dele já
não eram suficientes, então, se ele começasse a visita-la escondido daquele jeito, tentando-a como
um demônio, ela iria sucumbir.

E ainda se deliciaria durante cada minuto.

Munir deitou na cama queen size ao lado dela, com seu corpo preenchendo toda sua parte
da cama. Havia jogadores de futebol de Harvard que não tinham um corpo forte como aquele –
que pena para eles. Aqueles lindos olhos de cor de avelã a estavam admirando, devorando cada
curva e ângulo de seu rosto e pescoço. Quando ele pairou seu olhar sobre o fino lençol de seda
cobrindo seus seios, ela podia ver ainda mais aquelas lindas manchas douradas em seus olhos.

Espontaneamente, ela estendeu a mão e a passou sobre as costeletas grossas em suas


bochechas. Ele gemeu e estendeu a mão, puxando o lençol de cima dos seus seios.

Lambendo os lábios, Munir sorriu para ela, com covinhas se formando nos cantos de suas
bochechas, fazendo-o parecer um garoto, apesar da barba e dos traços marcantes de seu rosto.
Aquilo era cativante. “Você tem uma forma muito confusa de dizer não, minha princesa.”

“Eu... então não é 'não'. Eu fico tão cansada de lutar contra tudo, de lutar contra mim
mesma. Você não está errado. Eu queria aventura”, disse ela, apontando para a vista de dunas de
areia do lado de fora de sua janela. “Eu queria mais e você está dando isso para mim.” Emma
ofereceu-lhe um sorriso lascivo e esticou a mão, traçando o contorno da saliência através do tecido
da calça de pijama que ele vestia. “Eu diria que você está me dando mais do que a maioria das
mulheres pode sonhar.”

“Isso é sobre meu palácio ou sobre meu pau?”

Ela riu, sentindo-se ousada, sentindo-se como ela sempre quis. Alexis e Parker eram sempre
as mais corajosas, as que sabiam exatamente o que queriam e iam em busca disso. Ela tinha sido a
menina que normalmente ficava no bar bebendo água com gás e feliz de ser a espectadora – a
motorista da turma.

Agora, parecia que ela estava em uma Ferrari a trezentos por hora.

Ela apertou o volume nas calças dele outra vez, apreciando a forma como seus olhos se
reviravam e ele se contraía com o seu toque. “É sobre você. Hoje à noite eu não quero pensar.
Amanhã, você pode ser o rei de um país envolvido em acordos e eu posso ser a filha do senador.
Essa noite? Faça amor comigo, Munir.”

“Eu pensei que você nunca ia pedir, habibi”, ele rugiu novamente, tirando a roupa com uma
lentidão tentadora.

Seu pijama de seda era azul marinho e a parte de cima era de botões. E parte por parte,
ele desabotoou a camisa. Conforme ele fazia isso, de forma provocante, ela foi presenteada com o
visual de seu peito robusto de pele morena. Seus fortes músculos eram impressionantes, não
exageradamente grandes como os de um fisiculturista, mas sólidos. Sem dúvida, ele faria Vin Diesel
e Chris Hemsworth passarem vergonha. Com a paixão fluindo através dela, fazendo sua vagina
praticamente pingar com de tanto desejo, Emma roçou os dedos sobre aquele peito.

Era tudo o que ela queria – firme e quente, quase inflexível com a força daqueles músculos.
Inclinando-se, ela passou a língua sobre seu peito, sentindo o toque de suor que havia, saboreando
o gosto de seu sheik. Quando Munir finalmente tirou sua camisa, ela estava livre para explorar
toda aquela carne morena à sua frente. Ela passou a mão ao longo dos gominhos definidos
daquela barriga firme, divertindo-se enquanto ele os flexionava e ria para ela.

“Eu não te agrado, habibi? Eu não sou um belo exemplar para um futuro marido?”

“Hummm” ela resmungou, mordendo o lábio inferior. “Eu suponho que você sirva. Talvez
Kashif fosse melhor.”

Suas narinas explodiram mesmo com a tentativa de piada e ele agarrou os pulsos dela com
as mãos. “Nem mesmo em tom de brincadeira, minha princesa... Emma. Pode contar comigo, para
tudo o que você precisar. Deixe-me mostrar isso a você”.

“Faça o seu melhor, Sheik.”

Munir lambeu os lábios e deixou soltou seus pulsos. Com determinação, ele empurrou os
ombros dela para baixo e a ajeitou na cama, tirando os lençóis de cima dela. Ele então começou a
dar atenção amorosa ao seu corpo. Enquanto suas mãos procuravam a umidade de sua parte mais
íntima, seus lábios encontraram sua clavícula. Ele a beijou ali, pequenos selinhos primeiro, que
fizeram com que ela ficasse ainda mais úmida e facilitando suas carícias com a mão. Ela ergueu um
pouco seu corpo em sua direção, flexionando o quadril e desfrutando da sensação de mãos tão
fortes e hábeis que a tocavam. Enquanto isso, os beijos dele haviam mudado seu foco, indo desde
beijinhos inocentes para algo muito mais profundo. Ele estava chupando a pele de seu pescoço,
deixando chupões e fazendo todo o corpo dela arrepiar. Eventualmente, ele mudou seu estilo outra
vez e começou a passar os seus dentes inferiores sobre sua clavícula.

Emma levou seu pescoço para mais perto dele, para que ela pudesse sentir tanto o raspar
de seus dentes contra seu pescoço, bem como a sua barba contra a pele macia de seu peito.

“Mais!”, ela exigiu, ainda que seus longos e delicados dedos a estavam tocando com uma
destreza que ela nunca havia sentido, explorando suas dobras e as profundezas do seu interior, de
forma gradual, mas com firme propósito.

“Eu posso fazer o que você quiser, habibi, esta noite e todas as seguintes”, disse ele,
deixando beijos em sua garganta, depois lambuzando seus mamilos de saliva. Sua língua se moveu
rapidamente contra seu seio, fazendo seu mamilo esquerdo enrijecer ainda mais com o movimento.
Ela sentiu seu clitóris começar a latejar, com o ritmo dos carinhos aumentando. Ela podia sentir sua
própria pulsação em cada canto do seu corpo, em cada nervo e cada poro de sua pele. “Eu sei
exatamente do que você precisa.”

Ela não teve tempo para perguntar antes de sentir o peso e o calor de seu corpo saindo
de cima dela. Emma abriu os olhos e estava prestes a se queixam da falta de beijos quando ela
percebeu onde Munir estava: debruçado sobre sua vagina molhada, pronto para lhe dar prazer.

“Você não precisa”, disse ela, corando e caindo em suas velhas inseguranças. “Eu sei que a
maioria dos homens não gosta de fazer isso.”

“Os tolos garotos americanos com quem você saiu não sabem o que realmente move um
homem de verdade”, disse ele, destacando sua fala ao retirar sua mão dela e lambendo seus
sucos com vontade, um dedo de cada vez. “O melhor vinho do planeta não se compara ao sabor
de uma mulher excitada. Deixe-me fazer o serviço, minha habibi.”

Ela assentiu e mordeu o lábio, não querendo gritar ou alertar o palácio sobre o que eles
estavam fazendo, e nem mostrar que a americana tinha cedido tão facilmente aos prazeres do
Sheik.

Ele começou com velocidade, e a rigidez da ponta de sua língua entrou nas dobras de sua
vagina, delicadamente deslizando pelos lábios e lambendo os sucos que fluíam dela. Em seguida,
ele seguiu para o clitóris e começou a chupar toda aquela parte já bem sensibilizada. Ela já
estava pulsando de desejo, mas quando ele a sugou, fazendo-a se contorcer ainda mais, bem,
Emma não conseguiu ficar quieta. Ela deu um gemido de prazer que provavelmente foi ouvido por
todo o caminho até as fronteiras com Omai e empurrou seu quadril em direção ao rosto de seu
amante.

“Por favor, agora.”

“Exija, habibi, isso mesmo. Diga-me como você quer que eu te coma”.

“Me coma com tudo”, disse ela, com a voz firme. “Me coma agora, Munir.”
Ele não disse nada, mas seguiu suas ordens, com sua língua agora girando sobre seu clitóris
em um círculo que a fez gemer e suas pernas tremerem debaixo dele. Era como se a lava de um
vulcão fosse despejada através de cada parte de suas artérias, como se ela tivesse se tornado
fogo. Uma vez que ele aumentou seu ritmo, sua língua se movendo a uma velocidade que a
surpreendeu, e ela perdeu a cabeça completamente. Seu corpo explodiu em uma profusão de
sensações e de prazer e ela gozou, gritando seu em voz alta e espalhando seu nome pela noite.

Levou um longo tempo para ela sentir que estava voltando a si, para que fosse capaz de
pensar racionalmente. O movimento era difícil já que cada parte de seu corpo parecia liquefeito,
parecia ter se transformado em geleia com toda aquela descarga de sensações. Ainda assim,
rolando sobre o próprio corpo da melhor forma que conseguiu, ela sorriu para Munir. “Isso foi
incrível.”

“Eu recebi treinamento para muitas coisas, princesa. Posso mostrar muitas coisas a você.”

“Se você começar a aparecer com um gênio azul e um tapete mágico voador”, comentou
ela, “eu vou pensar que eu realmente fui parar na Disney.”

“Você não foi”, disse ele, acariciando seu cabelo dourado e o tirando de seu rosto. “Fui eu
quem encontrou o paraíso”, Munir considerou, abraçando-a de conchinha. “Você vai ver mais do
que eu planejei na parte da manhã. Tudo o que você quiser, qualquer coisa, eu posso lhe dar”.

Exceto minha liberdade.


Capítulo 5
Quando acordou, Emma ficou desapontada e um pouco assustada ao descobrir que Munir
não estava mais com ela. Claro, quando ela olhou pela janela, ela viu que o sol já estava alto no
céu. Munir tinha um país para comandar, especialmente agora, quando não havia tanta turbulência
em Yoman. Não foi um desprezo, não poderia ser.

“Bem, as coisas estão indo muito bem”, disse Basheera, carregando roupas sob um braço e
uma pequena bandeja de pães doces no outro. “Uma das outras meninas está trazendo o suco,
Sheika.”

“Eu nem estou casada ainda!”

Basheera sorriu, aquele sorriso de quem sabia das coisas surgiu em seus lábios. “Eu acho
que você logo você estará, Emma. Eu lhe disse que, por vezes, se entregar ao amor pode valer a
pena.”

“Mas seu pai, o Sheik Shadid, ele nunca fez de você sua esposa.”

“Ele já tinha uma esposa e ela morreu quando Munir tinha apenas dez anos.”

Ela piscou e, em seguida, as palavras que diria em resposta desapareceram. Ela sabia que
o ex-sheik estava doente mas muito vivo através dos noticiários e dos discursos de seu pai no
jantar. E Emma achava até então que a mãe de Munir tinha aposentos particulares semelhantes aos
seus, mas próximos aos do velho sheik, que ela ainda estava viva, mas afastada da agitação das
meninas do harém.

“Eu não sabia.”

“Eu não esperava que você soubesse. Munir e Kashif eram meninos pequenos quando vim
morar aqui. Abdalla tinha se mostrado infiel em seus deveres como garota líder do harém”.

“Eu não consigo imaginar que Kashif seja muito mais leal do que sua mãe. Eu realmente o
detesto.”

“Você não está sozinha nisso”, Basheera respondeu, colocando as roupas em um divã e
entregando os pães a ela.

Ela mordeu um deles e gemeu um pouco, ficando constrangida. Nada era tão gostoso
quando os orgasmos que Munir tinha lhe dado de presente na noite anterior. No entanto, aqueles
pãezinhos doces macios, preparados com mel e tâmaras fez suas papilas gustativas formigarem
com o sabor. Lamentosamente, ela beliscou seu quadril sob o lençol, a única barreira que a impedia
de estar totalmente nua diante de Basheera. Se ela vivesse no palácio por muito mais tempo, ela
seria enorme. Emma já era maior do que as outras meninas; ela precisaria cuidar com o que
comesse ou o sheik não iria mais querer saber dela.

“Eles são bons. Naseem é um homem de muitos talentos”.

“Então ele mata em nome da guarda do palácio, sequestra mulheres de Washington e faz
os melhores pães doces que já comi?”

Basheera sorriu e havia algo no brilho de seus olhos que fez Emma se perguntar se ela e
Naseem já tinham sido mais do que colegas de trabalho. “Ele tem muitos lados. Não se preocupe
com sua alimentação aqui. Na cultura Yoman, é considerado rude não terminar uma refeição. Deixe
aqueles costumes tolos dos modelos e atrizes de seu país pra lá.”

“Você esqueceu das estudantes e das debutantes.”

“Então deixe pra lá esses também”, continuou ela, colocando suas tranças para trás, e
Emma notou os traços de cinza estavam espalhados pela bela cortina de cabelos escuros daquela
mulher. “Quando em Roma, faça como os romanos, certo? Então, quando em Yoman, coma.”

Ela sorriu com aquilo e pegou um segundo pãozinho. “Sim senhora. Você não precisa me
falar duas vezes.”

"De alguma forma, eu duvido que você é garota que recebe e acata ordens com
frequência. Munir pode ter mais do que consegue dar conta com você”.

Ela sorriu e se recostou contra a sua cabeceira. "Eu não quero que isso seja fácil para ele.
Eu gosto dele, e eu entendo que ele tem muita pressão política sobre ele a meu respeito, mas eu
não pedi para ser sequestrada. Você não pode simplesmente raptar pessoas! Ele poderia ter
começado com flores e um cineminha.”

Basheera bufou. “Ele precisa ter pressa e aqueles tratados de paz não podem esperar”.

“Bem, se eu ficar aqui como rainha, duvido que papai feche algum acordo.”

A outra mulher soltou algum xingamento em árabe, algo que Emma não conseguia entender.
“Ele é tão teimoso como alguns que eu conheço. Isso não fazia parte do acordo original. Eu não
acho que algum de nós, muito menos Munir, sabe como isso vai acabar.”

“Então o que você está dizendo?”, perguntou Emma, lambendo o mel de seus dedos e
corando quando ela se lembrou Munir fazendo a mesma coisa com seus próprios sucos na noite
anterior.

“Eu estou dizendo, minha Sheika, que você tem todo o poder aqui, cuidado com o que você
vai fazer com ele. O futuro de dois países está em jogo.”

“Uh”, ela resmungou, trazendo um travesseiro sobre o rosto. “Sem pressão, certo
Basheera?”
“Por hoje, não”, a mulher mais velha respondeu, com a voz tão firme quanto o carvalho da
cama de Emma. “Por hoje, você só precisa vestir isso e tomar cuidado”.

“Uma calça estilo harém? Então eu vou fazer a Dança dos Sete Véus?”

Basheera pegou o culote de hipismo, as grossas botas de couro e uma camiseta para ela.
“Não, hoje você vai cavalgar”.

***

Munir sempre invejou cavalos árabes premiados que seu pai criava. Eles eram uma paixão
que o velho sheik cultivava desde sua adolescência. Ele já estava habitado a eles mesmo antes de
ter idade suficiente para servir o exército aos dezoito anos, como era costume em Yoman,
especialmente para os membros da família real. Afinal, como você poderia governar um país se
não tivesse sangrado por ela em primeiro? Ainda assim, ele sempre teve um talento para domá-los,
fazendo com que tais criaturas rebeldes fizessem o que ele queria.

Mas quando os cavalos já estavam domados, quando não eram mais selvagens, o Sheik
Shadid os enxia de atenção, cuidando para que eles tivessem um ambiente com o mínimo de
estresse possível, e que fossem bem tratados e bem preparados por seus treinadores. Ele fazia
questão de que eles fossem amados.

Mas ele nunca tinha feito o mesmo para seus próprios filhos.

De qualquer forma, os animais que seu pai havia criado eram os mais rápidos de Yoman, se
não de toda aquela região do Oriente Médio. Eles venceram inúmeras corridas nos climas mais
extremos do mundo e tinham uma linhagem que valia milhões. Somente os descendentes do lendário
Secretariat eram mais valorizados. Eles eram de pura beleza e potência debaixo daquela
pelagem castanha.

Ele estava preparando Jarib com sua sela, removendo as últimas partículas de pele morta e
suor com o auxílio de um pente quando sua Sheika caminhou até ele. Munir sentia como se suas
calças estivessem de repente ficado pequenas e sentiu que estava excitado só de observar sua
chegada. Mexendo as pernas um pouco, ele se posicionou de forma diferente, de forma que suas
calças vestissem de forma diferente e disfarçassem a situação. Ele se importava muito com ela,
estava ficando loucamente apaixonado por aquela fera, mas ele não precisava que ela visse o
quão facilmente ele ficava caído por ela. Era assustador. Perceber que outra pessoa tinha o
controle total sobre ele e que se ela realmente o rejeitasse, ele ficaria arrasado.

Ainda assim, não era difícil apreciar como as calças dela abraçavam as amplas curvas de
seu quadril e como destacavam suas panturrilhas firmes.

“Habibi, você está pronta para cavalgar?”, ele perguntou, agarrando a sela.

Ele tinha sido treinado em diferentes estilos, mas achou melhor começarem como o Western,
estilo dos cowboys americanos, por causa dela. Era mais fácil permanecer na sela e ela era nova
nisso. Ele ficou de queixo caído quando ela subiu facilmente no cavalo e começou a marchar com
ele apenas com a rédea e sem a sela.

“Eu sou da Carolina do Norte, por favor. Eu cavalguei por anos em uma fazenda local,
antes de nos mudamos para a capital. Vamos ver o que você realmente sabe fazer.” Ela estava
sorrindo novamente, aquele mesmo sorriso travesso que fazia seus olhos azuis se iluminarem como
fogos de artifício, que o deixou ainda mais excitado e com o corpo ardendo de desejo.

No fim das costas, ele já havia percebido isso nela. Sua habibi era uma mulher cheia de
surpresas.

***

Ela seguiu a galope com facilidade sobre a areia da arena. Munir estava seguindo em um
ritmo tranquilo a lado dela em um outro cavalo. A sensação de liberdade era incrível, com o forte
vendo ondulando através da parte do seu cabelo que ficava para fora do capacete, e com o frio
na barriga conforme a velocidade de Jarib se acentuava. E especialmente com a forma como seu
coração batia a cada volta. Ela não havia montado desde o ensino médio, mas ela sempre foi boa
nisso, ela tinha até mesmo as premiações como prova. O adestramento era a sua especialidade,
com toda aquela precisão do estilo inglês, mas nos fins de semana, na fazenda onde ela montava
em Louisburg, ela praticava cross-country.

Ela também era hábil na corrida de barris.

O tempo todo enquanto cavalgavam, Munir apenas sorriu para ela, encantado como se
nunca a tivesse visto antes. Finalmente, toda aquela observação foi demais para ela. Ela diminuiu a
marcha de Jarib e deixou que ele tomasse a frente.

“O que foi?”

“Como assim?”

“Quero dizer, por que você está me olhando assim desse jeito?”

“Creio que não entendi essa pergunta.”

“Quero dizer”, disse ela, tirando mexas de cabelo da frente de seus olhos. “Você não
precisa me olhar todo espantado. Eu sei que sou cheinha, mas-”

Ele balançou a cabeça. “Não, nunca. Você é tudo o que eu poderia querer em uma rainha.
Acredite em mim quando digo que você é linda, extraordinária, Emma.”

Ela ficou olhando para ele e provavelmente o teria beijado se eles não estivessem a cavalo
e muito longe para isso. Ele raramente a chamava pelo nome. Ele tinha feito isso de propósito,
para destacar sua sinceridade. Aquele deus em forma de homem a achava sexy, e isso fazia seu
coração derreter.
“Ainda assim, por que você está tão perplexo?”

“Eu confesso que não sabia que você sabia cavalgar”.

“Eu acho que seus arquivos não têm tudo sobre mim.”

“Eles só tratam do período em que você entrou para Harvard. Sua postura e seu controle
sobre o cavalo são impecáveis. Eu acreditava que você fosse uma garota urbana.”

“Eu era uma garota presa a uma biblioteca”, ela respondeu, fazendo carinho no pescoço
de Jabir. “O fardo de estudar como uma maluca para entrar na faculdade de direito. Mas eu amo
cavalos, sempre amei. Além disso, eu aposto que eu sou melhor do que você.”

Ele bufou. “Não vamos nos precipitar.”

“Não, eu acho isso mesmo. E digo mais. Vamos apostar uma corrida.”

Munir parou completamente o seu cavalo. “Talvez essa não seja a melhor ideia.”

“Ah, então isso é algo do Oriente Médio? Uma humilde mulher não conseguiria ganhar do
poderoso rei?”

Munir riu, um riso que era mais um ronronar e fazia suas coxas se contraírem de uma forma
deliciosa. “Eu sou mais do que muito bom; eu competia quando era adolescente. É melhor se não
fizermos isso. Eu não desejo humilhar a minha Sheika.”

“Opinião estranha de quem me raptou e me trouxe para cá dopada em um avião. É


definitivamente tarde demais para eu não me sentir humilhada.”

Munir desviou o olhar por um longo tempo antes de responder. Ela quase sentiu pena dele,
mas se lembrou de que por mais que ela estivesse apaixonada por ele, por mais que ele lhe desse
todo aquele prazer, a forma com a qual eles ficaram juntos era completamente inaceitável.

Finalmente, ele olhou para ela, com aquele olhar castanho e dourado voltado para ela com
alegria. “Eu não me perdoaria se ganhasse de você.”

“Ou você não quer admitir a derrota quando você certamente será derrotado por uma
garota, eu entendo.”

“Não, eu-”

Ela sorriu e bateu com o calcanhar em Jabir. “O primeiro a completar três voltas ganha. Se
eu perder, eu lhe conto qualquer coisa que você quiser saber sobre mim”.

“E se você vencer?", perguntou Munir. "Não que eu esteja dizendo que isso seja possível,
porque claramente eu vou lhe dar um banho. Mas o que você ganharia, habibi?”
“A mesma coisa. Eu ficaria conhecendo mais sobre você”, ela disse, antes de comandar
Jabir para que ele saísse em disparada. “Ah, e já começou.”

***

Munir bateu os calcanhares na lateral de seu cavalo, se agarrou às rédeas e saiu a galope,
incitando seu cavalo a disparar, alcançando Emma enquanto ainda estavam na primeira volta. Foi
emocionante. Desde que ele tinha começado a trabalhar arduamente para recuperar a paz de seu
reino com os Estados unidos, ele não tinha tido tempo para si mesmo, nenhuma oportunidade de
fazer as coisas que amava. O vento chicoteava seus cabelos e a emoção de fazer uma curva
difícil em um animal tão rápido estava fazendo o sangue ferver em suas veias.

Mas não tanto quanto a visão de sua entusiasmada habibi. Sua querida estava na dianteira
na segunda volta, com os seios balançando em sua camisa, seguindo o ritmo do cavalo. O cabelo
que saía para fora de seu capacete estava flutuando com o vento, e ele foi arrebatado por
aquela visão de Emma tão livre. Ele a fazia imaginar uma deusa ganhando vida, como Diana em
sua caça ou Kali com sua força bruta.

Ainda assim, não importava o quanto a visão dela o seduzia e fazia seu pênis latejar de
prazer, de maneira alguma ele perderia uma corrida. Afinal, ele não perdia desde que era
criança.

Dessa vez com mais força, ele golpeou os pés contra o flanco do calado, “Vai, Madeira.”

O cavalo disparou tão velozmente que o fez bater os dentes enquanto eles corriam sobre a
areia. Eles estavam entrando na reta final no terceiro círculo e Emma estalou a língua e se curvou o
quanto pode para ir ainda mais rápido. Jabir, a estrela do estábulo de seu pai, superou a
velocidade do sheik, fazendo ele e Madeira comer poeira.

Sua amada já estava sorrindo para ele, com seus olhos azuis brilhando maliciosamente
quando ele parou e desceu do cavalo ao lado dela. Ambos os cavalos foram amarrados, e ele a
seguiu, sem saber o que ela ia perguntar a ele. E também com medo. Ele estava tentando ser o
mais honesto que podia com ela e, embora ele a compreendesse profundamente e tivesse visto
sobre ela em seus arquivos de espionagem, Munir estava com meio de deixá-la saber mais sobre
ele. Será que ela sabia o que o pai dele havia feito? Será que ela reconheceria o menino
assustado que ele sentia que era, fingindo ser o sheik?

Oh, Alá, nunca permita ver através dele, não até a fraude que ele deve ser ao tentar
assumir o trono de seu pai.

“Você ficou tão quieto”, disse Emma, com a voz calma e gentil. “Eu acho que eu o venci por
alguns segundos, no máximo. Além disso, eu nunca montei um cavalo como Jabir. Ele é, de longe, o
mais rápido que eu já montei, foi como estar colada em um foguete”.

Ele sorriu, orgulhoso das realizações de seu cavalo. Ele tinha montado Jabir na última
corrida que ele participou por família e bateu o recorde dos melhores jóqueis de Omai com ele.
“Isso é verdade, mas estou feliz por você. Você é espetacular cavalgando.”

“Então o que há de errado?”, perguntou ela, mordendo o lábio inferior.

“O que está errado é que eu não sei se eu deveria confiar em você para me perguntar
qualquer sobre coisa.”

“Bem, você já sabe tanto sobre mim. Eu aposto que sua espionagem descobriu o meu cereal
matinal favorito e de que marca de meias eu gosto”.

“Nós descobrimos, mas isso não me diz nada sobre você. Foram apenas indicações sobre
sua alma ardente, um vislumbre de seu passado e um toque de uma ambição”, respondeu ele,
ajudando-a a tirar o capacete. Erguendo a cabeça, ele acariciou o cabelo dela. Era tão bonito,
como fios de ouro. Foi a primeira coisa sobre ela que ele admirou. Ela era tão diferente do que
ele conhecia do harém, de qualquer mulher que ele já tinha conhecido, na verdade. “Uma pessoa
não é apenas alguns fatos”.

Mas há coisas que moldam a todos nós”, ela respondeu, pegando sua mão. “Eu sei que
acabamos de nos conhecer, mas mesmo agora, eu sei para onde isso está se encaminhando.”

“Você está para se tornar a minha rainha.”

“Eu preciso ir para casa algum dia. Você sabe que o tratado não funcionará se eu ficar,
meu pai convocará uma guerra. De qualquer forma... eu aprecio o que temos agora. Eu gostei
demais da noite passada.”

O sotaque dela mudava um pouco quando ela ficava excitada, brava ou extremamente
entusiasmada. Ele tinha notado isso quando a chupou na noite passada. Quando ela gritou seu
nome, ele identificou um sotaque do sul dos Estados Unidos, como daqueles cowboys na televisão.
Aquela era a influência da Carolina do Norte que ela carregava, ele concluiu.

“Então eu suponho que fui bom o bastante.”

“Você sabe que é um deus. Você é bonito, e ninguém nunca havia se esforçado tanto para
me fazer feliz”, acrescentou ela, beijando seu rosto, demorando-se um pouco em suas costeletas –
ela tinha um pouco de um fetiche com elas. “Mas eu gostaria de saber sobre sua mãe.”

Ele parou por um tempo e tentou afastar aquela dor. Ele era apenas um garoto quando sua
mãe morreu, tomada por uma febre que ela contraiu durante uma missão diplomática a outra
nação. Até o momento de ela voltar para casa, aquilo já havia progredido demais e até mesmo os
melhores médicos que vieram dos Estados Unidos não foram capazes de salvá-la.

Se ele pensava muito dela, a dor tomava conta de seu coração e pouco a dor em seu
coração fresco e o abatia.

“Há tudo o que falar. É por isso que você parece insistir apenas em mim, dando para mim
o meu próprio quarto? Você terá apenas uma esposa caso levarmos isso adiante?”, ela perguntou,
soltando de sua mão.

Munir sentiu a perda de contato.

“Eu a amava, e ela ficou doente e se foi, deixando apenas eu e Kashif com meu pai. Ele
parou de ter filhos depois disso, não quis nem mesmo tentar. E Kashif sempre foi o perfeito, o frio e
que conseguia comandar os outros. O lutador. Mas ele não era legítimo e eu era-”

“Decepcionante?”, perguntou ela.

“Talvez”, respondeu ele, engolindo a bílis subia em sua garganta. Então as palavras bonitas
de sua sheika não deviam significar muita coisa. Na verdade, ela também não via algo nele.

“Você sabe como é difícil chegarmos a sentir que somos aquilo que os nossos pais desejam.
Cá entre nós, eu acredito que eu seria uma advogada de merda.”

Munir ficou espantado e saiu de seus pensamentos sombrios. “O quê?”

“Sinto que seu pai não seja como você, não seja amável e gentil ou não consiga apreciar o
filho que tem”, acrescentou.

“Talvez eu seja fraco demais. As velhas tradições têm mérito, e elas serviram ao meu povo
por milênios.”

“E talvez haja uma maneira de combinar o melhor do Oriente Médio e do Ocidente para
crescer e honrar esse passado”, ela respondeu, voltando para soltar as rédeas de seu cavalo. “Eu
apenas queria que sua mãe pudesse vê-lo agora. Eu acho que ela ficaria muito orgulhosa.”

Ele sorriu para ela, com seu coração batendo forte no peito. Logo quando ele achou que
não conseguiria amar a sua habibi ainda mais, ela fez algo que realmente o chocou e tocou sua
alma. “Eu espero que você esteja certa. Tento pensar nisso quando meus problemas parecem não
ter respostas claras. Emma?”

“Sim?”, perguntou ela enquanto montava em Jabir.

“O que você faria? Digamos que eu não tivesse trazido você até aqui e que seu pai
dissesse que você não precisaria mais fazer a faculdade de direito? O que faria você feliz?”

Ela sorriu para ele mais uma vez. “Bem, eu não perdi aquela corrida, Munir, então eu não
preciso responder.”

“Tudo bem, então eu não tenho que lhe dizer como vamos esquiar no deserto.”

Os olhos de Emma se arregalaram enquanto ela se esforçou para não deixar cair o
queixo. “O quê?”

“Oh, minha princesa, você tem muito o que aprender.”


Capítulo 6
“Meu Deus!” Emma exclamou, enquanto girava em torno de si mesma e caminhava através
das portas para a entrada do Ski Dubai, no Mall of the Emirates.

Nada fazia sentido naquele shopping. Era o maior lugar que ela já tinha visitado. Ela não
podia imaginar quantos dias, até meses, que ela e suas amigas poderiam passar lá dentro e nunca
iriam visitar a mesma loja duas vezes. Tinha tudo o que ela poderia querer, com setecentas lojas, e,
por todos os lados, as pessoas circulavam carregando sacolas de compras coloridas. Mães
seguravam firme na mão de crianças, e lenços exóticos nas cabeças das mulheres e, por vezes até
mesmo hijabs chamavam sua atenção entre a multidão. O complexo em si ficava bem ao centro do
shopping. Só era preciso atravessar uma parede de vidro que o separava do resto do shopping
para entrar em um mundo totalmente diferente. Havia casas cenográficas de pedra e pinheiros
que se elevavam sobre as pessoas que passeavam por lá.

Enquanto ela se aproximava da área para pegar seus esquis, ela soltou um grito de
surpresa. Um pinguim estava pulando para fora de uma grande piscina coberta de neve. Ele caiu
aos pés de seu treinador e emitiu três sons nítidos antes de ser recompensando com um peixe.

Ela se virou para seu amante, com os olhos arregalados. “Tem um pinguim aqui.”

“Tem vários, na verdade. Ouvi dizer que as crianças os amam”.

“Eu não sou uma criança, mas uau, eu nunca pensei que poderia ser assim.” Na parte
superior, ela observou como as pessoas andavam de esqui nas quatro montanhas diferentes e, por
incrível que pareça, do lado de uma delas havia uma tirolesa. Homens e mulheres gritavam
enquanto deslizavam por ela. “Isso não parece ser real!”

“Mas é. Só que acredito que você pensou que estávamos indo para os Alpes quando sugeri
esquiar, não é?”

Ela concordou e aceitou os esquis e bastões que o atendente a entregou. Claro, Munir tinha
trazido os dele. De forma egoísta, ela desejava que ele tivesse escolhido um esporte onde ele
ficasse mais exposto. Apesar de ela ainda poder ver seus hipnotizantes olhos amendoados
salpicados de dourado através de seus óculos de esqui, ela não podia ver seu corpo incrível. O
casaco dele era o mais elegante e mais bonito, mas ainda assim não ressaltava nada de seu físico.

Munir não poderia ter sugerido algo que precisasse apenas de uma sunga?

Claro, ela estava longe de ser uma garota que costumava usar biquíni, então talvez foi
melhor assim. Todos parecem gordos usando roupas de esqui. Mas foi tudo tão incrível. Ela saiu do
avião na metrópole de Dubai, mas agora se encontrava em algo semelhante aos Alpes e era
maravilhoso. Francamente, Emma não se surpreenderia se duendes ou bonecos de neve falantes
aparecessem.
Afinal, eles tinham até pinguins.

Depois que eles já estavam preparados, Emma sofreu um pouco e cambaleou em seus
esquis enquanto eles seguiram até o teleférico. Mas ela não se importava com aquilo. Agora, como
uma esquiadora iniciante, ela estava aterrorizada com a ideia de dar de cara com uma arvore
falsa ou outro esquiador descendo a montanha (bem, uma montanha falsa também). Mas a parte
do dia em que ela poderia se inclinar contra o peito forte de Munir e aproveitar a sensação de
seus braços ao redor de seus ombros? Bem, que ela poderia fazer isso dia todo.

Quando chegaram ao topo, ela ficou surpresa que eles foram parar em uma superfície
plana, como um planalto no meio da ladeira.

“O que é isso?”

“É a pista de treino, habibi. A menos que você saiba esquiar e essa parte da minha
espionagem estava errada", disse ele, sorrindo para ela.

Ela corou e lutou contra as emoções em conflito dentro dela. Por um lado, ela ficava aflita
toda vez que ele mencionava sua equipe, a dos homens durões incluindo Kashif, que tinham vindo
para raptá-la de sua casa. Parecia que se Munir acreditava que se fizesse pouco caso disso, então
essas brincadeiras pudessem de alguma forma amenizar tudo o que havia acontecido. Parte dela
estava começando a ser grata que ele fez aquilo, que aquele homem tão sexy e dominador, mas
ainda assim suave, a tornou sua amante. Seu prêmio. Mas uma grande parte dela ainda sentia
falta de sua família e o pensamento de que ela nunca poderia voltar para casa doía.

“Habibi, eu disse algo errado?”

“Não... eu... é que eu não sei o que pensar”, ela disfarçou. “Eu nunca esquiei. Mas também
não sou uma criança.”

Emma apontou para o garoto com não mais do que cinco anos que conseguiu esquiar um
total de dois metros antes de bater em sua mãe. Mesmo agora, Emma não conseguia entender
como as mulheres árabes conseguiam esquiar usando seus lenços. Não era causava distração? Ou
não seria perigoso? Ela estava feliz por Munir aceitar os seus costumes ocidentais e por ele não ter
ditado como ela deveria se vestir. Ele certamente tinha poder para isso.

Ele balançou a cabeça e, virando-se, desceu aquela ladeira, com uma velocidade incrível.
Usando seus bastões e balançando seu quadril de um lado a outro com uma habilidade que a fez
se perguntar se aquela agilidade também se aplicava no quarto. Munir terminou a decida e
rapidamente voltou pelo teleférico, subindo em direção a ela.

Chegando de volta ao seu lado, seu sorriso estava radiante. E ela entendeu o motivo.

Ela se inclinou para frente e soltou longas gargalhadas. “Eu mal o venci no cavalo e você já
escolhe um esporte no qual eu sou péssima. Agora eu entendi tudo.”
“Não, eu queria mostrar a você a engenhosidade do mundo do qual eu venho. Muitos
americanos pensam como o se pai. Que nós somos selvagens vivendo em tendas com camelos. Meu
mundo é belo e essa é apenas a ponta do iceberg.”

“E certamente está bem frio aqui”, ela disse, esfregando as mãos. Elas estavam geladas,
apesar de suas luvas. “Além disso, eu não pensaria isso de você e dos países dessa região. Eu só
queria que você não tivesse me sequestrado”.

“Nós todos desejamos que as coisas pudessem ser diferentes”, disse ele sem se
comprometer. “Agora me deixe ensiná-la a descer a ladeira. Você vai amar.”

“Como você sabe? E se eu bater de frente com alguém primeiro?”

Ele deu um passo atrás dela, com seu quadril encaixando com o dela. Emma corou,
pensando na noite anterior, no amor que eles tinham feito, em língua profundamente dentro dela.
Havia claramente outra razão para ele ter escolhido aquele esporte para ensiná-la.

“Agora, habibi, os movimentos certos estão todos no quadril...”

Se ele continuasse a se esfregar nela daquele jeito, então Emma teria que concordar.

***

Munir teve de confessar que estava preocupado com toda a demora de Emma no closet,
parte da suíte onde eles estavam, no hotel Grosvenor House. E tinha sido um dos argumentos
decisivos para ele decidir ficar lá, dentre a miríade de resorts de luxo disponíveis a ele. Quatro
dias desde que tinham feito amor pela primeira vez, bem, mais precisamente, desde que ele tinha
lhe dado prazer, eles estavam ficando mais próximos, os muros entre eles estavam sendo
derrubados, mas ela ainda era arisca. Havia toda a chance de que ele poderia dizer algo errado,
fazer o movimento errado, e apagar todos os progressos que tinham feito. Então, ficar numa suíte
lhes permitiu aposentos privativos – e uma cama compartilhada, é claro – mas proporcionar a ela
um espaço só dela era fundamental. Ele queria que ela sentisse que poderia ter algum espaço
para respirar sozinha e descansar. Sim, eles ficaram juntos de uma maneira não convencional, mas
a maneira como ele a amava era real, a maneira como ele se sentiu atraído por ela era a coisa
mais verdadeira que ele já tinha conhecido.

Emma precisava enxergar isso também.

Ainda assim, fazia mais de uma hora que eles tinham voltado do jantar, e ele estava
preocupado. Ou ele tinha dito algo que a aborreceu ou ela estava se sentindo mal. Talvez o
escargot não estivesse do jeito que ela gosta. Preparando-se, ele se levantou e bateu na porta de
Emma.

“Habibi, você está bem?”

“Não entre aqui!”, ela gritou.


Ele ficou olhando para a porta, agora preocupado por tê-la envergonhado. “Você precisa
de ajuda? O jantar não estava agradável?”

Ela falou pelo outro lado da porta. “Não... é bobagem.”

Munir torceu a maçaneta e entrou. Se sua amada estava passando mal, então ele precisava
ajudá-la com isso. Em vez disso, o que ele viu o deixou com água na boca. Diante dele, Emma
estava vestida com os véus tradicionais do harém. Havia uma grande variedade de panos
coloridos que brincavam sobre seu corpo, transparentes em tons violetas, corais e turquesas. O véu
principal também era o mais transparente, envolto completamente sobre seu rosto e cobrindo o
restante, bem como as pulseiras que ele mal podia discernir que apareciam próximas de sua
cintura, assim como suas tornozeleiras

Havia sete véus.

Sete tecidos brilhantemente coloridos diferentes entre si, mas todos feitos com seda
delicada.

Até mesmo os olhos dela eram realçados enquanto espiavam através de uma fenda entre
os véus. Eles estavam maquiados com kohl preto e seus cílios estavam bem definidos com uma
aplicação cuidadosa de rímel. Tudo servia para deixar seus olhos parecerem ainda mais azuis,
como as safiras mais lindas brilhando na noite do deserto.

Ela corou diante dele e desviou os olhos. “Eu sei que eu pareço uma idiota. Eu só... Basheera
me ensinou a Dança dos Sete Véus, e eu pensei que eu poderia mostrar a você que eu estou
tentando.”

‘Tentando o quê?”, ele perguntou, e como ela podia notar que sua voz havia ficado mais
profunda e rouca. Aliás, como ela podia notar a protuberância nas calças daquele naquele
momento.

“Entender mais, mostrar que eu me importo com a sua cultura”, ela franziu a testa e contraiu
os lábios deliciosamente. “Eu ainda não entendo a parte do sequestro, mas eu sei que as outras
mulheres do harém certamente já fizeram essa dança.”

“Basheera talvez tenha exagerado. Sim, ela e muitas das mulheres do harém fizeram isso
para o meu pai, mas eu nunca pedi por isso. Francamente, habibi, eu duvido que alguma mulher
poderia ficar assim tão fenomenal quanto você”.

Ela corou novamente e, estimulada por suas palavras, saiu para a parte principal de sua
suíte. Seu sorriso se transformou de tímido para sugestivo, e havia algo encantador e proposital na
forma como sua língua tocou nos próprios lábios. Configurando seu iPod, outro presente de Munir,
Emma apertou alguns botões e logo a música, o início do tema principal do filme Salomé começou a
tocar, com as flautas e s snujs soando alto através da sua suíte.

Munir deslizou no sofá e ficou assistindo quando ela começou. A primeira parte da dança
foi de muita provocação. O véu maior parecia como um lençol transparente sobre ela. Então, por
um tempo, ela dançou para frente e para trás, com movimentos leves com os pés e balançando no
ritmo da música. Em seguida, ela deixou cair aquele primeiro véu, e o tecido cor de lavanda caiu
sobre o tapete a seus pés. Por baixo, ela tinha uma linda tiara, circundando a cabeça quase como
uma coroa, e dela belos diamantes brilhavam. Seu sexto véu era dourado brilhante e um pouco
mais grosso. Era feito como uma túnica, e então ela começou a balançar os quadris e a rodopiar.
Quando ela virou seu ombro esquerdo para ele, ela se contorceu um pouco e deixou parte de sua
roupa deixá-lo a mostra.

Restavam cinco…

Agora sua cobertura era mais criativa e provocou Munir mais do que ele poderia imaginar.
Havia uma fita em torno de seus seios voluptuosos, cravejada de pedras, como o seu enfeite de
cabeça. Os dois véus sobre as fitas estavam basicamente pendurados em cada ombro e
balançavam de acordo com a dança, escorregando de uma forma que Munir ficou impressionado
com a forma dela mantê-los sem cair. Emma estendeu as mãos na direção de cada um dos longos
véus de cor verde clara, e os segurou como asas. Ela se movia artisticamente, com uma fluidez e
graça que nem mesmo a sua equitação havia destacado tanto. Enquanto dançava, ela girou,
fazendo os dois véus se abrirem. Ela levantou o corpo com tal velocidade, que por um momento ele
achou que ela realmente ia levantar do chão, com asas de verdade. Durante todo o tempo, a
música de fundo aumentava seu ritmo, e a aceleração da percussão estava sincronizada com o
ritmo do coração de Munir, batendo com força por todo o quarto.

Emma deixou cair os dois véus, deixando-a com toda a parte superior do corpo exposta,
exceto pela fita em seus seios. Ele lambeu os lábios e se endireitou no sofá com aquela visão –
toda aquela carne branquinha cheia de curvas de sua barriga e de seus seios, todo aquele
movimento hipnótico conforme seu quadril balançava naquele ritmo frenético.

O terceiro véu restante estava envolvido em torno de sua cintura como um cinto, uma bela
faixa amarela de seda. Ela se virou enquanto o soltava, e então o envolveu por um momento ao
redor de seus ombros, girando novamente e dando um efeito amarelo com o movimento. Ela o
deixou cair e ficou apenas com os dois longos véus presos a partir do quadril, em sua calcinha
também coberta de joias. Os dois últimos véus eram mais finos e, conforme ela girava mais rápido,
tornando-se mais um vulto do que uma mulher, os véus mudaram de lugar e voavam na altura de
sua cintura, como um manto. Agora a boca de Munir salivava e seu pau estava ficando cada vez
mais duro com a visão de seus seios, barriga e coxas.

Emma deixou cair os dois últimos véus e terminou a dança, indo ao chão em um espacate,
com as mãos erguidas para o ar.

Ele se levantou instantaneamente, embora parecesse estranho fazer aquilo somente com os
dois no ambiente, e desatou a bater palmas aprovando o número.

Ela era um presente, sua deusa, e sempre cheia de surpresas.

Emma estava bastante ofegante quando encerrou, com cabelo emaranhado em seu rosto e
os lábios entreabertos enquanto ela respirava profundamente. “Então você realmente gostou?”

“Não, eu aplaudi apenas por educação”, ele respondeu, sorrindo para ela. Inclinando-se,
ele ajudou a ficar em pé. “Habibi, eu nunca vi ninguém do harém do meu pai fazer isso melhor,
nunca vi algo tão erótico e maravilhoso em toda a minha vida.”

A pele do rosto de Emma estava vermelha como um pimentão, e ela afastou aqueles lindos
olhos azuis de seu olhar. “Você não precisa exagerar.”

Ele lançou seus braços em volta dela e a segurou perto de seu peito. Esticando a mão, ele
acariciou a parte inferior de seu queixo com dois dedos. “Amor, Emma, eu nunca mentiria a você
sobre isso. Você é a mulher mais incrível que eu conheço, sempre pronto para uma aventura, e eu
não consigo imaginar uma visão mais bonita e atraente do que a desse quadril”, continuou ele,
deixando seus dedos vaguearem sobre o lugar em questão. “Realmente, você foi feita para a
dança do ventre.”

Ela balançou a cabeça e deu um tapinha nas curvas de seu próprio quadril. “Bem, pelo
menos o peso deve ser bom para alguma coisa.”

Ele beijou seus lábios, furioso com a cultura bárbara da qual ela veio, a dos Estados Unidos,
por dizer que ela não era desejável. Munir então prometeu a si mesmo que ele iria passar o resto
daquela relação fazendo ela se sentir o mais bonita possível e quebrando esse condicionamento
ocidental, com aquela ideia de que ela só poderia ser bonita se fosse o mais magra e reta
possível.

Essas crenças são uma tolice.

“É tudo parte de você, e você é tudo que eu sempre quis.”

Ela sorriu, em seguida, para o seu desprazer, afastou-se dele. Indo em direção ao banheiro,
movendo o quadril com o mesmo ritmo sedutor que ela tinha usado durante a Dança dos Sete Véus,
ela se inclinou contra o batente da porta. O sorriso dele se ampliou. Sua garota da Carolina do
Norte era provavelmente mais atrevida do que pensava.

Levando a mão até a boca, ela assoviou baixinho para ele. “Você sabia que tem uma
Jacuzzi do tamanho de uma piscina aqui?”

Ele sorriu de volta para ela e tirou a parte superior da própria roupa, ficando apenas com
sua calça de algodão. Passando por ela, ele abriu a água quente na banheira e entrou para o
banho. Diante dele, Emma não fez a dança do ventre, mas dançou de forma lenta e convidativa
tirando sua fita e sua calcinha, e a única coisa que restou em seu corpo foi a tiara em sua cabeça.
Até suas tornozeleiras e o cinto foram jogados no chão.

Munir teve que esperar um pouco mais para ligar os jatos, uma vez que ainda não estavam
cobertos de água. De qualquer forma, ele tinha uma visão atraente enquanto esperava, conforme
a água subia por seu quadril. Sua habibi ainda estava dançando para ele.
***

Emma não tinha certeza do que tinha dado nela. Quando Basheera tinha insistido em
praticar a dança com ela antes de ela e Munir viajarem para Dubai, Emma só tinha feito isso para
acalmá-la. Era uma maneira de deixar uma mulher mais velha feliz e fazer com que a sempre
persuasiva Basheera parasse de insistir. Mesmo com os véus em sua mala, ela não tinha pensado
em tentar. Então o esqui tinha sido tão romântico com as explicações pacientes de Munir e a
proximidade de seus corpos, depois eles tiveram um jantar fantástico juntos, e ela também quis
fazer algo para ele.

Agora ela estava nua diante dele, deixando ele ver o seu corpo de uma maneira que ele
não tinha feito antes, não como quando eles fizeram amor no quarto dela sob o luar. Não. E
agora? Agora ele podia ver toda ela, ver as imperfeições da sua carne, mas isso também era
importante. Ele tinha que aceitar tudo dela, como ela era, e isso era o mais importante. Emma
observou a água enchendo a banheira, cobrindo a ereção dele, ocultando a gloriosa vista de seu
pau já preparado para ela. Ela balançou ao som de uma música que só ela podia ouvir, passando
as mãos sobre os seios primeiro, apalpando-os com dedos ágeis.

“Deixe seus mamilos duros para mim, habibi”, ele ordenou.

Ela não precisou que ele repetisse. Mantendo os olhos voltados para os dele, Emma torceu
seu mamilo direito delicadamente entre os dedos. Não foi difícil deixá-los duros, não com Munir
olhando para ela, lambendo os lábios e tocando em si mesmo conforme ela massageava os
mamilos. Enquanto sua mão direita trabalhava em seu mamilo direito, a esquerda foi descendo
cada vez mais, passando por seu umbigo e parando logo acima dos pelos de sua vagina.

“Não, mais para baixo”, disse ele. “Mostre-me como você toca em si mesma.”

Engolindo seco, ela assentiu e começou a correr os dedos por seus pelos macios. Munir
respirou fundo e ela sentiu que estava ficando molhada. Indo mais adiante, ela separou suas
dobras e começou a acariciar ritmicamente seus lábios vaginais. Seus dedos já estavam quentes
por causa de toda a dança de antes e era gostoso tê-los lá – não tão incrível como a sensação de
ter os dedos grossos e fortes de Munir a tocando, mas era gostoso mesmo assim.

“Mais, amor!”, ele ordenou.

“Sim, meu sheik”, disse ela, sem nunca tirar seus olhos dos dele, ainda extasiada com a
percepção de que a excitação deixava os olhos dele ainda mais dourados.

Sua mão direita ainda estava brincando com seus seios, asseando sobre as aréolas e
enrijecendo toda aquela área. A esquerda encontrou seu clitóris e começou a pulsar contra toda
aquela parte sensível. Sua mão estava ficando encharcada conforme mais líquido saía de dentro
dela, fazendo com que seus joelhos perdessem as forças.

“Oh Deus!”, Ela gritou, encantada com seu amante a observando e excitada com a ideia do
que eles poderiam fazer a seguir.
O zumbido dos jatos a assustou, fazendo-a parar com seus movimentos. Ela baixou as mãos
e olhou para as bolhas na água, fazendo um beicinho quando percebeu que não conseguia mais
ver o pau de Munir balançando entre as bolhas.

“O que você está planejando agora, querida?”, ele ronronou.

Ela lambeu os lábios e deslizou para dentro da água, e sentiu seu calor tocar sua pele.
Inclinando-se contra o peito musculoso de Munir, ela relaxou em seus braços. Em seguida, ela se
inclinou e o beijou. Emma aproveitou para também mordiscar seu lábio interior e passar os dentes
por aquele forte queixo, que combinaria bem em um super-herói. A barba por fazer fez cócegas
em sua língua e ela riu.

“Agora, meu sheik? Agora eu lhe dou prazer.”

Ele sorriu para ela e arrastou um dedo sobre seus mamilos; ela gemeu com o toque. Mais
uma vez, sua imaginação nunca foi tão boa – nunca poderia ser tão boa – quanto a realidade.
“Eu acho que eu gostaria muito disso, habibi.”

Ela mudou de posição para que pudesse ficar de frente para ele e começou a passar os
dedos em sua barriga, ao longo dos gominhos de seu abdome, que, de repente, ela sentiu o desejo
de lamber. Inclinando-se para frente, ela trocou as mãos pela língua e traçou toda aquela área.
Seu clitóris ainda estava pulsando com aquele gosto provocador que ele tinha. Conforme ela
seguiu mais para baixo, ela chegou nos pelos da barriga que seguiam do umbigo para baixo, e
que levavam até toda aquela ereção.

Uma vez que ela desceu ainda mais, ela segurou suas bolas, rolando-as entre o polegar e
o indicador da mão esquerda. Sua mão direita agarrou o seu pau e sua língua saiu para fora,
para que ela pudesse passar pela pontinha. Apesar da água da banheira, ela conseguiu sentir o
seu gosto, um toque de pré-ejaculação que já tinha saído e todo aquele gosto da masculinidade
encarnada que era Munir.

Ele gemeu e revirou os olhos para trás. “Não é justo provocar assim, habibi.”

“Ah, é justo fazer muito mais do que isso”, disse ela, empurrando sua língua contra a
cabeça flat ponta da sua língua contra a cabeça em forma de cogumelo. Ela então acelerou o
movimento da língua e gostou de como seu pau estremeceu com aquilo. Suas mãos em forma de
concha envolvendo suas bolas, apertando um pouco mais, e ela sentiu que elas pulsavam cada vez
mais. Então, ela decidiu ser gentil, parar de provocar, e envolveu seu pênis com a boca. Ela foi
cheia de energia, com a boca se movendo para cima e para baixo ao longo de todo o seu
comprimento, com seu pescoço e os ombros ajudando no movimento. Seu pau e bolas faziam força
contra ela e ela sentiu que ele não ia aguentar por muito tempo.

Ela quebrou o ritmo por apenas um momento, apesar do cansaço começando a surgir em
sua mandíbula. Foi quando as mãos dele se esticaram para tocar em seus mamilos de forma
inesperada, mas Emma logo se recuperou, intensificando seu ritmo enquanto o gosto dele em sua
língua a deixava louca. Então ela finalmente sentiu – o empurrão final do seu pênis enquanto ele
gozava, derramando aquele leite em sua boca. Ela o abocanhou com vontade, engolindo com o
entusiasmo que ela nunca teve com outros amantes.

Não, amantes não era a palavra certa.

Eles tinham sido garotos tateando no escuro.

Munir era um homem de verdade, o primeiro verdadeiro amante que ela já teve, o único a
presentar seu corpo com fortes orgasmos e deixá-la morrendo de desejo.

Ela terminou de engolir e se recostou contra ele, contente em deixar uma de suas mãos
brincar com seus mamilos enquanto a outra acariciava seus lábios vaginais.

“Eu te amo, habibi”, disse ele, esfregando o nariz em seu pescoço. “Nunca se esqueça
disso.”

“Eu sei”, disse ela, suspirando. “Eu queria que fosse simples assim, que não fôssemos de
mundos diferentes.”

Ele a acariciou, colocando mexas de seus cabelos loiros atrás da orelha. “O amor sempre
dá um jeito, sempre.”

***

Munir estava cantarolando para si mesmo enquanto caminhava até a recepção. Ele tinha
deixado Emma dormindo no andar superior, e, embora ele pudesse ter telefonado para que sua
surpresa fosse providenciada, sempre havia a chance de que ela pudesse ouvir. Sua habibi ouvia
tão bem quanto um beagle. Além disso, ela tinha uma curiosidade insaciável. Ainda assim,
madrugar e escapar até a portaria valia a pena para conseguir que preparassem só para eles o
café da manhã mais delicioso disponível e o servissem no terraço. Ele queria que ela visse toda a
Dubai antes que o sol estivesse muito alto no céu.

Enquanto ele esperava o gerente concluir os arranjos finais, seu telefone tocou. Munir o tirou
ansiosamente do bolso, mas franziu a testa quando o identificador de chamadas mostrou o número
de seu pai, não o de sua amada. No entanto, que o seu pai já não estivesse realmente no poder, o
velho homem sempre teria poder sobre ele. Seria uma atitude estúpida desprezar o velho Shadid
por não atender a ligação. Suspirando, Munir atendeu:

“Pai, o que foi?”

“Você saiu de férias com a nossa refém em Dubai?”

“Ela não é a nossa refém”, ele resmungou, levantando um dedo para o recepcionista e
indo para um lugar mais silencioso.

“Filho, você está muito mole. Não, corrijo”, seu pai continuou. "Você sempre foi muito mole.
Você não sabe nada sobre política ou poder de verdade. Você se apaixonou por nossa moeda de
troca. Talvez eu devesse ter deixado Kashif negociar esse tratado. Você nunca teve jeito para isso,
nunca foi competente o suficiente”.

“Estou voltando para casa em poucos dias. E então a gente conversa sobre isso e sobre
como abordar as negociações com o senador James, eu prometo.”

“Suas promessas são vazias. Filho, eu não estou alegre por fazer isso, só triste pelos seus
fracassos”.

Munir entendeu o que estava acontecendo e seu coração disparou. Ele disse algo evasivo
para o recepcionista, prometendo voltar em breve. Correndo até o elevador e clicando no botão
do andar superior, ele soltou um palavrão por ele ser tão lento, por demorar para chegar e
demorar mais ainda para subir até a cobertura onde estavam hospedados. Quando ele finalmente
chegou, tudo o que ele temia tinha mesmo acontecido.

A porta estava entreaberta e o quarto tinha sido revirado.

E seu habibi tinha sumido.


Capítulo 7
Emma acordou e se espreguiçou. Infelizmente, ela sua percorreu a extensão fria dos lençóis
onde seu amante tinha estado. Sentando-se, ela piscou contra o sol da manhã. Olhando para fora
da janela, ela viu a bela luz alaranjada sendo derramada sobre as areias do deserto. Misturando-
se com os grandes hotéis e arranha-céus, o nascer do sol a deixava ainda mais ciente do quão
longe ela estava de casa. Era bonito, diferente e impressionante, mas não era a sua casa. Porém,
um dia isso poderia ser a sua casa, e esse pensamento não mais embrulhava seu estômago de
horror. Em vez disso, ela se sentia calma. Aquela terra no deserto era bela e a vastidão de areia e
as torres que compunham o palácio de Munir em Yoman eram ainda mais incríveis.

Pela primeira vez, Emma realmente conseguia ver a si mesma fugindo de tudo e vivendo
feliz com Munir. Na noite anterior, ela não tinha sido capaz de dizer que o amava, mas ela estava
começando a sentir isso tão profundamente que ela não podia mais mentir para si mesma.

Sorrindo para si mesma, Emma se levantou e se vestiu. Embora na noite passada ela
estivesse adornava em elegantes véus do Oriente Médio, aquilo foi para uma situação especial. Em
vez disso, ela vestiu uma calça jeans e uma blusa soltinha em tom coral claro. Afinal, Munir estaria
de volta em breve, e ela estava curiosa para ver o que mais ele tinha planejado para ela. Além
disso, ela não tinha visto tudo o que Dubai tem para oferecer. Ainda havia muito mais.

Houve um barulho do lado de fora de sua porta não mais de vinte minutos mais tarde, e,
confusa, ela pulou do sofá e foi até andou até o olho mágico.

“Você esqueceu sua chave, meu sheik?”, perguntou ela.

Em seguida, houve um estrondo, e ela recuou. Mais três e foi tão forte que ela estava com
medo de que a porta fosse rachar no meio. Gritando, ela correu até o seu celular e estava a
ponto de ligar para Munir quando a porta cedeu. Diante dela havia quatro homens vestidos com
balaclavas e roupas escuras, todos armados com rifles automáticos. O quinto, atrás deles, estava
vestindo apenas um uniforme militar e sorriu para ela com uma malícia familiar.

“Kashif!”, ela gritou, apoiando-se contra um canto e brandindo seu telefone como se ela
pudesse fazer algo para impedi-lo. “O que diabos você está fazendo aqui?”

“Ordens do meu pai. Você recebeu acomodações confortáveis demais, cadela americana.
“Ele acenou com a mão na frente dela, ainda roxa de sua mordida. “Acredite, o prazer será todo
meu. Eu não acredito que você achará isso engraçado agora, sua vadia.”

Emma sacudiu a cabeça e gritou enquanto os homens avançaram sobre ela. Ela tentou
chutá-los, mas não conseguiu acertar suas pernas ou braços. Eles se esquivaram facilmente e se
viraram para ela, e dois grandes homens acabaram amarrando seus braços atrás das costas.
Tentando escapar de suas mãos, ela gritou uma série de xingamentos, mas foi em vão. A suíte
ficava isolada, em seu próprio andar. Não haveria vizinhos e nem funcionários da limpeza de
manhã cedo para ouvir.

Kashif marchou ameaçadoramente em direção a ela e, em seguida, pegou o seu rifle e


bateu com a parte de trás da arma contra o seu queixo. Ela piscou de dor, cem vezes pior do que
da última vez, já que sua mandíbula ainda estava dolorida do golpe anterior. Tentando ficar
acordada e lutando desesperadamente para não ser arrastada para fora, Emma sentiu que
estava perdendo a consciência.

“Você não vai conseguir se safar dessa!”

Kashif sorriu, e seus lábios se afastaram, expondo seus dentes amarelados e alguns
faltando. Ele era tão abominável quando seu meio-irmão era desejável. “Nós já conseguimos.”

Com isso, ela desmaiou.

***

Quando ela acordou, ela estava acorrentada a uma parede por um enorme algema que
machucava e cortava a pele de seu tornozelo esquerdo. A masmorra onde ela estava – o melhor
nome que ela conseguiu para descrever o lugar – não era nada mais do que paredes frias de
pedra, um enorme conjunto de barras de ferro em um dos lados, e os poucos ratos e lagartos que
rastejavam pela escuridão. Havia uma janela alta cortada na pedra que permitia que a luz
entrasse, mas mesmo com o sol alto no céu de Yoman, ela mal entrava no lugar.

As lágrimas corriam pelo seu rosto, e Emma sentiu o coração acelerar dentro do peito.
Arrepios se espalharam por toda a sua pele, e ela se enrolou em si mesma conforme aquela
sensação tomava conta de seu corpo.

“Deus, Munir onde está você?”

“Ele não vai encontrá-la. Esta é uma antiga fortaleza do nosso exército. Eu não seria tolo o
suficiente para prendê-la no castelo.”

Ela piscou na escuridão e respondeu Kashif. “Por que você me atormenta? Eu sei que você
não pode me matar. Você precisa de mim como aquela preciosa ‘moeda de troca’ com o Congresso
dos EUA. Se alguma coisa acontecer comigo, o meu pai vai trazer a guerra total a Yoman,
bombardear esse lugar com cada maldita ogiva que eles tiverem. Francamente, além de Munir e
Basheera, que vocês todos explodam”.

Kashif riu do lado de fora das barras de ferro e coçou a barba. Ela era tão desalinhada e
enorme que Emma não ficaria surpresa se visse insetos caírem dela enquanto ele a coçava. Como é
que o mesmo conjunto de genes, metade deles vindos do Sheik Shadid, poderia criar aqueles
homens tão diferentes? Um deles era como um anjo vingador e o outro era pouco mais do que um
monstro.
“Isso não vai acontecer. Você vai desempenhar o papel que precisamos, cadela americana,
e será enviada de volta para os Estados Unidos, onde é o seu lugar.”

“Eu tive apenas uma oportunidade e o chutei entre as pernas e o mordi. Eu não entendo
por que você me odeia tanto”.

Ele balançou a cabeça, mas ela notou que ele escondia a mão atrás das costas de
qualquer maneira. “Eu odeio tudo sobre o seu país, o seu povo, e o que você representa. Você é
frívola e preguiçosa. Olhe para a gordura se acumulando em você, sufocando seu coração, até
mesmo agora. Você é um sintoma da patologia do seu próprio país. Americanos como você, vadia,
comem em excesso e engordam enquanto o meu povo morre de fome e sofrem com os
bombardeios feitos por sua terra. Eu não odeio você, Emma. Não, eu odeio muito mais do que isso.”

Ela franziu a testa para ele. Ele nunca tinha usado seu nome real antes. Aquilo soou
diferente do que ela pensou que aconteceria, com seus lábios bem articulados fazendo tudo soar
como se fosse uma piada cruel.

“O que você odeia, então?”, resmungou ela.

“Eu não odeio você como pessoa, eu não te conheço. Não, eu odeio tudo aquilo que você
representa, o lugar de onde você veio. Você não merece o luxo com o qual meu irmão
erroneamente a presenteou e você nunca mereceu sequer pensar que pudesse se tornar Sheika. Eu
mesmo irei matá-la antes de permitir que uma descrente chegue ao trono de meu país”.

“Eu não quero o trono. Parte de mim quer Munir, desejando que nós dois fôssemos duas
pessoas normais apaixonadas, mas não tenho interesse em ser a rainha de Yoman”.

“Que bom”, disse ele, distanciando-se dela. “Porque o melhor que você será é a prisioneira
mais preciosa de Yoman”.

Ele se afastou mais ainda depois disso, mas se virou para olhá-la avidamente. Emma
estremeceu e abraçou seus próprios ombros. Havia algo de errado naquele olhar, algo brutal
demais de compreender. Ela temia o que poderia acontecer com ela se Kashif voltasse e caso ele
decidisse ir até o seu lado das barras de ferro.

Não seria nada bom.

Lágrimas caíram mais livremente pelo seu rosto e, mesmo que ela tentasse não fazer isso,
Emma lamentou. “Oh, Munir, onde está você?”

***

“Pai, nós precisamos conversar. Agora!”, exigiu ele enquanto invadia os aposentos de seu
pai.

O homem mais velho estava sentado na cama com tubos de seu tanque de oxigênio sobre o
rosto. Apesar de sua fragilidade, ele parecia majestoso como a anos não ficava. Ele se sentava
ereto, escorado na cabeceira da cama, com o queixo erguido, com ar de autoridade. Munir
conseguia ver com facilidade aquele gigante de ombros largos que batia nele quando ele
desobedecia quando criança. Ele era o déspota cruel que tinha organizado o sequestro de Emma,
mas dessa vez Munir não iria permitir. Ele era o governante agora.

Ele não era mais uma criança.

E ele salvaria sua habibi.

“Meu filho, você parece chateado.”

“Você sabe muito bem que eu estou furioso. Eu voei para casa o mais rápido que consegui,
quando descobri que Kashif claramente havia raptado Emma”.

“Você pretende ter uma noiva ocidental”.

“Eu pretendo tornar a mulher que eu amo minha esposa e minha sheika!”

Seu pai tirou os tubos do nariz e balançou a cabeça negativamente. “E eu já expliquei que
tudo o que ela precisa fazer é servir para o nosso propósito. Seu pai assina os tratados
internacionais e nós conseguiremos proteger Yoman. E então ela irá embora no próximo voo
disponível.”

“Eu a amo.”

“Você é fraco, e se Kashif fosse legítimo, eu o tornaria o verdadeiro governante. Quem


sabe eu ainda consiga deferir isso. Foi um erro colocá-lo no trono. Eu ainda tenho força.”

As entranhas de Munir ferveram de fúria, e ele foi para cima de seu pai, sem tempo para
agir de forma educada. O momento de cortesia ou respeito já havia terminado. Ele envolveu sua
mão esquerda em volta da garganta de seu pai, apreciando a forma como os olhos do velho se
arregalaram. Sua pele tomou uma cor pálida e acinzentada, e ele começou a se debater. Os
guardas que estavam no quarto avançaram, mas Munir sacudiu a cabeça.

“Eu não vou matá-lo; não vale a pena. Além disso, eu sou o sheik de Yoman. Essa escolha já
foi feita há muito tempo. Esse homem aqui não é nada além de uma casca seca”.

“Filho-”, seu pai disse, com esforço.

Munir apertou sua mão mais um pouco, e seu pai ficou um pouco mais apertado e, por uma
vez, seu pai silenciou. “Não, eu ouvi seus sermões por mais de trinta anos. Estou cheio disso. Agora
você me escuta. “Seu pai assentiu, feliz por acalmá-lo. Mas aquele não era bem o caso. “Você tem
doze horas para entrega-la, ou eu vou assinar qualquer acordo que os americanos apresentarem
para mim, mesmo que isso nos torne uma de suas colônias, e que destrua até mesmo este palácio.”

Os olhos de seu pai voltaram a se arregalar de horror, mas ainda assim Munir prosseguiu.
“E se você não trazê-la até mim dentro de vinte e quatro horas, bem, eu não vou te matar.
Eu não sou como você ou Kashif, e não querer assassinar alguém não é uma fraqueza, é uma
força. Mas eu não preciso matá-lo para torná-lo infeliz. Eu só vou trancá-lo em um quarto e
acabar com todo o luxo que você tanto gosta. Você será apenas um velho solitário preso a um
tubo de oxigênio, como se estivesse preso em qualquer asilo nos Estados Unidos. Você entendeu?
Você vai definhar no isolamento, o mesmo que você planejou para Emma, se você não trazê-la até
mim.”

Seu pai assentiu e suspirou com dificuldade quando Munir o soltou.

“Você a terá em breve.”

“É melhor mesmo, ou eu colocarei este país abaixo.”

***

Basheera balançou a cabeça quando Munir entrou na sala de jantar. Ele não tinha comido
há dez horas, desde que ele tinha percebido o desaparecimento de Emma em Dubai e, embora seu
estômago estivesse agitado pela ansiedade, ele foi direto para os pães doces e tâmaras. Ele não
conseguiria pensar direito se deixasse seu nível de açúcar no sangue diminuir ainda mais. Sua
velha amiga o olhou com desdém.

“Você é um tolo, Munir.”

“Eu não ia matá-lo, e não fiz nada a ele. Basheera, eu sei que você ainda protege o meu
pai, mas o que ele fez é cruel.”

Ela balançou a cabeça. “Shadid dessa vez passou dos limites, e eu o amo o suficiente para
saber quando ele está agindo pior do que seu filho. Não foi isso que eu quis dizer”.

“Então você também sabia que eu não iria matá-lo?”

“Eu esperava que você não fizesse isso, quando os rumores sobre o que estava
acontecendo começaram a se espalhar pelo palácio. Eu sempre soube que havia algo melhor em
você do que em seus antepassados, que você tinha uma nobreza real que Yoman não vê a
décadas. Eu ainda espero que isso o torne o sheik que trará paz para a nossa terra conturbada.”

“Então por que você balançou a cabeça para mim?”, perguntou ele, erguendo a cabeça em
direção a ela.

“Porque você poderia lidar melhor com isso. Shadid precisava perceber que ele não é mais
o rei. Ele não está mais no controle e, por isso, filho, eu estou orgulhosa de você”, continuou ela,
abraçando-o com força.

Ele apertou forte os ombros dela. Sua mãe tinha morrido há muito tempo, e ele tinha tido
sorte que Basheera tomou para si a função de ajudar a criá-lo. As mulheres do harém nem sempre
eram tão gentis assim. Muitas vezes, a inveja e as emoções fortes das mulheres disputando por uma
posição faziam com que elas focassem apenas no próprio sheik. Afinal, a mãe de Kashif odiava
Munir tanto quanto Kashif parecia fazer, sempre dando um jeito de encontrar desculpas para
batê-lo quando criança e para fazer seu pai fazer o mesmo. Basheera – a pobre Basheera sem
filhos – nunca tinha sido assim. Ela foi a mãe substituta que ele tanto precisava em sua juventude, e
ele seria eternamente grato por isso.

“Obrigado, Basheera. Isso significa demais para mim.”

“Eu estou desapontada por não ter lhe ensinado bem o suficiente. Há sempre sutileza na
vitória”.

“O que isso significa?”

“Que você não tem que esperar por doze horas. Você pode fazer algo mais, até mesmo
agora”.

“E o que seria isso?”

Basheera sorriu e assoviou de forma estridente. Naseem entrou na sala de jantar


ostensivamente, a fim de trazer o kebab para o prato principal, mas Munir conhecia Basheera bem
o bastante para saber que com ela, as coisas nem sempre são o que parecem. A mulher estava
sempre planejando um passo à frente e, se o seu destino tivesse sido outro, teria sido uma
excelente mãe para um sheik. Talvez ela já o fosse, levando em conta a proximidade dela e de
Munir.

O velho homem olhou para ele através de ambos os olhos, o normal e o com a cicatriz, e
sorriu.

“Meu soberano, você nunca deve desconsiderar as vantagens de se ter espiões em todos os
lugares.”

Ele olhou de um para o outro, confuso. “Mas eu não tenho, não realmente. A minha equipe é
a mesma que era de meu pai, liderada por Kashif. Podemos ver agora o quão facilmente eles me
traíram.”

Naseem sorriu, isso fez com que seu comprido nariz parecesse ainda mais pronunciado.
“Mas Basheera e eu somos leais a você e Emma. Ela é boa para você, o faz sorrir, e o seu coração
se ilumina de uma forma como eu nunca vi, meu sheik”.

“Mas vocês não são espiões!”

“No entanto, nós nos mantemos atentos a tudo”, Basheera o corrigiu. “Naseem, conte a
Munir tudo o que você sabe.”

O sorriso do homem mais velho aumentou ainda mais. “A antiga fortaleza... lá é de onde
resgataremos Emma, agora mesmo.”
***

Emma olhou para o mingau de que Kashif colocou diante dela com suspeita. Era cinza
esverdeado e estranhamente empelotado. Embora ela estivesse com fome e já estava assim muito
antes do pôr do sol, ela não tinha nenhuma intenção de comer aquilo. Ela não tinha certeza de
quais poderiam ser os ingredientes. Quando ela se inclinou e cheirou o prato, recuou porque
aquele aroma desagradável agrediu o seu olfato delicado. Seu cavalo tinha um cheiro melhor
depois de longas sessões de treino e galope do que a gororoba fedorenta em sua frente, embora
supostamente fosse “fresca.”

Mas era pior ainda que Kashif estivesse ido até lá pessoalmente, que não tivesse enviado
um subordinado.

E o pior de tudo, ele não estava saindo, simplesmente ficou sentado ao lado dela, olhando
para ela e lambendo os lábios.

“Eu não quero isso”, disse ela, virando a tigela e derrubando o mingau... a papa... o que
quer que fosse, em Kashif.

Ele a xingou furiosamente e deu um tapa em seu rosto. Foi um golpe forte que a fez ofegar
com a dor aguda que percorreu o seu rosto. “Munir pode achar sua rebeldia atraente, vadia, mas
eu não.”

“Eu não dou a mínima para o que você acha atraente. Eu não vou comer essa gororoba
envenenada”.

“É um prato de intestino de cordeiro.”

“Eu não vou comer, e, conhecendo você, você deve ter colocado veneno. Tudo o que eu
quero é falar com Munir. Certamente ele pode me visitar.”

“E correr o risco de ele a libertar quando souber onde você está? Os homens de meu pai já
estão contando tudo aos meus. Munir já está ameaçando assinar um tratado terrível dentro de seis
horas, que dará aos descrentes tudo o que eles quiserem, se nós não a devolvermos.”

Ela engoliu seco. Se até mesmo o antigo sheik, o velho Shadid, tinha exigido sua libertação,
então por que ela ainda estava presa em uma masmorra, sozinha com Kashif? Apesar do peso da
corrente, ela conseguiu se enrolar em si mesma, para proteger o seu corpo de Kashif da melhor
que podia. Ele estava querendo algo, e ela estava com medo de saber exatamente o que era.

“Então você está aqui para me liberar. Eu disse que poderíamos pensar em algo. Eu irei
para casa, você recebe os tratados assinados, e Munir...”, ela suspirou e forçou para que sua voz
permanecesse igual. “Nós nem sempre podemos ter o que queremos”.

Eu posso. Eu não dou a mínima para o que meu pai e Munir querem. O velho estará morto
dentro de seis meses e Munir tão breve quanto”.
Seu coração estava acelerado mais uma vez, e ela engoliu de volta sua bílis. Ela não
estava ouvindo aquilo. “Você vai matá-lo.”

“Não agora, não até que o meu pai morra. Eu preciso deixar as coisas menos óbvias, como
um trágico acidente de carro no caminho de volta do enterro do nosso pai. Então eu surgirei como
o herdeiro solitário ao trono de Yassin e meu país chorará por mim e vibrará com a minha coragem
e espírito indomável”.

Aquilo foi o bastante. Ele não ia ameaçar Munir e sair ileso; ele não iria mantê-la ali e sair
impune.

Saltando de onde estava, chegando perto do final da corrente de ferro, Emma cravou as
unhas na pele macia da bochecha de Kashif. Ele uivou com a dor, e ela ficou satisfeita quando ele
se afastou, quando ela conseguir ver o lado esquerdo de seu rosto totalmente machucado. Parecia
um hambúrguer cru.

“Diga-me novamente com que facilidade você fará tudo isso. Munir virá ou o meu pai irá
bombardeá-lo, mas você nunca será nada, Kashif. Você é apenas o aspirante, o pretendente ao
trono.”

“Chega!”, gritou ele, se aproximando dela rapidamente. “Você está aqui e você é minha
prisioneira. Posso fazer com você o mesmo que Munir fez. Agora é a minha vez de ver o que há
de tão maravilhoso em sua bunda gorda, vadia americana”.

As veias de Emma ficaram frias comi gelo. Em pé, ela tentou correr, mas a corrente de ferro
era pesada demais e ela estava com fome demais para ter energia de sobra. Foi tudo um erro de
cálculo. Kashif então partiu para cima dela, derrubando-a no chão. Ela gritou e resistiu contra ele,
mesmo com ele a segurando no chão com seus joelhos em suas pernas e uma mão empurrando seus
ombros para baixo, mantendo-a presa ao chão. A outra mão estava passando por seu cabelo
rudemente e arrancando alguns fios com o seu toque bruto.

“Não! Pare!”, ela gritou, agarrando-o, tentando desesperadamente mordê-lo novamente.

“Talvez eu precise de uma banheira chique e palavras doces para conquistá-la, sheika”, ele
bufou, deitando sobre ela.

Ela congelou, sem conseguir acreditar que aquela violação estava prestes a acontecer.
“Foda-se, Kashif. Eu nunca vou gostar de você, nunca.”

“Eu não preciso que você goste de mim; eu só preciso provar o que deixou meu irmão tão
louco assim.”

Fechando os olhos, Emma segurou para que suas lágrimas não rolassem. “Munir é um milhão
de vezes mais homem do que você, e é por isso que eu o amo.” Ela manteve os olhos bem
fechados, com medo da dor que Kashif poderia provocar nela, e sem querer enxergar nada
daquilo.
Exceto quando, de repente, ele foi arrastado de cima dela.

Confusa, ela olhou para cima e quis chorar. Munir estava lá, junto com Naseem e Basheera.
A mulher mais velha já tinha tirado um grampo do seu cabelo e estava tentando tirar suas
correntes. Uma vez que Emma foi libertada, Basheera tirou o próprio xale e colocou-o sobre o seu
peito. Olhando para baixo, Emma percebeu que sua camisa tinha sido rasgada, deixando-a
exposta.

Em mais de um pedaço.

“Shhh, querida, estamos aqui agora”, Basheera sussurrou.

Sobre o ombro de sua salvadora, Emma observou de queixo caído como Naseem e Munir
lutavam com Kashif. O meio-irmão de seu amante tinha um longo canivete que estava brandindo
contra os dois homens. Quando Naseem correu para a frente, Kashif foi capaz de furá-lo. Sangue
derramou da lateral do corpo do velho criado, e ele caiu de joelhos, com a respiração ofegante e
irregular. Emma gritou e tentou correr para seu lado, mas Basheera apertou as mãos em seus
ombros. Quando a mulher mais velha falou, sua voz vacilou.

“Você não pode fazer isso. Isso vai distrair Munir, e ele precisa vencer.”

“Mas Naseem precisa de ajuda!”

“Ele vai ficar bem, eu prometo que tudo vai ficar bem”, disse Basheera, mesmo enquanto
seus próprios olhos brilhavam com lágrimas.

Agora Munir estava circulando Kashif, e seus punhos estavam erguidos em sua frente. Ele
era mais alto do que Kashif, mas ele não era tão largo, com o corpo mais como um nadador do
que um jogador de futebol americano, como era o caso de Kashif. Ela ainda estava com a
sensação daquele homem sobre ela e sabia exatamente o quão forte ele era e o quanto aquela
força poderia machucar. Além disso, Kashif tinha uma arma.

"Irmão, solte a arma e eu vou deixá-lo enfrentar a sua justiça de forma honrada”, disse
Munir, acompanhando os movimentos enfurecidos de Kashif.

“E se eu não fizer isso?”, perguntou o outro, cortando o tecido da camisa de Munir na


tentativa de acertar o peito de seu irmão. Munir tinha se afastado no último instante para evitar o
contato completo, mas tinha sido por pouco.

“Eu não vou te matar”.

“Mais dessa sua fraqueza”, Kashif retrucou, aplicando um direto no queixo que Munir, que
o deixou cambaleando.

Emma e Basheera se aproximaram da briga, mas hesitaram quando Kashif caminhou ao


redor delas, com o canivete erguido.
“Ah, suas cadelas traidoras, logo vai chegar a vez de vocês.”

“Que bom”, Munir gritou, saltando sobre seu irmão e o derrubando no chão. “Porque isso
significa que você tem tempo para mim!”

Os dois irmãos rolaram no chão por um tempo, um lutando para controlar o outro. Quando
Munir o derrubou, Kashif derrubou seu canivete, então agora eram apenas os dois irmãos, lutando
em igualdade. Toda vez que Munir parecia imobilizar Kashif, seu irmão o lançava para o lado e
dava um soco esmagador em seu rosto ou estômago. Da mesma forma, quando Kashif parecia
estar na vantagem, Munir conseguia se esquivar e tentar imobilizá-lo novamente. Finalmente, Kashif
rolou e segurou seu irmão, com a mão forte o suficiente em torno do pescoço de Munir que sua
pele foi ficando azulada.

“Não!” Basheera gritou. “Kashif, pare!”

Ele olhou para a mulher, e Emma viu sua chance. Correndo para a frente, ela agarrou a
lâmina e a cravou em seu ombro.

“Isso é por ter me tocado!”, gritou ela antes de golpeá-lo com um soco.

Talvez ela não devesse ter feito essa parte.

Ela não sabia como acertar um soco corretamente, e apesar de Kashif cuspir um dente com
o seu golpe, ela também se machucou, puxando a mão ferida contra o próprio peito.

Mas foi o suficiente para deixar Munir tirar vantagem. Girando, ele prensou seu irmão
contra o chão, com o rosto para baixo, preso em um estrangulamento apertado, até Kashif
desmaiar. Mas o sheik não descansou, não até prender aquela algema de ferro ao redor do
tornozelo de seu irmão.

Basheera se abaixou, embalando Naseem em seu colo e cantando algo doce para ele, em
árabe. Ele estava consciente, mas só um pouco, e seu ferimento ainda estava sangrando.

Munir olhou ao redor, observando tudo o que tinha acontecido e pareceu focar sua atenção
por mais um tempo em seu pretenso irmão. “Você poderia ter ficado do meu lado, Kashif, mas veja
todos os danos que você causou. Olhe isso!”

A respiração de Kashif parecia difícil, mas ele riu ainda assim. “É lindo, não é, irmão?”

“Então se divirta aqui eternamente. Sua sentença é ficar aqui para sempre, o único
prisioneiro da fortaleza, apenas com ratos e sua própria confusão como companhia”.

Munir então hesitou, depois de ter puxado a perna para trás, para chutar seu irmão na
cara. “Eu…”

“Pode deixar comigo”, Emma interrompeu, aconchegando-se ao lado dele. “Isto é por todos
nós”, ela gritou antes de dar um pontapé em seu queixo, usando todos os músculos desenvolvidos
ao longo dos anos de equitação por uma boa causa. “Apodreça no inferno, Kashif. Onde é o seu
lugar.”
Capítulo 8
Basheera e Naseem foram levados diretamente para o hospital local. A família Yassin tinha
uma suíte lá, e os melhores médicos iriam cuidar do ferimento de Naseem. Munir abraçou os seus
dois velhos amigos e beijou Basheera na bochecha. “Cuide bem dele. Vocês são conselheiros de
mais confiança que eu tenho”.

Ela sorriu e apertou a mão de Naseem. “Você quer dizer que somos seus únicos
conselheiros."

“Assim mesmo, mas façam uma boa viagem até lá, e descansem. Temos muita limpeza para
fazer no palácio”.

Naseem estava ofegante, mas se sentou o suficiente para Emma e ele. “Planejamos fazer
isso, me Sheik e Sheika. Há muitos vermes dentro das paredes do palácio”.

“Mas”, Emma acrescentou, beijando o rosto cheio de cicatrizes de Naseem, e fazendo Munir
sorrir com a bondade de sua pretendida noiva. “Temos os melhores conselheiros disponíveis. Cuide-
se, Naseem, e obrigada por ajudar a me salvar.”

Ambos recuaram até o meio fio e acenaram quando o Lincoln Town Car desapareceu à
distância. Munir não estava preocupado com a segurança de Naseem. Os melhores guardas
cuidariam de seus ferimentos. Os guardas do palácio que eram inquestionavelmente leais a ele
também ficariam lá no hospital. Ninguém conseguiria chegar até ele. Isso, claro, mesmo
considerando se Kashif, acorrentado como estava em uma fortaleza abandonada, pudesse. Munir
balançou a cabeça enquanto pensava sobre seu irmão. Tanto potencial desperdiçado. Não era o
que ele queria, mas ele realmente tinha um coração negro, alimentado pela natureza cruel de sua
mãe e a tendência de seu pai ao extremismo radical.

Não havia mais nada a fazer a não ser seguir a sua vida e celebrar o quanto pudesse com
a mulher que ele amava ao seu lado. Falando nisso, Munir pegou a mão de Emma quando eles
entraram na limusine. Seu segurança estava sentado na frente e separado deles com um vidro à
prova de bala.

Emma estava uma bagunça. Sua roupa cheirava a esgoto e ao mofo da água das cisternas
que vazavam no porão da fortaleza. A maquiagem que ela provavelmente havia aplicado
naquela manhã em Dubai estava borrada, especialmente ao redor dos olhos. Seu cabelo estava
amarrado e em alguns lugares claramente parecia que Kashif o havia arrancado. Sua camiseta
estava rasgada e ele conseguia enxergar o sutiã debaixo da jaqueta à prova de balas que ele
havia entregado a ela. Ela estremeceu, com o ar condicionado do carro sendo um choque contra o
corpo de ambos depois de ficarem do lado de fora, na areia e sob o sol quente de Yoman. Ainda
assim, ele tinha certeza de que parte daquela reação tinha sido por causa do trauma que o
monstro de seu irmão quase havia infligido sobre ela.
Inclinando-se, ele envolveu um de seus fortes braços em volta dos ombros de Emma e usou a
outra mão para acariciar seu cabelo macio, ainda emaranhado. Ele providenciaria que ela se
reestabelecesse e também fosse bem cuidada no castelo. Basheera viria para casa e a banharia
com os melhores óleos; ele convocaria os melhores estilistas, e tudo isso iria restaurar o brilho o
esplendor de seus cabelos loiros claros.

“Eu te amo mais do que a minha vida, habibi.”

Ela piscou para ele e franziu a testa. “Você acha que eu poderia duvidar disso agora?
Kashif quase o matou!”

“E você tinha também seus próprios truques, querida. Eu enxergar essa ferocidade em você.
Como eu suspeitava, você seria uma sheika magnífica. E mais, você se sairia melhor que a metade
dos meus guardas. Ainda assim”, disse ele, acariciando o seu rosto. “É inaceitável o que ele fez com
você. Eu não posso suportar matar outra pessoa, especialmente do meu próprio sangue, mas vou
pensar em torturas diabólicas para sujeitá-lo.”

Ela sorriu, mas percebeu que seus olhos não faziam o mesmo. Não era o olhar de
admiração que a iluminou na pista de esqui em Dubai. “Faça-o assistir comerciais chatos na
televisão por dias. Ou você pode fazê-lo reassistir Star Wars: Episódio I sem parar. Aguentar Jar
Jar Binks por semanas!”

“Habibi, você realmente consegue ser diabólica”

Emma assentiu e se aconchegou mais profundamente na lateral de seu corpo. O seu calor
era inebriante, mas estava longe de ser o que ele queria naquele momento. Tudo bem, aquilo não
era completamente verdade. Ele sempre estava disposto para a sua futura mulher, mas agora não
era o momento. Agora, tudo o que ele queria fazer era aconchegá-la em seus braços, mantê-la
protegida para sempre, mas essa nem sempre seria a realidade de suas vidas. Yoman era um
lugar perigoso. Havia os atentados americanos que acidentalmente sangravam aquela terra, os
rebeldes que muitas vezes criavam problemas ao norte, e até mesmo a ameaça de guerra de
nações vizinhas. Como sheika, ela sempre poderia ser um alvo. Ele agora não tinha dúvidas de que
ela poderia se defender fisicamente, e muito bem, ele poderia acrescentar, mas ele estava com
medo de que ela pudesse ser capaz de aguentar a carga emocional.

“Emma, você não tem que se casar comigo”, disse ele, com a voz suave e triste.

Ela olhou para ele e seus grandes olhos estavam arregalados e assustados. “Eu sei que nós
temos que negociar tudo, mas tem que haver uma outra maneira. Se eu pudesse falar com o papai,
fazê-lo ver como você é um homem bom e o quanto o seu povo está sofrendo com os ataques, ele
entenderia. Ele valoriza a família assim como você.”

“Então você está dizendo que quer ficar?” Ela se inclinou e o beijou, enfatizando sua
atração por ele, mordendo o seu lábio inferior. Que atrevida ela era. Emma sabia que isso o
deixava louco. Munir gemeu sob seus carinhos, mas manteve seu foco na conversa. “Estou falando
sério. Nós precisamos fazer isso direito. Não é amor de verdade se eu a manter presa como um
animal de estimação. Se você quiser ir embora, se a vida em Yoman for muito assustadora para
você, bem, depois do ataque de Kashif não posso exigir que você pense diferente.”

Ela balançou a cabeça e olhou profundamente nos olhos de Munir, com os seus próprios
parecendo piscinas claras ou fontes de água cristalina onde ele poderia se perder para sempre.
“Aquilo não foi nada.”

“Não diminua o que aconteceu.”

“Foi assustador, e talvez mais tarde eu precise de um terapeuta para ter com quem falar
sobre isso, ou fazer isso com você, eu sei disso, mas eu ajudei no meu resgate e as pessoas de
quem gosto aqui me apoiaram. Eu sei que posso confiar em você, em Basheera e em Naseem não
importa o que aconteça, e isso é uma coisa boa. Além disso, ambos sabemos que Kashif não
conseguirá fazer mais nada a partir de agora. Eu...”, ela engoliu seco e mordeu o lábio inferior. Ele
ficou tenso ao seu lado, com medo que ela estivesse prestes a desabar. “Eu te amo, Munir. Eu quero
pensar que você é meu habibi também, que somos o amor um do outro.”

A felicidade tomou conta de seu coração, aquecido de uma forma que o mais alto sol do
deserto nunca conseguiria. Inclinando-se para frente, ele lhe deu um longo beijo, sentindo o
movimento de sua língua com a dela. Quando ele se afastou, o fogo cheio de malícia estava de
volta nos olhos cor de safira de Emma.

“Eu te amo.”

“Então eu te amo e nada pode fazer isso parar”, disse ela, aconchegando-se nele e
reclamando um pouco quando a limusine estacionou no palácio. “Ah, eu estava começando a ficar
confortável aqui!”

“Temos toda a noite para isso, habibi”, disse ele, rindo.

Mas, em seguida, quando a porta abriu, a risada morreu em sua garganta.

Diante dele estava o senador Alan James, um homem com olhos azuis assim como os de sua
filha, mas aqueles estavam irritados como um fogo azul infernal. “Saia do carro e me devolva a
minha filha!”

Munir teria questionado isso, lutado por ela, mas o senador estava acompanhado por uma
falange da Navy SEALs, e seu pai estava assentindo solenemente por trás de tudo. Apressando-se
em direção ao carro, ele segurou o braço de Emma enquanto os dois ficaram diante de seus pais e
muitos militares dos Estados Unidos.

“Senador James, eu posso explicar”, Munir começou.

O senador olhou para sua filha e estalou os dedos. Dois homens grandes, com corte de
cabelo militar e cheios de músculos, caminharam para a frente e puxaram Emma das mãos dele.
Ela gritou e lutou, mas logo foi levada para trás de seu pai.
“Papai, eu posso explicar. Eu sei que é difícil de acreditar, mas eu o amo.”

As narinas do senador bufaram de raiva. “O ex-Sheik Shadid me ligou e me contou o que


seu filho havia feito, como ele o raptou sem o consentimento de seu pai para ser usada como uma
moeda de troca. Querida, o que você sente agora é chamado de Síndrome de Estocolmo, por isso
deixe que o seu pai cuide disso”.

“Papai, por favor!”, gritou ela, com lágrimas escorrendo pelo rosto. “Não foi isso o que
aconteceu. O velho sheik planejou tudo isso e agora ele está culpando Munir. Por favor, você
precisa me ouvir.”

Seu pai sacudiu a cabeça e caminhou até Munir. “Eu deveria bombardear todo esse maldito
país e deixá-lo em ruínas por toda a dor que você causou em minha família, todo o medo que nos
fez passar, pensando que nossa filha estivesse morta. Olhe só pra ela! Você colocou suas mãos
sujas nela?”, ele o interrogou.

Munir ignorou as gotas de saliva que atingiram o seu rosto com os gritos furiosos de James.
“Senhor, se você nos der um tempo para explicar. Meu irmão tentou fazer algumas coisas, mas nós
o detivemos. Eu estou apaixonado por sua filha e gostaria de torná-la minha rainha”.

Então houve uma pancada em seu estômago e Munir caiu duro no chão, sem conseguir
respirar. Atrás dele, no meio da multidão de guardas do palácio e militares, Munir ouviu seu pai
rindo.

O desgraçado se recusa a perder.

“Você é terrível, rapaz. Agora cale a boca. Seu pai e eu vamos negociar o tratado e estou
levando Emma para casa, longe deste deserto bárbaro de merda, e se você tem amor próprio,
você evitará sequer olhar para ela até partirmos.”
Capítulo 9
Tudo parecia sem graça.

Isso foi o que mais incomodou Emma. Nada parecia certo.

Na área de Washington, já passava dos 30 graus. Afinal, já era verão, mas aquilo não era
nada comparado com os dias com 48 graus em Yoman. Tudo estava frio demais. Até mesmo
quando ela saiu para almoçar em Georgetown com Parker, Alexis e Allison, ela precisou usar um
suéter enorme. Aquilo lhe rendeu muitos olhares confusos nos no café. Mas era mais do que isso. A
vida nos Estados Unidos era estéril, limpa demais, e não cheirava a nada. A agitação da Yoman
era diferente, sempre com um ar perfumado com especiarias. Ela tinha ido ao mercado uma ou
duas vezes com Basheera como sua guia e ela foi arrebatada pelo cheiro de carne assada no
espeto, da variedade de açafrão e diversas especiarias, e as tâmaras e outras frutas frescas.

Naquele café, tudo o que ela sentia era um indício de água sanitária que restou da última
vez que o barista havia limpado o lugar.

Não parecia real. Nada parecia real além dos braços fortes de Munir em volta de sua
cintura ou as cócegas provocativas que suas costeletas provocavam contra suas bochechas. No mês
desde que seu pai a havia "resgatado", Emma parecia normal. As poucas falhas no cabelo
deixadas por Kashif estavam de volta e seus ferimentos estavam curados. Na verdade, aquela era
a primeira vez em que ela tinha saído com suas amigas (no caso de Allison, conhecidas toleradas).
Sua mãe tinha insistido para ela não sair de casa até "parecer respeitável" novamente.

Aquela era sua mãe, sempre preocupada com a aparência adequada de uma senhorita
sulista.

“Eu simplesmente não consigo acreditar!”, Disse Alexis, com os olhos arregalados com
preocupação. “Se você tivesse vindo comigo e com a Allison, isso não teria acontecido.”

Sua irmã mais nova mastigava em uma folha de alface, afinal era o único tipo de alimento
que ela comia – comida de coelho. Allison olhou para Emma e encolheu os ombros. “Você deveria
ter vindo, não deveria ter sido tão teimosa.”

Ela suspirou e forçou para conter sua raiva. Emma havia saído porque as fofocas já
estavam começando a surgir em Washington, dizendo que o abuso que ela sofreu havia causado
um tipo de transtorno de estresse pós-traumático terrível. Então não seria bom se ela estrangulasse
Allison, mesmo que a menina merecesse ser estrangulada em situações como aquela. Emma mordeu
seu panini e saboreou o queijo. Allison sacudiu a cabeça, e pela primeira vez, ela não se importou.
Munir tinha amado suas curvas, declarando que elas a deixavam mais feminina.

“Não teria importado. Ele enviou guardas treinados atrás mim, e eles teriam me encontrado
mesmo assim. Estou aqui agora, e estou segura.”
Parker sacudiu a cabeça e bebeu seu bellini de pêssego. “Ainda parece impossível.
Sequestro desse jeito, como se ouve no noticiário, algo que nos assusta completamente. É tão, tipo,
impossível”.

Ela encolheu os ombros e tomou um gole de Coca-Cola. “Mas foi real, e Munir foi-”

“Munir?” Allison a questionou, com um som nasalado coloriu suas palavras. “Você não quis
dizer Sheik Yassin?"

“Nós éramos mais próximos do que isso”, disse ela, arrastando os dedos sobre a superfície
da mesa, lembrando da forma como seus óleos amendoados com manchas douradas olhavam para
ela enquanto ela lhe dava prazer na banheira em Dubai. A memória a fez corar e se sentir
aquecida pela primeira vez depois de muitos dias longos e vazios.

Tudo estava oco.

Como ela.

“Nós entendemos que você ache isso, querida”, disse Alexis com sua voz doce e melosa.

Com o canto do olho, ela leu os lábios de sua amiga sussurrando “Síndrome de Estocolmo”
para a sua irmã, Allison. Todos pensavam que ela estava louca – que algum trauma emocional
profundo e obscuro a fazia pensar que ela havia se apaixonado por Munir. Só que todos estavam
errados. Emma não era a mesma garota que havia sido raptada. Ela sabia exatamente o que
queria na vida e o que a fazia se sentir amada. O principal de ambas as listas era Munir, com o
modo como ele a fazia feliz, o modo como ele a fazia se sentir amada.

Aquilo era o seu lar.

Não Georgetown, nem mesmo a região próxima de Raleigh onde ficava a mansão de seu
pai.

“Eu não estou doente e eu não estou louca”, ela rebateu, erguendo a cabeça e empurrando
o prato para longe dela. “Ele era incrível.”

“Ele é um bárbaro, como um louco jihadista”, disse Parker.

“E ele a sequestrou, nada a ver com romance”, disse Allison.

Alexis mordeu o lábio. De todas as suas amigas, aquela era a que mais importava, era a
mais gentil, mas mesmo ela não acreditava em Emma. Ninguém acreditava, não mais. “Você sabe
como esses países tratam as mulheres.”

“Ele era um perfeito cavalheiro.”

Allison revirou os olhos. “Ele estava tentando te levar pra cama. Claro que ele estava
tentando impressionar. Francamente, Emma, você precisa sair dessa fantasia de sua cabeça. Você
está doente; ele abusou de você, e suas amigas e família simplesmente querem você de volta.”

Ela jogou o guardanapo sobre a mesa e se levantou. Encarando Allison, ela fechou as mãos
nas laterais de seu corpo. “Você não é minha amiga, e você nunca foi. Eu não fui com a Alexis
naquela noite porque eu sei que você é uma vadia detestável que fala de mim pelas minhas costas,
então eu deveria ficar feliz que você dessa vez você está falando as coisas na minha cara.”

Os olhos de Alexis estavam arregalados, e ela levou a mão ao peito em horror. “Ela não
quis dizer isso.”

“Pare de defendê-la. Ela sempre quer”, retrucou Emma. “Estou cheia disso – e de vocês.
Vocês são tão superficiais e tão horríveis, e eu estou cansada de ser a boazinha que aguenta tudo
sempre. Sabem de uma coisa? Eu não sou assim, não mais.”

E com isso, Emma voltou correndo para o seu apartamento.

***

Levou semanas para que ela começasse a desfazer suas malas de Yoman. Havia algumas
peças de roupa que ele tinha dado a ela, assim como especiarias e outras guloseimas que
Basheera tinha insistido em presenteá-la. A mulher mais velha tinha chorado ainda mais difícil do
que ela mesma quando ela partiu. Ainda assim, uma vez que estava de volta em Washington,
parecia muito drástico desfazer as malas. Como se quando ela fizesse isso, ela finalmente admitiria
que ela nunca voltaria para Yoman e que tudo o que havia acontecido tinha sido um sonho ou uma
miragem nas areias do deserto.

Ainda assim, ela teve que admitir que depois de um mês, e discursos constantes de seu pai e
da sensação de que ela não estava mais em seu lar, de que ela estava ali, e que agora
Washington seria a sua casa novamente.

Se é que um lugar frio e distante poderia lhe dar uma sensação de casa depois do abraço
de Munir.

Quando ela abriu a primeira caixa, ela sorriu quando tirou os óleos de banho e as e as
bolas de pot-pourri de dentro dela. Havia algumas tâmaras e figos secos também, embaladas
para ela para lhe proporcionar um “sabor de casa”. A segunda caixa continha principalmente os
jeans e camisetas que ela tinha trazido para ela. A caixa final era surpreendentemente leve pelo
tamanho, e ela não tinha certeza do que havia sido colocado nos pacotes embalados com cuidado
por Basheera.

Então ela tirou de lá o primeiro véu dourado da mais fina seda e quis chorar. Estava tudo
lá – a coleção inteira de véus, bem como os snujs e cinto enfeitado que ela usou para dançar para
Munir. A tiara não estava lá, e ela piscou para conter as lágrimas. Um dos capangas de Kashif a
havia esmagado sob as botas quando a tinham levado naquela manhã. Ainda assim, tudo aquilo
estava lá, incluindo uma foto dela e Munir no parque de esqui, com um largo sorriso um para o
outro.
Ela não tinha certeza de como aquilo tinha ido parar naquela caixa. Claro que eles
vendiam aquilo para os turistas para conseguir um dinheiro extra, mas ela não se lembrava de
Munir comprando alguma foto lá.

“Como isso seria possível?”

“Eu pensei que você merecesse”, uma voz familiar ressoou.

Confusa, Emma se virou e encontrou Munir em pé diante dela, resplandecente em um terno


sob medida que abraçava seus ombros masculinos de forma sedutora. No início, o coração de
Emma se acelerou e ela estava com medo de que estivesse ficando louca, alucinando sobre coisas
que na verdade não estavam ali. Munir – ou a alucinação, meu Deus - estava recostado na porta.
Foi então que seu nariz acompanhou os seus olhos, captando o perfume almiscarado que ele
exalava misturado com jasmim, confirmando sua presença.

Exultante, ela pulou da cama e correu para os seus braços, mal acreditando que ela estava
finalmente sentindo seus braços fortes em torno dela novamente. Respirando profundamente, ela
apreciou o seu cheiro, a forma como as costeletas se esfregavam e faziam cócegas em suas
bochechas, e até mesmo a força de seu bíceps contra ela.

“Eu não entendo!”, ela exclamou, franzindo a testa.

“Eu disse que levaria tempo para limpar a casa. Sentei-me com o pai e mostrei a sujeira
que Naseem foi capaz de revelar para mim, os esqueletos enterrados e traições antigas para
nossos aliados mais formidáveis. Expliquei que se ele não parasse com suas tramas e se não ligasse
para o seu pai explicando tudo sobre nós e sobre o que Kashif fez...”

“Você fala do que você me salvou?”, disse ela, respirando fundo.

Ele corou, e ela adorava a forma como o vermelho se misturava com sua pele azeitonada.
“Sim, e seu pai não ficou feliz, e ele provavelmente nunca ficará.”

“Entendo”, disse ela, murchando em seu abraço. “Então isso é um adeus mais formal?”

“Não, habibi", disse ele, ficando de joelhos e mostrando a ela a caixinha aveludada em sua
mão esquerda.

Seu coração se acalmou, e Emma mal podia acreditar no que via. “Munir?”

Ele abriu a caixa, revelando um grande diamante, sob um anel prateado, todo trabalhado
em estilo que lembrava o vitoriano. “Isso foi de minha mãe”.

“Oh, você não precisa, se isso é tudo o que você tem dela.”

Munir sorriu para ela. “E é por isso que eu te amo – por causa desse seu coração corajoso,
mas também abnegado. Eu tenho outras coisas dela, então por favor, habibi, você me daria a
honra de ser minha esposa?”
“Sim!”, disse ela, um pouco constrangida com o entusiasmo de sua resposta. Mas ela tinha
vivido como um zumbi no mês anterior, e agora tudo estava novamente colorido para ela. “Eu vou
me casar com você, meu sheik”.

Ele se levantou e colocou o diamante em seu dedo. Ele brilhava maravilhosamente nela,
como se tivesse sido feito para o seu dedo. Munir se inclinou na direção de seu: “Eu quero vê-la
vestindo isso, apenas isso, minha amada.”

Ela obedeceu e saiu de seu vestido de verão, ficando em pé diante dele com apena sua
calcinha de algodão e seu sutiã. Munir fez a gentileza de fazer o mesmo, tirando tudo, até que ela
desfrutou da vista completa de sua forma física, de sua linda pele bronzeada, e de seu pênis, que
lutava contra o tecido da cueca. Sua boca salivou e sua vagina ficou cada vez mais molhada de
desejo, encharcando sua calcinha. Ela se lembrou daquele pau, do quão bom era o seu gosto em
sua boca. Sorrindo para ele, provocativa como ela sabia ser, Emma tirou o sutiã, tirando as alças
delicadamente sobre os ombros, e o deixando cair no chão.

A protuberância em sua cueca se agitou, e ela puxou os ombros para trás, encorajada pelo
efeito que ela tinha sobre ele.

“Bem, meu Sheik”, disse ela, traçando as mãos sobre a pele macia de seus seios e descendo
com os dedos de forma provocativa até sua barriga. “Parece que eu causo um efeito em você.”

“Eu estive dolorosamente solitário sem você, e nada nem ninguém nunca poderia me
completar, minha amada.”

Ela não esperou por mais tempo; afinal, ela estava esperando há tempo demais por ele e
ela sofreu tanto com sua falta como ele deve ter sofrido. Tirando sua calcinha, ela caminhou de
forma provocativa por todo o espaço que havia entre eles. Emma se inclinou e beijou Munir, e
depois pressionou seu quadril contra o volume em sua cueca, deliciando-se com a sensação de seu
pau contra ela. Ela ficou tão molhada que escorria até seus joelhos e mais abaixo ainda.

Mas ela manteve sua posição.

Lambendo os lábios para ele, ela foi até sua cama e deitou sobre ela, invocando e
demonstrando aquela mesma confiança que tinha permitido que ela tivesse feito a Dança dos Sete
Véus como ninguém, e que o enlouqueceu. Passando a unha de um de seus dedos sobre sua coxa,
Emma praticamente ronronou para ele: “Venha aqui e me mostre o quanto você sentiu minha falta,
Munir.”

Ele deslizou sua cueca lentamente ao longo de seu quadril, e ela engoliu seco ao se
deparar com aquela gloriosa visão de seu pênis rígido, livre e molhado de pré-ejaculação. Ela
teria toda a noite para saboreá-lo como já havia feito antes, mas agora ela queria algo mais,
algo para selar completamente a sua união.

“Me satisfaça, meu Sheik.”


“Tudo o que você precisa fazer é pedir”, respondeu ele, caminhando cheio de gingado até
ela, e apoiando seu corpo sobre o dela.

Aquilo já foi uma delícia, sentir aquele corpo sólido sobre ela. Ele se inclinou e mordiscou
seu pescoço, passando os dentes sobre a pele suave de seu ombro. Emma o agarrou, percorrendo
as unhas em suas costas, gostando da forma como sua pele roçava na dele. A boca de Munir se
moveu mais para baixo, lambendo sobre seus mamilos e depois concentrando a boca sobre seu
seio direito. No começo, ele chupou, e ela adorava a sensação que aquilo acusava, a forma como
ele deixava suas aréolas duras sob aquela língua. Em seguida, ele a surpreendeu, passando os
dentes delicadamente sobre seu mamilo, dando uma leve mordida, que causou dor e também a fez
pulsar de prazer, deixando os seus nervos à flor da pele, com um fogo tomando conta de todo o
seu corpo.

Ela implorou e apertou seu corpo contra o dele novamente, descendo sua mão até agarrar
a sua bunda com força. “Me coma, Munir!”

“Eu vou fazer amor com você, minha princesa”, ele respondeu, afastando-se de seu mamilo
e posicionando seu quadril entre as suas pernas. Primeiro, ele a provocou, apenas passando a
cabeça de seu pau contra suas dobrinhas.

“Sem mais provocações. Eu preciso disso”, ela ordenou. “Eu preciso de você.”

Então, não houve mais provocações. Apenas o impulso acentuado de seu pênis dentro dela
e do alargar de seus próprios músculos, aceitando-o dentro dela. Munir começou a bombear seu
quadril em um ritmo insaciável. Ela se inclinou e colocou os braços em volta de seu ombro e beijou
sua bochecha enquanto deixava a sua própria se esfregar contra a barba áspera de suas
costeletas. Eles balançaram juntos assim, dois corpos unidos como um só, conforme o delicioso atrito
aumentava entre eles.

Eventualmente, ele gozou, liberando sua essência profundamente dentro dela e ela sentiu
seu prazer aumentando ainda mais quando seus músculos internos massagearam seu pênis.
Cansados, eles soltaram seus corpos juntos na cama, mas não se separaram um do outro. Seu
amante acariciou seu rosto e tirou o cabelo que havia sobre ele, e sorriu para ela, com aquela sua
expressão magnética.

“Senti sua falta.”

“Eu é que digo.”

“Este é apenas o começo, habibi. Nós temos o resto de nossas vidas, e eu amo você”.

Ela sorriu, não mais com medo de seu futuro ou das paredes que outrora a prendiam. Não
havia mais os planos cuidadosamente traçados por seu pai, não havia mais nenhuma expectativa
de que ela viveria uma vida que não queria.

Não, só eles existiam, e para sempre.


E ela poderia viver muito bem assim.

Inclinando-se, ela o beijou, mordendo o seu lábio mais uma vez e apreciando a forma como
ele estremeceu com aquilo. “Eu também amo você.”

***

O casamento dessa vez seria no estilo americano. A primeira cerimônia que tinham feito
tinha sido uma cerimônia oficial de Yoman, logo que ela voltou ao país para aliviar as tensões com
os rebeldes e estabelecê-la como a Sheika legítima de Yoman. Ela tinha usado o manto e os véus
habituais daquela cultura e passado por uma cerimônia, da qual ela não conseguia entender as
palavras, e foi sendo ajudada com os gestos do Mulá, conforme ele abençoava sua união.

Tinha sido bom ser integrada na cultura de seu marido, mas de alguma forma ela ainda
não conseguia se sentir casa, não até que as coisas fossem do seu jeito.

O primeiro casamento tinha sido enorme, e ilustres de todo o Oriente Médio estavam lá. Eles
festejaram com cordeiro e outras iguarias durante três dias, e ela dançou até sentir que seus pés
fossem cair. Aquele outro seria diferente, mais calmo e privativo. Apenas algumas pessoas estavam
presentes. O mesmo Mulá o estava presidindo novamente, dessa vez discursando em inglês.
Basheera e Naseem, bem como alguns primos distantes de Munir tinham vindo. Até mesmo Alyssa
estava lá, depois de ter resolvido as coisas com ela por e-mail depois de acompanhar a cobertura
de seu primeiro casamento.

Sua amiga muitas vezes tinha dito a ela depois de ver as cenas do casamento que ninguém
conseguiria fingir estar tão feliz quanto ela, que não havia maneira de brilhar de felicidade
daquele jeito, se não fosse verdade.

Claro, quando ela deslizava sua mão sobre a renda de seu vestido e ela sentia aquele
volume a mais em seu abdome, ela contava com uma ajuda extra para irradiar felicidade. Ela já
estava grávida de cinco meses e com a barriga já bem aparente. Aquilo era realmente
impressionante. Em menos de quatro meses, eles estariam trazendo seu próprio futuro sheik ao
mundo. Emma aspirava ser tão gentil com ele como ela era com Munir, e amar o seu filho com a
mesma bondade e dedicação que sua falecida mãe havia derramado sobre ele.

Pais como Shadid não seriam mais permitidos na linhagem dos Yassin.

Seu filho, é claro, não seria apegado a coisas materiais, mas era mais do que isso. Ela
estava fazendo uma promessa para beneficiar a todos eles, a coisa mais importante que eles
dariam a seu filho seria o amor.

Enquanto eles dançavam na recepção, Munir a girou delicadamente pela pista. “Você
parece mal-humorada, meu amor.”

“Não é isso. Eu só... A Alexis tem sido ótima, tentando entender tudo, e eu acho que ela e
seu primo Farzad estão se dando bem. No entanto, não é a mesma coisa. Gostaria que meus pais
pudessem estar aqui.”

Munir não disse nada como resposta no início, mas a levou para a varanda. Lá, com vista
para as estrelas cintilantes do céu, havia uma silhueta familiar, os ombros fortes de seu pai.

“Papai?”, disse ela com a voz embargada, trazendo uma mão à boca.

Seu pai se virou e, embora seu olhar em direção a Munir tenha sido reservado, no segundo
em que a viu e com a forma como ela brilhava com sua gravidez, ele também sorriu amplamente.
“Querida, você acha que poderia realmente se casar sem o seu pai?"

Ela correu o mais rápido que sua barriga crescente permitiria e lhe deu um abraço
apertado. “Papai, eu pensei que você me odiava por ter me mudado para cá.”

“Não estou entusiasmado com suas escolhas”, ele a corrigiu, levantando o seu queixo com a
mão. “Mas você está feliz. A Alexis me contou e eu precisava vê-la. Então Munir comprou uma
passagem de primeira classe para cá. Antes, eu não queria ver isso, mas agora eu posso. Eu não
consigo abençoar isso completamente, mas eu estou feliz que você esteja feliz. Sua mãe e eu
também queremos fazer parte da vida de seu bebê.”

“Onde está a mamãe?”

“Ela não conseguiu vir por causa de algumas restrições de visto, mas nós daremos um jeito
nisso. Afinal, ela vai querer ajudar a planejar o quarto do bebê.”

Seus olhos se arregalaram com o pensamento de sua mãe a ajudando com isso, e ela então
percebeu que definitivamente havia coisas mais assustadoras no mundo do que os guardas do
palácio a sequestrando ou irmãos assassinos de olho no trono. Havia sempre avós que achavam
que sabiam de tudo.

Talvez Basheera ajudaria a amenizar a sulista mandona que sua mãe era.

Talvez.

Ou todos eles poderiam aprender a lidar com tal entusiasmo com muita meditação.

Um sorriso verdadeiro dividiu seu rosto enquanto ela curtia uma verdadeira dança de pai e
filha em seu casamento. Então, depois que eles terminaram, seu pai se curvou diante dela e a levou
até Munir. Seu marido pegou sua mão e a acompanhou da varanda de volta para a pista de
dança. Ela fluía facilmente em seus braços, apesar do tamanho aumentando. Inclinando-se contra
ela, ela respirou profundamente, saboreando a segurança que o perfume de jasmim transmitia a
ela.

“Então isso é um conto de fadas?”, ela perguntou, olhando diretamente para ele.

Ele riu, e com uma de suas mãos acariciou sua barriga. “Pode ser um pouco extremo demais
para isso, habibi, mas é assim que nós somos.”
Ela sorriu para todos os seus amigos e familiares que os aplaudiam e o beijou, saboreando
aquela sensação novamente, como se fosse a primeira vez.

Sim, eles eram assim, e era perfeito.

Continua...
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